Templo Romano de Évora / Templo de Diana

IPA.00002863
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Templo romano, de planta retangular, coríntio, hexastilo, com o eixo maior na direção nor-noroeste - oés-sudoeste, cuja construção terá tido lugar muito provavelmente no Séc. 01 - Séc. 02, integrada num plano de regular desenvolvimento urbanístico da urbe no âmbito de um processo de afirmação do poder imperial. Elemento central do forum, que por esta altura terá sido remodelado ou mesmo totalmente reconstruído, como, pela mesma época, o de Beja (ALARCÃO: 1986, p. 81), o Templo, localizado no ponto mais alto da cidade, constitui-se como o seu mais evidente vestígio. Desde pelo menos o Séc. 14, integrado no castelo medieval, o Templo viu a sua colunata fechada por paredes de alvenaria de pedra e o entablamento coroado de merlões com remate piramidal conferindo-lhe uma feição militar que conservou até às primeiras grandes operações de restauro em meados do Séc. 19: os muros que embebiam as colunas foram então demolidos e o templo desafrontado de todas as construções que a ele se tinham vindo a anexar, permanecendo desde então isolado e destacado ao centro da praça. Restam do monumento apenas o pódio (completo em todas as fachadas exceto na su-sudeste, quase totalmente desmoronada), de cantaria maioritariamente granítica, com dado em opus incertum, delimitado pelo soco em ducina invertida e pela cornija em ducina; parte da colunata (apenas intacta no topo nor-noroeste) da qual restam apenas 12 colunas completas, com bases áticas de mármore branco, fustes compostos por tambores graníticos (com êntase e profundas 12 meias canas) e capitéis coríntios, de mármore branco; escassos fragmentos da arquitrave e friso, graníticos sendo este último liso; os elementos de granito eram originariamente revestidos por uma camada de estuque imitando mármore (Mérida (HAUSCHILD: 1991, p. 111); o intercolúnio é picnóstilo mas de diferente medida na colunata do topo (maior) relativamente às laterais; segundo Hauschild esta diferença tão acentuada "se puede explicar por la necessidad de compensar el mayor intercolumnio central del lado frontal del templo", solução esta, que para o autor, se encontra também na fachada do Templo de Mérida (HAUSCHILD: 1991, p. 108). Ainda na fachada su-sudoeste sobrevivem vestígios da escadaria, de acesso ao interior, que afrontaria toda a sua largura com prolongamento lateral (Hauschild: 1986) *28; o pronaos seria assim a sul e o posticum a norte como acontece no Templo Romano de Mérida (Séc. 01 a. c.) com o qual apresenta semelhanças: tal como neste e no recém-descoberto Templo Romano de Beja, existia um tanque ou espelho de água a envolver as fachadas laterais e posterior, com uma largura de 5m, e do qual se têm vindo a descobrir diversos vestígios; para Hauschild o tanque desempenharia uma função ligada ao recinto sagrado (HAUSCHILD: 2005, p. 22), funcionando a água como elemento que "unia o humano ao natural e ao sagrado, da mesma forma que o Imperador estava entre o humano e o divino; a água simbolizaria assim essa relação suprema" (PATROCÍNIO: 2007, p. 133). Ainda segundo o arqueólogo alemão, a zona do Templo de Évora seria ainda cercada por um pórtico. Não se conserva praticamente qualquer vestígio do naos, que Garcia y Belido propõe fosse quadrado, Hauschild retangular, o qual, muito provavelmente, foi destruído, no todo ou em parte, no decorrer do restauro oitocentista; Alarcão considera que não existia nem pronaos nem opistódomo *29. Resta a dúvida quanto ao tempo ter sido períptero, como refere a maioria da bibliografia, ou pseudo-períptero como defendido por A. F. Simões tendo presente como elemento de comparação o Templo Romano de Nimes (SIMÕES, 1888, p. 126); a Maison Carré (Séc. 01 a. c.) como comummente designada, hexastilo como o de Évora, apresenta o naos embebendo o perídromo, assim reduzido a meias colunas, como característico do templo clássico romano, não possuindo opistódomo; na Península Itálica, no período republicano o templo períptero é raro; a título de exemplo refiram-se no Forum de Roma os templos pseudo-perípteros de Portumo (Fortuna Virile) (Séc. 02 - 01 a. c.) e o de Antonino e Faustina (construído entre 141 - 161 e mais tarde integrado na Igreja de San Lorenzo in Miranda) e ainda em França, em Vienne, o Templo de Augusto e Lívia (Séc. 01 a. c.) também este hexastilo, mas períptero sine posticum. Na Península Ibérica, como evidencia o Templo de Mérida e aparentemente os de Beja e Barcelona a crer na hipotética reconstituição da sua planimetria, parecem ter prevalecido os templos perípteros, tendo o naos apenas acesso dianteiro; esta tipologia parece relacionar-se com a de alguns templos perípteros, hexastilos, sem opistódomos, com pronaos bastante profundos e pórticos de 6 x 11 colunas, que surgem desde o período tardo republicano, quer em Roma quer na península itálica e mesmo nas províncias imperiais (GROS, 1976, pp. 111) exceto a Oriente onde surgiram praticamente ao mesmo tempo, vários templos perípteros como no Líbano o templo de Baalbeck e o de Artemis em Gerasa, planimetrias sem dúvida associadas a modelos helenísticos. Hauschild considera os templos de Mérida e Barcelona mais antigos que o de Évora (HAUSCHILD: 1991, p. 114), pertencentes mais ou menos à época do Imperador Augusto, e não vê qualquer ligação direta entre o Templo de Évora e o de Mérida ainda que o recurso ao granito e os perfis do embasamento apontem para escolas de artífices relacionadas com os círculos da capital (HAUSCHILD: 1991, p. 114 e 116). O Templo de Évora insere-se assim numa tipologia planimétrica comum aos finais do Séc. 01 - inícios do Séc. 02. O parco recurso ao mármore, utilizado apenas nas bases e capitéis no Templo de Évora ainda que com boa qualidade artística, traduz bem a "marmorização" dos edifícios que teve lugar mais tarde. Nesta faixa cronológica inscrevem-se igualmente os seus capitéis, "os melhores exemplos de estilo coríntio em Portugal" (ALARCÃO: 1986, p. 85), puramente clássicos, de grande perfeição, com a 2.ª coroa de acantos ocupando metade da altura total do capitel, como preconizado por Vitrúvio; destacam-se neles as flores dos ábacos em forma de pinha (que alguns autores identificam como girassóis), elemento muito pouco comum e que surge nalguns capitéis do Templo de Marte Ultor, no Forum de Roma (Séc. 02 a. c.), embora aqui a pinha adquira um formato mais bojudo e a malha reticulada, bem marcada, apresente pontas de diamante ao centro de cada losango; em Roma no Templo de Vesta, em Tivoli (Séc. 02 a. c.) e no Templo de Hércules Victor, no Forum Boário (finais do Séc. 02 a.c.), encontramos uma variante desta tipologia da flor do ábaco: no templo de Vesta com formato em ponta de lança e no de Hércules em forma de pinha invertida totalmente trepanada de pequenos orifícios; em ambos os casos, trata-se de inflorescências tubulares, em umbela ou espiga; o 2.º tipo de decoração da flor do ábaco presente no Templo de Évora, em "camarão", é frequente na ordem coríntia, surgindo em inúmeros templos romanos como no de Marte Ultor ou no Panteão; em Évora as volutas e hélices nascem de cálices de um único caulículo, sendo porém este bastante discreto, numa solução de compromisso com a variante itálica, muito difundida no período republicano, na qual volutas e hélices nascem diretamente detrás das folhas de acanto das duas coroas. Durante muito tempo considerado como dedicado a Diana, filha de Júpiter, deusa muito venerada e reputada no Império Romano, é hoje mais consensual a dedicação do templo de Évora ao culto do imperador Augusto.
Número IPA Antigo: PT040705210014
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Templo clássico  

Descrição

Planta retangular simples, com o eixo maior no sentido nor-noroeste - oés-sudoeste e massa disposta na vertical. Fachadas de pano único, de cantaria e alvenaria de pedra, a nor-noroeste, a oés-sudoeste e a és-nordeste de 3 registos, correspondentes ao pódio, colunata do peristilo e entablamento, dos quais se conservam totalmente intactos apenas: o pódio em todas as fachadas; a colunata apenas na fachada nor-noroeste; do entablamento restam somente fragmentos da arquitrave e friso; na fachada su-sudeste, quase totalmente desmoronada, subsistem apenas apenas as ilhargas do pódio e as ruínas da provável escadaria de acesso ao interior. Da colunata restam apenas 14 colunas, das quais 12 completas (6 a nor-noroeste, 4 a és-nordeste e 2 a oés-sudoeste) e duas colunas sem capitéis a oés-sudoeste onde existe ainda a base de uma 5.ª coluna; no interior do recinto, restam ainda, caídos por terra dois tambores de coluna. Pódio com c. de 4m de altura, com duplo soco, escalonado, constituído inferiormente por fiada de blocos de granito retangulares, de diferentes dimensões, dispostos na vertical exceto nos ângulos em perpianho; sobre esta fiada, assentam, recuados formando incipiente degrau, blocos de granito de perfil em ducina invertida, também eles de diferentes dimensões e dispostos na vertical exceto nos ângulos onde constituem um único bloco colocado na horizontal; as fachadas laterais possuem idêntico número de blocos; a disposição das duas fiadas de blocos forma aparelho tipo isódomo; o dado é em cantaria maioritariamente granítica, em opus caementicium e incertum *1; nos cunhais, cantaria esquadriada em perpianho; a cornija do pódio apresenta modinatura em ducina; entre o pavimento do largo e o soco é visível parte do euthynteria em alvenaria de pedra miúda argamassada. Colunas com bases e capitéis de mármore branco *2 e fustes graníticos; as bases, desprovidas de qualquer ornato, são compostas por escócia entre dois toros, com diferentes modulações, e plinto colocado, por regra no eixo da junção dos blocos da cornija do pódio *3; os fustes são compostos por 7 tambores *4, de diferente altura, profundamente canelados, com 12 meias canas cada; possuem ligeiro êntase, apresentando quer astrágalo e colarinho, quer apenas colarinho ou astrágalo; capitéis coríntios, de cesto cilíndrico, constituídos por dois blocos de mármore *5; duas coroas de folhas de acantos, a inferior de menor altura, cada coroa com 8 folhas, as da coroa inferior escondendo a linha de separação das duas peças do cesto; as folhas de ambas as coroas apenas se tocam, nunca se sobrepondo; as folhas têm 5 lóbulos, cada um com 4 ou 5 dentículos lanceolados, os dos lóbulos inferiores bem abertos e separados, e os do lóbulo do ápice, mais em serrilha; ápice do lóbulo central com curvatura anterior que é mais marcada nos acantos da coroa superior; orifícios trepanados, estreitos e alongados; nervura axial que em ambas as coroas parte da base do cesto; cada acanto da coroa superior nasce entre cada par de acantos da coroa inferior, cuja altura é sensivelmente metade da dos acantos superiores; caulículos maioritariamente indistintos, quase totalmente encobertos pelos lóbulos médios dos acantos da 2.ª coroa e pelo lóbulo central dos acantos da coroa inferior; a sua parte superior, junto ao rebordo, apresenta estrias verticais ou em espiral; cálices em folhas de acanto, idênticas às das coroas mas de nervuração mais profunda; nos ângulos separação bem marcada entre o acanto do cálice de cada uma das volutas, apenas se tocando estas ao nível do lóbulo do ápice; hélices de faixa côncava, de 2 espiras de bordos salientes e olho em meia espira saliente; as hélices ora se encostam sobre o pedicelo da flor do ábaco, ora têm entre si uma pequena pérola; as volutas apresentam faixa e olho idêntico ao das hélices; a flor do ábaco possui pedicelo abaulado, axial aos acantos da coroa superior *6; as flores apresentam quase todas cálice gamossépalo e botão floral em pinha reticulada nascendo de curto pedúnculo; nalgumas flores, como nas faces exteriores dos ábacos dos capitéis da colunata és-nordeste, o cálice apresenta ornato em meia espira vertical, em forma de camarão; os ábacos são moderadamente côncavos, com bordos em aresta viva, e discreto anel superior. O intercolúnio é picnóstilo, mas de medidas variáveis, sendo significativamente maior no topo (2,60m) do que nas colunatas laterais (2,25). Arquitrave e friso liso, constituídos por grandes blocos de cantaria aparelhada de granito, sendo o friso um pouco mais alto que a arquitrave; as juntas dos blocos da arquitrave colocam-se no eixo dos ábacos dos capitéis, sendo todas as ligações horizontais feitas através de gatos de ferro *7; o intradorso dos blocos da arquitrave é decorado por caixotão retangular delimitado por moldura dupla. Do naos subsistem apenas, no pavimento do recinto, do lado oés-sudoeste, junto à 4.ª coluna e à base do que resta da 5.ª coluna, recortes de secção quadrangular, sugerindo a localização de pilares ou pilastras; sobrevive ainda um fragmento de mármore de uma ara, de cuja inscrição restam apenas as capitais SAC *8.

Acessos

Largo Conde de Vila Flor (antigo Terreiro dos Açougues (1321), Terreiro do Marquês (1560), Terreiro do Conde D. Francisco (1582), Terreiro da Condessa de Tentúgal (1610), Terreiro de D. Maria José (1869), Largo de Diana (1869), Largo da Biblioteca (1904))

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 10-01-1907, DG n.º 14, de 17 janeiro 1907 / Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano, em pleno Centro Histórico (v. IPA.00000064), quase na cota suprema da acrópole de Évora, isolado, destacado. Rodeado pela Sé (v. IPA.00002725), Paço dos Inquisidores de Évora (v. IPA.00025323), Tribunal da Inquisição (v. IPA.00002772), Igreja e Convento dos Lóios (v. IPA.00001167 e IPA.00002868), Biblioteca Pública (v. IPA.00011746) e Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (v. IPA.00010975). Localiza-se no centro do desaparecido fórum romano que se estendia no sentido norte-sul, ocupando todo o espaço que vai, aproximadamente, do Jardim de Diana até à Sé e do Palácio da Inquisição até ao Paço dos Duques de Cadaval (v. IPA.00004363); possivelmente a sul ficaria o teatro romano cuja cávea parece ainda reconhecível na curvatura da Rua de São Manços. Do conjunto monumental do Forum de Évora restam vestígios de uma domus nos alicerces da Casa Nobre na Rua de Burgos (v. IPA.00010987), do complexo termal no edifício da Câmara Municipal (v. IPA.00010973) e um troço de calçada do decumanus maximus na Rua Vasco da Gama.

Descrição Complementar

Medidas do templo: Pódio: c. 3,5m de altura (soco, c. 0.95m + dado c. 2,10m + cornija - c. 0,45m) x 25,11m x c. de 15,25m *9. Colunas: 7,67m de altura: (base, 0,48m + fuste, 6,19 + capitel, 1m); diâmetro do fuste 0,90m (medido na base). Intercolúnio: entre 1,35m a 1,68m. Arquitrave + friso: 1,71m de altura. Altura total do templo seria na cumeeira c. de 14/15m *10. No soco do pódio contam-se, na fiada inferior e na superior respetivamente: na fachada nor-noroeste 31+29 blocos; na fachada su-sudeste 2+2 blocos, na fachada és-nordeste 51+45 blocos e na fachada oés-sudoeste 51+ 45 blocos; a média da largura dos blocos da fiada superior do soco é: na fachada nor-noroeste c. de 0,50m (largura menor 0,30m e largura maior 0,70m); na fachada és-nordeste c. 0,53m e na fachada oés-sudoeste c. de 0,54m (em ambas as fachadas laterais a largura menor é de c. de 0,40m e a largura maior c. de 1,10m).

Utilização Inicial

Religiosa: templo clássico

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 01 / Séc. 02 / Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Giuseppe Cinatti (restauro de 1871)

Cronologia

Séc. 01 - Séc. 02 - provável edificação do Templo no fórum de Évora, então Liberalitas Iulia, durante a época de Augusto (HAUSCHILD: 1988); Séc. 04, finais - Séc. 05, inícios - hipotética destruição do Templo durante as invasões bárbaras *11; 714 - conquista muçulmana de Évora tomada por Abd al-Aziz ibn Musa, primeiro wali do Al-Andalus, após a qual, segundo alguns autores, o Templo teria sido transformado em mesquita, tendo os mouros feito "uma muralha ameada sobre a colunata fazendo da sua mesquita uma casa forte" (LEAL: 1874, p. 98 - 99); 914, após - 1165, antes de - reconstrução do perímetro fortificado da urbe mantendo-se o traçado do muro romano (FERNANDES e VILAR: 2007, pp. 8 e 9); 1165 - reconquista cristã da cidade na sequência da qual o monumento terá hipoteticamente sido convertido em templo cristão identificável com a Sé Velha, mencionada em documentação coeva, e da qual não existem vestígios; 1186 - 1204 - com a construção da atual Sé de Évora sob a égide do bispo D. Paio (v. IPA.00002725), o Templo teria perdido a sua função religiosa e sido incorporado numa das torres do Castelo (v. IPA.00003822); 1286 - a pedido do concelho D. Dinis manda construir novos açougues junto ao Templo Romano; até aí funcionavam junto à Igreja de São Pedro (v. IPA.00004460); por falta de espaço só aí eram vendidos peixe e carne, sendo os restantes produtos vendidos na Praça da Porta de Alconchel (v. IPA.00003823) (v. CME: 2013); Séc. 14 - o Templo serviria de casa-forte ao Castelo; 1321 - os açougues da cidade são instalados no Templo; 1384 - terá tido lugar a destruição do Castelo subsistindo 1 torre, o Templo e 1 outra torre posteriormente incorporada no Paço dos Duques de Cadaval (v. IPA.00004363) (SIMÕES: 1888, p. 136); 1395 - em carta de D. João I, transcrita por Gabriel Pereira, é referido que a propriedade dos açougues pertencia ao município: "...nos fiserom saber como os açougues dessa cidade foram do dito concelho, e os saccára dele a Rainha Dona Beatriz, e andaram com ela sobreles em demanda, e outrossim com os reis, athé que fiserom o feito perdidiço, e que nó mandámos que o dito concelho houvesse os ditos açougues..." (PEREIRA: 1885, p. 99); 1443 - na Crónica de D. João I, Fernão Lopes, descrevendo os tumultos verificados em Évora durante a aclamação do monarca, refere o açougue: "...e foram combater o castelo, subindo em cima da Sé e isso mesmo do açougue, que são lugares altos dhu lhe podiam empecer às bestas. E dali tiravam muitos virotões aos que estavam no castelo..." (transcrição de SILVA: 1994-1995, p. 63); 1467 - carta de D. Afonso V autorizando Soeiro Mendes a retirar pedras dos açougues na condição deste "çarar os buracos de pedra e cale em tale maneira que nom faça prejuízo ás paredes dos ditos açougues" (Arquivo Municipal de Évora: Archivo da Camara d' Evora, Livro 2º dos originaes, f. 148 referido por SILVA. 1994-1995, p. 65); 1498 - em documentos camarários o Templo é designado por açougue; Séc. 16 - segundo Pinho Leal, terá servido de celeiro (LEAL: 1874, p. 98); 1500 - D. Manuel teria mandado construir um campanário com sino de correr, sobre o remate da fachada setentrional do Templo (SIMÕES: 1888, p. 137); 1501 - na iluminura do anterrosto do Foral manuelino de Évora, na qual se representa a urbe, figura em plano destacado, à esquerda da Sé (v. IPA.00002725), um edifício quadrangular e ameado, que, unanimemente, a bibliografia identifica com Templo, tal como então este se encontraria, incorporado numa das torres do Castelo medieval: torre ameada, da qual se vêm as faces sul e poente, a setentrional rasgada por duas altas arcadas de volta perfeita descarregando em coluna central (com capitel apenas esboçado) e a poente por uma só, idêntica, arcada; no remate, junto ao ângulo noroeste da torre (sugerindo que remataria a face norte da torre), um campanário em empena, munido de sino; 1536, finais - dado o escasso espaço das casas inquisitoriais, é sugerido (na correspondência trocada entre D. João III e o Cardeal D. Henrique), o aproveitamento dos açougues para servirem de cárcere inquisitorial (v. IPA.00002772); 1541 - 1547 - André de Resende redige a sua História da Antiguidade da Cidade de Évora na qual refere "...mandou Sertório cercar ha cidade de cantaria lavrada, quomo se inda em muitas partes mostra, per onde é ha cerca velha, & ali fez trazer ha agua da Pratta a ho pórtico en ho mais alto da cidade..." (TAVARES: 1963, p. 18); a historiografia sequente até aos dias de hoje, interpretou o "pórtico" a que alude Resende como uma referência ao Templo Romano que o humanista não teria reconhecido como tal (uma vez que o monumento se encontrava então desfigurado e a funcionar como açougue), julgando-o uma caixa ou depósito de água à qual chegava o Aqueduto da Prata (v. IPA.00002755), facto pelo qual Resende é considerado como o pai da fundação sertoriana do Templo *12; 1555, 26 de maio - carta de D. João III recomendando ao município a mudança dos açougues para outro lugar, de forma a possibilitar as obras nos paços da Inquisição (v. IPA.00002772); 1568, 21 julho - o Cardeal D. Henrique, regente do reino, solicita a cedência da travessa que separava o Tribunal da Inquisição (v. IPA.00002772) dos açougues para a ampliação do espaço daquele; 1593 - escreve Diogo Mendes de Vasconcelos, editor de Resende, no Liber Quintus do De antiquitatibus Lusitaniae: "Quintum Sertorium (...) hanc urbem, à se moenibus, porticu, & aqueductu magnificè ornatum..." (VASCONCELOS: 1593, f. 19); 1622 - Manuel Severim de Faria menciona o monumento como "fabricas corinthias de Sertório" (FARIA; 1655); 1622, maio -despacho camarário autorizando a ampliação do Tribunal da Inquisição (v. IPA.00002772), na qual se incluía a assimilação de um "pórtico romano" (BPE: Cod. CVI/1-33); 1625 - na mesma linha de Severim de Faria, Gaspar Estaço refere-se ao Templo como "fermoso portico de columnas Corinthias" (ESTAÇO, 1625, f. 164); 1643 - no relato da aclamação do Mestre de Avis, D. Rodrigo da Cunha refere-se ao Templo como postigo; " (...) forao combater o castelo, sobindo em cima da Sé, & sobre hum postigo antigo, que inda está inteiro do tempo de Quinto Sertório, onde o aqueducto de agoa da prata sohia vir, & agora serve de açougues da carne que são lugares altos donde as bestas podião empecer" (CUNHA, 1643, p. 35) *13; 1669 - desenho aguarelado de Pier Baldi de uma panorâmica da cidade tirada a partir do Colégio dos Meninos Orfãos (v. IPA.00010972), na qual o Templo já não apresenta o aspeto de pórtico, mas de fortaleza maciça (MENDEIROS: 1960, p. 64); 1690, c. de - na sua obra Évora Ilustrada, o Padre Manuel Fialho declara que o Templo fora construído na era de Quinto Sertório e dedicado a Diana, deusa da caça, sendo o primeiro a identificar a função sacra do monumento e cabendo-lhe a assim a paternidade da lenda do Templo de Diana; 1782 - no decorrer da sua visita a Portugal, D. Francisco Pérez Bayer y Bénicassim regista as antiguidades clássicas entre as quais o Templo de Évora, do qual escreverá no seu Diário "algunas colunas com sus capiteles coríntios mui sumptuosas"; refere ainda um friso com bucrânios, que se encontrava na Fonte da Praça de Giraldo (v. IPA.00003855), que considera puder ter pertencido ao friso do antigo Templo "no seria fuera de razón pensar que hubiese este friso sido del antigo Templo" (citado por PATROCÍNIO: 2007, p. 120) *14; 1789 - desenho do Templo de James Murphy (MURPHY: 1795, p. 306), mostrando as fachadas setentrional e nascente, um corpo ameado adossado a sul (do qual é visível apenas a fachada nascente rasgada por duas janelas ogivais e rematada por merlões em chanfra) e parte de um corpo adossado a poente (pertencente ao edifício da Inquisição Velha (v. IPA.00002772 e IPA.00025984); no peristilo norte, ergue-se parede de alvenaria em opus incertum, cuja altura não atinge os capitéis das colunas, rasgada ao centro por porta de verga reta, fazendo supor que a colunata não estivesse adossada a esta parede, existindo algum espaço, ainda que estrito, entre as bases das colunas e aquela; o mesmo sucede no respeitante às colunas da fachada nascente; sobre a arquitrave, a norte e nascente, platibanda de cantaria aparelhada, com c. de altura e meia dos capitéis, rematada por merlões piramidais; na fachada norte um campanário em empena, desprovido de sino; as colunas, cujo fuste é formado por apenas 3 tambores assentam em estilóbato, não existindo pódio; o acesso ao interior é feito por pequena escada entre as duas colunas centrais; 1803 - é descoberta a sul do Templo uma memória sepulcral epigrafada, de mármore branco, com c. de 0,640m (SIMÕES: 1869, p. 18) *15; Séc. 19, 2.º quartel - desenho de Carlos Van Zeller no qual figura o templo adossado ao Palácio da Inquisição (v. IPA.00025984); 1835, 06 junho - publicada na revista The Penny Magazine (editada em Londres por Charles Knigth para a Society for the Diffusion of Useful Knowledge), uma gravura do Templo que repete no essencial o desenho de Murphy: é bem visível a fachada norte com a colunata totalmente livre, cuja sombra se projeta na parede atrás, aqui de cantaria aparelhada; entre a parede e a colunata duas figuras frente a banca de mercado abrigada por toldo; na parede do corpo adossado a sul é claramente visível o remate dos merlões em chanfra; a poente não se mostra o edifício da Inquisição Velha adossado; 1836 - António José de Ávila, Governador Civil do Distrito Évora, ordena que o templo deixe de servir como açougue e entrega as chaves deste ao Município (SIMÕES: 1888, p. 136); proveniente da demolição do Convento de São Domingos (v. IPA.00004438), é colocada no interior do Templo a campa quinhentista, de mármore branco, da Condensa do Prado (SIMÕES: 1869, p. 25) *16; 1840, 07 de março - Joaquim Heliodoro da Cunha Rivara em carta a António Feliciano de Castilho (que lhe solicitara elementos para a sua obra Quadros Históricos de Portugal), a propósito do Templo escreve: " o romano Templo de Diana, superfetado posterior, e superiormente com accrescentamentos mouriscos. Seria mesquita? Não tenho disso prova alguma e os historiadores são omissos neste ponto." (SILVEIRA: 1941, p. 6); 1841 - Cunha Rivara, na qualidade de bibliotecário da Biblioteca Pública de Évora, tenciona instalar no Templo uma Gliptoteca e desafrontar o edifício das construções anexas a todo o correr da sua fachada poente e a parte das fachadas sul e norte (SIMÕES: 1888, p. 140), procurando recuperar assim o que teria sido a sua primitiva inserção na malha urbana; 1844 - sob instância de Cunha Rivara, coadjuvado por João Raphael de Lemos *17, estes anexos, pertencentes à Inquisição Velha (v. IPA.00002772), são então cedidos ao Município pela Duquesa de Palmela, filha do Conde da Póvoa, proprietário do Palácio (ADE: Livro das Actas da Câmara Municipal, n.º 67, f. 66); demolidas estas construções o monumento fica isolado ao centro da praça, cujo nível foi rebaixado, ficando o seu pódio à vista (MENDEIROS: 1960, p. 66); é publicada na Revista Universal Lisbonence o extrato de uma carta de Manuel Pires de Azevedo Loureiro, bispo de Beja, enviada por este a 23 de novembro, onde o prelado recusa a tradicional dedicação do Templo à deusa Diana: "...não pode ser de Diana por os romanos dedicarem a ordem coríntia para os deuses e a jónica para as deusas" (ANÓNIMO: 1844, p. 430); 1845 - as demolições permitiram então proceder a escavações ao redor do pódio que, como sublinha A. Carlos Silva, seriam "a primeira grande escavação arqueológica em Portugal - uma década anterior às escavações de Troia" (v. IPA.00003454) (SILVA: 1994 - 1995, p. 67) *18; descobriram-se então vestígios de vários tanques de água adjacentes e a poente "a meio do comprimento do templo (encontrou-se) um poço circular excavado na alvenaria e com a cor vermelha em partes" (SIMÕES: 1888, p. 125; foram descobertos também restos da base de uma estátua, três fragmentos de esculturas romanas *19, uma pequena medalha e varias lucernas *20 (RODRIGUES: 2000, p. 276); esgotadas as verbas obtidas, nas quais contribui na medida dos seus parcos recursos, Cunha Rivara solicita ao Governo e ao Arcebispo de Évora subsídio para poder prosseguir os trabalhos; 04 outubro - O Governador Civil de Évora informa Cunha Rivara que lhe foram concedidos 200$000 réis; 1846 - por falta de financiamento, os trabalhos de Cunha Rivara são interrompidos e os tanques recobertos; a dimensão destes tanques levara Rivara a concluir que o seu abastecimento só seria possível através do Aqueduto da Prata e portanto a confirmação da sua construção em época romana (BRANCO: 2007, p. 119); 1850 - gravura do templo de A. Dupont na qual se mostra claramente a colunata norte e nascente embebidas em parede rebocada, meio arruinada a norte e a nascente rematada por grilhagem de tijolo atingindo o arranque dos capitéis; a porta norte encontra-se entaipada sobreposta por arco de capialço ogival; visível pela 1.ª vez o pódio, mas mostrando a cornija com perfil de moldura tripla e não em ducina lisa; o corpo ameado a sul apresenta remate em merlões piramidais; o pórtico norte apresenta apenas 5 colunas existindo no lugar da 6.ª, pilar ou pilastra lisa à qual se adossa parte do corpo de construção em alvenaria de tijolo com cobertura em telhado, vendo-se a sua aba nascente; o caráter de ruína do Templo é acentuado por fustes de colunas e blocos de cantaria por terra, fendas nas colunas, hera em paredes, etc.; 1852 - Pinho Leal indica que neste ano o embasamento do Templo que "com o tempo foi-se soterrando", foi todo desobstruído com o rebaixamento da rua (LEAL: 1874, p. 99) *21; 1855 - Cunha Rivara é nomeado Secretário-Geral do Governo da Índia, abandonando o cargo que vinha desempenhando na Biblioteca Pública de Évora *22; o Município pretende criar uma praça arborizada a norte do Templo; 1859 - para a criação da nova praça procede-se à demolição de construções pertencentes ao Paço dos Duques de Cadaval (v. IPA.00004363); 1862 - A. F. Simões refere que neste ano ou no seguinte "se rebateu o terreno" a poente e nascente do templo "para alargar e macadamizar as ruas" (SIMÕES: 1888, p. 125); os trabalhos de nivelamento do largo com as artérias circunvizinhas acarretaram a destruição parcial dos tanques romanos descobertos em 1845, tendo alguns fragmentos de cimento sido recolhidos na Biblioteca Pública de Évora (SIMÕES: 1869, p. 19 e 1888, p. 140); 1863 - conclusão das obras vindo a praça criada a ser designada de Passeio de Diana; A. F. Simões substitui Cunha Rivara no cargo de bibliotecário da Biblioteca Pública de Évora e nessa qualidade retoma o projeto do seu antecessor da utilização do Templo como Gliptoteca; inspecionado o monumento, declara Simões encontrar-se desabada a parte média do telhado e apresentarem as paredes grandes fendas, em particular a sul e a nascente (SIMÕES: 1888, p. 136), provocadas quer pelas infiltrações de águas pluviais, quer pelo peso que os acrescentos tardios provocavam sobre as colunas (SIMÕES: 1869, p. 8); 1868 - a instâncias de A. F. Simões, tendo para tal obtido autorização governamental, são colocados no interior do Templo algumas lápides que havia na Biblioteca Pública (v. IPA.00011746) provenientes da coleção de Frei Manuel do Cenáculo; 1868, dezembro - chegam a Évora as lápides da coleção de Frei Manuel do Cenáculo, provenientes da Igreja de São Sisenando, em Beja (v. IPA.00004404): "tudo foi para dentro do templo mais duas bombardas de ferro provenientes da cerca do convento de São Francisco" (v. IPA.00002724), bem como fragmentos de cimento dos tanques descobertos por Cunha Rivara, criando-se assim o "Museu do Cenáculo" (SIMÕES: 1869, p. 4); 1869 - data deste ano uma fotografia a P & B de J. Laurent que retrata o Templo, visto de noroeste, com a colunata emparedada, o muro ameado sobre a arquitrave, o campanário e um corpo também ameado, adossado a sul; são visíveis apenas as fachadas norte e poente: observa-se o eutynteria, os intercolúnios fechados por parede de alvenaria de pedra mista e nalguns pontos por alvenaria de tijolo ou de cantaria em aparelho isódomo, embebendo mais de metade do diâmetro das colunas; na ilharga noroeste cunhal de cantaria; no topo norte, ao centro, sobre a cornija do pódio, porta ogival com molduras de pedra, munida de bases e capitéis; em ambas as fachadas, sobre a arquitrave, com c. de 3/4 da altura das colunas, murete de pedra, em opus incertum, com cunhais de cantaria em perpianho; a coroar o muro merlões com remates piramidais; no topo norte, axial à porta, campanário em empena; na fachada poente, adossado à 4.ª e última coluna e embebendo a base de uma outra coluna já desaparecida, um corpo mais baixo, também ameado, com os merlões nascendo sensivelmente à altura da arquitrave; abaixo da linha dos merlões, duas janelas em arco de volta perfeita, entaipadas; A. F. Simões envia ao Visconde da Esperança, então presidente do município eborense, um relatório impresso acerca da renovação do Museu do Cenáculo no qual sugere o enriquecimento do seu espólio com outras pedras antigas existentes na cidade e propõe a conservação da obra romana e a demolição urgente de tudo o que era posterior; a reforçar a sua proposta da destruição urgente destes acrescentos *23; A. F. Simões invoca o aval do Eng. Caetano Xavier d'Almeida e do Eng. João Macário dos Santos; a seu pedido, Giuseppe Cinatti visita e examina o Templo, defendendo a demolição de tudo o que não fosse romano e preconizando "engatar a architrave para maior segurança, colocar sobre ela o fragmento do friso que está embutido n'uma parede dos paços do concelho, e que evidentemente pertenceu ao templo, e cercar toda a base com grades de molde a interditar o acesso do público ao interior e "conter as lapides que nenhum inconveniente haveria em deixar expostas à chuva, como já hoje estão" (SIMÕES: 1869, p. 9); 1870 - face à polémica então desencadeada, manter ou demolir as intervenções posteriores à feitura romana, Manuel de Paula da Rocha Viana, que neste ano sucedera ao Visconde da Esperança na presidência do Município, enceta uma consulta pública a várias individualidades; a maioria aprova a remoção das intervenções medievais, nomeadamente o Abade de Castro, Alexandre Herculano (que se desloca pessoalmente a Évora e sublinha a necessidade de um prévio estudo arqueológico), Francisco Assis Rodrigues, Inácio de Vilhena Barbosa, José Maria Eugénio de Almeida, Victor Bastos, o Visconde de Castilho e o Visconde de Juromenha (SIMÕES: 1888, pp. 138-139); Rocha Viana encarrega então Cinatti - à data ocupado com o restauro do Mosteiro dos Jerónimos (v. IPA.00006543) e com o desenvolvimento das intervenções nos edifícios contíguos ao Passeio Público (v. IPA.00017304) no qual interviera anos antes com a criação das célebres Ruínas Fingidas - da obra de demolição; 1870, 17 de junho - inauguração das obras de restauração do Templo com o derrube simbólico de um dos merlões medievais por Cinatti; entretanto fora transferida para a Galeria das Damas no Paço Real (v. IPA.00001185) a coleção de fragmentos de arquitetura e escultura que se encontravam no interior e exterior do Templo; data deste ano uma gravura de Alberto figurando o templo já sem o campanário, sem as ameias na face principal e apenas vestígios destas a poente; 1871 - considerando quanto escreve A. F. Simões, encarregue de vigiar os trabalhos, a demolição dos acrescentos medievais teve lugar apenas este ano; 1871, finais - conclusão das obras; 1873 - chamado a Coimbra a reger cadeira na Universidade, A. F. Simões terá neste ano sido substituído por António Francisco Barata (três anos antes fixara este residência em Évora), que "vigiou a obra e obstou a que não se perdessem ou estragassem as lapides que estavam no recinto do templo e as encontradas no decorrer em paredes" (SIMÕES: 1888, p. 141); 1884, 18 abril - na sequência do falecimento de A. F. Simões, ocorrido em fevereiro, a Secção de Arqueologia do Instituto de Coimbra ordena a reunião de todos seus escritos dispersos; 1888 - publicação dos Escriptos Diversos de A. F. Simões; 1909 - é colocado no Jardim de Diana o monumento em bronze com o busto do Dr. Francisco Barahona, da autoria do Arq. Costa Campos e do Escultor Simões Sobrinho (PT DGEMN:DREMS-003-2214); 1936, dezembro - a DGEMN rejeita o projeto de ajardinamento do Largo do Templo de Diana "por não se harmonizar com o conjunto arquitetónico e ambiente local" (PT DGEMN:DSARH-010/092-0817); alertada da instalação, a 36m do Templo, de um depósito de gasolina com capacidade para 2.000 litros, pelo proprietário do Hotel Alentejano, a Direcção-Geral do Ensino Superior e Belas-Artes informa a DGEMN e solicita ao Ministério do Comércio e Indústria a urgente suspensão da obra; a DGEMN, sob prévia informação, da DMNS, informa a DGESBA que o depósito não afronta o monumento em virtude de ser subterrâneo (PT DGEMN:DSARH-010/092-0248); 1937, 25 junho - sob prévia autorização da DGEMN concedida à Comissão Executiva das Festas de Cidade, realiza-se no templo a representação do Auto de São João pela Companhia do Teatro Nacional, Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, tendo para o efeito sido provisoriamente instalado um estrado; 1945 - 1946 - a autarquia pretende transferir para o Jardim do Conde de Schomberg o busto do Dr. Francisco Barahona e colocar no Jardim de Diana um monumento a Giraldo; o projeto acabou por ser posto de lado (PT DGEMN: DREMS-003-2214 e PT DGEMN:DSARH-010/092-0051); 1948 - Henrique da Fonseca Chaves, então Presidente da CMÉvora, envia à DGEMN uma cópia de uma rara fotografia, "provavelmente de clódio húmido", documentando o Templo antes de terem sido demolidos os acréscimos medievais (PT DGEMN:DSARH-010/092-0818) *24; 1955 - projeto de empreitada iluminação elétrica das fachadas exteriores pela DGEMN; o Arq. Leonardo Rey Colaço de Castro Freire é encarregue pelo ministro das Obras Públicas de um estudo para o arranjo das Praças do Conde de Vila Flor e Marquês de Marialva; 1956 - o Arq. Castro Freire envia à DGEMN o anteprojeto; com o objetivo de "elevar" o Templo, previa-se o rebaixamento, em c. de 2m, do pavimento do Largo e a construção de uma escadaria ou rampa do lado sul de acesso à plataforma do monumento, o que implicava o desaparecimento quase total do Jardim de Diana e do seu miradouro; o projeto contemplava ainda demolição do depósito elevado de água; (PT DGEMN:DSARH-010/092-0251); 1956 - 1957 - anteprojeto de iluminação das fachadas exteriores pela CMÉvora; 1957, 19 abril - o Ministério da Educação Nacional - Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes emite parecer reprovador quanto ao anteprojeto do Arq. Castro Freire; 1957, julho - outubro - 2.º estudo do anteprojeto do Arq. Castro Freire para a construção de um Hotel no largo; 1957, novembro - comparticipação do Comissariado do Desemprego concedida à CMÉvora para as obras de iluminação exterior do templo; 1958, março - a Junta Nacional de Educação emite parecer contra o 2.º anteprojeto da construção do hotel; 1960 - Monsenhor José Filipe Mendeiros refere que neste ano é apresentado à Comissão Municipal de Arte e Arqueologia e à Direção do Teatro Pro-Évora, a maquete do projeto de urbanização do Arq. Castro Freire (MENDEIROS, 1960, p. 5); 1962 - sob sugestão da DGEMN e com aprovação superior da Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes a CMÉvora projeta demolir o muro de vedação do Jardim de Diana (PT DGEMN:DSARH-010/092-0252); 1963, outubro - a CMÉvora ainda não procedera à demolição do muro de vedação do Jardim de Diana (PT DGEMN:DSARH-010/092-0251); 1970 - sob prévia autorização da DGEMN é concedida à Comissão Executiva das Festas de Cidade, realiza-se no templo um espetáculo de luz e som evocativo da epopeia de Évora; a DGEMN considera que o Templo pertence à Fazenda Pública e aconselha que o mesmo seja inscrito no cadastro dos bens do Estado; o Ministério das Finanças refere que o imóvel não se encontra inscrito no mesmo e que a Direção de Finanças do Distrito de Évora não possui elementos relativos à sua propriedade (PT DGEMN:DREMS-003-2214); 1971 - a Direcção-Geral do Ensino Superior e das Belas-Artes autoriza a Missão Arqueológica Francesa em Portugal a proceder ao levantamento arqueológico do templo; 1971, junho - a Missão Arqueológica Francesa em Portugal entrega à DGEMN cópias em ozalid do levantamento realizado (PT DGEMN:DREMS-003-2214); 1974 - a Câmara Municipal de Évora propõe à DGEMN o estudo urbanístico do Jardim de Diana, incluindo a demolição dos altos muros de suporte e do reservatório elevado de água, a realização de uma alameda rampada a desembocar no imóvel e a reimplantação no local do Monumento ao Dr. Barahona ou a sua transferência para o Largo de São Domingos; o estudo acabou por ser abandonado; 1982 - o Instituto Arqueológico Alemão encomenda à empresa Estereofoto - Levantamentos Aerocartograficos, Ldª o levantamento fotogramétrico do Templo; durante o mesmo são pintadas marcas brancas nalgumas pedras; 1986 - o Instituto Arqueológico Alemão procede a sondagens, dirigidas por T. Hauschild: a verificação da existência de marcas na cornija do pódio indicando a colocação das colunas, permitem dar início ao levantamento da planta do monumento *25; a poente do ângulo do Templo, a c. de 1m da sua base, é descoberto um tanque, com revestimento em opus signium, que cercaria a parte posterior do Templo "e o outro lado comprido" *26; concluiu-se ainda que o templo assentava diretamente sobre rocha; (PT DGEMN:DREMS-003-2214); 1987 - 1995 - o Instituto Arqueológico Alemão procede a escavações e sondagens na zona envolvente do Templo (dirigidas por T. Hauschild com a colaboração do Arq. Pedro Fialho de Sousa da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa), que permitem localizar os cantos nordeste e noroeste do tanque de água com as aberturas de saída da água, junto aos três lados do monumento; continua-se o levantamento da planta do monumento e a sua conclusão no respeitante à parte inferior do pódio e procede-se à medição das bases das colunas (que apresentam diferentes dimensões), de silhares soltos em cima do pódio e do fragmento do pedestal, em mármore branco, epigrafado, concluindo-se que este constitui uma base retangular e não sextavada (HAUSCHILD e SARANTOPULOS: 1995-1996, pp. 431e 437) e (PT DGEMN:DREMS-003-2214); 1987, 03 julho - o Instituto Arqueológico Alemão envia ao IPPC/SRASul o Relatório do relativo aos trabalhos e sondagens realizados; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2007 e 2011 - levantamento estrutural do Templo, com recurso à fotogrametria e modelação 3D, pela DRCAlen/ Laboratório HERCULES; 2011, 13 de setembro - publicado no DR, nº 176, 2ª Série, Declaração de retificação de anúncio n.º 281/2011, alterando o prazo para apresentação de propostas relativo ao concurso público Empreitada de Intervenção no Espaço Público da Acrópole de Évora e Área Envolvente - Acrópole XXI; 2012 - no âmbito do mestrado europeu em Análise Estrutural de Construções Históricas a Universidade do Minho em parceria com a DRCAlen e a CME, o Templo é alvo de uma análise estrutural com recurso a tecnologia de ponta; 2017 - na sequência da queda de fragmento do ábaco de capitel do alçado nascente, que já em 2009 apresentava fissurações, são realizados o mapeamento e o estudo das patologias presentes e obras de consolidação e limpeza *27.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma. Cantaria granítica em opus incertum combinado com fiadas regulares do tipo opus quadratum no dado do pódio; vestígios pontuais de revestimento em opus caementicium e alvenaria de pedra argamassada no euthynteria; gatos de ferro unindo em blocos da arquitrave.

Materiais

Granito da região e mármore branco proveniente do anticlinal de Estremoz *2, tijolo, ferro

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Évora: Typographia da Folha do Sul, 1869; IDEM - "O Templo Romano de Évora". Artes e Letras. Lisboa: Rolland & Semionu, 1873, 2.º Anno, pp. 155-158 e 187-190; IDEM - Escriptos Diversos. X. O Templo Romano de Évora, Coimbra: Imprensa da Universidade, 1888; TAVARES, José Pereira, André de Resende. Obras Portuguesas. Lisboa: Livraria Sá da Costa ed., 1963; VASCONCELOS, Diogo Mendes de - De antiquitatibus Lusitaniae. Évora, 1593; VASCONCELOS, José Leite de - "Viagem de Pérez Bayer em Portugal em 1782". O Archeologo Português. Lisboa: Museu Nacional de Etnologia, 1920,1.ª série, Vol. XXIV, pp. 108 - 176.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN/DREMS; DGEMN/DSMN: DES122830 e 122831; DRCALEN; Terracarta - Consultoria Geomática, Lisboa, www.terracarta.org; ADCR - associação para o desenvolvimento de Conservação e Restauro

Documentação Fotográfica

DGPC: SIPA; DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; DRCALEN; CME: Arquivo Fotografico; Instituto del Patrimonio Historico Espanol: Archivo Fotografico Ruiz Vernacci

Documentação Administrativa

DGPC: PT DGEMN:DSID-001/007-0688/1, 2 e 3, PT DGEMN:DSID-003-0014/62 (não digitalizada, não consultada), PT DGEMN:DREMS-003-2273/66 (não digitalizada), PT DGEMN:DREMS-001-0098/1, 2 e 3 (não digitalizada), PT DGEMN:DREMS-003-2214 (não digitalizada), PT DGEMN:DSMN/SE-0108/01, DGEMN:DSMN-0626/24, PT DGEMN:DSMN-003-0037 (não digitalizada, não consultada), PT DGEMN:DSMN-003-0373/16 (não digitalizada, não consultada), PT DGEMN:DSARH-010/092-0046, 0051, 0214, 0248, 0251, 0252, 0253, 0597, 0817 e 0818, PT DGEMN:DSARH-010/092-1865/7 (não digitalizada); Arquivo Municipal de Évora: Archivo da Camara d'Evora, Livro 2º dos originaes, (não consultado); Arquivo Distrital de Évora: Livro das Actas da Câmara Municipal, n.º 67 e n.º 73 (não consultado); Biblioteca Pública de Évora: Cod. CXXX/1-9 e Cod. CVI/1-33 (não consultados), Armário III-IV, n.º 30, peça 2 (não consultado), Correspondência privada de J.H.Cunha Rivara (não consultada).

Intervenção Realizada

Município Eborense: 1844 - 1846 - demolição de todas as construções anexas, rebaixamento do nível da Praça e escavações arqueológicas; 1870 - 1871 - demolição dos acrescentos medievais, calcetamento da área envolvente e colocação de gradeamento; Instituto Arqueológico Alemão: 1955 - escavações na zona envolvente, dirigidas pelo arqueólogo alemão Theodor Hauschild; DGEMN: 1979 - arranque e limpeza de ervas, arbustos e raízes em pavimentos e maciços compreendendo o enchimento do interior de fendas e juntas com argamassa; 1983 - 1985 - arranque de arbustos e ervas e respetivas raízes e refechamento das juntas das pedras com argamassa de cal e areia; remoção de marcas de tinta nas pedras do embasamento e bases; Instituto Arqueológico Alemão: 1989 / 1994 - escavações na zona envolvente; DGEMN: 1940 - tendo sido retirada a grade que impedia o acesso ao imóvel, procede-se ao calcetamento de pequena faixa de terreno junto ao mesmo; Instituto Arqueológico Alemão: 1955 - escavações na zona envolvente, dirigidas pelo arqueólogo alemão Theodor Hauschild; DGEMN: 1979 - arranque e limpeza de ervas, arbustos e raízes em pavimentos e maciços compreendendo o enchimento do interior de fendas e juntas com argamassa; 1983 e 1985 - arranque de arbustos e ervas e respetivas raízes e refechamento das juntas das pedras com argamassa de cal e areia; remoção de marcas de tinta nas pedras do embasamento e bases; Instituto Arqueológico Alemão: 1989 / 1994 - escavações na zona envolvente dirigidas por Theodor Hauschild; CMÉvora: 2001 - remoção dos agrafos metálicos que rodeavam o Templo e sua substituição por outros de ferro fundido e alguns amovíveis; DRACAlen / Laboratório HERCULES / Nova Conservação, Lda.: 2017 - levantamento e identificação das comunidades microbianas presentes incluindo sequenciação do seu DNA; limpeza de elementos que apresentavam biocolonização com recurso a biocida desenvolvido pelo HERCULES; consolidação do material pétreo e fixação de elementos soltos (lascas, escamas, fragmentos); remoção mecânica de materiais exógenos ou elementos disfuncionais (argamassas incompatíveis e degradadas no interior de juntas ou fissuras); reposicionamento in situ de fragmentos existentes no Museu de Évora.

Observações

*1 - em 1869, A. F. Simões refere que se conservava em "vários pontos restos de cimento ou formigão hidráulico que parece ter revestido todas as paredes" semelhante ao que "guarnecia os tanques adjacentes" (SIMÕES: 1869, p. 125); *2 - os afloramentos mais prováveis são os atribuídos ao Maciço de Évora (LOPES:2000, p. 141); segundo Pinho Leal o mármore do Templo de Évora é proveniente da Serra d' Ossa (LEAL: 1874, p. 99); *3 - Hauschild refere a existência de marcas e traços gravados na cornija do pódio, junto às bases das colunas, que no decorrer da construção do Templo, serviam a indicar o exato local de posicionamento das colunas; *4 - exceto a 2.ª coluna da fachada oés-sudoeste, com 8 tambores; não existem quaisquer elementos de ligação (como pernes, gatos ou argamassas de união) entre os vários tambores; *5 - o estudo realizado pelo Laboratório HERCULES em 2017 constatou que os capitéis foram executados em obra verificando-se mesmo a presença de intervenções coevas de recolocação, fixação e consolidação de elementos destacados ou em situação precária; *6 - estes elementos são ligados ao ábaco através de pernes de época romana; *7 - os elementos de ligação são maioritariamente coevos da construção, sendo alguns outros resultado das intervenções do sec. 20; *8 - abreviatura de sacrum (dedicado ou consagrado); Emilio Hubner considera este fragmento como pertencente ao pedestal de uma estátua imperial (HUBNER: 1815, p. 47) e A. F. Simões um fragmento do altar da deusa à qual era consagrado o templo (SIMÕES: 1888, p. 133); *9 - a altura do pódio varia entre 3,5m e 4,5m; medidas do soco: c. de 0,56m a fiada inferior + c. de 0, 39m a fiada superior (média das diferentes alturas dos blocos, medidos nas ilhargas e ao centro em 2017); as medidas da largura e comprimento são as indicadas por Seyed Nayeri (NAYERI: 2012, p. 29); A. F. Simões refere 25, 18m para o comprimento do pódio (SIMÕES, 1888, p. 126); *10 - medidas indicadas por A. F. Simões (que refere para o comprimento do pódio 25, 18m x 15,25m de largura) e repetidas pela historiografia posterior (SIMÕES, 1888, p. 126); as medidas indicadas para a altura total das colunas e da arquitrave + friso são as fornecidas por Seyed Nayeri (NAYERU: 2012, p. 28), Simões indica respetivamente 7,67m e 1,77; *11 - A. F. Simões considera que a destruição do templo romano terá ocorrido antes das invasões bárbaras (SIMÕES: 1888, p. 134); *12 - a obra de Resende seria publicada apenas em 1553 e nela procurava o historiador convencer D. João III "a retornar a Évora e a consagra-la como capital do reino", para o que lhe sublinhava a fundação romana e se empenhava em demonstrar a presença de Quinto Sertório (destacado político e militar que serviu na Hispânia entre 99 a. c. e 93 a. c.) na urbe, assim procurando " afagar as expectativas de D. João III de revestir-se de dignidade "à romana" (ABREU: 2010, p. 225); é provável que ao mencionar o "Pórtico" Resende se referisse não ao Templo, mas sim à caixa de água do Aqueduto da Prata (v. IPA.00002755), da autoria do Arq. Miguel de Arruda e construída em 1536, sita na Rua Nova, que rematava aquela monumental estrutura ao atingir a cota suprema da colina de Évora; facto que dificilmente Resende desconheceria, enquanto autor da célebre "Apologia pelo aqueducto de Sertório contra D. Miguel da Silva", obra desaparecida que Inácio de Vilhena Barbosa afirma ter consultado (RODRIGUES: 2010, p. 256), bem como dos dois opúsculos (também perdidos) sobre aquedutos, redigidos a mando de D. João III e a este entregues em 1543; mesmo considerando o "emparedamento" a que fora sujeito o Templo, é de crer que deste o arqueólogo eborense tivesse conhecimento, quanto mais não fosse por ser percetível na caixa muraria medieval a colunata romana, como sugerem a iluminura da Crónica de D. Manuel e o desenho de Murphy (no qual de resto a colunata não surge emparedada); sabendo-se da importância que a presença de um templo romano em Évora significaria para Resende, seria de estranhar que a este se referisse com tão lacónica menção, não fosse a hipótese de que nos opúsculos ou na Apologia referidos, ou noutros textos dos quais se terá também perdido o rasto, o historiador tenha mencionado o monumento com maior detalhe; *13 - segundo Gabriel Pereira a designação de "postigo" deriva da porta ogival do lado norte ter servido como tal aquando da integração do Templo no Castelo (PEREIRA: 1947, p. 8); *14 - a possibilidade deste friso, atualmente no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (v. IPA.00010975), poder ter pertencido a um primitivo templo dórico, é perfilhada por Manuel Patrocínio (PATROCÍNIO: 2007, p. 131) e vem ao encontro da hipótese de no Séc. 01 o forum eborense ter sido reconstruído a partir de um mais antigo (ALARCÃO: 1986, p. ); *15 - elencada por A. F. Simões com o n.º 33, na lista de objetos pertencentes em 1869 ao Museu do Cenáculo, constante no Relatório que redigiu acerca da renovação deste (SIMÕES: 1869); *16 - elencada por A. F. Simões com o n.º 61; *17 - sucessor de Rivara no cargo de bibliotecário, virá a falecer em Évora em 1863; *18 - Cunha Rivara deixou uma série de apontamentos e sobre as excavações que se conservam na Biblioteca Pública de Évora (BPE: Armário III-IV, n.º 30, peça 2); *19 - destes fragmentos A. F. Simões refere o dedo, em mármore branco, com c. de 0,220m, que teria pertencido a "estátua agigantada" com mais de 4m de altura (SIMÕES: 1869, p. 13); *20 - atualmente no Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo (v. IPA.00010975); *21 - mas já a gravura de Dupont, de 1850, mostrava o pódio desimpedido; *22 - nomeado bibliotecário em 1838, logo empreendeu Cunha Rivara a tarefa monumental de compilar todos os livros e manuscritos do acervo da Biblioteca eborense, cujo catálogo ultimava em 1841 e que, a par da tradução de artigos sobre Goethe e o Fausto (publicados no ano anterior na Revue des Deux Mondes), lhe tomavam quase todo o tempo (v. a correspondência de Rivara com A. F. Simões Feliciano de Castilho em MOURA: 1942 e SILVEIRA: 1941); talvez não tenha sido alheia a estas circunstâncias o fato de que a tão desejada demolição da muratura medieval - que segundo A. F. Simões, constava no projeto de Rivara (SIMÕES: 1888, p. 140) ainda que prevendo aquele a conservação de parte dela pois só assim lhe era possível instalar no seu interior a Gliptoteca -, não tivesse então lugar; *23 - A. F. Simões defende que estes acrescentos tardios ( "portas ogivais de granito", janelas e ameias ), "por cima, por entre, e por detraz das columnas", foram feitos pelos cristãos, posteriormente à fundação da Monarquia e anteriormente ao Séc. 14: considera "as janelas de granito, de volta redonda", semelhantes a algumas existentes nas torres da Sé (v. IPA.00002725) e as ameias "em tudo semelhantes" às da Torre Pentagonal (v. IPA.00003822) e às de outras torres também pertencentes ao Paço dos Duques de Cadaval (v. IPA.00004363) (SIMÕES: 1869, p. 7); *24 - a chapa original, encontrava-se na posse de um particular de Viana do Alentejo (PT DGEMN:DSARH-010/092-0818); trata-se talvez da fotografia de J. Laurent, de 1869; Gabriel Pereira refere fotografias do Templo "tiradas depois do isolamento do romano puro" por Serra e por Campos e que "serviram para as gravuras publicadas nas Artes e Lettras e na Renascença" (PEREIRA, 1947, p. 14); *25 - Hauschild ressalva que a reconstituição da planta é hipotética dado que todas as pedras da parte meridional do estilóbato desapareceram, desconhecendo-se como este se estende para sul; *26 - este tanque, que a poente se conservava 0,35m acima do nível do seu fundo, devendo ter tido 1m de altura, encostar-se-ia a uma outra construção que se elevaria, ao invés do tanque, acima do nível da praça (evidenciando que teria uma diferente função daquele) e da qual se conservam apenas uma camada de argamassa e pedras isoladas, que constituiriam os seus alicerces; foi ainda descoberta, a 3,30m da fachada sul do Templo, uma cavidade na rocha até c. de 0,96m, estando o seu fundo a c. de 1,60m abaixo do nível da camada inferior dos silhares daquele, e que seria o fosso do alicerce de uma parede sólida; junto ao ângulo sudoeste foi ainda feita uma sondagem para tentar saber qual o comprimento total do Templo; no espólio encontrado incluem-se fragmentos de cerâmica romana do Séc. 17, do Séc. 18 e do Séc. 19; *27 - o mapeamento das patologias existentes constatou a presença, em particular ao nível dos capitéis, de várias fissuras, fragmentações, incrustações, processos de erosão e arenização, migração de óxidos de ferro a partir dos pernes originais e posteriores, num total de 250 fragmentos em situação precária ou já destacados; a degradação e fragilidades verificadas devem-se parcialmente a questões relacionadas com a génese formativa e geológica da própria rocha; *28 - a extensão e localização da escadaria seriam indiciadas pela presença de 3 silhares de granito, fundação de um muro com mais de 2m de largura, descobertos aquando das sondagens de 1986 dirigidas por Hauschild; *29 - segundo este autor a cella era possivelmente revestida de mosaico do qual se conserva um fragmento no Gabinete de Numismática e Antiguidades da Biblioteca Nacional de Portugal (ALARCÃO: 1986, p. 89); *30 - as investigações até agora realizadas quanto à resistência estrutural e comportamento mecânico do Templo em caso de sismo, permitiram concluir a sua elevada resistência; o colapso da sua estrutura poderia eventualmente ocorrer apenas em caso de severa ação sísmica, sendo um sismo afastado mais gravoso que um de próxima origem; no cenário de um sismo de intensidade baixa / média é previsível o desfasamento de cantarias; verificou-se também que as colunas são mais estáveis do que se poderia à partida supor; esta estabilidade parece dever-se ao fato da oscilação dos tambores criar um mecanismo que dissipa o movimento da ação sísmica (GRECHI: 2012, p. 36 e OLIVEIRA: 2014).

Autor e Data

Rosário Gordalina 2017

Actualização

Rosário Gordalina 2018
 
 
 
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