Convento e Basílica de Mafra / Real Edifício de Mafra / Palácio Nacional de Mafra
| IPA.00006381 |
Portugal, Lisboa, Mafra, Mafra |
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Conjunto arquitetónico barroco, de matriz italiana, constituído por palácio real, basílica e convento franciscano, construído ininterruptamente entre 1717 e 1744, por iniciativa e sob estreita supervisão de D. João V (1689 - 1750), segundo projeto original do arquiteto João Frederico Ludovice (1673 - 1752), que terá contado com projetos parciais, elaborados no decorrer da obra, como forma de responder aos sucessivos aumentos. Habitualmente comparado com o madrileno Mosteiro do Escorial, Mafra surge, antes de mais, como uma impressionante afirmação do poder absoluto, do Império Português e de legitimação da Casa de Bragança. Com planta poligonal, composta pela justaposição de dois grandes corpos retangulares, um principal, a ocidente, que comporta o paço real e a basílica, e um secundário, a nascente, que contém o antigo palácio dos infantes e o convento. A fachada principal está orientada a ocidente, desenvolve-se numa extensão total de 220 metros, simetricamente a partir da basílica, que ocupa o seu pano central, interrompendo e, simultaneamente, unificando os palácios do rei (a norte) e da rainha (a sul), através da Sala da Bênção, destinada ao soberano - procurando assim uma unificação dos poderes sagrado e terrestre na figura do rei "pela graça de Deus" -, que abre sobre o terreiro frontal e sobre a nave, assumindo o seu papel de basílica patriarcal e de capela real. A fachada é rematada por dois grandes torreões monumentais, claramente influênciados por aquele que Filipo Terzi havia desenhado para o lisboeta Paço da Ribeira, símbolo inequívoco do poder real. As imponentes fachadas palacianas apresentam características de um barroco contido, característico dos trabalho de Ludovice, de influência italiana, particularmente de Carlo Fontana (1634 - 1714), mostrando um classicismo rigoroso, de grande sobriedade, conseguido pela repetição dos elementos e simetria (vãos retilíneos, encimados pela alternância de frontões curvos e triangulares, panos separados por pilastras de cantaria), portais ladeados por duas colunas toscanas que sustentam um frontão triangular. Ao centro, a fachada da basílica, monumental, observa uma cuidadosa interpretação das ordens, a toscana nas colunas de acesso à galilé, a compósita da fachada da igreja e a ladear o portal de acesso. As torres sineiras, altas, elegantes e com um dinamismo que lhe é transmitido pelo jogo de côncavo/convexo, a cúpula e o lanternim denotam um barroco de influência borrominiana. Interiormente, a residência palaciana apresenta uma funcionalidade de organização vertical, cozinhas na cave, dispensas e ucherias no piso térreo, segundo piso para os camaristas e membros da corte, piso nobre para a fmília real, e mansarda para os criados, sendo as salas ocidentais do andar nobre reservadas às funções sociais, os torreões aos aposentos privados e as alas norte e sul à vivência cuotidiana, no final destas estavam os aposentos dos infantes. A basílica apresenta planta em cruz latina com os braços e a abside em semicírculo, composta por galilé retangular, nave única, com seis capelas laterais retabulares, profundas, intercomunicantes, transepto saliente servido de duas capelas retabulares, duas capelas absidais, também retabulares, e capela-mor profunda. Na sua volumetria destaca-se o zimbório que se levanta sobre tambor vazado por oito janelas, com molduras profusamente trabalhadas e a grande cúpula, a maior feita até então em Portugal, e a que não terá sido alheio o engenho de Custódio Vieira (1682 - 1744), assim como o não fora na concepção das torres. Ricamente decorada, a igreja apresenta-se como um "templo todo de mármore", em que este material está presente na cobertura da nave, em abóbada de berço, rosa, preta e branca, no cruzeiro e cúpula do zimbório, nas colunas e arcos de acesso às capelas laterais, na capela-mor e capelas do transepto com cobertura em abóbada de aresta; no pavimento, de calcário rosa, preto e branco, formando elementos florais estilizados; nos retábulos, feitos à romana, nas 52 estátuas de vulto de encomenda italiana. Ao mármore aliam-se os metais e as telas com pintura a óleo. Toda a decoração da basílica foi cuidadosamente encomendada e elaborada para o local, onde só se empregaram materiais nobras, sendo de notar a ausência total de talha dourada tão usual no barroco joanino nacional. A sala dos lavabos e a sacristia, que, situadas já no espaço conventual, se apresentam ao serviço do templo, apresentam características que permitem a sua atribuição a Mateus Vicente de Oliveira (1705 - 1786), como sejam a existência de arcos contracurvados em falsas janelas, os frontões interrompidos por pilastras que se erguem até à cimalha, ou as molduras de toros encurvados. O edifício conventual desenvolve-se em torno de um grande claustro, o jardim de buxo, merecendo realce a sua botica e enfermarias, o Campo Santo e a sua capela, o corredor das aulas e a Sala dos Atos Literários, para além do grande refeitório, e da elegante Sala do Catítulo, abobadada, de forma elíptica, com bobertura de caixotões brancos e pavimento de mármore rosa, branco e negro. No entanto, na área conventual, o principal destaque vai para magnifica biblioteca, ou Real Livraria de Mafra, desenhada por Manuel Caetano de Sousa (1738 - 1802), com planta em cruz latina, cobertura de caixotões em mármore branco, pavimento em mármore axadrezado rosa, preto e branco, e com elegantes estantes rococó em talha branca. A construção do monumento de Mafra decorreu ao longo de vinte e sete anos, e muito embora tenha sido alvo de vários projetos parciais elaborados por uma vasta equipa no decorrer da obra, a ininterrupção dos trabalhos e a supervisão régia terão contribuído para uma de invulgar coerência e harmonia construtiva que esta enorme mole arquitetónica apresenta. |
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Número IPA Antigo: PT031109090001 |
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Registo visualizado 14653 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico
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Descrição
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Conjunto de planta poligonal, composto pela articulação de vários módulos, maioritariamente de quatro pisos sendo o último em mansarda, que formam uma grande massa quadrangular criada a partir da justaposição de dois grandes corpos retangulares, organizados em torno de claustros centrais quadrangulares (dois no corpo principal e um no secundário). Corpo principal, a ocidente, comporta o antigo paço real e a basílica, e o corpo secundário, a nascente, contém o antigo palácio dos infantes e o convento. As paredes das suas fachadas são rebocadas e pintadas a ocre, percorridas por soco de cantaria calcária, sendo os vários panos separados por pilastras do mesmo material, apresenta cornija saliente, pétrea, e platibanda servida de balaustrada, sustentando elegantes gárgulas decoradas com volutas, também em mármore. São rasgadas por vãos, maioritariamente retilíneos, com molduras de cantaria. Coberturas telhadas a duas águas, articuladas nos ângulos, em domo bolboso acantonado por pináculo nos torreões, igualmente em domo bolboso nas sineiras da basílica, que contemplam fogaréus nos acrotérios, motivo que ladeia, igualmente, o tímpano da fachada principal do templo, que contempla, ainda, cúpula elevada sobre tambor vazado por janelas. PALÁCIO: corpo de planta poligonal formada a partir de um grande módulo retangular, interrompido ao centro pelo corpo perpendicular da basílica, desenvolve-se longitudinalmente no sentido norte-sul, rematado, nos seus extremos, por dois torreões monumentais de planta quadrangular, aos quais se adossam dois novos módulos retangulares paralelos, perpendiculares ao principal, que se desenvolvem no sentido ocidente-nascente. Fachada principal, monumental, plana, com quatro pisos, o último dos quais em mansarda, virada a ocidente, numa extensão total de 220 metros, com nove panos distintos. Apresenta um eixo de simetria definido pela basílica (descrição infra), que constitui o pano central, desenvolvendo-se a partir deste em espelho por quatro panos idênticos, correspondentes aos corpos dos palácios do rei (a norte) e da rainha (a sul). Ao pano da fachada da basílica seguem-se, para cada lado, três panos idênticos, os primeiro e terceiro iguais, rasgados por quatro vãos retilíneos, com moldura de cantaria simples, em cada piso, e o central, centralizado, no piso térreo, pelo corpo proeminente do portal, ladeado por duas colunas dóricas que sustentam um frontão triangular, os segundo e terceiro pisos apresentam-se rasgados por cinco janelas de peitoril retilíneas com molduras simples, as laterais, com frontão curvo a central do segundo piso, e, no terceiro piso, encimadas por frontões triangulares e curvos alternados. Note-se, ainda, no pano central, as nove pequenas janelas retilíneas da mansarda, que se abrem num friso marmóreo sobre a cornija, enquadradas por mísulas decoradas por volutas. Os grandes torreões que rematam a fachada, com a qual se articulam em ângulo, compõem-se de três pisos separados por frisos, dupla mansarda e cobertura rasgada por óculos. São inteiramente revestidos a pedra, rusticada no rés-do-chão e lisa nos dois superiores, onde a fenestração, separada por pilastras, alterna vãos encimados por frontões curvos e triangulares. Fachadas laterais compostas por cinco panos rasgados por vãos retilíneos, com moldura de cantaria simples nos primeiro e segundo pisos e composta no terceiro. O primeiro pano da fachada lateral esquerda e o quinto pano na fachada lateral direita são rasgados, ao nível do primeiro piso, por um vão (que hoje surge entaipado na fachada esquerda e é em capialço na direita) de moldura composta, profusamente trabalhada, encimada por uma janela de sacada, com balaustrada pétrea semicircular, e moldura com frontão interrompido com cartela decorada por pedra de armas. Os segundo e quarto panos comportam portas de verga reta no primeiro piso, sendo os segundo e terceiro rasgados por janelas de peito com moldura em frontão curvo; o pano central é rasgado por quinze janelas por piso, tendo, ao centro, no primeiro piso, uma janela de sacada com balaustrada e moldura encimada por frontão curvo. INTERIOR: embora a sua divisão interna não seja exatamente igual, os dois corpos do palácio seguem a mesma orientação funcional, sendo completamente independentes um do outro. As áreas palacianas ocupam, grosso modo, toda a fachada principal do edifício (à exceção da basílica), os dois torreões e o andar nobre dos corpos laterais. O acesso ao interior é feito a partir do portal que centraliza o segundo pano a partir do centro (basílica) na fachada principal, dando lugar a um amplo átrio que estabelece o acesso ao torreão, ao claustro (quadrangular, definido por uma galeria em abóboda de berço, sustentada por colunas dóricas e que abrem para o claustro em arcos inteiros), às escadarias que conduzem às galerias palacianas, sendo que a verticalidade dos acessos é aqui de extrema importância, marcando toda a organização funcional do espaço, assim, as cozinhas palacianas localizam-se ao nível da cave, sendo as dispensas e ucharias situadas no primeiro piso, os quartos de camareiros e damas da corte no segundo piso, os aposentos reais e demais salas palacianas no terceiro piso, e os quartos dos criados na mansarda. Para os corpos da fachada principal estavam remetidas algumas das áreas mais sociais, como seja a longa galeria que liga os torreões norte e sul (com c. 232 metros), as salas das Descobertas, dos Destinos, da Guarda, da Bênção (com dupla janela de sacada sobre a praça e sobre a nave da basílica) e dos Camaristas. Nos torreões ficavam os aposentos reais (norte do rei e sul da rainha, após a morte de D. Fernando II toda a família real passou a ocupar o torreão sul, sendo o norte reservado aos visitantes de maior importância). Na ala norte destacam-se as salas de Diana, do Trono (ou das Audiências) e a capela real com invocação de São José. Na ala sul, salas de D. Pedro V, da Música e a capela da rainha, com invocação da Virgem. Na ala nascente, as salas de Jogos, de Caça e de Jantar. Por último, sobre o convento, nas extremidades nordeste e sudeste do terceiro piso, localizam-se os aposentos dos infantes, também em separado, tendo ao centro a biblioteca conventual. BASÍLICA: planta em cruz latina com os braços e a abside em semicírculo, composta por galilé retangular com os topos, igualmente, em semicírculo, nave única, com seis capelas laterais retabulares, profundas, intercomunicantes, transepto saliente servido de duas capelas retabulares, duas capelas absidais, retangulares, também retabulares, e capela-mor profunda. Desenvolve-se de ocidente para nascente, inscrevendo-se no pátio quadrado que circunscreve dois corpos secundários, a norte e a sul. Na sua volumetria destaca-se o zimbório que se levanta sobre tambor vazado por oito janelas, com molduras profusamente trabalhadas ladeadas por colunas coríntias, que sustentam o peso da dupla calote da cúpula, em cujos panos se rasgam dois olhos de boi sobrepostos. O lanternim ostenta oito janelas ladeadas por colunas jónicas, coberto por coruchéu bolboso, rasgado por pequeno óculo e encimado por esfera e cruz. Fachada principal antecedida por escadório de três lances, de sete degraus cada, ostenta duas torres sineiras enquadrando um módulo central onde se abrem, num primeiro nível, os cinco vãos de acesso à galilé, através de dupla colunata, onde seis colunas jónicas criam uma galeria de três arcos de volta perfeita e dois vãos de verga reta, ladeados por dois nichos albergando estatuária monumental: duas estátuas de vulto em mármore, em fosco, atribuídas a Giovanni Battista Maini, com 2,810 metros cada, à esquerda, Santa Clara, fundadora da congregação feminina da Ordem de São Francisco, aqui representada com o hábito da ordem, segurando com as duas mãos o ostensório, seu atributo, e, à direita, Santa Isabel da Hungria, envergando o seu hábito de clarissa, segura um Crucifixo, a cuja adoração dedicou a sua vida, e pisa a coroa, símbolo da sua abdicação. O segundo registo é animado pela alternância de três janelas de sacada e, separados por colunata formada por seis colunas compósitas, dois nichos com estatuária monumental: as estátuas de vulto, em mármore fosco com 3,40 metros cada, dos dois fundadores das ordens mendicantes, à esquerda São Francisco de Assis, da autoria de Carlo Monaldi, representado com o hábito da ordem que fundou (e à qual se destinava o convento) e os seus atributos usuais, a pisar os livros heréticos, tendo ao lado o crânio com o Livro da Ordem e segurando a pedra primordial da capela de Assis, e, à direita, São Domingos, atribuído a Pietro Bracci, apresenta o santo com a capa e o capucho da ordem e segurando o Livro da Regra. As janelas, com moldura composta, encimadas por frontão triangular sobre mísulas com volutas, as laterais, e por frontão curvo sobre mísulas com volutas, a central, a varanda da Bênção, sendo as três servidas de balaustrada pétrea. Empena alteada em frontão triangular encimado por acrotério com cruz em ferro, e tímpano animado por baixo-relevo marmóreo, a primeira peça de escultura encomendada, da autoria de Giuseppe Lironi, com 2,240 x 3,12 metros, em jaspe, representando a Virgem, o Menino e Santo António, sustentado por grinaldas com motivos florais, assente em cornija destacada, ladeado por fogaréus. Acima desta erguem-se os três níveis das torres (relógios - com mostrador de seis horas, ou horas canónicas, torre norte, e de doze horas, ou horas à francesa, torre sul - e duas ventanas sineiras em arco de volta inteira). INTERIOR: acede-se ao interior do templo através de uma galilé, abobadada, de 28 x 7 metros, com os topos em semicírculo com ligações aos espaços octogonais existentes sob as torres sineiras, que dão acesso a duas salas que comunicam com as escadarias dos palácios (norte e sul), apresenta cobertura apainelada de mármore em abóbada de berço, sendo de aresta nos extremos, pavimento em xadrez de mármore preto e branco. Nas paredes laterais encontram-se catorze nichos com outras tantas estátuas de vulto, com 3,580 metros (as duas que ladeiam a entrada na igreja), São Vivente de Fora e São Sebastião, ambas de Carlo Monaldi, e 2,860 metros as restantes, a saber, da esquerda para a direita: São Bernardo, atribuído a Giuseppe Rusconi; São Caetano, de Bernardino Ludovisi; São Francisco de Paula, de Bernardino Ludovisi; São Félix de Valois, de Pietro Bracci; São Pedro Nolasco, de Pietro Bracci; São Bento, atribuído a Giuseppe Rusconi; São Bruno, atribuído a Giuseppe Lironi; Santo Inácio, de Agostino Corsini; São João de Deus, de Agostino Corsini; Santa Teresa, de Carlo Monaldi; São Filipe Néri, de Carlo Monaldi; e São João da Mata, atribuído a Pietro Bracci. A ladear o portal de acesso à nave, duas colunas compósitas que sustentam, frontão alteado, interrompido com medalhão oval com um baixo-relevo figurativo, com 1,7 x 1,3 metros, com a Virgem, o Menino e Santo António, da autoria de Carlo Monaldi. Ultrapassada a porta, apresenta-se o interior da basílica de nave única, coberta por abóbada de berço em cantaria calcárea rosa, preta e branca, com penetrações iluminantes, levantando-se no cruzeiro a cúpula do zimbório, em cuja cimalha do tambor, entre as litanias da Virgem que a decoram, encontra-se, entreaberta, em baixo-relevo, a "Porta do Céu". No interior da cúpula, suspensa do lanternim, encerrando-o, encontra-se uma pomba com 1,5 metros de envergadura, símbolo da imaculada conceção de Maria. Os braços do transepto, rematados em semicírculo, apresentam cobertura em abóbada de berço semelhante à da nave, capela-mor e capelas do transepto com cobertura em abóbada de aresta. A iluminação do espaço interior faz-se mediante janelas abertas nos muros laterais (sobre cada uma das capelas), na abside e nas capelas do transepto, na fachada principal e no zimbório. O pavimento é calcário rosa, preto e branco, formando elementos florais estilizados. Para a nave abrem seis capelas laterais profundas, intercomunicantes, a que se acede a partir de arcaria de volta perfeita enquadrada por dupla pilastra com capitéis de decoração compósita, são separadas entre si por pórticos de mármore negro com baixos-relevos. Possuem retábulos de cantaria enquadrando baixo-relevo de mármore figurativo, alusivo à invocação, sobre os pórticos de comunicação, lunetas, normalmente em mármore, podendo algumas ainda ser pintadas, possuem igualmente quatro estátuas de vulto por capela. Capelas laterais do lado do Evangelho: Santo Cristo, Santos Bispos, Nossa Senhora do Rosário, do lado da Epístola: Santos Mártires, Santos Confessores e Santas Virgens. No segundo registo, galeria de acesso palaciano, que permitia à Corte a assistência aos serviços religiosos. No braço do transepto, do lado do Evangelho, ergue-se a Capela da Coroação de Nossa Senhora, ligeiramente elevada e protegida por teia, onde se integra um retábulo de pedra, com um painel em baixo-relevo marmóreo alusivo à invocação. No braço oposto, também sobrelevada e protegida por teia, encontra-se a Capela da Sagrada Família. A capela-mor, protegida por teia balaustrada, é profunda, com cobertura em abóbada de aresta e retábulo de cantaria composto por duas colunas de fuste liso e capitéis coríntios, enquadrando uma tela, da autoria de Francesco Trevisani, "A Virgem entrega o Menino a Santo António", alusiva à dupla invocação do templo (onde a Virgem surge na sua Corte Celestial, sentada sobre nuvens e rodeada de anjos, entregando o Menino a Santo António, que num plano terreno, em pose de devoção, O recebe), rematado por frontão triangular, sobre o qual se encontra um grupo escultórico em mármore centralizado por um Cristo Crucificado rodeado por anjos que O adoram, da autoria de Francesco Schiaffino. Na parede fundeira é de notar, ao nível do segundo registo, a tribuna real e, sob esta, a presença de um grupo escultórico, da autoria de Alessandro Giusti, a ladear a entrada, com 2,08 metros, representam a Fé (segurando o cálice e a hóstia da comunhão numa mão, enquanto a outra pousa sobre o peito) e a Religião (ostentando o crucifixo numa mão e o coração em chamas, símbolo de devoção, na outra). Junto ao claustro do módulo sul encontram-se algumas divisões cuja funcionalidade é afeta à basílica, como sejam, no segundo piso, a Sacristia, ampla, onde os arcos contracurvados e "falsas janelas" levam a que seja atribuída ao traço de Mateus Vicente de Oliveira, com capela própria, evocativa de São Francisco, a contígua Sala dos Lavabos, com quatro lavabos de mármore com molduras com toros encurvado, também atribuídas ao discípulo de Ludovice, e futuro arquiteto de Queluz, e mesa central de igual material, e a Casa da Fazenda (ou do Tesouro), conjunto de salas destinadas a guardar as alfaias litúrgicas e paramentarias, também nesta área existe uma sala destinada às observações astronómicas, estando marcada no seu pavimento uma linha meridiana. CONVENTO: corpo adossado ao palácio, para nascente, é formado a partir de quatro módulos retangulares, de cinco pisos, o último em mansarda, organizados em torno de um grande claustro central. Fachada principal orientada a nascente, apresenta onze panos definidos a partir de um eixo de simetria marcado pelo módulo proeminente do pórtico, que se articula em ângulo com a restante fachada. Este, vazado numa lógia de arcos perfeitos revestida a pedra rusticada que antecede a porta principal, é rasgado, ao nível dos segundo e terceiro pisos, por três janelas retilíneas com moldura de verga reta, na frente, e uma em cada parede lateral, o quarto piso apresenta fenestrações de sacada, protegidas por balaustrada pétrea, moldura encimada por arco abatido as laterais e com frontão triangular alteado a central, o quinto piso apresenta janelas quadrangulares com moldura de verga reta (iguais em toda a fachada), sendo a mansarda rasgada por óculo. A restante fachada é simétrica, sendo os panos extremos (primeiro e décimo primeiro) rasgados por janela retilínea com moldura simples de cantaria em cada piso, os segundo, quarto, oitavo e décimo panos, rasgados, no primeiro piso, por porta de verga reta, encimada por janelas de sacada nos segundo e terceiro pisos (a do segundo piso com moldura em arco abatido), de peitoril encimada por frontão triangular no quarto piso, os terceiro, quinto, sétimo e nono panos, os mais longos, apresentam os primeiros dois pisos rasgados por seis janelas de peitoril retilíneas com moldura simples, sendo o terceiro piso marcado por outras tantas janelas com moldura encimada por frontão triangular. As fachadas laterais, idênticas entre si, apresentam quatro panos, de quatro pisos, separados por cornijas de cantaria e rasgados por janelas de peitoril retilíneas com moldura de cantaria simples nos três primeiros pisos, sendo a do quarto piso de moldutra composta, terminadas, as duas fachadas, por cornija saliente e platibanda com balaustrada, com gárgulas, e acrotérios decorados. O primeiro pano, muito estreito apresenta apenas uma fenestração por piso, o segundo, apresenta uma porta de verga reta ao nível do primeiro piso, encimada por vãos encimados por frontões curvos e triangulares, os terceiro e quintos pano são idênticos, rasgados por cinco vãos em cada piso, o quarto pano é centralizado ao nível do primeiro piso por um triplo portal proeminente, envolvido por cantaria rusticada, sendo a moldura centralizada por frontão triangular, encimado por uma janela de sacada em cada piso, sendo a do terceiro sobrepujada por frontão triangular alteado. Este pano é mais alto que os que o ladeiam, sendo visíveis as pequenas janelas retilíneas da mansarda, que se abrem num friso marmóreo sobre a cornija. INTERIOR: a entrada conventual encontra-se orientada para a fachada sul (atual entrada da Escola Prática de Infantaria do Exército), dando acesso à escadaria monumental e ao claustro central (jardim de buxo). No primeiro piso, na área conventual podem-se distinguir, nas imediações da escadaria, os espaços da Capela dos Sete Altares (atual Auditório da EPI). Neste corpo, na ala ocidental do convento, localizam-se, de norte para sul, o refeitório (com a cozinhas para nascente), a sala de lava-mãos, o corredor das aulas, com as respetivas salas e a Casa dos Atos Literários (que serviu de tribunal). Nos primeiro e segundo pisos, em redor do claustro central e junto à fachada nascente, ficavam as celas dos frades. No terceiro piso, junto à fachada principal do convento, encontra-se a grande biblioteca (ou Casa da Livraria), com planta em cruz latina, cobertura em abóbada de berço, decorada com caixotões, a branco, pavimento em mármore rosa, branco e preto, em quadrícula, paredes forradas de elegante estantaria de talha a branco, e profusamente iluminada pelas janelas que a dois níveis rasgam as suas paredes. Os módulos norte e sul deste corpo nascente correspondem, ao nível do terceiro piso, aos palacetes dos infantes (norte) e das infantas (sul), ficando, nas mansardas os quartos dos criados. No corpo do palácio, a norte, junto ao claustro, encontram-se ainda algumas dependências conventuais, como sejam, o Campo Santo e a sua capela, ficando, no segundo piso a Enfermaria dos Doentes Graves (sob a capela real), com acesso à Capela do Campo Santo (no piso inferior), a enfermaria dos convalescentes e as salas da botica. No corpo do palácio, para sul, encontra-se, no primeiro piso, junto à fachada sul, a elíptica Sala do Capítulo. |
Acessos
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Terreiro D. João V. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,936922; long: -9,326395 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 10-01-1907, DG n.º 14 de 17 janeiro 1907, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria n.º 178/92, DR, 2.ª série, n.º 127 de 02 junho 1992 / Património Mundial - UNESCO, 2020, DR, 2.ª série, n.º 234 de 02 dezembro 2020 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado. Sobranceiro à vila de Mafra, assente sobre uma plataforma artificial, encontra-se orientado a ocidente, para um amplo terreiro de fronte para a malha urbana. Confronta a nascente com o Jardim do Cerco (v. IPA.00007002) e o aqueduto que o abastecia, a norte com a Tapada (v. IPA.00023129) e a sul com os novos arruamentos de acesso à vila. |
Descrição Complementar
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PALÁCIO: no terceiro piso do corpo norte, antigo palácio do rei, encontra-se uma série de salas em cujos tetos figuram pinturas murais da autoria de Cirilo Volkmar Machado, realizadas entre 1796 - 1804; assim, a norte, a Sala da Guarda, assim chamada por ser a sala de acesso à galeria régia, onde permanecia a guarda, apresenta no seu teto a cena da mitologia clássica, "O Precipício de Faetonte", segundo a qual Faetonte, filho de Hélio, conduz o carro com que o seu pai iluminava o Mundo e, perdendo o domínio dos cavalos, põe em perigo a Terra e o Céu, então Zeus, guardião da ordem do Universo, fulmina-o com um raio e lança-o ao rio Erídano; a Sala de Diana, no seu teto surge a deusa da caça, Diana, rodeada por ninfas e elfos numa pintura influenciada pela "Caçada de Diana", de Domenichino, existente na Galeria Borghese em Roma, na parede norte figura uma porta entreaberta em trompe-l'oeil, que representa a mesma deusa e Endimião, o pastor por quem se apaixonou; a Sala do Trono (ou das Audiências) ostenta pintura do teto em trompe-l'oeil, representando uma alegoria à Lusitânia, as paredes são decoradas com pinturas a fresco com figurações das oito Virtudes Reais, da autoria de Domingos Sequeira; a ocidente, a Sala das Descobertas, teto decorado com pintura alusiva aos feitos dos portugueses além-mar, como Vasco da Gama vencendo o Adamastor, Pedro Álvares Cabral, descobridor do Brasil, Cristóvão Colombo, descobridor da América e um retrato do infante D. Henrique, patrono das Descobertas; a Sala dos Destinos, pintura em trompe-l'oeil representando o Templo do Destino, onde a figura da Providência entrega a D. Afonso Henriques o "Livro dos Destinos da Pátria", em redor estão representados todos os monarcas portugueses das primeira e segunda dinastias; no corpo sul, palácio da rainha, aqui encontram-se os primeiros tetos pintados nesta campanha, na Sala dos Camaristas, com uma invocação à fecundidade da princesa de Portugal, D. Carlota Joaquina de Bourbon, recém-casada com o futuro rei D. João VI, ao centro as Quinas de Portugal rodeadas por deuses gregos e a Fecundidade, que tem em cada mão cornucópias da abundância, das quais saem crianças sustentando grinaldas de flores; Capela do Torreão Sul, pintura do teto representando São João Baptista, São Carlos Borromeu e Santo António prostrados diante da Santíssima Trindade pedindo descendência para o trono. BASÍLICA: a nave possui seis capelas laterais, profundas, idênticas entre si, com retábulos de cantaria à romana, enquadrando baixo-relevo de mármore figurativo, alusivo à invocação, 3,300 x 2,00 metros, da autoria da Escola de Escultura Mafra, sob orientação inicial de Alessandro Giusti, de semelhante autoria são as lunetas em baixo-relevo figurativo em mármore, com 1,54 x 3,100 metros, que se encontram sobre os pórticos de comunicação entre capelas (duas por capela), podendo algumas ainda ser as originais pintadas, cada capela possui igualmente quatro estátuas de vulto, com cerca de 2,45 metros de altura, de encomenda italiana. Assim, do lado do Evangelho, Capela do Santo Cristo, retábulo em baixo-relevo marmóreo com representa Cristo crucificado, a Virgem em pé, do lado esquerdo, em primeiro plano, e outras duas mulheres em segundo plano, à direita da cruz, agarrada ao seu pé, surge, em primeiro plano, Maria Madalena e São João Evangelista, inclui as esculturas de vulto de quatro doutores da Igreja, Santo Agostinho, atribuído a Giovanni Baratta, representado com os seus atributos pessoais, as vestes de Bispo de Hipona, o Livro aberto e a pena, São Gregório, de Bartolomeo Pincellotti, representado com as vestes papais e o Livro aberto, Santo Ambrósio, de Giuseppe Broccetti, representado com os atributos de bispo, o báculo e a mitra, e o Livro, e São Jerónimo, de Filippo Della Valle, representado de corpo seminu e longas barbas alusivos à sua vida ascética, com o Livro, e com o seu símbolo pessoal, o leão, apresenta ainda as lunetas com as cenas de Cristo no Horto e Cristo a caminho do Calvário; Capela dos Santos Bispos, retábulo em baixo-relevo marmóreo onde surge a Virgem com o Menino rodeados por anjos num plano etéreo, em baixo, num plano terreno, em adoração, encontram-se três bispos, sendo identificáveis São Luís, bispo de Touluse e São Boaventura, cardeal e doutor da Igreja, as estátuas de vulto desta capela representam quatro Apóstolos, São Simão, de Vittorio Barbieri, onde o santo surge com a serra, símbolo do seu martírio, São Bartolomeu, de Giovanni Baratta, representado sem pele no peito, em simbolismo pelo seu martírio, São Mateus, por Giacobbe Baratta, representado com o Livro, por ser Evangelista e o saco com dinheiro, numa alusão á sua anterior vida de cobrador de impostos, São Judas Tadeu, representado com a albarda, seu símbolo pessoal e o Livro, lunetas de São Pedro, e de São Francisco de Sales e São Teotónio; Capela de Nossa Senhora de Rosário, painel retabular em baixo-relevo marmóreo onde surge a Virgem com o Menino rodeada de anjos, um dos quais lhe oferece uma coroa de flores, em devoção São Domingo e São Francisco, estátuas de vulto de Apóstolos, Santo André, de Girolano Ticciati, segurando a cruz do seu martírio, São Pedro, de Antonio Montauti, com o Livro e as chaves do Céu, São Paulo, também de Antonio Montauti, representado com a espada, símbolo do seu martírio, São Tiago Maior, novamente de Girolamo Ticciati, representado com o Livro e o bordão de peregrino, lunetas de Cristo irado com o Mundo, onde aparece seguido pela Virgem e São Domingos, e de São Francisco recebendo os Estigmas; antes do transepto, no vestíbulo lateral da porta transversa esquerda encontram-se quatro estátuas de vulto, São Roque, de autor desconhecido, representado com o bastão de peregrino e o cão, seus atributos, São Francisco de Borja, frade empenhado na Contra Reforma, também de autor desconhecido, com um crâneo e a coroa imperial, São Carlos Borromeu, uma das personalidades marcantes da Contra Reforma, de Giuseppe Maria Frascari, com as mãos e os olhos dirigidos para o Céu, e São Francico Xavier, de autor desconhecido, representado como missionário, segurando um crucifixo; transepto, Capela da Coroação de Nossa Senhora, painel retabular em baixo-relevo marmóreo onde surge a Virgem ajoelhada, sobre anjos músicos, a receber a ser coroada pelo Pai e pelo Filho, na presença do Espirito Santo; capela colateral do lado do Evangelho, invocativa de São Pedro de Alcântara, capela fechada por grades de ferro, no altar figura tela retabular com "São Pedro de Alcântara em adoração à Virgem", óleo sobre tela atribuído a Corrado Giaquinto (c. 1732), contém estátuas de vulto de quatro arcanjos, o Anjo Custódio de Portugal (elevado à qualidade de arcanjo, representado de corpo inteiro), atribuído a Laurent Delvaux, representado com as armas de Portugal, pelas quais deveria velar, São Rafael, de autor desconhecido, representado com o peixe, alusão ao episódio em que o arcanjo salva Tobias, São Miguel, de Giovanni Battista Maini, representado vestido de guerreiro e pisando o demónio que havia derrotado, e São Gabriel, também de Giovanni Battista Maini, representado com a pureza do príncipe dos anjos, luneta do Passo do Apocalipse, na qual figura o cordeiro redentor entronizado sobre o Livro dos Destinos do Mundo e os anciãos prostrados diante dele, por último, nesta capela existe ainda uma Última Ceia, de Filippo Laurenzi, c. 1730 - 1732; capela colateral do lado da Epístola, Capela de Nossa Senhora da Conceição, capela fechada por grades de ferro, no altar figura painel retabular em baixo-relevo marmóreo, da fase pós-Alessandro Giusti, este retábulo que representa a padroeira de Portugal, que surge aqui numa representação que contraria a habitual figuração da imaculada conceção de Maria, a Virgem surge com os seus habituais atributos, sobre nuvens e rodeada de anjos, tendo, sob os seus pés, a meia-lua e a serpente, mas, ao invés das mãos em oração, segura o Menino, que aqui reparte o protagonismo com a mãe, num plano terreno São Teotónio em adoração, nesta mesma capela surge, na parede norte, outro retábulo de baixo-relevo de mármore, a Anunciação, este com a representação canónica usual, a Virgem recebe a notícia de São Gabriel numa cena presidida pelo Espírito Santo, as estátuas de vulto presentes nesta capela respeitam à Sagrada Família, São Joaquim, de autor desconhecido, o pai da Virgem surge representado como sendo velho e segurando o Livro numa atitude profética, Santa Ana, também de autor desconhecido, representada como sendo uma anciã, São José, de Giovanni Baratta, representado também como ancião e com o seu atributo, a vara florida e São João Baptista, também de Giovanni Baratta, representado com os seus atributos, vestindo a túnica em pele de camelo, acompanhado pelo cordeiro (Agnus Dei) e com a Cruz e o estandarte do Ecce Homo, na capela encontra-se ainda uma luneta com a figuração da Apresentação da Virgem no Templo; no transepto do lado da Epístola, Capela da Sagrada Família, painel retabular de baixo-relevo marmóreo, com uma representação complexa da Sagrada Família, num plano etéreo Deus, rodeado de anjos preside à cena, Cristo ampara a Virgem, entronizada no centro da cena, segurando o Menino, no plano terrestre, à esquerda, São João Evangelista (com o Livro e a águia) São Joaquim e São José, à direita, Santa Isabel, São Zacarias, Santa Ana e São João Baptista, acompanhado pelo Agnus Dei; após o transepto, no vestíbulo lateral direito encontram-se quatro estátuas de vulto, Rainha Santa Isabel, de autor desconhecido, aqui representada com o hábito monacal e as rosas no regaço; Santa Rita de Cássia, de traje monacal e com o crucifixo, Santa Bárbara, de Giovanni Batistta di Rossi, com a torre e a palma, símbolo do seu martírio, e Santa Maria Salomé, também de Giovanni Batistta di Rossi, aqui figurando com o seu atributo, a urna com o unguento que usou no corpo morto de Jesus; capelas da nave, lado da Epístola, Capela dos Santos Mártires, com painel retabular em baixo-relevo pétreo apresenta a Virgem com o Menino ao colo e a sua corte celestial, sendo adorada, no plano inferior, pelos Santos Mártires de Marrocos (Vital, Berardo, Pedro, Acúrsio, Ajuto e Otão), contempla as estátuas de vulto de São Filipe, de Giacchino Fortini, aqui o primeiro apóstolo surge com os seus atributos, o bastão com a cruz e o rolo, São Tomé, de Baptista Vacca, aqui apresentado com o Livro e a mão levantada em anúncio da Boa Nova, São João Evangelista, de Baptista Vacca, o mais novo apóstolo de Cristo, apresentado com o rolo e a pena, a seu lado, a águia, seu atributo, nesta capela figuram ainda duas das lunetas de encomenda joanina, em óleo sobre tela, São Francisco de Sales e São Paulo pregando aos gentios; Capela dos Santos Confessores, com painel retabular em baixo-relevo pétreo apresenta a Virgem com o Menino e a sua corte celestial, como no anterior, variando nas figuras que, num plano terreno a adoram, aqui, São Bernardino, São Luís, rei dos Franceses, e Santo Ivo, apresenta as esculturas de vulto de São Marcos, de Giuseppe Broccetti, representado com os seus atributos de Evangelista, a pena e o Livro, e o leão, que o personifica, São Barnabé, Filippo Giovanni Tanzi, representado como missionário, com o livros, referência ao seu epistolado, e com as pedras com que foi lapidado antes de fugir para a Síria, São Matias, de Giuseppe Baratta, o discípulo que substituiu Judas, representado com o bastão e o Livro, e São Lucas, Giuseppe Piamontini, com os seus símbolos de evangelista, a pena, o Livro e com o touro, que o personifica, as lunetas de São Pedro e São Teotónio, na qual o fundador do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra é recebido no céu pelo primeiro patriarca da Igreja, e São Norberto na bênção do pão e Capela das Santas Virgens, com retábulo em baixo-relevo pétreo representando a Virgem com o Menino ao colo e a sua corte celestial, sendo adorada, no plano inferior, por Santa Clara, Santa Rosa de Viterbo, Santa Inês, Santa Isabel, rainha da Hungria e Santa Isabel de Portugal, contempla as estátuas de vulto de São Paulo Eremita, de autor desconhecido, o primeiro eremita, um ancião ascético, com as vestes de religioso, o Livro, São Boaventura, de autor desconhecido, representado com o hábito franciscano e o Livro, São Tomás de Aquino, de Simone Martinez, com a pena e o Livro e Santo Elias, de Carlo Monaldi, única figura do Antigo Testamento aqui presente, está representado na sua qualidade de profeta, com o Livro e a espada de fogo com que separou as águas do Jordão, apresenta as lunetas de Santa Inês, Santa Bárbara, Santa Úrsula, Santa Catarina e Santa Teresa, alusiva à invocação da capela e de Santa Úrsula, em óleo sobre tela. Ainda na basilica é, igualmente, de destacar o conjunto, pensado de raiz enquanto tal, de seis órgãos a figurar na zona do transepto e capela-mor, no entanto os que lá se encontram não são os originais de encomenda joanina, mas antes os mandados fazer pelo regente D. João, futuro D. João VI, aos dois mais importantes organeiros portugueses do seu tempo - António Xavier Machado e Cerveira e Joaquim António Peres Fontanes - terminados entre 1806 e 1807, são em pau-santo, com aplicações de ferragens de bronze executadas no Arsenal de Lisboa representando flores, festões, colunas e capitéis e ainda diversos instrumentos musicais, como trompas e violinos, penas de escrever, tinteiros e pautas de música. No órgão da Epístola encontra-se um medalhão com a efígie de D. João VI, da autoria do escultor Carlo Amattuci. CONVENTO: de entre as áreas conventuais sobressai a Livraria de Mafra, uma das mais importantes bibliotecas portuguesas, com um valioso acervo de aproximadamente 36 000 volumes, arrumados em 136 estantes, de talha, a branco, que forram por completo as suas paredes, contendo caixa-de-ar entre estas e o edifício; o seu acervo foi constituído ainda em tempo de D. João V, no entanto, a estanteria é feita no reinado de D. José I, sendo que a ocupação e arrumação da biblioteca data da permanência dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho no convento (1771- 1792); apresenta uma organização de extrema coerência, na qual é feita uma primeira grande divisão temática - religiosa (norte), profana (sul) e os grandes clássicos greco-latinos ao centro; depois, e com uma íntima ligação com a primeira ordem, estabelece a organização das estantes por matérias, colocando por cima de cada estante uma inscrição que indica o tema que lhe corresponde; em terceiro, a arrumação é feita tendo em atenção a dimensão das prateleiras, sendo que as do piso inferior são maiores que as do piso superior, tentando sempre que possível fazer corresponder os temas; por último, a regra cronológica, embora esta nem sempre tenha sido seguida. |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino / Residêncial: paço real / Religiosa: igreja |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: museu / Militar: quartel |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Ministério da Defesa Nacional / DGPC, Decreto-Lei n.º 115/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012 |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETOS: João Frederico Ludovice (1713 - 1730); João Pedro Ludovice (c. 1730 - ); Joaquim Possidónio da Silva (1854 - 1858); Manuel Caetano de Sousa (1771 - 1792); Mateus Vicente de Oliveira (c. 1730); Rodrigo Franco (1740 - 1741; 1747 - 1749); Mateus Vicente de Oliveira (1729 - 1736). CARPINTEIRO: Domenico Massa (1739). ENGENHEIRO MILITAR: Adriano Gavila (1732); Filipe António Gavila Mulet (1718 - c. 1730); João Baptista de Barros; Custódio Vieira (1727 - c. 1735); Manuel de Azevedo Fortes; Manuel da Maia (1728). ESCULTORES: Agostino Corsini (c. 1730 - 1731); Alessandro Giusti (1753 - 1799); Alexandre Gomes (1755 - ); Anton Maria Maragliano (1739); Antonio Montauti (c. 1730 - 1731); Bartolomeo Pincellotti (c. 1730 - 1731); Baptista Vacca (c. 1730 - 1731); Bernardino Ludovisi (c. 1730 - 1731); Brás Toscano de Melo (1817 - 1820); Carlo Monaldi (c. 1730 - 1731); Filippo della Valle (c. 1730 - 1731); Filippo Giovanni Tanzi (c. 1730 - 1731); Francesco Maria Schiaffino (c. 1730 - 1731); Francisco Alves Canada (1753 - 1788); Francisco Leite Leal Garcia (1778); Giocchino Fortini (c. 1730 - 1731); Giovanni Baratta (c. 1730 - 1731); Giovanni Battista Maini (c. 1730 - 1731); Giovanni Battista di Rossi (c. 1730 - 1731); Giovanni Foggini (c. 1730 - 1731); Giuseppe Baratta (c. 1730 - 1731); Giuseppe Broccetti (c. 1730 - 1731); Giuseppe Lironi (c. 1730 - 1731); Giuseppe Maria Frascari (c. 1730 - 1731); Giuseppe Rusconi (c. 1730 - 1731); João de Almeida (presépio, atri.); Joaquim José de Barros Laborão (1799 -1807); Joaquim Machado de Castro (1756 - 1770); José de Almeida (1728 - 1729); José Joaquim leitão (1755 - ); Laurent Delvaux (c. 1730 - 1731); Lourenço Lopes (1755 - 1777); Pedro António Avogadri (1753 - ); Pietro Bracci (c. 1730 - 1731); Roberto Luís Silva Campos (1755 - ); Salvador Franco da Mota (1755 - ); Simone Martinez (c. 1730 - 1731); FUNDIDORES (carrilhões): Guilherme Withlockx (c. 1729 - 1730); Nicolau Lavache (c. 1729 - 1730). ORGANEIROS: Eugene Nicholas Egan (1740); António Xavier Machado e Cerveira (1807), Joaquim António Peres Fontanes (1807). Mestres-obra: Filipe Gavila Mulet (c. 1730); Adriano Gavila (c. 1732) MESTRES-PEDREIROS: Carlos Baptista Garvo (1718 - 1731); António Baptista Garvo (1718 - 1765); Manuel Antunes Feio (1731 - 1765); Manuel da Costa Negreiros (1732 - 1765). OURIVES: António Rodrigues de Leão (1739). PEDREIROS: António Martins (1728); Bernardo Pereira (1736), José Rodrigues Corista (1736); Manuel Rodrigues Corista (1736). PINTORES: Agostino Masucci (c. 1729 - 1730); André Gonçalves (c. 1729 - 1730); Bernardo António de Oliveira Góis (c. 1796 - 1807); Cirilo VolKmar Machado (1796 - 1807); Corrado Gianquinto (c. 1729 - 1730); Domingos Sequeira (1796 - 1807); Emanuel Alfani (c. 1729 -1730); Etiénne Stéphane Parrocel (c. 1729 - 1730); Federico Mastrozzi (c. 1729 - 1730); Filippo Laurenzi (c. 1729 - 1730); Francesco Mancini (c. 1729 - 1730); Francesco Trevisani (c. 1729 - 1730); Francisco Vieira Lusitano (c. 1729 - 1730); Giovanni Odazzi (c. 1729 - 1731); Inácio de Oliveira Bernardes (c. 1729 - 1730); Pierre-Antoine Quillard (c. 1729 - 1730); Pietro Bianchi (c. 1729 - 1730); Sebastiano Conca (c. 1729 - 1730). |
Cronologia
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1707, janeiro - Frei José da Paixão torna-se provincial dos franciscanos arrábidos e determina enviar, na Quaresma, dois frades para administrar assistência religiosa à população de Mafra e arredores; aí chegados, os monges instalam-se na albergaria junto à Ermida do Espírito Santo; a cada jubileu do ano chegam confessores enviados da guardaria da ordem, em Sintra; o visconde de Vila Nova da Cerveira, donatário de Mafra, continua os seus esforços (iniciados no século anterior pelo seu antecessor) no sentido de fundar um cenóbio franciscano na vila; 1711 - D. João V (1689 - 1750) formula um voto de erguer um cenóbio franciscano dedicado a Santo António na vila de Mafra; partem três monges para Mafra, que se instalam na albergaria do Espírito Santo e aí empreendem, à custa das esmolas recolhidas, obras de adaptação do local a uma vida monástica, que conta, inicialmente, com doze pequenas celas, cozinha e refeitório e duas alcovas, para enfermos e visitantes; 26 setembro - por diploma legal, D. João V faz saber que "por justos motivos e por especial devoção ... ao glorioso Santo António" concede licença para que se erga um cenóbio, para treze monges apenas, na vila de Mafra, na devoção daquele santo e pertencente ao Capuchos arrábidos; António Rebelo da Fonseca, escrivão das cozinhas reais e pessoa da confiança do monarca é escolhido para a seleção do sítio; 1712 - o próprio rei, insatisfeito com as propostas e aproveitando uma estadia em Sintra, visita Mafra com o objetivo de escolher o local para a edificação, que recai sobre uma pequena elevação a nascente da vila, designada pela população local como Sítio da Vela; 1713, 21 janeiro - avaliação dos terrenos do Sítio da Vela, pertencentes a vários donos, num montante de 358$500 réis; aquisição dos mesmos; 1714, 19 julho - por carta régia são nomeados, respetivamente, António Soares de Faria, tesoureiro, e Máximo de Carvalho, escrivão da receita e despesa da obra do convento; Leandro de Melo, corregedor de Torres Vedras, é, igualmente, nomeado superintendente; instalam-se, de forma permanente, os primeiros franciscanos na albergaria do Espírito Santo, a saber: frei Carlos da Madre de Deus, frei Bonifácio do Rosário e frei José dos Mártires (que frei João de São José do Prado, na sua crónica, substitui por frei José de Santa Maria); executam-se, a mando do monarca, novas obras na albergaria, acrescentando mais celas e oficinas; 1715 - a este primeiro núcleo juntam-se outros formando uma primeira comunidade que, no dizer de frei Cláudio da Conceição, seria já num número de 18 a 21 frades; João Federico Ludovice (1673 - 1752) elabora um primeiro esquisso para Mafra, no qual a igreja surge flanqueada, pelo lado esquerdo, por um convento; 1716 - iniciam-se os trabalhos com a abertura dos alicerces, onde se empregam, desde o início, entre 400 a 600 homens (CONCEIÇÃO, p. 85); as despesas correm por conta da Casa de Bragança (CONCEIÇÃO, p. 123), sendo que estas já são destinadas uma comunidade bem mais numerosa do que os treze frades iniciais; 1717, 16 novembro - na véspera da grande cerimónia de lançamento da primeira pedra, chegam a Mafra as primeiras obras de pintura; para o rito inaugural da construção foi erguida, em tamanho real, sobre as fundações abertas, e com a mesma planta cruciforme, um templo em madeira, coberto por panos engessados e sumptuosamente armado no seu interior de tapeçarias e panejamentos franjados de ouro; no frontispício, sobre as três portas de entrada é colocada uma grande tela, onde figurava "São Pedro e São João curando um mendigo junto à porta Formosa" e, sobre esta, uma segunda, evocativa de Santo António; 17 novembro - é colocada a pedra fundamental numa grandiosa cerimónia presidida pelo cardeal patriarca de Lisboa e contando com a presença do rei e da Corte; durante a cerimónia baixam-se aos alicerces alguns objetos simbólicos, entre os quais uma urna de mármore com doze medalhas comemorativas do ato (quatro de prata, quatro de ouro e quatro de bronze), em duas das de prata ostenta-se a fachada e a planta do monumento a erguer que, de acordo com as descrições, seria "sumptuoso ... mostrando na perspetiva duas altas torres nas ilhargas, no meio o zimbório, as portas do templo para o poente, e o convento da parte esquerda" (CONCEIÇÃO, p. 108); 1718, 26 abril - é lavrada escritura com o mestre-pedreiro milanês Carlos Baptista Garvo (act. 1703 - 1750) para a obra do convento e igreja, que este se obriga a executar "pela Planta do Architeto João Federico Ludovice" (Ayres CARVALHO, vol. II, pp- 345-347) *1; de acordo com frei Cláudio da Conceição, o cenóbio, pensado inicialmente para treze frades, passou depois a quarenta e a oitenta frades, o que levou à encomenda de várias plantas; ainda de acordo com o mesmo cronista, António Rebelo da Fonseca tinha mandado murar a cerca e nela plantar, em canteiros bem definidos, todo o tipo de árvores silvestres existentes no país, no entanto, quando estas árvores já começavam a dar fruto, desfazem-se os canteiros para alargar os alicerces do convento para sul e para nascente, já a igreja estava quase concluída (CONCEIÇÃO, p. 123-125), tendo tido mesmo de arrasar um monte todo de pedra; 1720-1723 - as grandes alterações ao plano ocorrem entre o lançamento da primeira pedra e a visita do botânico suíço de Charles Fréderic Marveilleux (? - 1749), que aqui chegou em 1723, e conheceu já o projeto final, no qual trabalham cerca de 12 000 operários; por esta altura é, também, abandonada a intenção do monarca de erguer, em Lisboa, no alto de Buenos Aires (atual Lapa), um grande complexo arquitetónico, constituído por palácio real e sé patriarcal; 1724 - decorre a demolição do monte de pedra, que terá ocupado, no primeiro ano, c. 5000 operários; 1728, setembro - começam a rasgar-se os alicerces para o cenóbio, encontrando-se a igreja bastante adiantada; trabalhos no aqueduto para conduzir água a Mafra, conforme plano de Manuel da Maia; 1728 - 1729 - execução de um modelo para o frontão da fachada principal por José de Almeida (1700-1769); 1729 - as obras são apressadas pela proximidade da data escolhida para a sagração da basílica, o 41.º aniversário do monarca que, em 1730, calhava justamente a um domingo (dia canónico reservado para a sagração dos templos) e pela necessidade de nele instalar os frades aquando da cerimónia; por esta altura o próprio monarca realiza quinzenalmente vistorias à obra; desde o início da edificação terão trabalhado no empreendimento, quotidianamente, cerca de 20 000 pessoas, entre oficiais e operários, militares e funcionários da Casa Real (a quem cabia garantir a boa persecução dos trabalhos), estalajadeiros, lavadeiras, cozinheiros, médicos, boticários, etc.; fevereiro - Mafra recebe a visita do abade Charles Alexandre Montgon, que, em Caia, assistira à troca de princesas; de acordo com o seu relato, as obras do templo ("todo de mármore") estão adiantadas, o convento, em construção, deveria albergar cerca de trezentos frades, está concluído o grande refeitório, inicia-se a construção do palácio (CHAVES, p. 182); de acordo com outro documento ("Noticia das Riays Obras de Mafra") está concluída grande parte da fachada basilical, estando as torres construídas até ao nível da restante fachada, faltando o medalhão ao frontão, este já executado; escadório que a antecede já conta com os seus 21 degraus; fazem-se os grandes dormitórios do convento; junho - por instrução régia, angariam-se, em todas as províncias, o maior número possível de operários; o estaleiro de Mafra adquire então um aspeto faraónico, criando-se, a mando do monarca, a "ilha de madeira", cidade efémera montada nas imediações da obra para alojar os operários, as ferramentas, os materiais e os animais, que contempla, igualmente, um hospital para várias dezenas de doentes (o amontoar de gentes e a insalubridade local levaram à rápida propagação de doenças); esta cidade efémera, com um custo de "…mais de 150 000 crusados…" está na génese do primeiro desenvolvimento urbano da vila de Mafra, juntando perto de 50 000 homens entre válidos e inválidos; frei Cláudio da Conceição (CONCEIÇÃO, t. VIII, pp. 143-144) refere a existência de 45 000 operários a que acrescia mais 7 000 soldados (cavalaria e infantaria, a quem caberia a manutenção da ordem, o desbaste do monte e o conduzir de pedra para o trabalho dos canteiros); agosto - aproveitando o avanço das obras da igreja e o conhecimento das reais dimensões dos retábulos, fazem-se as primeiras encomendas de pintura e de escultura em Roma; frei José Maria de Fonseca e Évora (1690 - 1752), então reitor da igreja romana de Santa Maria Aracoeli e procurador-geral dos Frades Mendicantes, é o grande interlocutor da Corte na cidade papal, correspondendo-se amiudadamente a este respeito com o oficial da Secretaria de Estado e reposteiro-mor de D. João V, José Correia de Abreu *2; Tadeu de Oliveira (Thadeo Paulo Ludovico Oliveri), italiano que trabalhara no Paço da Ribeira, chega a Roma para auxiliar frei José Maria de Fonseca e Évora a tratar das encomendas das obras, e escolher os melhores, mais competentes e menos dispendiosos; escolhem-se os pintores mais próximos do meio português, e com alguma reputação estabelecida em Roma, como Francesco Trevisani (1656 - 1746), Agostino Masucci (1692 - 1768), Pietro Bianchi (1694 - 1740), Sebastiano Conca (1680 - 1764), Emanuel Alfani (act. 1730 - 1774), Giacomo Zoboli (1682 - 1767), Francesco Mancini (1679 - 1758), Giovanni Odazzi (1663 - 1731), Filippo Laurenzi, Corrado Giaquinto (1703 - 1766), Etiénne Stéphane Parrocel (1695 - 1776), Federico Mastrozzi (at. 1712 - 1745) e as eventuais colaborações de Stefano Pozzi (1699 - 1768), Odoardo Vicinelli (1683 - 1755), Francesco Solimena (1657 - 1747), ou Gaetano Sortini (1715 - 1786); 04 agosto - é encomendado um baixo-relevo da grandeza do molde que era enviado a ser esculpido pelo mais insigne escultor romano, representando a Virgem, o Menino e Santo António e a ser entregue até o final de junho, o mais tardar; de acordo com Fernandes Pereira (PEREIRA, p. 56) este será, muito naturalmente, o medalhão que anima o tímpano da basílica, atribuído a Giuseppe Lironi (1689 - 1749); 1730 - já se distingue o traçado de todo o plano, as torres estão já completas; realização, em Antuérpia, dos carrilhões da basílica (57 sinos para cada uma das torres), por João Nicolau Lavache (1698 - ?), fundidor de Liège, e Guilherme Witlockx; agosto - são expedidas de Roma para Génova algumas encomendas; algumas más medições agravam o atraso das pinturas, que têm de ser refeitas; 10 de maio - José Correia de Abreu informa o seu interlocutor dos cinco pontos a que deve obedecer a "comissão das estátuas" (perfeição, brevidade, conveniência de preços, propriedade dos hábitos [perfeição no polimento e na representação iconográfica] e cautela nas conduções); estando a obra da igreja em estado muito avançado, a brevidade justificava-se pelo desejo (demasiado apressado) de ter as estátuas nos nichos aquando da sagração, ou, por ser o termo muito curto, poder contar com elas no dia de São Francisco do ano seguinte (04 de outubro); na mesma carta é definida a lista de prioridades *4; refere ainda que estas devem ser feitas de um só bloco, sem juntura alguma; os escultores escolhidos devem ser "professores", ou seja mestres, escultores experimentados, no entanto a rapidez exigida condiciona a seleção e muitos dos artistas escolhidos têm em Mafra a sua primeira obra de monta; 27 setembro - Francesco Maria Schiaffino (1668 - 1783), é um dos escultores pretendidos, designado como sendo um "bravo escultor", no entanto com fama de ser muito caro; José Correia de Abreu congratula-se com o facto deste ter aceite fazer o Cristo, Anjos e Glória de mármore para a capela-mor; solicita a frei José Maria de Fonseca e Évora que lhe pague apenas o conveniente; seguem-se os contratos com Carlo Monaldi (1691 - 1760), escultor com provas dadas e que havia estado ligado à Academia de Portugal em Roma, onde lecionara, tendo sido mestre de José de Almeida; a seu cargo ficam um baixo-relevo (representando a Virgem com o Menino e Santo António, que acabaria por resultar em dois) e sete estátuas de vulto (São Domingos, São Francisco - fachada - São Sebastião, São Vicente, São Filipe Néri, Santa Teresa de Ávila - galilé - e Santo Elias - interior da basílica); são igualmente celebrados contratos com três discípulos do Camilo Rusconi (1658 - 1728), morto em 1728, como forma de assegurar uma continuidade da qualidade do mestre, Battista Maini (1690 - 1752), Filippo Della Valle (1698 - 1768), Pietro Bracci (1700 - 1773); com Bernardino Ludovisi (1693 - 1749), Giuseppe Lironi (1689 - 1749), Agostino Corsini (1688 - 1772); com alguns escultores de fama diminuta, Giuseppe Maria Frascari, Bartolomeo Pincellotti, Giuseppe Rusconi (1687 - 1758) e Simone Martinez; escultores florentinos como Giovanni Battista Foggini, Giovanni Baratta (1670 - 1747); ainda Giocchino Fortini (1671 - 1736), Antonio Montauti (m. 1740), Giuseppe Piamontini (1644 - 1742), Girolamo Ticciati (1676 - c. 1740), Giuseppe Baratta, Giuseppe Broccetti, Giovanni Batistta di Rossi, Filippo Giovanni Tanzi, Baptista Vacca e o belga Laurent Delvaux; 01 setembro - são colocadas as "purpuras", ou remates, sobre as torres, terminando-as; 27 setembro - chega a Lisboa a primeira remessa de pintura; José Correia de Abreu relata o desalento régio por não chegarem ainda todos os quadros; 01 outubro - chega a segunda remessa; 04 outubro - chegam algumas pinturas encomendadas, em Lisboa, a Vieira Lusitano (1699 - 1783), André Gonçalves (1685 - 1762), Pierre Antoine Quillard (1700 - 1733) e Inácio de Oliveira Bernardes (1662 - 1732); 29 setembro - são colocados quatro sinos na torre sul e seis na norte; 18 outubro - chegam mais vinte e dois sinos, no dia seguinte são entregues mais dois; 22 outubro - o templo é sagrado; durante o oitavário da sagração as torres surgem ainda envoltas nos complicados engenhos elevatórios (da autoria de Custódio Vieira, 1682 - 1744) que não fora possível desmanchar, na fachada da basílica falta o medalhão no frontão, os fogaréus nos acrotérios e a cruz de pedra que encima o tímpano, a cobertura está feita, mas falta o zimbório, de que apenas o tambor se terminara, pelo que é provisoriamente substituído por um em madeira revestida a chumbo, em tamanho real; no interior estão concluídos todos os altares de pedra, feitos à romana, com os seus retábulos pintados (alguns dos quais ainda não são os definitivos); o retábulo da capela-mor conta já com o painel da "Virgem entrega o Menino a Santo António", da autoria de Francesco Trevisani; sobre este avulta um Cristo com os Anjos e Glória em madeira, da autoria de José de Almeida *4, enquanto se aguarda a chegada do grupo escultórico encomendado a Schiaffino; encontram-se vazios, todavia, em todas as capelas laterais, os nichos das estátuas de vulto; das capelas colaterais parte já um passadiço de seis arcos na direção do Campo Santo (norte) e da sacristia (sul), nesta as abóbadas estão por rebocar; exteriormente nascem as fachadas dos palácios, cujas fundações estão feitas e as obras iniciadas, assim como as dos torreões; está delimitado o pátio que envolve o templo, assim como o corredor das aulas, o acesso subterrâneo à igreja, a casa dos lavatórios (ainda sem estes), a Capela do Campo Santo e o refeitório, também já existe parte do dormitório ocidental e, para norte, a grande cozinha; no centro da área conventual começa a delinear-se o claustro (futuro Jardim de Buxo), com as obras iniciadas nas suas quatro fachadas internas; aquando da sagração, o noviciado é instalado em trinta beliches no dormitório norte e, em quarenta celas, a restante comunidade num total de 210 monges; os trabalhos prosseguem num ritmo mais lento; 1731, janeiro - iniciam-se as aulas dos Estudos Gerais de Mafra, onde se pode aprender Teologia, Moral, Filosofia, Latim e Retórica; 03 janeiro - chegam a Lisboa as restantes telas pintadas, à exceção da "Coroação da Virgem" que só deveria chegar no final do ano; é acusada a receção do baixo-relevo de Monaldi; 10 janeiro - nova missiva dá conta do desalento régio por o baixo-relevo apresentar um veio azulado visível no mármore, pelo que o medalhão é remetido para a portaria conventual, ficando o escultor incumbido de realizar um segundo para encimar a porta do templo; 30 março - chegam a Mafra as primeiras estátuas; as estátuas são embarcadas em Génova, desembarcadas em Lisboa, de onde seguem por rio (Trancão) de Sacavém até ao Palácio do Patriarcado em Santo Antão do Tojal (v. IPA.00005971), seguindo, depois, por terra, até Mafra; abril - a falta de operários para a obra leva a que aí se empreguem ladrões retirados das naus da Índia e marcados com um "M"; 02 maio - o estaleiro de Mafra empregava 15 470 pessoas, sendo 3997 canteiros, 1162 carpinteiros, 54 entalhadores, 2 torneiros, 4 tanoeiros, 29 serradores, 2 seleiros, 6 vidraceiros, 2359 alvanéus, 1347 trabalhadores indiferenciados (paisanos), 344 mariolas e 6124 militares (infantaria e cavalaria); julho - revoltas de calceteiros em Pêro Pinheiro, motivadas pela falta de pagamento, conduzem a mortes e prisões; 22 dezembro - por morte de Carlos Baptista Garvo lavra-se nova escritura para a obra real, desta feita com o seu filho, António Baptista Garvo (1992 - ?), e com Manuel Antunes Feio; de acordo com a informação contida no documento notarial, por esta altura falta ainda erguer, paredes, abóbadas, pisos inteiros, no entanto, os dois claustros palacianos encontram-se erguidos, com as respetivas colunas, até ao entablamento, e iniciava-se a construção da dupla escadaria conventual; o número de trabalhadores diminuía para cerca de 10 000 a que acrescem 6 000 soldados; 1733, 01 abril - como forma de fornecer um novo impulso à obra é decidido concluí-la pelo sistema de arrematação, dividindo-a em duas empreitadas, uma para o zimbório, com um prazo de conclusão de três anos, e outra para a restante obra; não obstante, o número de operários continua em queda, sendo agora pouco mais de 3000, dispensando-se os soldados; outubro - no seu Diário, o conde da Ericeira dá conta da chegada e colocação de gradeamentos de ferro vindos de Paris, continuando a obra em bom ritmo e boa ordem; 1734 - os carrilhões já estavam colocados nas torres da igreja; inauguração do refeitório conventual; procede-se à avaliação e escritura de novas terras que o novo plano tinha ocupado; 1735 - os exteriores estão concluídos; conclusão do zimbório; 1736 - trabalhavam no local os pedreiros de Ranhados, Viseu, Bernardo Pereira, José e Manuel Rodrigues Corista; 17 setembro - estabelece-se, na Basílica, a Ordem Terceira da Penitência de São Francisco; 1739 - encomenda de imagens para os dez andores da procissão da Penitência dos Santos Terceiros Franciscanos, a Manuel Dias; encomenda de alfaias em prata ao ourives António Rodrigues de Leão; chega a Portugal o fundidor João Nicolau Lavache; obras de carpintaria de Domenico Massa; 19 março - Domenico Massa integra a Ordem Terceira de São Francisco, ofertando um crucifixo em madeira atribuível a Anton Maria Maragliano (SALDANHA, p. 46); 1740 - execução de quatro órgãos pelo organeiro irlandês, Eugene Nicholas Egan; 1744 - conclusão das obras (ainda com numerosos detalhes por terminar), residindo nele uma comunidade de 342 frades, 203 sacerdotes, 45 coristas, 10 noviços, 60 leigos e 24 donatos (ASSUNÇÃO, p. 60); 1747, 01 setembro - embarca em Roma, rumo a Lisboa, o escultor romano Alessandro Giusti (1715 - 1799), com a incumbência de instalar, na Igreja de são Roque, a Capela de São João Baptista, encomenda romana de D. João V (FERNANDES, p. 37; Costa SALDANHA, 2012, p. 68); é intenção do monarca a criação de uma Aula de Escultura em Mafra, colocando o romano como fosse "... Mestre de Escultura nas reaes Obras de Mafra ..." (Costa SALDANHA, vol. II, doc. 45); 1750 - celebração das exéquias fúnebres de D. João V na basílica; 1752 - D. José (1714 - 1777) converte a Aula de Escultura de Mafra na primeira estrutura organizada de ensino desta arte existente em Portugal, nascida para satisfazer as necessidades do empreendimento de Mafra, com a empreitada de substituir os painéis retabulares em tela das capelas da basílica por baixos-relevos marmóreos, a escola alia a componente prática à formação teórica de novos artistas; 1753 - Francisco Alves Canada (1706 - 1788) integra a Escola de Escultura de Mafra como desbastador e Pedro António Avogadri (1719 - 1793), luganês, oficial de escultura de cantaria, como ajudante do mestre, trabalhando com este na execução dos retábulos; 1754, 20 janeiro - Alessandro Giusti é recebido como irmão na Ordem Tereceira da Penitência, surge então como sendo "mestre-escultor da Real Obra"; 1754 - celebração, na basílica, das exéquias fúnebres da rainha D. Maria Ana de Áustria (1683 - 1754); 1755 - conclusão do primeiro retábulo pétreo, o dos Santos Bispos, neste, como nos restantes retábulos era feito um esboceto pelo mestre, em gesso, depois passado à pedra pelos seus aprendizes; contava então o mestre com a sua primeira classe composta por cinco aprendizes dos 10 aos 13 anos, Roberto Luís Silva Campos (1740 - 1803), Alexandre Gomes (1741 - 1805) Lourenço Lopes (1742 - 1777), afilhado de João Pedro Ludovice (1701 - 1760), José Joaquim Leitão (1743 - 1806) e Salvador Franco da Mota (1740 - 1774), nomeados como discípulos; 1756 - ingressa na Escola de Escultura de Mafra, Joaquim Machado de Castro (1731 - 1822), oficial de escultor, é admitido como modelador, fazendo aí a sua formação; 1757 - está concluído o segundo retábulo pétreo, o do Santo Cristo; 1759 - conclusão do retábulo de Nossa Senhora do Rosário; 1761 - concluí-se o retábulo das Santas Virgens; 1763 - fica pronto o retábulo dos Santos Mártires; 1764 - o mestre Alessandro Giusti solicita o aumento de salário aos primeiros discípulos, que ascendem a oficiais, dando lugar a novas admissões; 1765 - terminado o retábulo dos Santos Confessores; uma descarga eléctrica atinge o zimbório destruindo as colunas de mármore do interior; 1767 - conclusão do retábulo da Sagrada Família; 1769 - termina o retábulo da Coroação de Nossa Senhora; Alessandro Giusti manifesta os primeiros sinais de cegueira, facto que passa a condicionar a sua carreira; 1770 - Breve do papa Clemente XIV (1705 - 1774) abençoando o templo mafrense; o papa determina a ocupação do convento de Mafra por uma comunidade de cónegos regrantes de Santo Agostinho; 19 outubro - Joaquim Machado de Castro parte para Lisboa, onde participa no concurso para a realização da estátua equestre de D. José; 1771 - os religiosos arrábidos são obrigados a abandonar o convento, o qual passa a ser ocupado pelos cónegos regrantes de Santo Agostinho, oriundos do Mosteiro de São Vicente de Fora (v. IPA.00006529), que, dotados de uma quantia anual de 24 000$000 réis passam a assegurar o funcionamento da obra, sob a supervisão do Cardeal da Cunha e encomendam ao arquiteto Manuel Caetano de Sousa (1742 - 1802) a conclusão da obra da biblioteca; referência ao presépio; conclusão do retábulo de Nossa Senhora da Conceição; 1772 - inauguração do denominado Colégio Real de Mafra, que, neste primeiro ano, conta como 54 alunos; 19 junho - início da obra da estátua equestre de D. José, necessitando de colaboradores, Joaquim Machado de Castro chama para Lisboa alguns dos discípulos mais qualificados da Escola de Mafra; na real obra Alessandro Giusti continua a contar com os seus dois primeiros ajudantes, três oficiais e seis jovens aprendizes; 1773 - terminado o retábulo da Anunciação; 1773 - 1776 - são executadas as estantes da biblioteca com desenho de Manuel Caetano de Sousa; 1778 - Francisco Leite Leal Garcia (1749 - 1814), antigo discípulo de Alessandro Giusti, toma a direção da escola, sendo o encarregado da continuação das obras, nomeadamente das lunetas; 1792 - é concluída a instalação da biblioteca; 12 maio - por determinação de D. Maria I (1734 - 1816), os agostinhos abandonam Mafra, regressando os arrábidos ao convento; 26 junho - por decreto, fica determinado que os bens até então consignados para a manutenção da fábrica, do colégio e da biblioteca passem para o Erário Régio; Leonardo Pinheiro de Vasconcelos é o novo recebedor, comprador e pagador do Real Convento de Mafra, sob supervisão do superintendente João Anastácio Ferreira Raposo e do arquiteto Manuel Caetano de Sousa (Costa SALDANHA, 2012, vol. II, doc. 248); 1796 - 1807 - o príncipe regente D. João (1767 - 1826), futuro D. João VI, encomenda uma campanha de decoração mural de algumas salas do Palácio Real de Mafra a Cirilo Volkmar Machado (1748 - 1823); a campanha inicia-se a sul, com o teto da capela de Nossa Senhora do Livramento, situada no torreão do palácio da rainha, a que se seguem, também a sul, os tetos da Sala dos Camaristas, a norte, no oratório ou Capela de São José Carpinteiro, o teto da Sala das Descobertas, em que colaborou também o pintor Bernardo António de Oliveira Goes, ajudante de Cirilo Volkmar Machado, da decoração desta sala fazia também parte um conjunto de telas enaltecendo os feitos dos Castros, Albuquerques, Almeidas e Mascarenhas, que acompanhariam a família real para o Brasil, não mais regressando; a Sala dos Destinos; a Sala da Guarda; a Sala de Diana e, por último, a Sala do Trono, onde conta com as colaborações de Ângelo Foschini e de Domingos Sequeira (1768 - 1837); 1799 - Joaquim José de Barros Laborão (1752 - 1820) assume a direção da Aula de Escultura de Mafra; 1806 - 1807 - o palácio funciona como residência real principal de D. João VI (1767 - 1826) e D. Carlota Joaquina (1765 - 1830); 1807 - conclusão da reconstrução dos seis órgãos da basílica, efectuados por António Xavier Machado e Cerveira (1756 1828) e Joaquim António Peres Fontanes (1750 - 1818); 1807 - tem lugar na basílica o batismo da infanta D. Ana de Jesus Maria (1806 - 1857), a última filha de D. João VI; 1807, 08 dezembro - 1808, setembro - na sequência da 1ª Invasão Francesa, aqui esteve instalado o quartel-general da divisão francesa dirigida pelo general Loison, popularmente conhecido como "o Maneta"; 1808 - instalação, em parte do edifício, de uma pequena fração do exército inglês; 1817 - Brás Toscano de Melo (1741 - 1823) sucede a Barros Laborão (que entretanto assumira a obra da Ajuda) na direção da Aula de Escultura, até ao seu encerramento três anos passados; 1820 - encerramento do Real Colégio de Mafra, a comunidade arrábida não ultrapassava os 40 religiosos; 1828 - retira-se do edifício a fração do exército inglês aí instalada; 1833 - fuga da comunidade religiosa, constatando a aproximação das tropas liberais; 1834 - com a extinção das ordens religiosas, o convento de Mafra é incorporado na Fazenda Nacional; 1835 - a basílica funciona como igreja paroquial da vila; 1841 - à exceção dos compartimentos do palácio, da Sala dos Atos, refeitório, cozinha e botica dos religiosos, o edifício de Mafra fica à disposição do Ministério da Guerra; 1848 - o Real Colégio Militar (IPA.00005196) é transferido para o edifício de Mafra; 1851 - é levantada, por José António de Abreu, vogal secretário da Comissão do Tombo dos Bens da Coroa, a mando desta, uma "Planta da parte da Vila de Mafra situada no terreno pertencente à Caza Real", com a intenção de plantar linhas de árvores no terreiro frente ao monumento, estendendo-se para os extremos norte e sul; 1854 - 1858 - por ocasião da subida ao trono de D. Pedro V (1837 - 1861) e do seu casamento com D. Estefânea (1837 - 1859), D. Fernando II (1816 - 1885) promove uma remodelação das instalações do torreão sul, sob orientação do arquiteto régio Joaquim Possidónio da Silva (1806 - 1896), que passaria a albergar os aposentos do novo casal real (D. Fernando continua a ocupar o torreão norte, que mais tarde seria reservado aos mais ilustres visitantes), esta remodelação contempla novas pinturas murais; 1859 - o Real Colégio Militar deixa Mafra; 1868 - é apeada a grade de ferro da entrada da capela-mor da basílica, conduzida para o real Museu de Belas-Artes de Lisboa; 1870 - o Real Colégio Militar é transferido de novo para Mafra; 1873 - o Real Colégio Militar volta para Carnide; 1886 - a Câmara Municipal procede à plantação de árvores nas imediações do imóvel, criando um "jardim público"; 1887 - instalação nas antigas dependências conventuais da Escola Prática de Infantaria e Cavalaria, efetuando-se obras de adaptação; 1907, 17 janeiro - o Convento de Mafra é classificado como Monumento Nacional; 1908 - celebração na basílica de solenes exéquias em memória do rei D. Carlos (1863 - 1908) e do príncipe D. Luís Filipe (1887 - 1908); 1910, 04 outubro - D. Manuel II (1889 - 1932) passa a última noite em Portugal no torreão sul do palácio; 05 outubro - extinção da Escola Real de Mafra, instalada em parte do edifício e nacionalização do palácio pelo regime republicano; 14 novembro - é realizado um arrolamento dos bens da Casa Real; 16 junho - a basílica é classificada, por Decreto, como Monumento Nacional (publicado no Diário do Governo, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho); 1911, 14 maio - é aberto ao público um primeiro núcleo expositivo do Palácio Nacional de Mafra, criado pelo seu recém-nomeado conservador, José Queiroz, para receber os membros do IV Congresso Internacional de Turismo que decorre em Lisboa de 12 a 19 de maio; 1930 - 1933 - a Comissão Administrativa do Município de Mafra encomenda ao arquiteto Paulino Montez (1897 - 1988) um "Plano de Regularização e Embelezamento da Vila de Mafra", que incluía a envolvente próxima do monumento com o objetivo de o harmonizar com as construções mais próximas, este plano substitui as placas arbóreas, construindo um amplo terreiro, que permite simultaneamente desafogar o palácio e permitir uma melhor circulação de tráfego; 1941, 17 maio - Decreto-lei n.º 31272 de criação da Comissão Administrativa das Novas Instalações para o Exercito; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1994 - 1997 - estudo prévio à recuperação e revitalização do palácio, da responsabilidade do ateliê dos arquitetos Nuno Teotónio Pereira (1922 - 2016), Nuno Portas (1934 - ) e Pedro Botelho (1948 - ), prevendo o reordenamento dos espaços do edifício, a valorização do percurso museológico, a articulação do edifício com o Jardim do Cerco e a Tapada, e permitir a partilha de espaços com a Escola Prática de Infantaria (EPI) *5; 1997 - até esta data o imóvel estava ocupado por cinco entidades: o IPPAR (palácio), a EPI, a Câmara Municipal de Mafra, a Igreja (serviços da paróquia) e o Tribunal de Mafra; 1997, 19 maio - acordo entre o IPPAR e a Região Militar de Lisboa para a redefinição da partilha de espaços com a EPI *6; 2007, 29 março - a zona museológica é afeta ao Instituto dos Museus e Conservação, I.P. pelo DL n.º 97/2007, DR, 1.ª série, n.º 63; 2012, 25 maio - é criada, pelo Decreto-Lei n.º 115/2012, publicado no DR, 1.ª série, n.º 102, a Direção-Geral do Património Cultural, sendo-lhe afeta toda a zona museológica do imóvel; 2014 - protocolo com a Câmara Municipal de Mafra visando a cedência dos espaços que esta ocupa para a instalação do Museu da Música; 2017, 17 novembro - no âmbito das comemorações do início da construção do Monumento de Mafra é entregue o dossiê de candidatura à lista indicativa do Património Mundial; 2018, 28 março - é publicado o Anúncio n.º 42/2018 (DR, 2.ª série, n.º 62) abrindo o processo de classificação do Real Edifício de Mafra - Palácio, Basílica, Convento, Jardim do
Cerco e Tapada; 2019, 07 julho - o conjunto formado pelo palácio, basílica, convento, Jardim do Cerco e tapada é inserido da lista do Património Mundial pela UNESCO. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes, estrutura mista |
Materiais
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Cantaria de calcário e de mármore, alvenaria mista, reboco pintado, estuque, madeira, metal, vidro |
Bibliografia
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Lisboa: Presença, 1994; PEREIRA, Mário - "O Real Edifício de Mafra. A grandeza do pormenor". Monumentos. Dossiê: 'O Monumento de Mafra'. Lisboa: DGPC, 2017, pp. 6 - 27; PEREIRA, Paulo - "João frederico Ludovice. Um arquiteto para El-Rei". Monumentos. Dossiê: 'O Monumento de Mafra'. Lisboa: DGPC, 2017, pp. 52 - 67; PEREIRA, Paulo (dir.) - História da Arte Portuguesa. Lisboa: Círculo de Leitores, 1999, vol. III; PEREIRA, Paulo (coord.), GORJÃO, Sérgio (coord.) - Do Tratado à Obra: Génese da Arte e Arquitetura no Palácio de Mafra. Lisboa: DGPC, 2017, catálogo da exposição homónima; PIMENTEL, António Filipe - Arquitectura e Poder. O Real Edifício de Mafra. Coimbra: Instituto de História da Arte da Universidade de Coimbra, 1992; PIMENTEL, António Filipe - "Do Convento de Mafra ao 'Real Edifício'". Monumentos. Dossiê: 'O Monumento de Mafra'. Lisboa: DGPC, 2017, pp. 38 - 51; PRADO, Frei João de São José do - Monumento Sacro da Fabrica, e Solemnissima Sagração da Santa Basilica do Real Convento de Mafra. Lisboa, 1751; RELAÇÃO das Solemnes Exequias, que se Celebrarão no Real Convento de Nossa Senhora, e Santo António junto à Villa de Mafra, pela Alma do Muito Poderoso Rey, e Senhor D. João V. Lisboa, 1750; RELATÓRIO da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; RELATÓRIO da Actividade do Ministério no ano de 1955. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1956; RELATÓRIO da intervenção na banqueta do século XIX. Cacém: Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, 1997; SALDANHA, Nuno (coord.) - Joanni V Magnifico: a pintura em Portugal ao tempo de D. João V, 1706-1750. Lisboa: Instituto Português do Património Arquitectónico e Arqueológico, 1994; SALDANHA, Nuno - "Pintura inédita de Trevisani em Portugal. A série dos santos da Ordem de São Francisco do Convento de Mafra". Invenire. Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, jul. - dez. 2013, n.º 7, pp. 38 - 43; SALDANHA, Nuno - "'Roma Triumphans'. A pintura joanina para Mafra (1717 - 1733)". Monumentos. Dossiê: 'O Monumento de Mafra'. Lisboa: DGPC, 2017, pp. 108 - 121; SALDANHA, Sandra Costa - "A Aula de Escultura de Mafra". Monumentos. Dossiê: 'O Monumento de Mafra'. Lisboa: DGPC, 2017, pp. 94 - 107; SALDANHA, Sandra Costa - Alessandro Giusti (1715-1799) e a Aula de Escultura de Mafra. Coimbra: s. n., 2012, tese de doutoramento apresentada ao Instituto de História da Arte da Universidade de Coimbra; SALDANHA, Sandra Costa - "Um crucifixo de Anton Maria Maragliano em Mafra. Oferta do genovês Domenico Massa à Ordem Terceira da Penitência". Invenire. Revista de Bens Culturais da Igreja. Lisboa: Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja, jul. - dez. 2013, n.º 7, pp. 44-47; SANTANA, Frei João de - Real Edifício Mafrense Visto por Fora e por Dentro. Mafra: s. n., 1828; SANTA ANA, Frei António de - Oração Funebre, nas Exéquias que Celebrarão os Religiosos da Santa Província da Arrábida no Real Convento de Nossa Senhora, e Santo António junto à Villa de Mafra, à Saudosa Memória do Serenissimo e Fidelissimo Senhor Rey D. João V. Lisboa, 1750; SILVA, D. Fernando Paes de Almeida - Mafra e os Seus Artistas. Mafra: Câmara Municipal de mafra, 1944; TELES, Alberto - "Os Paços Monásticos de Mafra". O Occidente. Lisboa, 1893, n.ºs 506, 508, 510, 513, 514; TOSTÕES, Ana e GRANDE, Nuno - Nuno Teotónio Pereira. Nuno Portas. Aveleda: Verso da História, 2013; VALE, Teresa Leonor M. - "Sete estátuas e um relevo. As obras de Carlo Monaldi na Basílica de Nossa Senhora e Santo António de Mafra". Monumentos. Dossiê: 'O Monumento de Mafra'. Lisboa: DGPC, 2017, pp. 84 - 93; VALE, Teresa Leonor M. - Um português em Roma Um italiano em Lisboa. Os escultores setecentistas José de Almeida e João António Bellini. Lisboa: Livros Horizonte, 2008; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: Franciscana, 1990, vol. I; VIDAL, Eduardo Augusto - "O Convento de Mafra". A Arte. S. l., 1879, vol. I; VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904, vols. I e II. |
Documentação Gráfica
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DGPC: PT DGEMN/DSID, PT DGEMN/DSARH, PT DGEMN/DRELisboa/DRC, PT DGEMN/DRMLisboa; DGPC: BA; DGPC: BPNM; AHMOP: Desenho nº 507, 508, 510, 511, 512; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra; CMM: Arquivo Municipal de Mafra. |
Documentação Fotográfica
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DGPC: PT DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa; DGPC: PNM; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra; ; CMM: Arquivo Municipal de Mafra. |
Documentação Administrativa
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DGPC: PT DGEMN/DSID, PT DGEMN/DRMLisboa, PT DGEMN/DSARH; DGPC: BPNM: Noticia das Riays Obras de Mafra. Parte Primeira e Segunda, a Oprimeira Parte foy Escrita o Anno Passado e Agora Tresladada e Acrescentada com huma Segunda parte e Qualquer dellas Leva no Fim huns Versos da Mesma Obra, Mafra, 1730; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra; Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (BGUC): Dia da Fundação do Mosteiro que a Grandeza da Magestade de El Rey D. João V Mandou Fazer na Villa de Mafra, s.l., 1717 (Ms. Nº 50); Memorial que se Fez a El-Rey D. João o 5º sobre a Grande Oppreção da Obra de Mafra, s.l., s.d. (ms. nº 630 ou 1088), Relação das Riais Obras de Mafra, s.l., s.d. (ms. 396 ou 3029); Biblioteca Pública de Évora (BPE) (Cod. CV/1-9 ou CX/1-1), PEREIRA, Fr. José - Compendio das Couzas Mais Notaveis do Real Convento de Mafra, s.l., s.d. (Cod. CX/1-6); Arquivo Nacional do Rio de Janeiro (ANRJ): Noticia das razões que Motivaram a Saída dos Religiosos Arrábidos do Convento de Mafra, Sua Substituição pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho e seu Posterior Reingresso (Negócios de Portugal, Cx. 627, pacote 3, Doc. 14); DGLAB: ANTT, Conselho da Fazenda, Casa das Obras dos Paços Reais, livs. 79 e 81. |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1955 - 1958 - diversos trabalhos de conservação pelo Serviço dos Monumentos Nacionais; 1994 - 1995 - beneficiação da rede elétrica e de segurança, restauro do jogo mecânico do carrilhão da torre sul; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra: 1993 - intervenção na pintura do tecto da Sala dos Camaristas, com limpeza e levantamento de vernizes e repintes, colocação de massas, reintegração cromática, aplicação de fungicída e protecção final; 1994 - 1995 - intervenção em dois painéis e tecto na Sala do Trono, com remoção de repintes, vernizes e massas, reintegração cromática, aplicação de fungicida e protecção final com resina acrílica; 1995 - intervenção no sacrário de talha dourada da Sacristia, com fixação da folha de ouro, desinfestação e consolidação da madeira, limpeza e fixação dos elementos de talha destacados, manufactura e colocação dos elementos em falta, integração cromática; 1996 - intervenção no retábulo dedicado à Sagrada Família, na Basílica, com limpeza mecânica, protecção das madeiras, limpeza por via húmida, remoção de depósitos calcários e excessos de betume, refecho e policromia das juntas, remoção das escorrências de bronze, colocação de pasta celulósica com hipoclorito, lavagem final; 1997 - intervenção na banqueta do século 19, com desmontagem da peça, limpeza, douragem pontual, limpeza da ara em mármore onde a peça assenta; 1999 - intervenção de requalificação do convento e basílica com o restauro de lampadários, esculturas e elementos decorativos: pintura do altar capela-mor "Nossa Senhora entregando o Menino a Santo António", da autoria de Francesco Trevisani, quatro orgãos de tubo pelo mestre-organeiro Dinarte Machado; IPPAR: 1994 - 1995 - 1996 - 1997 - 1998 - 1999 - programa de revitalização e recuperação de fachadas e coberturas, nomeadamente limpeza das fachadas, rebocos e pintura do exterior e dos pátios e claustros; arranjo, limpeza e conservação das coberturas; conclusão do restauro do órgão do lado do Evangelho, pelo mestre-organeiro Dinarte Machado, tendo sido necessário proceder ao restauro da caixa do mesmo, pelo Dr. José Manuel do Rosário Nobre, tendo orçado em 26 780 000$00 escudos; conclusão da conservação de quatro estátuas, em mármore de Carrara, na fachada principal, representando São Domingos, São Francisco, Santa Clara e Santa Isabel da Hungria, consistindo na limpeza, tratamento de conservação e fixação; conservação no medalhão, em jaspe, no tímpano do frontão, do mestre Giuseppe Lironi, apresenta as imagens da Virgem com o Menino e Santo António em adoração, trabalhos orçados em 1 340 000$00 escudos; conclusão da limpeza, tratamento de conservação e consolidação as superfícies arquitectónicas e ornamentos da galilé, orçados em 6 040 000$00 escudos; restauro do sacrário da Capela do Santíssimo, com desinfestação e consolidação da madeira, limpeza, fixação de policromias e altares de ouro, orçado em 2 560 000$00 escudos; 2000 - limpeza e tratamento de conservação das nove banquetas metálicas dos altares da Basílica de Mafra; 2005 - conclusão do restauro dos órgãos apoiado finaceiramente pelo Barclays Bank, tendo como consultor permanente o organista João Vaz; 2017 - conclusão do restauro das pinturas murais da Sala do Trono e remodelação do seu processo expositivo, nomeadamente, da sua iluminação e mobiliário, intervenção apoiada financeiramente pela Fundação Millenium BCP; em projeto a recuperação dos carrilhões. |
Observações
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*1 Em 1962, Ayres de Carvalho, em D. João V e a Arte do Seu Tempo, contraria a atribuição da autoria do projeto de Mafra a Ludovice, considerando-o apenas o autor da planta da igreja (decalcada da de São Pedro do Vaticano, ou de Santo Inácio) e de um cenóbio para 13 frades, o mesmo autor considera que a planta mais ambiciosa do complexo mafrense teria sido executada sob as ordens do marquês de Fontes, em Roma, por Carlos Fontana e, após a sua morte, Thommaso Mattei, com a colaboração de Carlo Gimac, tendo sido trazida pelo marquês no seu regresso da cidade papal, em 1718; *2 José Correia de Abreu, oficial da Secretaria de Estado e reposteiro-mor de D. João V, havia abandonado Roma em 1728 aquando do corte de relações entre a corte portuguesa e a Santa Sé, acompanhando o então embaixador, André de Melo e Castro (1668 - 1753); *3 : "Primeiramente hum Crucifixo com a sua glória e dous Anjos grandes em acto de adoração, o qual deve hir colocado na capella maior, sobre o Retabolo do Altar; Depois duas vertudes, que vão sobre a porta principal da Igreja da parte de dentro; Hum basso-relevo de meyo porfil em fosco, que se deve colocar no frontispício da Igreja (sendo este separado do que já encomendei a V. R. para sima da porta principal da mesma Igreja) que represente Nossa Senhora com o Menino Jesus, e Santo Antonio adorando-O; ... Logo depois destas se seguirão as quatro grandes que vão na faciata, que são de São Domingos, São Francisco, Santa Clara e Santa Isabel Rainha da Hungria, e como estas ficam expostas ao tempo, parece devem ser feitas em fosco; seguem-se as seis que vão no vestíbulo, que são de São Vicente, no qual se deve pôr Livro como Diacono, e o Corvo aos pés guardando o Santo, ou como melhor parecer, depois de servir a sua lenda, São Sebastião et cetera. Seguir-se-hão as oito que ficam debaixo das Torres; Depois as oito das duas Capellas Colateraes à maior; e por último as vinte e quatro que vão nas seis Capellas do Corpo da Igreja, e destas se deve comessare primeiro das que ficam mais próximas ao Cruzeiro." (PEREIRA, p. 15); *4 Grupo escultórico que hoje se encontra na Igreja de Santo Estêvão, em Lisboa; *5 para tal, tornava-se prioritário assegurar a recuperação da ala norte do andar nobre, a remodelação da ala sul, de acordo com a proposta de reordenamento museológico a apresentar; beneficiação do acesso à biblioteca; integração de uma pinacoteca na ala sul; instalação de serviços de apoio no piso térreo; acesso aos pátios da Basílica; * 6 o protocolo assegura a conversão da Capela dos Sete Altares (hoje auditório), a capela da EPI, a cedência pela EPI ao IPPAR da Capela Real; a cedência ao IPPAR de todo o piso nobre da ala nascente (áreas anexas à Biblioteca), da Sala dos Convalescentes, dos "mezaninos" para instalação de serviços técnicos; a demolição das oficinas da EPI situadas a nascente do monumento; e compensação financeira por parte do IPPAR destinada à construção de espaços funcionais alternativos a instalar na zona das novas casernas da Quinta da Vela. |
Autor e Data
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Paula Tereno 2017 |
Actualização
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