Monumentos 38: Lamego
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Abril 2020-2021, 24x32 cm, 232 pp.
Brevemente disponível aqui.
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Lamego, memória(s) da cidade
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Marta Arriscado de Oliveira e João Luís Marques
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Observação da cidade, encabeçando a veiga, em varanda sobre vales entalhados de rios. O castelo, de origem castrense e as villas dos arrabaldes, romanização, e antiguidade da diocese cristã restaurada em Almacave; nova centralidade com a instituição da sé românica; dois poderes e duas jurisdições, concelhia e episcopal. Composição renascentista do centro urbano; eminência de conventos tridentinos, na paisagem urbana. Da Senhora dos Remédios ao monte mais alto do circuito de serras, natureza artificiada do eixo barroco. A cidade do progresso.
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De Lamecum a Lamego. Viagem (apressada) por mais de mil anos de história da cidade
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Paulo Almeida Fernandes
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Pouco mais de um milénio separa a criação de uma entidade urbana no sítio onde depois se desenvolveu Lamego e a afirmação da cidade como sede episcopal no reino de Portugal. Os dados de caracterização para este largo período são fragmentários e insuficientes, não obstante os grandes avanços proporcionados em anos recentes pela dinâmica arqueológica, cujos resultados aguardam ainda publicação coerente. Neste artigo, conta-se a história possível da evolução urbanística de Lamego até à definição dos quatro núcleos que caracterizam a cidade medieval e que, ainda hoje, são bem identificáveis no urbanismo da cidade: o burgo do castelo; o arrabalde da Seara; o Couto da Sé e o Bairro da Ponte. Caracterizam-se, também, as principais obras românicas ainda existentes: o castelo (e a evolução do sistema defensivo do burgo muralhado ao longo da Idade Média); a igreja de Almacave e a torre da Sé de Lamego.
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A rede de estradas do Alto Douro. Os traçados projetados por Joseph Auffdiener (1790-1793)
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Carlos Moura Martins
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A construção das estradas do Alto Douro foi um empreendimento público iniciado na última década do século XVIII. Privilegiando os territórios do Baixo Corgo, o seu objectivo era melhorar a difícil circulação no mais dinâmico e próspero sector produtivo de toda a metrópole. A rede de vias inicial teve como ponto central a Régua e como principal rota a ligação de Lamego ao Porto. Neste artigo procura-se interpretar as ideias subjacentes ao traçado das novas estradas.
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São Pedro de Balsemão. Uma igreja que não é o que parece
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Paulo Almeida Fernandes
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Os elementos medievais incorporados na atual capela seiscentista de São Pedro de Balsemão sugerem a existência de múltiplas campanhas construtivas no local, verificadas ao longo de vários séculos. Em anos recentes, sedimentou-se a ideia de que o essencial destes materiais corresponde à época pré-românica (sécs. IX-X), mas continuam a discutir-se os diferentes momentos de realização. Neste artigo, propõe-se uma sequência para essas etapas, ao mesmo tempo que se defende que o resultado final é fruto de uma estratégia prestigiante dos proprietários da capela no século XVII, os quais promoveram o reaproveitamento de muitos materiais medievais num renovado edifício que, assim, responde simultaneamente aos anseios de afirmação contemporânea e de notoriedade antiga dos morgados de Balsemão.
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As Casas da Torre e Câmara de Lamego
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Carlos Caetano
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As velhas Casas da Torre e Câmara de Lamego estão localizadas bem perto da Porta dos Figos e, como o seu nome indica, abrigaram a sede do concelho provavelmente desde a Idade Média até ao início do Liberalismo (1834). Algures nos fins do século XVI ou no século XVII, o corpo superior da torre medieval foi alterado e ampliado com a justaposição de um novo corpo edificado, erguido parcialmente sobre dois arcos de grande altura, ligando a torre medieval ao caminho de ronda da muralha, por onde se faz a entrada. No presente estudo procura-se entender estas Casas da Torre e Câmara de Lamego enquanto monumento singular do imenso corpus arquitetónico das casas da câmara dos velhos concelhos portugueses.
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Los orígenes de la Catedral de Lamego. Tras las pistas del edificio tardorrománico
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Eduardo Carrero Santamaría
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La catedral medieval de Lamego es una absoluta desconocido para la historia de la arquitectura medieval europea. Su claustro fue reconstruido en el siglo XVI, mientras la iglesia se reemplazó en el siglo XVIII por la actual fábrica barroca. Del conjunto medieval sólo queda el campanario sur y una fachada de tradición gótica, enmascarando lo que fue el nártex de una portada bitorreada. A través de sus escasos restos arquitectónicos, la documentación catedralicia y la comparación con otros edificios peninsulares, intentaremos aproximarnos a la imagen de la catedral medieval.
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Hum rico panno de fina verdura. Bispos de Lamego, Duarte Coelho &C, entre 'manuelismo' e Renascimento
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Rafael Moreira
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A imponente massa erguida nos séculos XIII-XIV da catedral de Lamego começou, desde meados do século XV, reflexo da crescente afirmação de poder e riqueza dos seus bispos, a sofrer alterações que lhe conferiram uma sempre maior complexidade. Para a total renovação em muito contribuiu a ação dos bispos: D. João Camelo de Madureira (1502-1513), protetor do mestre-de-obras Duarte Coelho, e que trouxe a Lamego o pintor Vasco Fernandes e o pedreiro João Lopes; D. Fernando de Meneses e Vasconcelos (1513-1540) o grande mecenas da sé lamecense; e, por fim, D. Manuel de Noronha (1551-1569), um genuíno “príncipe do Renascimento”, patrono das belas capelas claustrais. Como em 1532, na sua fascinante “descrição de Lamego”, o cristão-novo Rui Fernandes gabava ao bispo D. Fernando de Vasconcelos, então ausente em Lisboa, a mobilidade e a rapidez dos seus almocreves, que traziam (…) todos os dias pescado fresco dos portos do mar (…); talvez possamos dizer o mesmo a respeito da agilidade com que se deslocavam os muito numerosos e requisitados artistas na cidade.
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Nicolau Nasoni em Lamego. Comissão e obra
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Duarte Frias
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A bibliografia publicada referente ao tema presente faz por corroborar, em uníssono, a circunstancial e ligeira responsabilidade de Nicolau Nasoni quanto à reconstrução arquitetónica setecentista da sé lamecense, ao invés da exclusividade da sua pintura decorativa. Contudo, as documentadas passagens do artista por Lamego, entre os anos de 1734 e 1738, são plausíveis de uma nova reinterpretação segundo o acervo documental existente, através da qual podemos descrever uma nova contextualização dessa sua presença lamecense. Por outro lado, o destaque dado às pinturas fresquistas do artista italiano na catedral lamecense permite-nos, uma vez mais, a divulgação destas pela sua novidade técnica e enquanto difusoras da doutrina do seu tempo
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Circa 1565 — uma brisa italiana na pintura lamecense. O pintor António Leitão entre a Maniera italiana e a tradição grão-vasquina: dinâmicas da arte da pintura na Beira Alta nos séculos XVI e XVII
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Vitor Serrão
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A pintura que se produz na região de Lamego durante o século XVI e as primícias do XVII, tanto na modalidade de óleo como de fresco, assume grande importância, mostrando o peso de uma encomenda episcopal, paroquial, conventual e aristocrática (e também aquela que é oriunda de pequenas confrarias e irmandades) quase sempre muito atualizada de modelos e resultando num panorama artístico com espírito de aggiornamento. Se em 1506, com a obra vultosa do genial Grão Vasco, autor das tábuas do primeiro retábulo da Sé de Lamego, o bispado se revelava plenamente alinhado com a novidade do Renascimento, também em 1564 sucederia idêntica afirmação de novidade, quando a Misericórdia chamou o romanizado António Leitão para pintar o retábulo da sua igreja, onde se atestam bem as inovações do maneirismo romanista.
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Conventos e capelas de Lamego nos séculos XVI a XVIII
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Nuno Resende
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Ao contrário de outras cidades portuguesas e europeias na Idade Média, Lamego assistiu a uma lenta transformação do seu espaço urbano pela implantação de comunidades monásticas. As primeiras experiências, a dos Franciscanos e a das Clarissas no século XIII, fixados em sítios periféricos à cidade, não deixaram marcas visíveis no território. E, embora a presença de certas ordens se fizesse sentir no contexto dominial urbano (como os Cistercienses), só no século XVI se iniciou um período de construção que alterou o horizonte da cidade, através da edificação de igrejas e de complexos conventuais, a maior parte ocupando a periferia dos dois núcleos que formam o urbanismo binuclear de Lamego: o do castelo e o da sé.
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A arquitetura senhorial em Lamego dos séculos XVI a XVIII
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Inês da Conceição do Carmo Borges
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As casas senhoriais de Lamego apresentam os seus valores estéticos e os vestígios das construções originais integrados em estruturas posteriores, que, por sua vez, foram alteradas por campanhas de obras efetuadas pelos seus proprietários nobres e eclesiásticos. Apesar deste continuum, e dos seus condicionalismos, as diversas entidades, variando de caso para caso, preservaram espaços quinhentistas que chegaram ao século XXI. Tratando-se de conjuntos de grande valorização para a cidade, os seus detentores veem com dificuldades, devido ao crescimento das próprias casas, a consolidação coerente do seu reconhecimento patrimonial e turístico.
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A Capela de Nossa da Senhora do Desterro e o barroco em Lamego
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Carla Sofia Ferreira Queirós
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Situada numa das entradas da cidade de Lamego, no bairro de baixo, o mais nobre se tivermos em conta a quantidade e qualidade das casas brasonadas que nesta área estão edificadas, na freguesia da Sé e bem perto da catedral, a Capela de Nossa Senhora do Desterro constitui uma marca notável do barroco português e lamecense. O exterior de traça simples e depurado de decoração, contrasta com o seu interior, de grande ostentação e riqueza, um espaço grandioso, magnífico, em que a talha dourada, de grande plasticidade e qualidade invade todas as superfícies parietais, criando uma atmosfera de sonho.
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O santuário que traz o mundo a Lamego e que leva Lamego ao mundo. Breves apontamentos sobre a sua configuração
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João António Teixeira
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Densamente povoada de monumentos, Lamego alcança no Santuário de Nossa Senhora dos Remédios uma excelência de atributos que projectam a cidade e congregam na cidade. Exemplar de um barroco de feições “rococó”, na sequência de dois pequenos templos que existiram naquela local, tornou-se uma referência que os peritos valorizam e os peregrinos não esquecem!
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Entre razão e emoção. A talha do Museu de Lamego
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Alexandra Falcão
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De entre as coleções do Museu de Lamego, o conjunto de capelas em talha, proveniente do antigo Mosteiro das Chagas, ocupa um lugar especial junto das preferências dos visitantes, rivalizando com obras tão emblemáticas como as tábuas de Vasco Fernandes ou as tapeçarias flamengas. Se é certo que o fascínio pelo brilho do ouro e opulência decorativa destas estruturas são razão suficiente para explicar o fenómeno, o processo da sua musealização poderá apontar outros motivos para além do óbvio.
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O Liceu com ar Lamego moderno e nacional
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Gonçalo Canto Moniz
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O edifício do Liceu Latino Coelho, em Lamego, é uma obra paradigmática da Arquitetura Portuguesa, projetada pelo arquiteto Cottinelli Telmo em 1930, num período de transição política, entre a República e o Estado Novo, e de debate cultural, entre o modo de fazer moderno e nacional. No concurso para este liceu, tanto Cottinelli Telmo como a equipa de Carlos Ramos, propõem um edifício moderno enraizado na cultura local: com um “ar Lamego” e com o “carácter da cidade”. Esta modernidade é assim a “regra para o possível”, tanto em 1930, como hoje perante a sua eminente e necessária reabilitação, como demonstra o projeto de Francisco Barata e Hélder Casal Ribeiro.
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Lamego: algumas obras de arquitetura. Do Art Déco ao neotradicional e um plano urbanístico, anos de 1930-1950
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José Manuel Fernandes
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São analisados dois edifícios da época do modernismo, em gosto art déco, dos anos de 1930, bem como dois monumentos existentes na cidade, dos anos de 1920 e 1940. Apresentam-se, ainda, vários equipamentos da época da chamada arquitetura do Estado Novo, de desenho neotradicional, dos anos de 1940-1950, nomeadamente o Liceu Latino Coelho, o Palácio de Justiça, os edifícios dos correios e da Caixa Geral de Depósitos. Terminamos com a análise sucinta do Plano de Urbanização de Lamego dos anos de 1956-1959.
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Arquitetura e arqueologia. Três intervenções de António Belém Lima no Bairro do Castelo, Lamego
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Jorge Figueira
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As três intervenções em curso no Bairro do Castelo, Solar da Porta dos Figos, Torre dos Figos e Casa do Horto, da responsabilidade de António Belém Lima, são “pedras fundadoras” da revitalização deste núcleo urbano. Correspondem a um encontro entre a arqueologia e a arquitetura e são um contributo do património para a sustentabilidade.
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Quinta da Cardiga em meados do século XVI. Casa capaz de agazalhar hum Rey e Rainha, privados e mais senhores
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Ricardo J. Nunes da Silva
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A estrutura habitacional descrita no tombo da Cardiga parece ter permanecido sem alterações de monta até ao governo de frei António de Lisboa. Enquadrada numa larga ação reformista, o monge hieronimita, nos finais da década de trinta do século XVI transforma o espaço acastelado de raiz templária num (…) palácio (…)capaz de aposentar condignamente as mais ilustres figuras do reino.
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A arquitetura paisagista nos jardins de acesso público em Lisboa, 1940-1970
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Teresa Bettencourt da Camara
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Os pioneiros da Arquitetura Paisagista em Portugal, durante as décadas de 1950 e 1960 desenvolveram no espaço verde público modelos conceptuais, adaptados a novos tempos e logo a novas necessidades, adotados também em muitos países da Europa, moldando-os às condições quer edafoclimáticas quer culturais do nosso país. A instalação de inovadores sistemas de rega por aspersão e maquinaria como os corta relva, tornou possível um aumento das superfícies relvadas. O espaço aberto de recreio substitui os pequenos jardins.
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