Estação Ferroviária de São Bento / Estação de São Bento
| IPA.00005559 |
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Estação ferroviária central de topo de linha, com edifício de passageiros em estilo eclético, de planta em U de influência francesa, sobretudo nas torres laterais. O revestimento de azulejos do átrio da estação é uma das obras mais representativas da corrente nacionalista e históricista do azulejo português na 1ª metade deste século. |
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Número IPA Antigo: PT011312140090 |
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Registo visualizado 4647 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Transportes Apeadeiro / Estação Estação ferroviária
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Descrição
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EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS - Planta composta, com desenvolvimento em forma de "U". A fachada principal, orientada a SO., toda em cantaria de granito, simétrica e de grande rigor geométrico, apresenta um corpo central mais baixo, que correponde ao átrio principal, e em cada extremidade dois volumes mais altos, com três pisos. No corpo central, forte cornija arquitravada assente em cachorros e mísulas de ressalto, densas no ritmo repetitivo que percorrerá todo o edifício. Rematando a fachada, uma robusta platibanda, que utiliza o mesmo princípio das fenestrações. As fachadas laterais mantêm entre si as relações de simetria quanto a vãos, cheios e decoração. O vestíbulo é revestido a azulejos, enquadrados por pilastras. Junto ao tecto, um friso azul e dourado decorado com flores estilizadas. Por baixo, a toda a volta, um outro friso, policromado, evocativo da história da viação em Portugal. Nas paredes dos topos, por baixo dos frisos, quadras históricas. No lado esquerdo a Batalha de Arcos de Valdevez e Egas Moniz perante Afonso VII de Castela. No lado direito a entrada de D. João I no Porto, com a sua noiva e a conquista de Ceuta. Na parede fronteira à entrada estão pequenos painéis representando cenas campestres. |
Acessos
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Praça de Almeida Garrett, Rua do Loureiro e Rua da Madeira |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 67/97, DR, 1ª série-B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 *1 / incluído no Centro Histórico da Cidade do Porto (v. PT011312140163) e na Zona Histórica da Cidade do Porto (v. PT011312070086) |
Enquadramento
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Urbano, isolado. Localiza-se em pleno centro histórico, ocupando um grande espaço delimitado pela Pç. Almeida Garrett e as ruas da Madeira e do Loureiro e escarpa da Batalha, onde desemboca o túnel ferroviário. Destaca-se da envolvente pela sua implantação e monumentalidade. |
Descrição Complementar
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AZULEJO: Os azulejos estão integrados na arquitectura pelo emolduramento de granito que reveste os vãos do átrio. O friso superior historiado, é policromado e representa uma cronologia de alguns meios de transporte utilizados pelo homem. O emolduramento inferior e superior deste friso, é constituido por uma barra em azul, castanho e amarelo segundo uma organização geométrica estilizada, com círculos quadri-partidos em cruz. Por baixo, no topo N., uma grande composição a toda a largura representa o torneio de Arcos de Valdevez com o impressionante choque dos dois grupos antagónicos tendo por fundo grupos de outros cavaleiros. Esta composição é monocromática, executada em azul e branco, como todas as que a seguir se descrevem. Num nível ainda inferior outra composição representa o cumprimento da palavra de Egas Moniz apresentando-se em Toledo perante Afonso VII e, oferecendo a sua vida, a da mulher e a dos filhos para resgate da palavra dada no cerco de Guimarães. No topo S., as composições homólogas representam, no friso superior, a entrada no Porto, de D. João I e de D. Filipa de Lencastre, a cavalo, para celebrarem o seu casamento; no nível inferior, a conquista de Ceuta tendo como figura principal o Infante D. Henrique que subjuga os mouros. A parede do lado da gare, no tramo superior esquerdo, apresenta uma visão da procissão de Nossa Senhora dos Remédios de Lamego, exaustiva na descrição tanto dos pormenores da multidão de figuras como, no da paisagem urbana. Sob esta composição a nível inferior, dois painéis representam respectivamente à esquerda e à direita, o cumprimento de uma promessa de joelhos e, a ida à "fonte milagrosa". No tramo superior direito desta parede, representa-se com o mesmo detalhe, a romaria de São Trocato de Guimarães em que sobressaiem andores e carros. Os painéis inferiores retratam uma feira de gado e um arraial de romaria. Os panos centrais da mesma parede, representam 4 cenas de trabalho: vindima, ceifa, embarque de vinho no Douro e faina numa azenha. Nas pilastras que separam os vãos de acesso do lado da rua, abaixo do friso policromado, à uma série de pequenas composições policromadas. No nível superior, medalhões com cenas livres, ao gosto romântico e, no inferior, uma alegoria ao caminho de ferro, ao rigor do horário e à sinalização a que não é estranha toda a expressão contemporânea "art-deco". |
Utilização Inicial
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Transportes: estação ferroviária |
Utilização Actual
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Transportes: estação ferroviária |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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CP |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: José Marques da Silva, Juan Pina. EMPRESA CONSTRUTORA: F2IS - Consultadora e Gestão de Projectos (2016). PINTOR DE AZULEJOS: Jorge Colaço. |
Cronologia
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1864 - inserta no "Guia Histórico do Viajante do Porto e Arredores" a informação de pretensão de construir uma gare central no palacete da quinta do Cirne (Campo 24 de Agosto); 1887 - José Maria Ferreira e António Júlio Machado, vereadores, apresentam à Câmara o projecto de uma Estação Central no Porto, elaborado por Hippolyte de Bare; 1888 - Emídio Navarro, ministro das Obras Públicas, autoriza a construção do lanço de caminho de ferro, entre Campanhã e uma estação central que se estabelecesse nas proximidades da Pç. de D. Pedro; escolheu-se o local onde se erguia o Convento de S. Bento da Avé Maria; 1890 - início das obras do túnel; 1893 - conclusão da obra do túnel; 1896 - chegada do primeiro comboio a S. Bento; Marques da Silva apresenta a sua prova final de curso - a Estação Central de caminhos de Ferro do Porto; 1897 - desabamento de terras na abertura do túnel do lado S. da estação; concluídas as obras do cais N.; 1898 - fecho do arco pleno do túnel; 1900 - no ângulo da Pç. Almeida Garret e R. da Madeira, iniciam-se os trabalhos de fundações do edifício da gare; lançamento da primeira pedra pelo Rei D. Carlos; 1901 - a comissão administrativa dos Caminhos de Ferro adjudica a empreitada da estação; pedido de alteração do projecto para instalação de uma estação dos correios; 1903 - aprovação do projecto; 1904 - ordem de execução do novo edifício; ultimam-se os trabalhos de colocação da cobertura metálica no cais de mercadorias; os azulejos do átrio foram fabricados na Fábrica de Sacavém; 1915 - inauguração da estação; 1988, Setembro - Despacho de abertura do processo de classificação; 1996 - registada na Conservatória do Registo Predial do Porto; 2016, outubro - Porto Vivo - Sociedade de Reabilitação Urbana manda parar as obras para a construção de um hostel na fachada lateral da estação de São Bento, até ser apreciado o pedido de licenciamento; a empresa responsável pela instalação do hostal é a F2IS - Consultadora e Gestão de Projectos; 17 outubro - entrega de pedido de licenciamento para as obras de adaptação a hostel. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista. |
Materiais
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Pavimentos do piso térreo em material cerâmico e betonilha e dos restantes pisos em soalho de madeira; paredes em alvenaria de pedra, com a fachada principal em cantaria e as outras com alguns panos rebocados, no interior revestimento de azulejos (átrio), e reboco; tectos estucados; cobertura em telha. Estrutura da nave da gare de passageiros em ferro (pilares em ferro fundido), com cobertura em chapas metálicas e em PVC translúcido. |
Bibliografia
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CARVALHO, Manuel - História da Arte em Portugal. Lisboa: 1986, vol. 11; CARVALHO, Patrícia - «SRU diz que mandou parar obra de hostel em S. Bento, promotor nega». In Público. Porto: 16 outubro 2016; MECO, José - O azulejo em Portugal. Lisboa: Editorial Presença, 1989; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho - Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto. Lisboa: 1995; «Uma Estação que não era do Estado». In Jornal de Notícias. 13 maio 1996. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN - Arquivo Pessoal de Daciano da Costa |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID; Conservatória do Registo Predial do Porto, na matriz da freguesia do Bonfim, sob o artigo 2268 |
Intervenção Realizada
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1992 - Beneficiação de fachadas, recuperação de caixilharias e coberturas incluindo a da gare e iluminação exterior. |
Observações
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* 1 DOF: Estação dos Caminhos de Ferro de São Bento, também denominada "Estação de São Bento", incluindo a gare metálica, os painéis de azulejos e a boca de entrada do túnel, na Praça de Almeida Garrett, na Rua do Loureiro e na Rua da Madeira. A estação foi construída no local onde existia o Convento de São Bento de Avé Maria, mandado erguer por D. Manuel em 1518. Os azulejos utilizados nos painéis das paredes do topo em que foram unicamente usadas as cores azul e branco, não foram, como era habitual, pintados no enxecote, mas sim no vidrado, o que representa uma alteração na técnica de pintura do azulejo. |
Autor e Data
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Isabel Sereno e João Santos 1994 |
Actualização
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