Quinta e Paço de Lanheses
| IPA.00010062 |
Portugal, Viana do Castelo, Viana do Castelo, Lanheses |
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Casa nobre tardo-barroca, de planta em L, composto por dois corpos, articulados, desiguais, de dois pisos, com capela adossada no topo do corpo maior. Fachada principal marcada por dois corpos laterais, simétricos, ritmados por pilastras, enquadrando um outro recuado, com escadaria nobre, frontal, e varanda alpendrada, sustentada por colunas toscanas, de secção circular, e prismáticas, cantonais, sobre pedestais prismáticos, sendo rematada, no eixo, por frontão com pedra de armas. Capela terminada em frontão triangular, com portal de verga recta encimada por nicho e óculo polilobado, ladeado por dois eixos laterais, de janela e cartela, tendo no interior retábulo rococó. Solar da 2ª metade do séc. 18, caracterizado pela sobriedade das linhas, neo-paladianas, e simetria dos corpos, com fenestração regular, no 1º piso de verga recta e arco de volta perfeita alternados, com um corpo central recuado, e tendo acesso ao 2º piso por escadaria desenvolvida exteriormente, de um braço. O corpo principal do Paço forma, em eixo, um pequeno U e os corpos laterais, que enquadram a escadaria, exibem dois fontanários de boa execução, com remate superior semicircular, concheado, com torneira inscrita em carranca, sobre pia rectangular, suportada por pedestal recortado. O solar, com amplo terreiro fronteiro, é fechado por alto muro, deixando, no entanto, no lado exterior a capela, que parece ter sido construída anteriormente, já que possui estrutura completamente autónoma. O muro apresenta, no seu extremo direito, um crucifixo pétreo, denotando uma execução de sabor popular, típica da arquitectura religiosa barroca do Alto Minho. O portão da entrada do terreiro está sobrepujado por escudo esquartelado, com as armas dos Abreus, Castros e dos Pereiras, e o brasão da varanda da entrada principal insere pedra de armas dos Castros e Pereiras. A sala de jantar possui portas com fechaduras com interessantes espelhos metálicos e, encastrados nas paredes, armários com portas com embutidos e ferragens douradas, tendo "conversadeiras" nas janelas. Os tectos em masseira de algumas divisões estão pintados de branco, com orlas e moldura central pintados a castanho ou a verde. A Sala da Capela, a partir da qual se acede ao coro-alto, e com a qual também comunica por intermédio de uma tribuna de crivos, possui um nicho, de parapeito saliente, com remate em arco abatido, assente em pilastras rematadas por pináculos, sendo encimado por cruz sobre acrotério, albergando imagem em pedra. O retábulo rococó segue as normas pombalinas, do pós-terramoto. |
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Número IPA Antigo: PT011609150126 |
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Registo visualizado 2671 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre
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Descrição
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Planta em L, composta por dois corpos, articulados, desiguais, com capela adossada no topo do corpo maior, tendo muro de acesso ao terreiro de permeio. Volumes articulados e escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas. Fachadas de dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, percorridas por friso e cornija, com pilastras nos cunhais. Fachada principal virada a N., com dois corpos laterais, simétricos, enquadrando pano recuado, com escadaria nobre, frontal, de lanço único, com parapeito de pedra de arranque em dupla voluta, entre dois arcos de volta perfeita, no piso térreo, e varanda alpendrada no segundo *1; esta é sustentada por oito colunas toscanas, de secção circular, e prismáticas, cantonais, sobre pedestais prismáticos, sendo rematada, no eixo, por urnas enquadrando frontão de volutas interrompido por pedra de armas, com paquife e coronel. Corpos laterais de três panos marcados por pilastras, com fenestração desigual, em janelas rectangulares e vão em arco de volta perfeita no 1º piso e janelas de peitoril com caixilharia de guilhotina no 2º. Fachada do corpo menor voltada a O., ao terreiro, com pilastras definindo três panos, o central com porta em arco de volta perfeita encimada por janela rectangular, e os laterais com porta de verga recta encimada por duas janelas, também rectangulares, de guilhotina. Fachada posterior, onde é visível a articulação dos diferentes corpos, rasgada, no piso térreo, por porta de verga recta e quatro janelas rectangulares, jacentes, com chanfros, e no 2º piso por janelas rectangulares, de moldura chanfrada, e por óculo polilobado, tendo, também, chaminé ao nível do beiral. No extremo O. possui escadaria pétrea, de lanço único, de acesso a varanda com parapeito de pedra, com duas portas de verga recta. A fachada O. possui, no 1º piso, dois portões rectangulares, intercalados por duas janelas jacentes, e, no 2º piso, por quatro janelas rectangulares de guilhotina entre duas janelas de sacada, com óculo quadrilobado no eixo. CAPELA no extremo do corpo maior, de planta longitudinal, simples, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por cornija, com pilastras nos cunhais, coroadas por pináculos e cruz sobre esfera e acrotério, no remate da empena. Fachada principal voltada a N., terminada em frontão triangular, rasgada por portal de verga recta, encimado por cornija recta que serve de base a nicho de abóbada concheada, em arco de volta perfeita sobre pilastras, com aletas, desnuda *2. Sobrepuja-o óculo de moldura recortada, inserindo-se na cornija do frontão. Ladeia o portal duas janelas rectangulares e superiormente duas cartelas, com ornatos fitomórficos, inscritas. Fachadas laterais, semelhantes, rasgadas por janela rectangular, e fachada posterior cega. INTERIOR dividido em duas alas,a direita reservada a zona de turísmo e a esquerda a zona de residência. Todo o interior é rebocado e pintado de branco e de pavimentos soalhados, abrindo-se, a partir da entrada principal, sala de armas à qual se sucedem salas com tectos de madeira, em masseira, estando ligadas a corredor que estabelece a distribuição aos outros compartimento, com tectos de "saia e camisa", em madeira, organizado em salas, quartos, cozinha e casas de banho. A capela possui interior de espaço único, com paramentos rebocados e pintados de branco, pavimento em lajes graníticas e tecto em falsa abóbada de berço em estuque, sobre cornija, ostentando, centralmente, cartela pintada com o brasão dos Almadas. Coro-alto assente em arco abatido, sobre mísulas, com balaustrada entalhada e pintada em tons azúis e castanhos, marmoreados. Sub-coro com escada, em ferro, de caracol, do lado do Evangelho, e pia de água benta, gomada, e confessionário em vão rectangular, rasgado na espessura da parede, do lado da Epístola. Lateralmente, púlpito de base rectangular, sobre mísula pétrea, decorada com enrolados, com balaustrada entalhada e pintada em tons azúis e castanhos, marmoreados, do lado do Evangelho, e, do lado da Epístola, tela, de grandes dimensões, pintada com cena da Sagrada Família e porta de verga recta, de acesso à sacristia, encimada por tribuna de ligação à casa, com crivos. Capela-mor marcada ao nível do pavimento, com supedâneo acedido por um degrau, com arco de volta perfeita assente em pilastras, integrando retábulo, de planta rectangular e um eixo, em talha policroma de marmoreados fingidos de tons azuis, com tribuna central de perfil curvo, envolvido por friso terminado em volutas interrompidas por querubim, encimado por cornija angular, e orelhas recortadas; banco com apainelados e altar em forma de urna, decorado com concheados e acantos. |
Acessos
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Lanheses, Lugar da Feira; Largo Capitão Gaspar Castro |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria nº 740-FD/2012, DR, 2.ª série, n.º 252, de 31 dezembro 2012 |
Enquadramento
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Peri-urbano, isolado, integração harmónica na periferia de Lanheses, ladeando a EN. Viana do Castelo - Ponte de Lima, inserido em quinta cerrada por muro pétreo, dispondo-se o Paço e propriedade em plataforma do vale do Rio Lima. Entrada da propriedade, a partir do Largo da Feira, cerrada por muro de alvenaria de granito, com capeamento em cantaria, rasgado por portão de ferro forjado, enquadrado por pilastras encimadas por fogaréus; acede a extensa alameda ladeada por parque coberto com árvores de grande porte e com jardins de buxo, no qual se integra, bordejando o seu trecho inicial, o Pelourinho de Lanheses (v. PT011609150010). A frontaria do Paço está aberto para amplo terreiro, rectangular, com acesso principal por portão ameado e armoriado. Possui, a O., conjunto de anexos de vocação agrícola, organizados em torno de um pátio central. Na parte posterior, desenvolve-se jardim com pequeno labirinto de buxos e tanque. |
Descrição Complementar
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Entrada monumental inserida em muro ameado, vazado por janelas gradeadas, com portal central, em arco de volta perfeita estruturado por pilastras coroadas por pináculos, que enquadram frontão recortado, com cornija de moldura definida por volutas, tendo ao centro pedra de armas, de coronel e paquife. Pano da entrada principal do solar reentrante, enquadrada por dois vãos de arco de volta perfeita, no piso térreo dos corpos laterais, acedendo a pequeno átrio que, por portas de verga recta, conduz às lojas. A varanda da frontaria, de pavimento lajeado e com tecto, tipo "gamela", em caixotões de madeira, é rasgada por óculos polilobados e portas de verga recta de acesso ao interior. A cozinha, de pavimento lajeado e com tecto de madeira, com caibros sustentados em consolas pétreas, possui chaminé de amplo saco, tendo armários rasgados na espessura da parede. A cave do edifício alberga as lojas, de paramentos em alvenaria de granito e rebocados e com pavimentos cimentados e revestidos com mosaico cerâmico, estando algumas subdivididas por paredes rasgadas por arcos em cantaria, de grande amplitude de vão. A fachada da capela ostenta duas cartelas, estando a da esquerda inscrita com: "LOU/VADO. SE/IA. O. SANTI/SSIMO. SA/CRAMEN/TO" e a da direita com: "O. MA/RIA. CONC/EBIDA. SEM / PECCADO R/0GAI POR / NOS". |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Comercial e turística: casa de turismo de habitação |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 15, finais / séc. 16, inícios - fundação da Casa do Paço por João de Ricalde; 1580 - aqui esteve D. António, Prior do Crato; séc. 17, finais / 18, 1ª metade - provável construção da capela; séc. 18, 2ª metade - remodelação do edifício; séc. 19 - por morte de D. Sebastião de Abreu Pereira Cirne Peixoto, casado em 1818 com D. Maria José Lencastre César e Meneses, herda o solar D. Maria Francisca de Abreu Pereira Cirne Peixoto que casou com o 2º conde de Almada, em cuja família continuou; morrendo D. Miguel Vaz de Almada sem descendentes, o solar transitou para a posse dos seus sobrinhos; posteriormente passou para D. Luís Francisco de Almada, filho do 5º conde de Almada, D. Lourenço de Jesus Maria José Vaz de Almada; 1940, década - abertura dos óculos e da porta de acesso à galeria da fachada principal, demolição de algumas paredes do 1º piso para alargamento de compartimentos, ampliação da varanda da fachada anterior e construção da Sala da Capela; posteriormente Luís Francisco Almada, 6º conde de Almada e 18º conde de Avranches, deu andamento às obras para turismo de habitação influenciado pelo filho mais velho, Lourenço; 1993, 09 julho - despacho de abertura do processo de classificação da quinta e paço de Lanheses; 1997 - abertura do Paço ao Turismo de Habitação; 2005, 12 setembro - proposta de definição de Zona Especial de Proteção da DRPorto; 2008, 23 abril - parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR, I.P. a propor a classificação como Imóvel de Interesse Público e a definição de Zona Especial de Proteção; 2012, 21 maio - Anúncio n.º 11074/2012, DR, 2.ª série, n.º 98, do projeto de decisão relativo à classificação como Monumento de Interesse Público da quinta e paço de Lanheses e à fixação da respetiva Zona Especial de Proteção. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante. |
Materiais
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Estrutura em cantaria, com paramentos rebocados e pintados, com vãos e cunhais em cantaria, cobertura em madeira telhada, cobertura interior em madeira, portas e janelas de madeira, pavimentos soalhados e em mosaico cerâmico, portões e gradeamentos em ferro forjado, escadas pétreas; capela em alvenaria de granito, rebocada e caiada, cobertura de madeira telhada, cobertura interior estucada, pavimento lajeado, portas em madeira, retábulo e imagens em madeira. |
Bibliografia
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ALMEIDA, José António Ferreira de (org.), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 313; AZEREDO, Francisco de, Casas Senhoriais Portugueses, Braga, 1978; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, Lisboa, 1988, p. 151; AFONSO, Marília, Prazeres do Minho - A arte de bem receber em cinco casas de família, in Casas de Portugal, n.º 27 - Agosto / Setembro, Lisboa, 2001. |
Documentação Gráfica
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DGEMN: DSID |
Documentação Fotográfica
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DGEMN: DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Proprietário: 1980, década - obras de adaptação a Turismo de Habitação; a casa foi dividida em duas alas, com construção de pequena cozinha na ala dedicada ao turismo; restauro do conjunto dos edifícios que compõem a Casa. |
Observações
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*1 -O seu primeiro proprietário foi João Martins Ricalde, fidalgo basco do séc. 16. A quinta e a casa chegaram à família Almada, oriunda de Lisboa, por casamento de Maria Francisca de Abreu Pereira Cyrne Peixoto - filha única do primeiro senhor da vila de Lanheses - com Antão de Almada, 2º conde de Almada e 14º conde de Avranches *2 - A galeria possuía, primitivamente, pavimento soalhado, e o seu parapeito pétreo, pela forma de encaixe nos pedestais das colunas, deverá constituir uma reformulação de uma anterior solução. *3 - A edícula da frontaria da capela albergava uma imagem, em pedra, de São Sebastião que foi roubada. |
Autor e Data
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Paulo Amaral 2001 |
Actualização
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