Mosteiro do Santíssimo Coração de Jesus / Basílica e Convento da Estrela / Igreja Paroquial da Lapa / Igreja de Nossa Senhora da Lapa

IPA.00010613
Portugal, Lisboa, Lisboa, Estrela
 
Arquitectura religiosa, barroca e neoclássica. Mosteiro feminino da Ordem das Carmelitas Descalças, de planta rectangular, com igreja adossada em cruz latina, composta por nave única com coro-alto, precedida de galilé, transepto e capela-mor pouco pronunciada, ladeada por duas sacristias, que comunicam através das antecâmaras. Fachada principal axial, solução aceite entre os conventos femininos carmelitas, harmónica, com corpo central ligeiramente avançado, rematado em frontão triangular e torres laterais com remate em coruchéu bolboso. Alçados laterais circunscritos por cunhais apilastrados encimados por fogaréus e remate em cornija e platibanda balaustrada. Galilé profunda, com pequenos vestíbulos laterais, onde se rasgam nichos com estatuária. Interior revestido a calcário de várias tonalidades, formando apainelados e elementos geométricos que dinamizam a frieza do muro, com coberturas em abóbada de lunetas. A nave possui capelas retabulares laterais, à face, esquema difundido pelas igrejas do período pombalino, divididas por um jogo de pilastras e colunas, e capela-mor pouco profunda, iluminada directamente, cujo esquema retabular é inspirado no da Basílica de Mafra ( v. PT031109090001 ) e no da Sé de Évora ( v. PT040705120016 ) . Sobre o cruzeiro, existência de cúpula, de estrutura semelhante à da Igreja da Memória ( v. PT031106010041 ). As fachadas do convento são simétricas, a partir de um eixo central, marcado por ressalto, na fachada N. e por frontão decorado e proeminente, na O.. Os claustros são quadrangulares, de dois andares, tendo, em cada ala, cinco arcadas no piso inferior, com acesso pela zona central, e outros tantos vãos no superior, protegidos por guardas de cantaria. No centro, uma fonte profusamente decorada. Em torno destes, organizam-se as várias salas destinadas à vida comunitária, nomeadamente o refeitório e a Sala do Conselho. Internamente, os corredores acedem às celas das religiosas, relativamente amplas e com iluminação directa. As várias salas são decoradas por silhares de azulejo rococó e neoclássico, de composição figurativa e ornamental, tendo algumas salas com estuque relevado, branco sobre fundos de tonalidades suaves, com decoração fitomórfica neocláasica e de marmoreados, e pintura mural, onde dominam as representações de cenas da vida de Cristo, de Santa Teresa e alegorias, nomeadamente Virtudes. A basílica tornou-se o panteão da sua fundadora, única monarca da dinastia de Bragança que não foi sepultada em São Vicente de Fora, tendo, no convento, uma ala nobre, destinada aos seus aposentos, a qual obrigou à desobediência de determinados aspectos da regra carmelita, em função do efeito final e da magnificência do conjunto, surgindo uma mansão grandiosa, não proporcionada ao poder económico das ocupantes, cujas celas tinham janelas para o exterior, ao contrário do recomendado pela referida regra. O conjunto constitui uma das mais notáveis manifestações do barroco tardio português, evidenciando a herança planimétrica e volumétrica do barroco joanino, fundamentalmente no esquema da capela-mor, galilé e coro-alto, mas fazendo uso de uma gramática ornamental inovadora, contida, com contributos neoclássicos, nomeadamente na decoração da talha e dos estuques, com uma linguagem fitomórfica sóbria. Também a fachada principal manifesta este ponto de viragem, com as torres e a profusão escultórica barroquizantes ( as alegóricas influenciadas pelas gravuras de Cesar Ripa ), mas com o corpo central ligeiramente avançado, em que as colunas e o frontão triangular assumem papel fundamental, denotando soluções neoclássicas. Existência de tribunas sobre as dependências adossadas à capela-mor que abrem directamente para esta e para o transepto, com uma amplitude e um esquema pouco comum nos edifícios religiosos portugueses, decoradas com estuques e pinturas essencialmente alegóricas. O transepto assume-se de grandes dimensões, simétrico, em que a estrutura sobre a porta de acesso à Capela do Senhor dos Passos imita o remate do retábulo fronteiro da Capela do Santíssimo, com frontão comportando estatuária e existência de telas e nichos protegidos por vidraças contendo estatuária. Digno de nota, o presépio em terracota, pelas suas dimensões e qualidade escultórica, com algumas figuras sem ostentarem pintura, revelando o barro vermelho, com carácter grotesco, surgindo vários anões músicos; certas peças são semelhantes às figuras de Vieira Lusitano. Algumas salas conventuais mantêm a sua decoração original, de pintura, estuques e azulejo, onde se destaca o Locutório, com cenas da vida de Santa Teresam, cujos painéis foram realizados a partir do album "Vita S. Virginis Teresiae a Iesu " impresso em Antuérpia em 1613 e ilustrado pelos gravadores Adriaen Collaert e Corneille Galle *6.
Número IPA Antigo: PT031106170006
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro feminino  Ordem das Irmãs Descalças de Nossa Senhora do Monte do Carmo - Carmelitas Descalças

Descrição

Planta rectangular, composta por convento e basílica adossados, com coberturas diferenciadas a duas, três e quatro águas. BASÍLICA de planta longitudinal em cruz latina com os braços em semicírculo, composta por galilé rectangular, nave única, com capelas retabulares laterais, transepto saliente, capela-mor pouco profunda, sacristia e dependência adossadas. Na volumetria do conjunto, destaca-se o zimbório que se levanta sobre tambor vazado por oito janelas, ladeadas por duplas pilastras, que sustentam o peso da calote da cúpula, em cujos panos se rasgam dois olhos de boi sobrepostos, o inferior ladeado por plintos que sustentam pequenos pináculos. O lanternim ostenta oito janelas ladeadas por colunas, coberto por coruchéu bolboso, rasgado por pequeno óculo e encimado por esfera e cruz. O conjunto é construído em lioz branco, com os alçados circunscritos por cunhais apilastrados, encimados por fogaréus, e remates em cornija e platibanda balaustrada com algumas gárgulas, sendo os laterais rebocados e pintados. A fachada principal, a N., é harmónica, com duas torres sineiras *2 a flanquear o corpo que se desenvolve em dois registos e três panos, o central ligeiramente avançado, com três arcos de volta perfeita, ladeados por quatro colunas destacadas, de fuste liso e capitéis coríntios, sobre as quais são visíveis estátuas. No segundo registo, dividido por pilastras, surgem duas janelas com cornija, a ladear um grupo escultórico representando a "Adoração do Sagrado Coração de Jesus". Remate em frontão triangular, decorado por um delta luminoso relevado, envolto por enrolamentos e motivos fitomórficos. Os corpos extremos, que servem de base ao lançamento das torres sineiras, articulam-se com o central por meio de panos de muro no qual se abrem dois nichos sobrepostos albergando estatuária. As torres, de secção quadrada, têm acesso por duas escadas em caracol e evoluem em quatro registos, observando-se, no primeiro, porta de acesso ao espaço conventual, sucedendo-se janela sobrepujada por cornija, relógio e, superiormente, as sineiras, ladeadas por colunas, sendo a cobertura em coruchéu bolboso, rasgado por pequeno óculo, com fogaréus nos ângulos. As fachadas laterais têm os panos divididos por duplas pilastras e são rasgadas, no nível superior, por três janelas de moldura simples, que iluminam o interior da basílica. O volume correspondente ao transepto, com os ângulos côncavos, tem duas janelas. No alçado E., o corpo da sacristia possui janelas com moldura recortada e frontão e uma porta de verga recta. A galilé, com acesso por portões de ferro, protegidos por guarda-ventos, é ampla, coberta por abóbada de berço com penetrações e pavimento de motivos geométricos em calcário policromo, tendo três vãos de acesso à igreja com moldura recortada e cornija, os laterais mais baixos. Neste espaço, surgem quatro nichos, dois entaipados e dois contendo as esculturas da Virgem e de São José. O INTERIOR, com as coberturas à mesma altura, possui nave de três tramos, marcados pelas duplas pilastras sobre plinto comum, que sustentam o entablamento e abóbada de lunetas com os arcos decorados com rosetas, tendo o pavimento de calcário rosa, preto e branco, formando elementos florais estilizados. A entrada é efectuada por portas duplas de madeira, protegidas por guarda-vento. O coro-alto, com acesso por escada interior em caracol, situa-se sobre a galilé e abre para a nave por arco de volta perfeita, ladeado por dois pequenos rectângulos assentes em pilastras. Neste, encontra-se um Grande Órgão. Na nave, existem seis capelas laterais à face, de arcos de volta perfeita de cantaria, com degrau de acesso projectado em semicírculo e teia de pedra balaustrada com cancelas de madeira. Em cada uma das capelas, retábulo de cantaria enquadrando telas alusivas à actual ou à primitiva invocação, que são, no lado do Evangelho, de Santa Teresa, Nossa Senhora do Monte do Carmo e Mater Dolorosa; no oposto, Santo António, Nossa Senhora da Conceição e Sagrado Coração de Maria. O transepto apresenta cobertura semelhante à da nave e, sobre o cruzeiro, uma cúpula com tambor, assente em pendentes, onde se inscrevem pilastras coríntias duplas e, na calote, panos com pequeno óculo decorado e painéis de várias tonalidades, rematada por lanternim com pilastras e uma pequena cúpula. No braço do lado do Evangelho, ergue-se a Capela do Santíssimo Sacramento, ligeiramente elevada e protegida por teia, onde se integra um retábulo de pedra, com uma tela representando a Última Ceia. No braço oposto, um vão em arco abatido de acesso à Capela do Senhor dos Passos e, integrado no vão da porta que acede à Sala do Presépio, o túmulo de D. Maria I, integralmente em mármore branco e preto, constituído por um plinto, tendo na face frontal uma inscrição identificativa, onde assenta uma urna apoiada em leões, superiormente rematada por um grupo escultórico ( Fama e "putto" ), ladeando um medalhão com a efígie da soberana. Junto ao arco triunfal, um órgão positivo. A capela-mor, protegida por teia balaustrada, é pouco profunda, com cobertura em abóbada de lunetas e retábulo de cantaria composto por duas colunas de fuste liso e capitéis coríntios, enquadrando uma tela que representa "A Consagração da Devoção do Coração de Jesus", rematado por duplo frontão, um deles interrompido, onde se apoiam dois anjos que adoram o Crucificado rodeado de glória e resplendor. O conjunto é ladeado por quatro telas figurando os doutores da Igreja: Santo Agostinho e São Gregório, no lado do Evangelho; Santo Ambrósio e São Jerónimo no oposto. Neste espaço, existe uma ara de altar, um pequeno cadeiral e duas portas de acesso à sacristia e à Sala do Presépio respectivamente, sobre as quais despontam duas tribunas ( da Rainha e a do Órgão ), que abrem simultaneamente para o transepto, tendo todas as dependências uma antecâmara. A sacristia é rectangular, com paredes marmoreadas, rasgada, a do lado E., por duas janelas, possuindo o túmulo de Frei Inácio de São Caetano *3, constituído por uma arca em mármore negro, apoiada em duas pilastras, e encimada por uma peanha suportando uma mitra. Entre os apoios do monumento, uma escultura em mármore branco figurando um pequeno anjo. O presépio encontra-se encerrado em armário com portas de vidro, permitindo a visão central e lateral; apresenta duas cenas centrais, subdivididas por um eixo, a "Adoração dos Pastores", cena que ofusca a Sagrada Família, no lado direito e "Cortejo dos Reis Magos", que surge no lado esquerdo; surgem, ainda, o "Anúncio aos Pastores", Fuga para o Egipto", "Massacre dos Inocentes", "Matança do Porco", cego da sanfona, anões músicos e glória de anjos. As figuras enquadram-se em grutas e elementos arquitectónicos. CONVENTO de planta rectangular com dois ressaltos, composta por quatro alas paralelepipédicas, organizadas em torno de dois claustros quadrangulares, com dois pisos. O alçado principal, a N., apresenta-se organizado em três corpos, sendo o central avançado e integralmente revestido de cantaria, apresentando, no piso térreo, o único portal de acesso, de verga curva e sobrepujado de ática. Nos corpos laterais, este nível corresponde a um embasamento de placagem de cantaria, apenas interrompido pela abertura de duas portas de serviço. No conjunto da fachada, distinguem-se dois pisos, sendo o primeiro ritmado pela abertura de dezasseis janelas rectangulares coroadas por ática e o segundo por doze janelas quadradas, duas rectangulares, no corpo central, e duas falsas janelas de sacada com verga curva e ática. No extremo desta fachada, destacando-se em relação ao plano da fachada O., o edifício vê-se acrescido de um terceiro piso, no qual se abrem duas janelas quadradas. A fachada O. repete a composição do alçado principal, sendo o pano central destacado apenas pela presença de duas pilastras e pelo coroamento em frontão triangular que invade as coberturas, surgindo, no extremo direito, um corpo proeminente, acrescido de dois andares, com fenestrações simples e o piso superior percorrido por varanda. No INTERIOR, abrem-se dois claustros de planta quadrada com fonte central, divididos pelas Capelas do Senhor dos Passos e Nossa Senhora do Carmo *4, cujas alas rectangulares evoluem em dois pisos, desenvolvidas a N., S. e O., sendo, cada uma delas, constituída por cinco módulos separados por pilastras de cantaria, onde se abrem, no piso térreo, arco de volta inteira envidraçado e, ao nível do primeiro andar, janelas rectangulares. Estas alas dão acesso a várias salas, actualmente incaracterísticas, mantendo, algumas delas, silhares de azulejo decorativo, sendo a articulação entre os dois andares efectuada por escadas a N., S. e O., destacando-se a monumentalidade da primeira, em dois lanços e com patamar intermédio. Na ala O., as 16 celas das religiosas, cada uma delas de planta quadrada e com janela, surgindo, ainda, vestígios de vários oratórios decorados com frontão triangular e pintura mural. No fundo desta ala, o primitivo noviciado, com oito celas e uma capela dedicada a Jesus, Maria e José, divididas por um tabique, do espaço das conversas. Entre o espaço da basílica e o claustro N. surge a residência do prior e várias salas de apoio à Paróquia. Distinguem-se, pela primitiva funcionalidade bem como pela decoração que mantêm: a Portaria, o antigo Locutório que comunica com as dependências do Convento, a O. e da Basílica, a E.; o antigo refeitório, a O. da entrada principal; a Sala Nobre ou Sala da Rainha, na ala N. do segundo piso; Sala do Presépio, na ala O. do claustro S.; Sala da Roda, anexa à última; Sala do torreão N. e, entre os claustros e no prolongamento do transepto da Igreja, as capelas do Senhor dos Passos e de Nossa Senhora do Carmo.

Acessos

Largo da Estrela. VWGS84 (graus decimais) lat.: 38,713063; long.: -9,160689

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 10-01-1907, DG n.º 14 de 17 janeiro 1907, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 288 de 14 dezembro 1955 (Basílica) *1

Enquadramento

Urbano, destacado, encontra-se na zona de confluência de várias vias públicas que o rodeiam e, no lado esquerdo, por largo ajardinado, surgindo, fronteiro, o Jardim da Estrela ( v. PT031106170615 ). Vários prédios de habitação, alguns com interesse patrimonial encontram-se nas imediações. A basílica tem acesso por escadaria protegida por 22 frades, de nove degraus com dois patamares, o primeiro em forma de T, formando um pequeno adro, ladeado, no patamar superior, por muretes de cantaria. O alçado lateral direito encontra-se parcialmente adossado à zona conventual, que tem a acompanhar a sua fachada lateral e em terrenos da antiga cerca, os edifícios do Hospital Militar, alguns correspondentes ao antigo Palacete, cujas dependências mantêm revestimentos azulejares.

Descrição Complementar

No corpo central da fachada principal surgem as esculturas alegóricas da Fé, Devoção, Gratidão e Liberalidade e, nos laterais, aparecem nichos com as imagens de Santa Teresa de Ávila e Santa Maria Madalena de Pazzi, no registo inferior e Santo Elias e São João de Deus, no superior. No frontão, surgem a rodear o Sagrado Coração de Jesus, três anjos, entre os quais o tutelar do Reino e o Anjo Custódio, tutelar da rainha. O BAPTISTÉRIO, situado no lado E., com acesso directo pelo exterior ou pela galilé, tem pia baptismal com bacia oval e base contracurvada, decorada com acantos e concheados, sobre a qual se ergue uma escultura de metal de São João Baptista. No topo deste espaço, um retábulo com a tela do "Baptismo de Cristo". As portas de acesso à basílica são de madeira com aplicações de bronze dourado, protegidas por guarda-vento de talha em branco, assente em estípides encimadas por urnas e escudo real, com decoração fitomórfica ( folhas de louro, acantos e rosas ). Junto às portas, duas pias de água benta, com bacia oval e base contracurvada, decorada com acantos e concheados. Às capelas laterais, acede-se por cancelas com estrela central rodeada por laçarias, acantos e rosas, tendo retábulos de cantaria de um eixo, com tela enquadrada por colunas de fuste liso e capitéis coríntios, possuindo moldura de cantaria cinzenta, com a zona inferior decorada com acantos e a superior com enrolamentos e querubim, remate em frontão semicircular. Altar paralelepipédico com banqueta assente em duas volutas laterais. No lado do Evangelho, surgem as telas de: "São João Evangelista a escrever sob inspiração divina" e imagem do mesmo; a "Dedicação da Basílica a Santa Teresa por D. Maria I" e a imagem de Santa Teresa; "A Dúvida de São Tomé" e, na base desta, nicho com acantos laterais e concheados enquadrando a imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. No lado da Epístola, as telas de: "Santo António em Êxtase perante a Visão de São Francisco" e escultura do taumaturgo; o "Sonho de São José e a Visão da Virgem" e escultura de vulto de São José; "A Devoção do Coração de Maria, com os anjos Custódio, Rafael, Miguel e Gabriel" e imagem de Nossa Senhora da Conceição. Cada capela possui um lampadário, com lâmpada de bronze dourado. O retábulo do Santíssimo é encimado por ático em frontão com as esculturas da Fé e Esperança, ladeado por duas telas representando a "Ceia de Emaús" e "São Nicolau Tolentino" e dois nichos com moldura recortada, protegidos por vidraça, com as imagens de São Pedro e São Paulo. Sobre o altar, um sacrário em forma de templete, tendo, na porta, o Cordeiro Místico e glória de anjos. Sobre o vão de acesso à Capela do Senhor dos Passos, frontão com as esculturas da Caridade e Fortaleza, ladeadas por duas telas com "Virgem, o Menino, Santa Isabel e São João Baptista" e "Santa Ana a ensinar a Virgem a ler e São Joaquim", surgindo, nos nichos, São João da Cruz e Santa Teresa de Ávila. Em cada um dos braços do transepto, aparecem dois confessionários duplos, de madeira em branco, com abundante decoração fitomórfica e remate em cornija encurvada. Na SACRISTIA, arcaz com espaldar dividido em painéis espelhados, um lavabo com taça em concha e duas bicas num espaldar contracurvado, rematado por pináculos. O tecto é decorado com apainelados de estuque branco sobre fundos lisos em azul e amarelo, com motivos fitomórficos ( folhas de água no central e rosetas na faixa ) e urnas, que emolduram telas representando David, Profetas e atributos da Igreja. A SALA do PRESÉPIO, antiga Sala dos Paramentos, ostenta uma enorme maquineta na parede fundeira, encerrando um presépio. No tecto, uma alegoria à Igreja e, nas lunetas, símbolos das Virtudes: Fé, Caridade, Esperança e Temperança, bem como trabalho de estuque branco ( enrolamentos vegetalistas ) sobre fundos em verde e rosa, que envolve as pinturas. Numa das paredes, um lavabo semelhante ao existente na sacristia. TRIBUNA do ÓRGÃO ( Evangelho ) tem acesso pela sacristia e por uma antecâmara, com alçados decorados por pinturas murais de marmoreados a imitar pedra amarela de Salema, tendo molduras a imitar mármore cinza, ecoando os apainelados em pedra da própria basílica. Silhares de azulejos de composição figurativa, policromos, com motivos fitomórficos e tecto em abóbada de esquife,com reservas ovais pintadas e em estuque branco e ouro sobre fundos azuis e amarelo, com laçarias, vasos floridos, enrolamentos, folhas de água e folhas imbricadas, alternando com painéis rectangulares de ângulos chanfrados figurando pinturas alegóricas, representando as Artes Liberais ( pintura, escultura, arquitectura, geometria, astronomia e música ) e nos topos medalhões com anjos. Uma moldura de óvulos e dardos rodeia o pano central e enrolamentos vegetalistas partindo de acantos estrangulados e atados por fitas enlaçadas rodeiam os medalhões pintados no eixo longitudinal, prolongando-se em frisos vegetalistas dos lados do painel central. Os panos laterais são percorridos por faixa de ondas intercalada por mascarões com argolas na boca. A TRIBUNA da RAINHA possui abóbada de lunetas sobre sanca moldurada, decorado com medalhões circulares com rosetas, ramos de loureiro, fitas entrelaçadas e cestos floridos. Pavimento de embutidos de madeira e é decorada com painéis de talha, ostentando medalhões de estuque com motivos fitomórficos e festões, e a Coroa Real sobre a porta de acesso, que dá para uma antecâmara. Possui retábulo com o profeta Elias, ladeado por pilastras e dois nichos. Nas paredes, medalhões com a representação de São João da Cruz e São Jerónimo. O CORO-ALTO ostenta um Grande Órgão, actualmente desactivado, com planta rectangular, tendo, na fachada, três castelos, o central proeminente, e dois nichos, surgindo a consola decorado com elementos apainelados, pintados a fingir marmoreados, sendo encimado por pequenos elementos fitomórficos dourados. Possui dois teclados manuais, de cinquenta e três notas, correspondentes ao Grande Órgão e ao Eco, possuindo pedaleira, com cinquenta pedais. O órgão positivo, actualmente no braço O. do transepto, apresenta flautas na fachada principal, sendo a caixa de madeira em branco, surgindo, como elemento decorativo, as urnas no remate da mesma. Possui um teclado manual com cinquenta e quatro notas e sete registos. No CONVENTO, destaca-se a PORTARIA, de planta rectangular, com silhares de 7 azulejos de altura, de composição ornamental, policromos ( azul, verde, amarelo, manganês ); adossado ao silhar, banco corrido de madeira apoiado em mísulas de pedra e, sob este, rodapé em azulejo branco, liso. Numa das paredes, roda para a passagem das mercadorias. Sob o guarda-vento que acede ao corredor das capelas funerárias, pinturas murais de marmoreados a cor sinopia e ocre e tecto de estuques relevados a branco sobre fundo liso azul e amarelo, com florão central e quatro painéis com hastes entrelaçadas. Dois painéis com 7 azulejos de altura, de composição figurativa, formando silhar, em policromia ( guarnição que enquadra o tema central ) e monocromia, azul cobalto em fundo branco ( tema central ), representando Santa Teresa a escrever e a ler. LOCUTÓRIO quadrangular com 10 silhares de azulejos de composição figurativa, em policromia, manganês, azul cobalto, amarelo ( guarnição que enquadra a composição central; motivos ornamentais de concheados, volutas, asas de morcego ) e monocromia, azul cobalto em fundo branco ( temas centrais ), representando cenas da vida de Santa Teresa de Ávila: Santa Teresa e o irmão Rodrigo encontrados pelo tio / Entrada de Santa Teresa no Convento / Santa Teresa face ao Ecce Homo / Aparecimento do Demónio / Santa Teresa com Pedro e Paulo / Santa Teresa expulsa da sua cela uns demónios / Santa Teresa recebe da Virgem e de São José o colar e o manto / Santa Teresa devolve a vida a seu sobrinho / Santa Teresa com São João da Cruz e António de Jesus / Santa Teresa escritora. A sala tem duas telas, representando "Nossa Senhora da Conceição com São José", "Santo António e São Domingos". REFEITÓRIO de planta rectangular, com abóbada de lunetas, rasgada por quatro janelas, com silhares de azulejo de composição ornamental, policromo e bancos fixos e corridos, de madeira. No muro S., púlpito em cantaria com acesso por escada na espessura da parede. Liga à cozinha ( com paredes e tecto totalmente revestidos de azulejos brancos com fina moldura a azul e branco, com motivos de óvulos, revestindo as arestas das paredes e cúpula ) e à copa, com lavabo de mármore, com espaldar recortado e intensamente decorado com motivos vegetalistas; na parede, painel de azulejo de composição figurativa, representando uma freira carmelita com utensílios de cozinha. SALA NOBRE ( ou Sala da Rainha ) - espaço destinado aos aposentos da rainha D. Maria I, profusamente decorado; parte superior dos alçados decorada com pinturas murais ( provavelmente executadas a fresco sobre estuque com polimento final ), de apainelados envolvidos por frisos de folhagens; os painéis ostentam decorações de folhagem, pássaros, borboletas, enrolamentos e vasos de flores em composições simétricas, semelhantes, com pequenas variações ao nível do desenho e colorido; é visível o desenho a estresido; na parte inferior dos alçados silhares de 8 azulejos de altura, de composição ornamental, com policromia ( azul, verde, amarelo, manganês ), com motivos naturalistas: pássaros, grinaldas de flores, jarra central com flores, fiadas de pérolas fazendo a ligação entre os vários elementos decorativos, gregas, fitas, serpente, carranca; rodapé em azulejo ( 1 fiada ) esponjado, manganês em fundo branco; tecto com estuques e pinturas ornamentais a óleo, inspirados em motivos naturalistas: guirlandas, pássaros, borboletas, golfinhos, esfinges, ramagens, flores, laços, gregas, finos arabescos, fitas e plumas, encontrando-se enquadradas por molduras de estuque ornamentadas com motivos florais e cabeças de "putti". A cobertura dispõe também de estuques ornamentais, mas apresenta, ao centro, uma pintura alegórica, alusiva à construção e dedicação da Basílica. Na sanca, existem medalhões com alegorias à Justiça, Temperança e Fortaleza. Uma falsa parede esconde pequeno lanço de escadas que dá acesso a uma capela, lugar de culto das freiras durante a construção da Basílica, com silhares de azulejo monocromo, com cercaduras policromas, e retábulo com embutidos pintados, com nicho central comportando tela alusiva ao Sagrado Coração de Jesus e remate em frontão. Tecto com estuque e painel com a representação do mesmo. Contígua a esta, a CAPELA da RAINHA, de planta quadrada, coberta por abóbada de aresta, dominada por painal pintado com anjos e cartelas de estuque centradas por plumas. ANTIGA SALA do PRESÉPIO de planta rectangular; silhar de azulejos de composição figurativa, policromia (guarnição que enquadra a composição central) e monocromia, azul cobalto em fundo branco (composição central), representando passos da vida de Cristo: Anunciação, Visitação, Adoração dos Magos, Apresentação no Templo, Circuncisão e Fuga para o Egipto; apainelados marmoreados e estuque, com cobertura em espelho, decorada com estuque com motivos fitomórficos e concheados, tendo o pavimento de embutidos de madeira, compondo elementos geométricos e flores estilizadas. SALA da RODA decorada com o "Êxtase de Santa Teresa", rodeado de estuques relevados, sobre fundo branco e esponjado a amarelo, com folhas de água, folhas de louro, laçarias, vasos floridos, acantos em ramadas e drapeados. Na parede fronteira ao acesso à sala, mantém-se a estrutura da roda. SALA do TORREÃO N. encontra-se redimensionada, em dois andares, tendo, no primeiro, cobertura em espelho com pintura mural decorativa, ao nível da sanca, figurando paisagens campestres, em medalhões ovais emoldurados por composição de flores, folhagens e penas de pavão; entre os medalhões, pássaros e vasos de flores dos quais pendem ramagens de folhagem; nos ângulos da sanca composição de penas de pavão, acantos e cabeças de anjinhos; silhares de 6 azulejos de altura, de composição ornamental e figurativa, em policromia ( guarnição que enquadra a composição central ) e monocromia, azul cobalto em fundo branco ( composição central ), representando cenas de género variadas: caçadas, paisagens, pescadores. O segundo andar, com acesso por escadas com silhar com 4 azulejos de altura, de composição ornamental, policromos ( azul, amarelo, manganês ), representando ramos de flores, tendo o mesmo tipo de cobertura, com sanca em estuque com acantos em quadrilóbulos, centrados por rosetas, tendo, nos cantos, rosetas e leques de plumas e, no espelho, a "Morte de Santa Teresa"; nas paredes, silhar de 3 azulejos de altura, de composição ornamental com policromia ( azul, amarelo, manganês ). CAPELA do SENHOR dos PASSOS, de planta rectangular, coberta com abóbada de lunetas; painéis de azulejos de composição ornamental, policromos, representando açafates de flores; 1 painel de azulejo de composição figurativa, policromo, recortado, representando Santo Elias recebendo o pão; 1 painel de azulejo de composição figurativa, policromo, recortado, representando Nossa Senhora do Carmo; tecto pintado sobre estuque, em tons cinzento azulado e rosa, tendo cartelas, a central com a representação do "Pentecostes", rodeado pelas Virtudes, envoltos por decoração fitomórfica ( folhas de água, plumas, ramos de loureiro), fitas enlaçadas e grinaldas; retábulo de madeira pintada a imitar embrechados de mármore, rematado por frontão triangular assente em duas colunas de embutidos de mármore com falsa espira e com capitel compósito. O espaldar tem a representação da "Devoção do Sagrado Coração de Jesus", rodeado por anjos de madeira dourada. A estrutura está ladeada por dois nichos rematados por frontão triangular, comportando dois anjos, o do Evangelho com o sudário de Verónica e o da Epístola com o Santo Sudário. Em frente a esta estrutura, surge uma tribuna e, sob esta, a figura de Santa Teresa envolvendo com o manto todos os carmelitas; na sub-tribuna, telas pintadas com motivos fitomórficos, pássaros e anjinhos envoltos em gregas a ladear a porta de acesso ao transepto. Vários painéis alusivos à vida de São Jerónimo. Esta capela liga à de NOSSA SENHORA do CARMO, de planta quadrada, ostentando retábulo de talha dourada e policroma, com três eixos, o central proeminente, divididos por colunas e pilastras com motivos fitomórficos, o central com frontão triangular interrompido, com glórias de anjos nos ângulos inferiores e delta luminoso no superior, surgindo, nos laterais, emblema. Nos nichos, imaginária de madeira estofada, representando, no central, a titular da capela e, nos laterais, protegidos por vidraça, São Paulo e São João da Cruz. Ara de altar em forma de urna, decorada com torso de louro dependurado. Alçados com silhares de azulejo e sobre estes pinturas murais de marmoreados em apainelados a cor amarela com molduras a cor vermelha. Cobertura em abóbada de lunetas decorada com estuques relevados e com pinturas murais com painel central, oval, figurando a "Transfixação de Santa Teresa", e nos topos medalhões circulares com anjinhos; nas lunetas pinturas murais de marmoreados, idêntica às dos alçados. CAPELA FUNERÁRIA N.º 3 possui um painel de madeira relevado, com anjos que sustentam um escudo real. No centro das quadras dos claustros, uma fonte em cantaria, com vasca quadrangular de faces côncavas, com bicas ornamentadas por mascarões e nas alas claustrais silhares de azulejo com cartela central com motivo simbólico, aos quais se adossa bailéu. Entre os dois andares dos claustros, surge um avental de cantaria decorado com motivos ovais em relevo.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro feminino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Política e administrativa: sede de fundação / Saúde: hospital

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: José da Costa e Silva (1789); Luigi Chiari (1789); Mateus Vicente de Oliveira (1777-1786); Reinaldo Manuel dos Santos (1779). CABOUQUEIRO: Patrício Luís (1779). CANTEIRO: Cipriano Francisco (1779); CARPINTEIRO: José António Monteiro (1779). ENTALHADORES: António Ângelo (1791); José Abreu do Ó (1790). ESCULTORES: Alexandre Gomes (1784); Faustino José Rodrigues (1789); João José Elveni (1784); Joaquim Machado de Castro (1783-1784, 1785); José Joaquim Leitão (1874); José Patrício (1874); FERREIRO: Mateus António da Costa (1786-1788). FUNDIDOR: José Domingos da Costa (1786-1788). ORGANEIRO: António Xavier Machado e Cerveira (1789, 1791). OURIVES: Luís José de Almeida (1790). PEDREIRO: Ana Maria Josefa (1784); Eleutério Manuel de Barros (1791); Manuel da Silva Gaião (1779). PINTORES: Cirilo Volkmar Machado (1791); Eleutério Manuel de Barros (1790); Felice Batoni (1785); Luciano dos Santos (1947); Maria Francisca Benedita (1784); Pedro Alexandrino Carvalho (1780-1789, atr., 1791); Pompeo Batoni (1781-1785).

Cronologia

1760, 06 Junho - voto da princesa herdeira, D. Maria, no dia do seu casamento com o infante D. Pedro, da fundação de convento de religiosas Carmelitas Descalças, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, no caso de vir a ter filho varão; 1761, 21 Agosto - nascimento do príncipe D. José, que viria a falecer em 1788; 1765 - o Papa Clemente XIII aprovou o culto ao Sagrado Coração de Jesus; 1777 - D. Maria I sobe ao trono; escolha do casal da Estrela, propriedade da Casa do Infantado, como local para a futura construção, sendo o arquitecto Mateus Vicente de Oliveira (1710-1786) encarregado do projecto pela rainha; 1778 - Mateus Vicente executa o primeiro projecto do conjunto; 16 Fevereiro - iniciam-se as obras de abertura para as fundações; 1779 - início das construções; D. Henrique de Meneses, marquês do Louriçal, contacta Pompeo Batoni (1708-1787) para a feitura da tela do altar-mor; 31 Julho - aprovação da planta pela rainha, com o assentimento do seu confessor, o arcebispo de Tessalónica; Agosto - feitura de telheiros para as obras no local da cerca e poço do Convento de Nossa Senhora da Estrela, apesar dos protestos do abade; 24 Outubro - lançamento da primeira pedra e cunhagem de medalha comemorativa, com uma representação do projecto, ficando a orientação da obra a cargo do Arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos *5, sendo o estaleiro dirigido pela Inspecção das Obras Públicas sob a fiscalização de Anselmo José da Cruz Sobral; trabalham na obra, o carpinteiro José António Monteiro, o pedreiro Manuel da Silva Gaião e o canteiro Cipriano Francisco; 1780 - 1789 - pintura do Santíssimo Coração de Jesus no tecto da Capela da Casa Paroquial, por Pedro Alexandrino, que também pinta o teto da Capela de Nossa Senhora do Carmo e do Senhor dos Passos, teto da Sala da Rainha, teto da sacristia e teto da Casa do Órgão; pintura da alegoria à Igreja na sacristia, hoje Sala do Presépio, atribuível a Pedro Alexandrino de Carvalho ou Cyrillo Volkmar Machado; 1780, 02 Fevereiro - Pompeu Batoni aceita o preço de 3000 escudos (pedira 6000 escudos) pela pintura do painel; 1781 - a zona conventual encontra-se concluída e entrada das religiosas no convento; o culto celebra-se no local do futuro coro-baixo; alteração doprojecto da fachada da igreja; chegada da tela para o retábulo-mor; compra de vários materiais para o palacete da rainha; Fevereiro - doação perpétua do convento e igreja à comunidade de carmelitas, referindo que casa religiosa teria que dar 200$000 para o enxoval e 100$000 de esmola; 01 Junho - licença para a benção do mosteiro e capela interna; 1782 - chega a Lisboa a tela para a capela-mor; correspondência com o pintor para a feitura das telas para as capela laterais; Maio - a Corte comunica ao pintor a encomenda de uma Última Ceia, de São Tomás e da Ceia em Emaús, por 8000 cruzados; 1783 - realização do presépio por Joaquim Machado de Castro (1731-1822) e respectiva escola, com cerca de 500 figuras; Julho - está concluída a pintura da Ceia em Emaús; 1784 - feitura das esculturas de Santo Elias e Santa Teresa por Alexandre Gomes e João José Elveni; feitura das esculturas de São João da Cruz, Santa Maria Madalena de Pazzi por José Joaquim Leitão e José Patrício; feitura de um baixo-relevo por Machado de Castro e das esculturas da Fé, por Alexandre Gomes e João José Elveni e da Devoção, Gratridão e Liberalidade por José Joaquim Leitão e José Joaquim Patrício; feitura de uma Virgem por Alexandre Gomes e João José Elveni; pintura da tela de Nossa Senhora da Lapa pelas princesas D. Maria Francisca Benedita e D. Ana Maria Josefa; 27 Julho - sujeitas a aptreciação régia os esboços para as telas Sonho de São José, São Francisco e Santo António, por Pompeo Batoni, que custaria 1.920$000; Agosto - chegam a Lisboa, as telas da Última Ceia, São Tomás e Aparição de Santa Teresa à rainha D. Maria I; todos os quadros para a igreja são expostos numa sala das dependências conventuais; Setembro - é ajustado com Pompeo Batoni a pintura da Visão de São João Evangelista; 1785 - pintura das telas para a igreja, onde interveém Felice Batoni; feitura da escultura de Santo Elias por Joaquim Machado de Castro; 1786 - falecimento de Mateus Vicente ficando a obra a cargo de Reinaldo Manuel dos Santos, procedendo-se a algumas alterações, com o alteamento da cúpula e das torres laterais, alteraçãodo perfil do frontão da fachada; Julho - chegada das pinturas a Lisboa; 1786 -1788 - José Domingos da Costa inicia a feitura de oito sinos e mais três para o relógio, importando 16.756$800; ferragens dos sinos feitas por Mateus António da Costa; 1789 - execução do órgão do coro-alto por António Xavier Machado e Cerveira (1756-1828), numerado como o seu 23º instrumento, pela quantia de 3.600$000; 1789, 15 Novembro - sagração da Basílica, cerimónias que duraram cinco dias, a primeira a ser consagrada com o título de Sagrado Coração de Jesus; feitura do túmulo de Frei Inácio de São Caetano, desenhado por Machado de Castro e executado pelo arquitecto José da Costa e Silva; feitura do túmulo da rainha D. Maria I por Faustino José Rodrigues, onde interveio Luigi Chiari; 1790 - execução do Candeeiro das Trevas e do guarda-vento, pelo entalhador José Abreu do Ó; Eleutério Manuel de Barros pinta Elias deitando a capa a Eliseu, Santa Ana ensina a Virgem a ler e Ceia em Emaús, no transepto; António Ângelo é o entalhador dos confessionários e modelos para o ourives; 1790, Janeiro - Frei Inácio de São Caetano é sepultado no seu túmulo; pagamento de 13.167$685 ao ourives Luís José de Almeida pelas alfaias; 1790-1791 - compra de casas para demolição a Joaquim José dos Reis, Jerónimo Freire Gameiro e António da Costa Freire, na zona da Basílica; 1791 - execução do órgão actualmente no transepto, por António Xavier Machado e Cerveira, numerado como 32º instrumento; pintura das telas da tribuna, Sala da Rainha, Locutório e da Capela do Senhor dos Passos , atribuíveis a Pedro Alexandrino de Carvalho; pintura dos painéis alusivos a São Jerónimo, da Capela do Senhor dos Passos, tecto da Sala do Presépio e Doutores da Igreja da capela-mor por Cirilo Volkmar Machado; 1794 - Bula de Pio VI legitima o culto ao Sagrado Coração de Jesus; 1819, 12 Maio - pedido para remoção do presépio da sala para que foi concebido; 1834 - o coro-baixo é transformado na Capela do Senhor dos Passos; 1885 - no coro-alto, existia um retábulo de talha dourada e duas esculturas de madeira, representando São José e a Virgem; 1885 - as dependências conventuais são entregues à Fazenda Nacional, para instalação dos Serviços Geodésicos, depois Instituto Geográfico e Cadastral e, ultimamente, (1996) Instituto de Cartografia e Cadastro que, em 1997, abandona estas instalações, continuando a ocupar alguns espaços do convento; 1891 - estuda-se a hipótese de mudança do presépio para a instalação dos Serviços Geodésicos; 1917 - novo pedido para a remoção do presépio, que viria a ocorrer, com a sua deposição numa das sacristias; 1947 - transferência do baptistério para o actual local; feitura do painel pelo pintor Luciano dos Santos; 1951 - remoção do presépio para a sua localização actual, na sacristia do lado da Epístola; 1953 - colocação de um quadro a óleo no Baptistério, da autoria de Luciano dos Santos, por oferta do prior; 1998 - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura mista / Paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria mista rebocada e pintada e de cantaria de calcário lioz, azul de Sintra, encarnadão de Negrais, amarela de Lousa - Salemas, preto de Cascais), mármore; cantaria de Vila Verde (utilizada nos restauros do séc. 20); guardas, guarda-vento, portas de madeira de castanho; retábulos de madeira pintada e dourada; caixas de órgão de madeira; madeira de palmeiro do Brasil; grades em ferro forjado; telas pintadas; tectos com estuque artístico pintado e escaiola; presépio em terracota pintada; azulejo.

Bibliografia

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Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRML, DGEMN/DSARH, DGEMN/DSEP, DGEMN/DREL/DEM/DRC/DIE; AHMOP, Desenhos nº 8 A e R 11 C; DGARQ/TT: Ministério do Reino (cx. 5272)

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREL, DGEMN/DRML, DGEMN/GSRP; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRML, DGEMN/DSARH; ATContas: Erário Régio (Obra do Real Convento e Igreja do Santíssimo Coração de Jesus no Sítio da Estrella, 682 / 3); DGARQ/TT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças: Documentos de Despeza do Thezoureiro, Ministério dos Negócios Estrangeiros: Embaixada de Portugal (cx. 4 e 5); Biblioteca da Ajuda; Intituto José de Figueiredo; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra; ARQ. da Embaixada de Portugal no Vaticano: Secção Continente (cx. 66, M. 2); ARQ. da Secretaria da Academia Nacional de Belas-Artes: Ministério do Reino (L. 243), Comissão dos Monumentos Nacionais (L. 245), Conselho de Arte e Arqueologia (L. 117)

Intervenção Realizada

Serviços Geodésicos: séc. 19 / 20 - adaptação de várias salas às novas funções; DGEMN: 1921 - intervenção nos portões e ombreiras dos vãos da fachada principal; 1923 - abertura de uma porta da sacristia para o exterior; substituição de impostas e ombreiras da frontaria; 1924 - reparação dos sinos; 1925 - reparação nos telhados e num sino; 1928 - reparação das cantarias dos terraços, conserto de duas estátuas do frontispício; 1933 - limpeza e refechamento de juntas no terraço junto ao zimbório; reparação do pára-raios; colocação de grades no vestíbulo da torre E.; gradeamento do terreno da fachada nascente; colocação de caixilhos nas tribunas e cruzeiro; 1934 - reparação de beirais e elementos de descarga pluvial; reparação das fachadas e empenas; 1935 - conserto do relógio; restauro da cimalha do cruzeiro; 1937 - transfer~encia de 1 altar (coro) para a Capela das Caldas de Monchique ( v. 0809030006 );1938 - picagem e substituição de rebocos; abertura de arcos na torre E.; 1940 - restauro da Tribuna do Órgão e do instrumento; reparação dos telhados e abóbada das naves; 1941 - ornamentação da Sala do Coro; reparação dos telhados da sacristia; 1942 / 1943 - intervenção no órgão por João Sampaio; mudança de três altares da nave para a Capela dos Passos; demolição de tabiques e respectivos azulejos; 1944 / 1945 - redimensionamento e criação de infraestruturas na residência do pároco; reconstrução das coberturas da antecâmara da tribuna; restauro da Tribuna Real e respectivos acessos; restauro do órgão pela Casa Sampaio; 1946 - instalação eléctrica e de som; reconstrução da cobertura da escada do coro; reparação da tribuna e parte do zimbório; 1947 - restauro das pinturas por Abel Moura; intervenção nos portões e guarda-ventos da galilé; transferência do baptistério; feitura dos bancos da basílica; douragem da porta da Capela do Senhor dos Passos; 1948 - feitura de altar e conservação do pavimento do baptistério; intervenção na cobertura da sacristia; reparação do túmulo da rainha; 1949 - reparação na instalação eléctrica e som; restauro do retábulo-mor; intervenção no acesso à residência do prior; 1951 - arranjo das coberturas e caixilharias; mudança do presépio; 1954 - substituição de telhas e impermeabilização de juntas; 1955 - reparação do pavimento da Capela do Senhor dos Passos; 1957 - reparação do pára-raios e instalação eléctrica; redimensionamento do corredor paralelo à nave; 1959 - reparação do telhado e impermeabilização de juntas; acesso à cobertura da Tribuna; arranjo da canalização da sacristia; 1960 - reparação da instalação eléctrica; 1961 - substituição do pára-raios; 1962 - restauro do pavimento da igreja; refechamento e impermeabilização das juntas do terraço; transferência do túmulo da rainha; 1963 - conserto dos portões da galilé; intervenção na Tribuna do Órgão ( Evangelho ) e no pavimento da nave; reparação das coberturas; restauro da tela "A Dúvida de São Tomé"; reparação do Grande Órgão por João Sampaio; 1965 / 1966 / 1968 - intervenção na instalação eléctrica; 1968 - deslocação da ara do altar; 1969 - pintura das guardas do zimbório e lanternim; refechamento de juntas do terraço e substituição de cantarias; beneficiação na instalação eléctrica; 1970 - intervenção na instalação eléctrica; 1972 - cobertura com telha portuguesa; colocação de portas na torre E.; execução de rebocos na fachada lateral esquerda; 1974 - beneficiação das instalações eléctrica e de som; reboco da sacristia e fachada lateral esquerda, sendo substituído o telhado da primeira; conserto dos portões da fachada; reparação do telhado da escada do coro e sala anexa à tribuna; entaipado um vão de janela sobre a sacristia; 1978 - iluminação do presépio; 1979 - intervenção no órgão positivo, por João Sampaio e Filhos; reparação da instalação eléctrica; substituição de telhas na sacristia e sala anexa à Tribuna da Rainha; restauro das telas, no Instituto José de Figueiredo; 1980 - reparação da instalação de som; preenchimento de juntas nos terraços; reparação do pára-raios; substituição de caixilhos e parte do forro da Tribuna da Rainha; conserto dos sinos; 1982 - reparação da instalação eléctrica; 1986 - trabalhos de consolidação e conservação; 1988 - beneficiação dos relógios das torres; 1989 - intervenção na Tribuna do Órgão; 1996 / 1997 / 1998 - recuperação das coberturas exteriores; recuperação de fachadas e caixilharias; impermeabilização das coberturas; 1998 - intervenção no estuque e pintura da Tribuna do Órgão e remoção deste para o transepto; 1999 / 2000 / 2001/ 2002 - limpeza da fachada e consolidação das coberturas; conservação e restauro do tecto da Sala do Presépio; reparação das fachadas, de caixilharias e serralharias; criação de novas infraestruturas; recuperação do claustro, com remoção dos anexos; beneficiação da Sala da Catequese e ante-câmara da sacristia; restauro do pavimento e cobertura da capela funerária n.º 3; beneficiação da instalação eléctrica; nova rede de águas; remodelação das instalações da Fundação PRO-DIGNITATE; Paróquia: 2001 - obras de restauro nas celas do claustro S.; DGEMN: 2003 - conclusão da beneficiação da fachada do convento virada à Avenida Infante Santo; 2003 / 2004 - restauro dos sinos e cabeçalhos; feitura de um novo sino para completar o carrilhão; iluminação do presépio com fibra óptica e restauro das suas figuras pelo Instituto Português de Conservação e Restauro; 2003 / 2004 / 2005 - projecto e execução das acessibilidades; projecto de remodelação das coberturas; 2004 - reparação do carrilhão da torre Nascente; 2005 - reparação do carrilhão da torre Poente; 2005 / 2006 - restauro das talhas, estuques e pinturas decorativas da Capela de Nossa Senhora do Carmo; restauro de uma das capelas funerárias.

Observações

*1 - DOF: ... e os túmulos de D. Maria I e do seu confessor. *2 - não existiam no primeiro plano de Mateus Vicente, que, num segundo projecto, optou pela colocação de torres sineiras, que exigiram o reforço da parede da frontaria; *3 - confessor da rainha e bispo de Tessalónica; *4 - constituíam os primitivos coro-baixo e antecoro. *5 - este arquitecto foi o autor de algumas alterações ao projecto inicial de Mateus Vicente, após a morte deste, nomeadamente o aumento da capela-mor e do transepto, com forma arredondada no exterior, alargamento da nave, redução do número de capela de 8 para 6, frontão da fachada principal mudou de contracurvado para triangular, alteamento da cúpula e colocação de esculturas sobre as colunas da fachada. *6 - existe uma edição deste album, de 1630, na Biblioteca Nacional de Lisboa.

Autor e Data

Paula Noé 1990 / Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 / Isabel Mendonça, Joana Fonseca, Paula Correia, Paula Figueiredo e Rosário Gordalina 2001

Actualização

Júlio Grilo 2005
 
 
 
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