Monumentos 11: Palácio Foz, Lisboa
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Dossiê: Palácio Foz, Lisboa
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Setembro 1999, 24x32 cm, 128 pp. (<2Kg.)
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O Palácio de Castelo Melhor ao Passeio Público
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José-Augusto França
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Este artigo conduz o leitor através das transformações urbanísticas ocorridas nesta zona de Lisboa durante cerca de cento e trinta anos. No último quartel de Oitocentos, o início das obras da Avenida da Liberdade marcou uma nova etapa da vida do Palácio de Castelo Melhor, que, na mesma altura em que a Lisboa romântica cede lugar à cidade burguesa, foi vendido ao marquês da Foz, que o remodelou e lhe imprimiu um novo gosto kitch.
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O Palácio de Castelo Melhor
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José Sarmento de Matos
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Apesar do relevo que a sua implantação e a sua imagem externa lhe conferem no contexto da cidade de Lisboa, o já velho Palácio Foz continua a guardar ciosamente alguns segredos, sobretudo relativamente à primeira época da sua existência, ou seja, quando dava pelo nome de Palácio de Castelo Melhor, pois não se sabe ao certo nem a data exata do início da construção, nem as peripécias porque ela passou. Neste artigo avançam-se, assim, algumas informações genéricas, acompanhadas pela análise de três desenhos de alçados em corte da fachada traseira do edifício, guardados no Museu Nacional de Arte Antiga e na Academia Nacional de Belas-Artes, habitualmente associados à campanha de obras que Fabri terá dirigido.
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O Palácio de Castelo Melhor: contexto e projeto inicial
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Raquel Henriques da Silva
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Inscrito na dinâmica urbanística e construtiva que marcou o reinado de D. Maria I, o Palácio de Castelo Melhor é exemplo do clima descomprimido e empreendedor da sociedade portuguesa pós-Pombal. Conjuntamente com o Palácio Quintela-Farrobo, na Rua do Alecrim, constitui um dos principais espécimes do novo incremento da edificação palaciana. Encomendado por António José de Vasconcelos e Sousa (1738-1801), tornado primeiro marquês de Castelo Melhor em 1795, ao arquiteto bolonhês Francisco Fabri (1761-1817), demonstra um traço que é já manifesto do breve, mas brilhante ciclo do neoclassicismo arquitetónico lisboeta, que se desenvolverá no contexto da regência do futuro D. João VI.
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Luís Benavente e o Palácio Foz
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José Manuel Fernandes
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O Projeto de Beneficiação e Adaptação do Palácio Foz, desenvolvido por Luís Benavente ao longo da década de 1940, implicava um plano de demolições, restauros e construção nova, com o fim de servir um programa múltiplo que incluía as instalações para o então SNI (Secretariado de Propaganda Nacional, depois Informação e Turismo), no corpo principal. O trabalho essencial foi o do restauro das vastas e luxuosas dependências do piso nobre; a remodelação do átrio principal térreo de acesso à escadaria e das salas de conferência, concerto e cinema. Assinalam-se, igualmente, os projetos para o novo corpo do jardim a poente do edifício principal e um novo acesso para o chefe de Estado, assim como a preocupação do arquiteto pelo arranjo urbanístico envolvente.
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Da sumptuosidade e da ostentação: os interiores do palácio dos marqueses da Foz nos últimos anos de Oitocentos
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Teresa Leonor M. Vale
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Obra de feição neoclássica do arquiteto italiano Francisco Xavier Fabri (1761-1807), significativamente transformada por José António Gaspar (1842-1909), o Palácio Foz viveu a sua efémera idade de ouro nos últimos anos de Oitocentos. Desempenhou então um papel relevante no domínio da produção arquitetónica e da construção pensada e articulada dos interiores, bem como da vida social da Lisboa do final da centúria. É a esses anos que procuramos desenvolver uma aproximação, elegendo para tal um guia de exceção: Fialho de Almeida, que visita o palácio, em data por nós incerta, e observa os seus interiores, já parcialmente despojados de algumas obras de arte, mas ainda pertença dos marqueses da Foz e, como tal, residência familiar, habitada por uma existência quotidiana que posteriormente não mais teria.
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A Abadia
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Manuel J. Gandra
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Nas caves do Palácio Foz existe um espaço muito pouco usual, onde, de 1917 até à década de 1930, funcionou o Café-Restaurante Abadia. Neste artigo o leitor é convidado a fazer uma visita a este espaço, concebido por Rosendo Carvalheira, que terá sido um dos mais frequentados cafés da capital. O caráter insólito do espaço que subsiste do antigo estabelecimento gera ainda hoje sentimentos contraditórios naqueles a quem o acesso a ele é facultado, tendo originado em data recente alguns considerandos infundados e “estórias” pitorescas que entroncam na moda de chamar esotérico a tudo quanto a ignorância, geralmente atrevida, dos observadores se revela impotente para compreender.
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Conservação e restauro em pinturas decorativas do palácio
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João Pancada Correia e Giovanna Dré
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Neste artigo é feita, com base nos relatórios entretanto elaborados, a descrição dos trabalhos de conservação e restauro de algumas pinturas decorativas existentes no Palácio Foz, comissariados pelo Instituto da Comunicação Social e executados pelo Departamento de Conservação e Restauro de Pintura do Instituto de Artes e Ofícios da Universidade Autónoma de Lisboa.
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Intervenções recentes da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais
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António Cerdeira, José Manuel Bessa Pinto e Luísa Cortesão
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Inicialmente concebido como residência, o Palácio Foz foi, ao longo dos dois séculos de existência, alterando as suas funções, é atualmente propriedade do Estado, nele estando instalados diversos serviços públicos. Com as diversas utilizações e o passar do tempo, o palácio foi-se degradando, tendo a DGEMN, conjuntamente com a Presidência de Conselho de Ministros, decidido intervir no sentido de corrigir as deficiências e proceder a alterações que se adaptassem de um modo satisfatório às exigências atuais.
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Uma cor para o Palácio Foz
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Nuno Teotónio Pereira
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Escolher a cor para a fachada de um edifício público situado num espaço emblemático da capital e de elevado valor simbólico aos olhos dos cidadãos, como é o caso do Palácio Foz, constitui tarefa delicada, exigindo uma ponderação cuidadosa das circunstâncias. Assim, para ser tomada a opção pela cor alaranjada com que foram pintadas as fachadas interiores e exterior, contribuíram vários fatores, dos quais se destaca a preocupação com a acentuação da leitura da zona dos Restauradores enquanto praça, procurando, assim, uma cor que permitisse alguma continuidade cromática com os edifícios que lhe estão mais próximos (o lioz rosado do Éden, o amarelo claro do prédio que lhe fica ao lado e o rosa claro da fachada do edifício dos CTT, do outro lado da praça), e a opção por uma cor que não fosse demasiado fria, por forma a possibilitar o contraste com a cantaria da própria fachada.
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Capela de Nossa Senhora do Socorro, Enxara do Bispo: de entre culturas, a devoção
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Ângelo Costa Silveira
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Situada entre Mafra e Torres Vedras, no povoado da Serra do Socorro, a Capela de Nossa Senhora do Socorro terá sido erguida no local onde, segundo a tradição, existia uma mesquita que D. Afonso Henriques converteu em templo cristão. Depois de um incêndio, em 1996, ter destruído parte do interior da capela, iniciaram-se, em 1998, os trabalhos de recuperação pelas coberturas, substituição e caiação do reboco e reparação dos caixilhos e gradeamentos dos vãos.
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Recuperação do teto da nave da Igreja de Santo Agostinho, Marvila — Lisboa
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K4 Conservação e Restauro, Lda.
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O teto a que se refere este artigo pertence à nave central da igreja do antigo Mosteiro de Nossa Senhora da Conceição (fundado em 1660), hoje pertencente à paróquia de Marvila, Lisboa. Conjuga a pintura a têmpera (motivos ornamentais), com a pintura a óleo (medalhão central). Encontrava-se em avançado estado de degradação, para o que contribuiu uma conjugação de fatores intrínsecos à própria obra (materiais constituintes e a forma como foram aplicados) e de fatores extrínsecos decorrentes sobretudo do meio ambiente e de uma fraca manutenção do imóvel, sobretudo da cobertura. A fixação da camada pictórica demonstrou ser a etapa mais urgente, sem a qual seria impossível intervir no suporte. Procedeu-se, assim, a uma criteriosa escolha de materiais e de métodos a utilizar naquela que seria, sobretudo, uma intervenção de conservação.
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O Castelo de Porto de Mós
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Augusto Costa e Luís Miguel Correia
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O Castelo de Porto de Mós é uma estrutura fortificada, construída primeiramente com o objetivo de defender os campos agrícolas de Leiria, tendo sofrido ao longo da sua existência distintas utilizações e intervenções. A sua reutilização surge, assim, como fundamento da sua manutenção e autenticidade, contribuindo para assegurar o seu valor histórico, arquitetónico e artístico, mantendo-o como sendo um objeto arquitetónico vivo e comunicativo de um passado riquíssimo. Assim, a intervenção descrita neste artigo norteou-se pela prioridade de “reaver” o castelo enquanto obra de arquitetura passível de uso, tentando evidenciar as suas várias “originalidades”, fruto das constantes mutações que sofreu e adaptando-as a um programa funcional atual. Daí, que exposições temporárias ou permanentes, percursos de visita, uma pequena cafetaria e espetáculos culturais se tornassem alvos que o projeto e o objeto arquitetónico deveriam contemplar.
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Igreja de São Tomé de Abambres: intervenções de conservação
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Augusto Costa, José Nunes, Pilar Pinto Hespanhol, Maria Manuela Guerreiro Rocha e Maria João Mendes Ferreira
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Situada numa freguesia vizinha de Mirandela, a Igreja de São Tomé, de traço românico, ergue-se isolada sobre um pequeno cerro na saída norte da povoação de Abambres. Vistoriada em 1995, encontrava-se em profundo estado de degradação, tendo sido de imediato tomada a decisão de intervir, de modo a evitar a ruína iminente das coberturas da nave e da sacristia. A intervenção de conservação e salvaguarda do construído, então definida, iniciou-se pela beneficiação de coberturas, paramentos exteriores e vãos. Na fase preparativa dos trabalhos detetou-se a existência de pinturas murais sob a caliça que recobria os paramentos interiores. Procedeu-se, então, a um primeiro estudo de investigação com o objetivo de analisar e identificar estas pinturas. A intervenção incluiu, assim, a conservação integral das pinturas murais, dos elementos decorativos em talha, do teto em madeira policromada da capela-mor, dos madeiramentos do coro e do púlpito.
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Intervenção na Torre do Salvador, Évora
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José Filipe Cardoso Ramalho
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Construída durante a época romana, a Torre de São Salvador terá tido diversas utilizações até à década de 1930, altura em que a DGEMN procedeu a obras de restauro e recuperação do imóvel, concedendo-lhe a traça que ainda hoje detém e aí instalando os seus serviços regionais (DREMS). O edifício é constituído por quatro pisos, sendo dois, os superiores, de acesso exclusivo pelo exterior, o que tem inviabilizado a sua utilização continuada. O acréscimo da consulta aos arquivos da DREMS e o aumento do seu espólio levaram a que fosse decidido promover o acesso interior a estes. A altitude e o facto de esta ser uma peça patrimonial de grande importância, quer do ponto de vista histórico, quer arquitetónico/urbanístico e religioso, constituem fatores que condicionam a intervenção, impondo que se faça uma preservação o mais integral possível de todas as estruturas.
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Forte de Paimogo: consolidação das arribas
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Manuel da Silva Bernardo Gonçalves
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O Forte de Paimogo, na Lourinhã, foi construído em 1674, constituindo um valioso exemplar da arquitetura militar do século XVII do tipo abaluartado, chamado “obra corna”. Em consequência da sua exposição às condições atmosféricas, as fundações do forte, no cunhal sul/poente, estavam em risco iminente de derrocada. Face à situação, foi necessário proceder ao levantamento topográfico da zona de implantação, à execução de sondagens e à elaboração de um projeto de consolidação das arribas. Neste artigo faz-se uma breve descrição de todo este processo.
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"Caminhos do Património"
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João Vieira Caldas
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Desde a sua criação que a DGEMN tem tido uma atividade contínua nas áreas da salvaguarda e da valorização do património arquitetónico e da instalação dos serviços públicos. Contínua mas diversa, tanto por, ao longo de sete décadas, terem variado as suas atribuições, como também porque se foram alterando e evoluindo as práticas de atuação em consequência de diferentes motivações técnicas, culturais e ideológicas. A sua atividade tem sido conhecida de uma forma desigual, sendo dado, habitualmente, maior relevo às práticas de restauro de monumentos das primeiras décadas, enquadradas pelo regime salazarista, quando as escolhas e a prioridade das intervenções eram condicionadas pela máquina de propaganda do regime, do que à sua atividade nas décadas que se seguiram, esquecendo-se mesmo a importância da vertente da instalação dos serviços públicos, o que, muitas vezes, implicou a construção de edifícios de raiz. Em Portugal, o modernismo racionalista divulgou-se através das grandes obras públicas que eram, na sua maior parte, direta ou indiretamente da responsabilidade da DGEMN. A exposição Caminhos do Património e o respetivo catálogo pretendem dar uma perspetiva, da múltipla atividade da DGEMN ao longo dos setenta anos da sua existência e até aos dias de hoje.
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