Dossiê: Bragança
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Dezembro 2011, 24x32 cm, 200 pp. (<2Kg.)
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Trás-os-Montes, "Compendio das Observaçoens que formam o plano da Viagem Politica, e Philosofica" a partir de Vergílio Taborda
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Álvaro Domingues
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Revisitar Trás-os-Montes a partir de Vergílio Taborda (1932) foi apenas o pretexto para, num arco de quase três séculos, dar conta da realidade e das ficções produzidas sobre esta terra, entre visionários iluminados e racionalistas, mais ou menos tecnocráticos, e fazedores de encantos. Agora que a desruralização parece ter mergulhado a região num longo ciclo de apatia económica e despovoamento, e que a cultura-mundo se instala nas malhas da globalização, nunca é tarde para descobrir a matéria de que se fazem mitologias e identidades.
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Bragança, cidade-fortaleza "setuada no estremo de portugall e Castela"
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Maria José Casanova
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Como “textos iconográficos”, a(s) cartografia(s) das cidades constituem, no seu conjunto, instrumentos essenciais para a compreensão da evolução do espaço construído. Assim acontece com Bragança, para a qual são fundamentais as representações quinhentistas incluídas no Livro das Fortalezas, de Duarte d’Armas, às quais se juntam, nos séculos XVIII e XIX, novas cartografias, essencialmente de caráter militar. Neste ensaio, propõe-se, a partir do cruzamento entre notícias de factos históricos e achados arqueológicos com a leitura da iconografia quinhentista da cidade, interpretar, especulativamente, a evolução de alguns fenómenos urbanísticos e arquitetónicos que marcam a cidade.
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Bragança e a Casa Ducal. Comunicação política e gestão senhorial, séculos XV-XVII
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Mafalda Soares da Cunha
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Este texto analisa o processo de senhorialização de Bragança pela casa ducal, desde a sua doação no século XV até 1640, explicando como se criaram e desenvolveram estruturas administrativas, canais de comunicação política e vínculos sociais que enquadrassem a governação não presencial do território. Destaca ainda que, com exceção do período inicial, o facto de Bragança ser a cabeça do principal título nobiliárquico da casa não teve consequências nem impacto particular ao nível da sua gestão senhorial.
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Bragança: urbanismo e arquitetura na época moderna
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Luís Alexandre Rodrigues
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As representações figurativas mais antigas da cidade de Bragança, datadas da primeira década do século XVI, devem-se a Duarte d’Armas. Traduzem a expressão dominadora do castelo e testemunham a expansão urbanística para o exterior das suas muralhas. No século XVII as transformações urbanas são essencialmente conduzidas por militares. O vocabulário arquitetónico, renascentista, maneirista e barroco, inscreve-se sobretudo nos portais das igrejas sendo mais contido na arquitetura civil, onde predominam os valores da austeridade.
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Fortificação da fronteira nordeste: a cartografia militar e a praça de Bragança (1640-1840)
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Margarida Tavares da Conceição
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O entendimento das características do núcleo urbano da cidade de Bragança torna indispensável uma reflexão a partir do seu contexto territorial, uma fronteira de grande lastro e espessura. O modo como esta cidade do extremo nordeste do território português foi representada, através dos desenhos da engenharia militar, é o principal objetivo deste texto.
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Donzelas no castelo: culturas religiosa e secular nos murais de São Francisco de Bragança
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Luís U. Afonso
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Este artigo é dedicado a uma pintura mural da Igreja de São Francisco de Bragança representando sete virtudes femininas nos torreões de uma cidade. Estas figuras são estudadas ao abrigo das alegorias religiosas e seculares tardo-medievais associadas à ideia de castelo, sublinhando-se o grau de permeabilidade entre estes dois universos.
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Castro de Avelãs: o estranho caso de uma igreja de tijolo
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Paulo Almeida Fernandes
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Caso fundador da arte mudéjar em Portugal, o que resta da igreja medieval de Castro de Avelãs é o resultado de artífices leoneses especializados na construção monumental em tijolo, provavelmente formados em terras de Toro (Zamora), ou Arévalo (Ávila). A obra deve ter decorrido ao longo do século XIII, nela se incluindo o praticamente desaparecido claustro e a oficina ali ativa terá deixado a sua marca nas primeiras edificações religiosas da cidade de Bragança, sintomaticamente realizadas também em tijolo.
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Igrejas colunárias com tetos de madeira
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Marta M. Peters Arriscado de Oliveira e José Ferrão Afonso
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O interior norte e centro do país guarda um tipo de igrejas, de forma arcaica, medievais e da Idade Moderna. Sobressaem as ermidas de peregrinação mas, dobrados sobre a condição local de paróquia, replicam-se os casos. O princípio construtivo simples tudo explica a partir da ideia de cobertura, que pousa sobre colunas e estruturas murárias, e da madeira, o material em que é trabalhada. Hallenkirchen com tetos, lugar comunitário religioso e cívico.
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A ação da DGEMN em terras de Bragança
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Maria João Neto
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Historiar a ação da DGEMN em Bragança é recuperar, também, os principais momentos da história deste organismo. Assistimos a uma articulação de vontades entre técnicos e homens de cultura em prol da salvaguarda de um conjunto notável de património construído, onde sobressaem exemplares únicos no seu género. Com um programa coerente e bem definido executaram as suas ideias e permitiram a perpetuação de um importante legado artístico.
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Bragança, a cidade dos meados do século XX: planos, edificações, ideias modernizantes
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José Manuel Fernandes
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Bragança, com estrutura urbana de características essencialmente tardo-medievas, teve um plano de urbanização modernizante nos meados do século XX, concretizado por via de algumas arquiteturas da mesma época. Este texto analisa em primeiro lugar os antecedentes urbanos e históricos do plano, seguindo-se a análise detalhada do mesmo, de autoria de Januário Godinho, datado de 1948. Em terceiro lugar, o texto analisa e descreve as várias obras de arquitetura e de espaço público decorrentes desse mesmo plano, entretanto concretizadas.
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Alfredo Viana de Lima em Bragança
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Carlos Machado
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Da produção de Alfredo Viana de Lima (1913-1991) para a cidade de Bragança, fruto de encomenda pública e privada, devem ser destacados o Hospital Distrital com todos os edifícios anexos, as duas escolas primárias, do Toural e das Beatas, e a Escola e Lar de Enfermagem. Nestas obras, sobretudo nas escolas, é possível reconhecer a influência da arquitetura popular bem como uma resposta ao problema da arquitetura orgânica, os mais importantes temas do debate arquitetónico do pós-guerra em Portugal.
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O “caso” do concurso da Sé de Bragança
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João Alves da Cunha
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O concurso de anteprojetos para a nova Sé de Bragança premiou, em 1964, o apaixonado e inovador trabalho da jovem equipa coordenada pelos arquitetos Vassalo Rosa e Francisco Figueira e escultor António Alfredo. Depois de aclamado pelas elites culturais nacionais, tornou-se um “caso” polémico, ao ser reprovado pelo ministro das Obras Públicas Arantes e Oliveira, em 15 de maio de 1965.
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São Francisco na atualidade: entre o ruído e o silêncio
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Ana Vaz Milheiro e Ricardo Lima
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Nos anos de 1980, o Convento de São Francisco, de fundação medieval, encontrava-se desocupado e à procura de um novo programa de usos. A sua reabilitação, para instalação do Arquivo Distrital de Bragança, ocorreu em paralelo com o restauro do templo e da Casa do Despacho, estes mantendo a sua vocação de espaço religioso. Ambas as intervenções refletiram preocupações com o desempenho das soluções construtivas adotadas, mesmo que, no caso do Arquivo Distrital, estas não tenham sido inteiramente seguidas.
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A intervenção no Museu do Abade de Baçal: no tempo da democracia
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Jorge Figueira
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Em Bragança, encontramos o Museu do Abade de Baçal, ocupação novecentista do antigo Paço Episcopal, uma história particular de cultura e de progresso. Este artigo tem por objeto a intervenção que, entre 1992 e 2006, decorreu no museu brigantino, sob a responsabilidade de António Portugal e Manuel Maria Reis, e que, mais uma vez, dá mostras do rigor, da disciplina e da eloquência presente nos projetos e obras desta consistente dupla de representantes da “Escola do Porto”, recentemente desfeita com o prematuro desaparecimento de António Portugal, em 2009.
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Nem neogarretianos nem Vencidos da Vida: uma pastoral transmontana
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Alexandre Alves Costa e Nelson Mota
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Na sequência do debate intelectual, nos finais do século XIX, em torno do conflito entre modernidade e identidade, um grupo de jovens arquitetos da geração do pós-Segunda Guerra Mundial dedica a sua atenção ao mundo rural. Um intenso diálogo entre as referências eruditas e exemplos vernaculares desafia as abordagens tradicionais da arquitetura enquanto disciplina autónoma. No mundo rural os arquitetos procuraram reconciliar a modernidade com uma vertente mais humanista. Neste percurso, porém, emerge uma nova sensibilidade, na qual a simplicidade e o prosaico se assumem como conceitos chave para repensar a atitude crítica da arquitetura.
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Pousada de São Bartolomeu, em Bragança: a primeira pousada (pós-)moderna
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Susana Lobo
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A Pousada de São Bartolomeu, em Bragança, é a primeira pousada moderna construída em Portugal. Integrada num segundo ciclo de pousadas regionais lançado pela DGEMN, a obra do arquiteto José Carlos Loureiro rompe com os estereótipos da encomenda oficial para propor uma nova interpretação da arquitetura portuguesa pela aproximação do ideal moderno à realidade do país, introduzindo, em simultâneo, um novo conceito de “pousada”. Nesse sentido, é duplamente moderna. Tão moderna que chega a ser pós-moderna. Não por se assumir “contra” o moderno, antes por se situar “depois” do moderno. Ou melhor, no seu “fim”, porque inaugurada no ano em que se realiza o último dos congressos internacionais de arquitetura moderna.
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O rosto do enigma ou o gosto pelo enigma: o imaginário transmontano na obra de João Vieira
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Emília Ferreira
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João Vieira (Vidago, 1934 — Lisboa, 2009) foi um pintor português cuja gramática se teceu no diálogo com a literatura (nas suas múltiplas formas narrativas), o teatro, a tradição pictórica europeia e a revisitação da cultura popular transmontana. Os caretos — objetos rituais, celebratórios, da herança etnográfica da sua região de origem — surgem na obra deste autor como ponto de partida e elemento congregador da sua vasta investigação identitária, performativa e plástica.
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As roças de São Tomé e Príncipe: o fim de um paradigma
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Rodrigo Rebelo de Andrade e Duarte Pape
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“As roças de São Tomé e Príncipe – o fim de um paradigma” é um artigo que percorre as antigas estruturas agrárias de cacau e café que nos séculos XIX–XX estiveram na base do desenvolvimento territorial, patrimonial e económico desta pequena colónia portuguesa, dando a conhecer não apenas a sua organização, programas e tipologias mas sobretudo a sua memória, herança e identidade.
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Os cofres do Palácio Foz: a primeira estrutura de conservação cinematográfica da Cinemateca Portuguesa
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Tiago Baptista
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Em 1954, a Cinemateca Nacional dotou-se de uma das primeiras infraestruturas do mundo propositadamente construídas para a conservação fílmica. Este artigo descreve os princípios de construção e os critérios de conservação ambiental então adotados, entendidos no contexto da génese da Cinemateca e das primeiras políticas de salvaguarda do património cinematográfico em Portugal.
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