Quinta do Paço de Valverde/ Quinta do Convento de Bom Jesus de Valverde / Convento do Bom Jesus de Valverde
| IPA.00002870 |
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Nossa Senhora da Tourega e Nossa Senhora de Guadalupe |
|
Convento e Quinta de Recreio quatrocentista e renascentista, pertencente ao conjunto das Cercas dos Conventos Capuchos da Província da Piedade. A Capela da Quinta, considerada como a mais harmoniosa das nossas igrejas renascentistas, é composta pela articulação sucessiva de octógonos regulares, constituindo uma obra singular do renascimento português, só encontrando paralelo, na sua harmonia e simplicidade, com a Capela das Onze Mil Virgens, em Alcácer do Sal. Harmoniosa e de grande perfeição, aproxima-se, pela sua leveza e graciosidade, das obras de Bramante e, pelo rigor geométrico que a enforma, dos estudos e ensaios de Sérlio, Francesco de Giorgio Martini e Leonardo da Vinci. |
|
Número IPA Antigo: PT040705040056 |
|
Registo visualizado 7760 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos
|
Descrição
|
Conjunto compreendendo as estruturas da quinta com capela e claustro e o convento do Bom Jesus de Valverde. CAPELA: pequeno templo, de planta centralizada, composto por octógono central a que se articulam, lado sim, lado não, outros quatro que por isso servem de braços da cruz grega, funcionando o central como cruzeiro; a articulação entre o octógono central e cada dois contíguos é feita por entablamento quadrado, em granito, singelamente moldurado; a capela-mor é o octógono oposto à entrada, fazendo-se esta lateralmente, em relação ao eixo da igreja; as paredes fundeiras da capela-mor e dos dois octógonos seus adjacentes têm nichos profundos; sobre cada um dos octógonos ergue-se cúpula sobre cornija muito moldurada e sustentada por colunas híbridas, de matriz dórica, mas com capitéis semelhantes a moldes de capitéis coríntios; a cúpula do octógono central é levantada por alto tambor, que a ergue bem acima das outras e é rasgado em todo o seu périplo por oito janelas que todo o dia captam luz natural, que as paredes brancas difundem homogeneamente pela pequenez do templo *2. |
Acessos
|
Na Herdade da Mitra, a 12Km de Évora. EN 380, Évora - Alcáçovas, a 10Km tomar a direcção poente, para Valverde; no final de recta com c. de 1,7 Km atinge-se o Núcleo da Mitra, da Universidade de Évora (v. IPA.00019883). |
Protecção
|
Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 44 452, DG, 1.ª Série, n.º 152 de 05 de julho 1962 (Capela e Claustro da Mitra) / ZEP, Portaria n.º 79/2010 DR, 2.ª série, nº 17 de 26 janeiro 2010 (Quinta do Paço de Valverde) *1 |
Enquadramento
|
Rural, em encosta de suave pendente para a Ribeira de Valverde, que lhe fica a nascente, harmonizado com a envolvência. Nas proximidades, a noroeste, o Moinho da Mitra (v. IPA.00025605), e a nascente, atravessando em parte a Quinta de Valverde, o Aqueduto conventual (v. IPA.00033814). |
Descrição Complementar
|
CAPELA: as trinta e duas colunas, de mármore, que suportam as cúpulas, marcam os cantos dos octógonos; as cornijas de sustentação das cúpulas repousam em mísulas prismáticas de granito; pavimento de tijoleira vermelha; de mármore branco são as ligações entre as bases das colunas, definindo os octógonos estruturantes; de mármore preto são os quadrados em que, diagonalmente, repousam as bases das colunas; com círculo também de mármore preto, está marcado no chão o nadir de cada cúpula e com um quadrado do mesmo material o contraponto das já referidas quatro placas graníticas articuladoras dos octógonos radiantes. CLAUSTRO: de planta quadrada, apresenta dois tramos por quadra e de dois registos; no primeiro registo, colunas toscanas sustentam arcos de volta perfeita e as cantoneiras graníticas são pilastras de molduramento singelo, a que encostam as colunas; a arcaria tem moldura levemente saliente e é de alvenaria lisa; o segundo registo do claustro, de cantos iguais aos de baixo mas em alvenaria, tem arquitrave muito moldurada, repousante em colunas igualmente toscanas. |
Utilização Inicial
|
Agrícola: quinta / Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
|
Educativa: polo da Universidade de Évora / Religiosa: igreja |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
Universidade de Évora, Lg. dos Colegiais, 7000 Évora (cerca conventual) |
Época Construção
|
Séc. 15 / 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETO: Arcebispo Infante Dom Henrique (atr. COELHO, 1987); Francisco de Holanda (atr. SEGURADO, 1970); Diogo de Torralva (atr. SANTOS, sd.; MARKL e DIAS, 1986); Manuel Pires (atr. ESPANCA, 1966; KUBLER, 1988; SILVA, 1983; MARKL, 1986; MOREIRA, 1983); Miguel de Arruda (atr. SANTOS, sd.; BRANCO, 1993). |
Cronologia
|
Séc 15 / 16 - primeiras notícias conhecidas acerca da quinta do Bom Jesus de Valverde; 1514 - data inscrita na Casa de Água; 1538 - o Infante D. Afonso apela, em carta dirigida a Manuel de Castro, à realização de certas obras em Valverde; 1540 - fundação do convento pelo Cardeal D. Henrique, em terrenos de uma Quinta que a Mitra de Évora possuía para descanso e retiro espiritual da Câmara Eclesiástica; 1543 / 1544 - construção do imóvel; destinava-se inicialmente a 12 frades tendo sido ampliado no arcebispado de Simão da Gama; 1540 / 1562 - D. Henrique terá também mandado fazer o jardim, a casa de campo e recriação; 1607 - abandono devido a prolongadas e sazonais epidemias, tendo a comunidade passado para o Convento de Santo António da Piedade de Évora; 1610 - regresso dos frades ao convento; 1678 / 1689 - grandes inovações introduzidas nomeadamente o sistema hídrico com a construção do aqueduto; 1834 - extintas as ordens religiosas o convento e a cerca são tomados pela Fazenda Nacional, a Capela do Convento é utilizada com palheiro e curral; 1848 - devolução do convento aos seus legítimos proprietários; 1870 - tendo sido restituídos à igreja o convento e a cerca, o convento é transformado em seminário diocesano; 1911 - passa novamente para o domínio do Estado; 1915 - instalação de um posto agrário no convento; 1921 - transformação em Escola Prática de Agricultura; 1931 - passa a Escola de Regentes Agrícolas; 1940 - a lei nº 1984 decide a restituição da Herdade de Valverde à Mitra; 1980, 26 agosto - incorporação oficial na Universidade de Évora, segundo DL nº 325/80; 1981, maio - Estudo Prévio de Ordenamento Paisagístico da Herdade da Mitra, com orientação global do Arquitecto Paisagista Alexandre Cancela de Abreu e colaboração do Arquiteto Paisagista Francisco Caldeira Cabral, com críticas e sugestões para a proposta prévia de ordenamento; 1997, 11 de março - Proposta da Universidade de Évora para a classificação da Quinta do Paço de Valverde e de ZEP; 1997, 7 de abril - Proposta do IPPAR/DRÉvora para o alargamento da área classificada da Capela e Claustro do Convento do Bom Jesus de Valverde à Quinta do Paço de Valverde e de ZEP; 2003, 7 de maio - Parecer favorável quanto à classificação e ZEP pelo Conselho Consultivo do IPPAR; 2003, 23 de maio - Despacho de homologação da classificação como IIP e de ZEP pelo Ministro da Cultura; 2016, agosto - em curso concurso público para a requalificação do conjunto (constituído pela Quinta do Paço de Valverde, capela e claustro da Mitra, mata, várias pequenas capelas, jardim de Jericó e lago, aqueduto, sistema hídrico e horta) para acolhimento de unidade hoteleira; 2016, 25 agosto - assinatura do Memorando de Entendimento para a requalificação da Quinta do Paço de Valverde, no Pólo da Mitra, ao abrigo do programa REVIVE, Valorização do Património para fins turísticos, entre a Universidade de Évora, o Turismo de Portugal, a Direcção-Geral do Património Cultural, a Direcção-Regional de Cultura do Alentejo e a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças. |
Dados Técnicos
|
Estrutura mista, paredes autoportantes |
Materiais
|
Alvenaria, granito, mármore |
Bibliografia
|
ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal-Distrito de Évora, Vol. VI, Lisboa, 1966; SEGURADO, Jorge, Francisco d'Ollanda, Lisboa, 1970; SILVA, Jorge Henrique Pais da, Estudos sobre o maneirismo, Lisboa, 1983; MOREIRA, Rafael, Arquitectura in História da Arte em Portugal - O Renascimento, Lisboa, 1986; MARKL, Dagoberto e DIAS, Pedro, A Arquitectura e a Escultura Renascença e maneirista in História de Portugal, edição coordenada por José Hermano Saraiva, Lisboa, 1986; Markl, Dagoberto, História da Arte em Portugal - O Renascimento, Lisboa, 1986; COELHO, Maria da Conceição Pires, A Igreja da Conceição e o Claustro de Dom João III do Convento de Cristo, de Tomar, Santarém, 1987; KUBLER, George, A Arquitectura Portuguesa Chã, Lisboa, 1988; CORREIA, José Eduardo Horta, Arquitectura Portuguesa - Renascimento, Maneirismo e Estilo Chão, Lisboa, 1991; BRANCO, Manuel José Calhau, A Fundação da Igreja do Bom Jesus de Valverde e o Retábulo de Gregório Lopes, A Cidade de Évora, nºs 71-76, 1988-1993; SANTOS, Reynaldo dos, Oito Séculos de Arte Portuguesa, Vol. II, Lisboa, sd.
CARITA, Helder, HOMEM CARDOSO, António, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da originalideade e desaires desta arte, 1990; DOMINGOS, Rafael Matos, Quinta do Paço de Valverde, Contributos para o estudo de um Jardim Histórico; Universidade de Évora; 1995; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Concelho de Évora, vol. I, ed. Academia nacional de Belas Artes, Lisboa, 1966, pp. 347 - 350; ESPANCA, Túlio, Convento do Bom Jesus de Valverde, in A Cidade, Boletim nº 51 - 52, s. ed., s.l., s.d., p. 62; FRANCO, Pe António, Évora Ilustrada, Edições Nazareth, Évora, 1945, pp. 350 - 351; FARO, Frei João de, Fragmento Académico, Noticias geraes e particulares da Provincia da Piedade. Da regular observancia de Nº P.S. Francº, s. ed., s.l., 1721;MATOS ROSA, Augusto B. de, Pequena História da Herdade da Mitra - Actual Escola de Regentes Agrícolas de Évora, in Lavoura Portuguesa, Sep., s. ed., s.l., 1965; MONFORTE, Frei Manuel de, Chronica da Provincia da Piedade, 2ª edição, ed. Oficina Manescal da Costa, s.l., 1751, pp. 339 - 344; XAVIER, António Mateus, Das Cercas dos Conventos Capuchos (da Província da Piedade), contributo para a definição de uma política de recuperação, relatório de Trabalho de Fim de Curso na Licenciatura em Arquitectura Paisagista pela Universidade de Évora, 1998, policopiado. |
Documentação Gráfica
|
SIPA: DGEMN/DREMS, DGEMN/Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo |
Documentação Fotográfica
|
SIPA: DGEMN/DREMS; UE |
Documentação Administrativa
|
SIPA: DGEMN/DREMS; IANTT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças - Autos de Inventário dos Bens Pertencentes aos Extintos Conventos da Ordem de São Francisco da Província da Piedade, 1834, cx. 2214. |
Intervenção Realizada
|
|
Observações
|
EM ESTUDO. *1 - DOF...bem como à mata, várias pequenas capelas, Jardim de Jericó e lago, aqueduto, edificado no século XVII, todo o sistema hídrico, casa da água, jardim de buxo, horta e todos os muros e muretes que dividem e estruturam o sítio, enquanto parte integrante do convento, capela e claustro; *2 - os dois octógonos à capela-mor têm nichos profundos onde se alojavam os painéis do tríptico, que Gregório Lopes pintou por encomenda; datam de 1544 e estão hoje à guarda do Museu de Évora; *3 - corresponde à área aproximada da cerca original. |
Autor e Data
|
Manuel Branco 1993 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |