Solar de Água de Peixes / Paço de Águas de Peixe / Palácio dos Duques de Cadaval
| IPA.00004335 |
Portugal, Beja, Alvito, Alvito |
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Casa nobre gótica, manuelina, maneirista, na qual os portais ogivais, assim como outros vestígios pontuais das campanhas quatrocentistas, atestam o perdurar do estilo do gótico tardio. A linguagem predominante no imóvel e que o caracteriza, porém, é a do manuelino, de marcada influência mudéjar, bem patente na planimetria, nas coberturas, pormenores decorativos e no sistema das fenestrações, com paralelos bem evidentes no Castelo de Alvito (v. PT040203010001), no Paço de D. Manuel, em Évora (v. PT040705210022) e no Solar da Sempre Noiva (v. PT040705020024). Da etapa maneirista são a varanda, com as suas portas de vergas rectas, e o tanque do pátio. Documenta a transição das formas estilísticas do gótico e do mudéjar para o manuelino no quadro da arquitectura civil meridional. |
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Número IPA Antigo: PT040203010032 |
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Registo visualizado 3979 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
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Descrição
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Planta quadrangular composta, na qual se inscreve o pátio central, também de planta quadrangular, envolvido por galerias, tendo no sector norte um pátio calcetado com um tanque. No ângulo sudoeste existe a capela. Cobertura diferenciada em telhados de quatro águas. Acesso ao pátio por arco ogival de cantaria, com obreiras chanfradas, encimado por brasão de armas dos duques de Cadaval em azulejo, e tendo no ângulo nordeste um relógio de sol quadrangular. À esquerda de quem entra, adossa-se a escada, de lanços em L, de acesso ao piso nobre. Alpendre assente em arco de volta perfeita, com cobertura com estrutura de madeira apoiada em três colunelos de cantaria e travejamento de três esteiras; portal em cantaria, de verga reta, emoldurado por arco polilobado, apoiado em mísulas e coroado, ao centro, pelas armas dos duques de Cadaval. Fachada principal orientada a nordeste, de um só pano, delimitado superiormente por cimalha e beirado, com dois pisos; ao nível do piso inferior, rasgam-se arco ogival com moldura de cantaria e três pequenos vãos engradados; ao nível do piso superior, rasgam-se sucessivamente, no canto noroeste, uma janela geminada em cantaria, com arcos de ferradura ultrapassados, assentes em colunelos, e grade em ferro; ajimez com arcos ultrapassados em tijoleira assentes em colunelos de cantaria; janela com duplo arco ultrapassado em tijoleira assente em colunelos de cantaria; e porta de acesso a varanda, com verga curva enquadrada por arco polilobado. Fachada lateral esquerda, tendo no piso inferior uma porta de verga ladeada por óculo, de acesso a corredor com abóbada de cruzaria de ogivas, sobre a qual se apoia a varanda com gradeamento em ferro. Abrem para a varanda duas portas com molduras de cantaria adintelada. |
Acessos
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Herdade de Água de Peixes, a 6 km.a nordeste de Alvito |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 |
Enquadramento
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Rural, destaque, isolado, em planície, antecedido por vasto terreiro. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Residencial: casa |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 12 / 15 / 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 13 - a documentação refere no oocal a existência de uma quinta com pomar, vinha, azenha e casas de morada; Séc. 13 / 14 - pertencia a Vasco Martins de São Nicolau; posteriormente vendida por este a Judas Navarro; 1306 - Judas Navarro vende a quinta a D. Dinis; 1313 - D. Pedro Afonso, Conde de Barcelos e filho bastardo de D. Dinis, é possuidor das terras de Água de Peixes; 1315 - D. Dinis faz mercê da quinta a sua sobrinha D. Isabel, filha do Infante D. Afonso; 1363 - D. Pedro I doa a quinta a Vasco Martins Melo; séc. 15, finais - inícios da reconstrução; 1500 - a propriedade passa a domínio da família Cadaval, tendo passado por várias gerações; Séc. 16, inícios - empreitadas fundamentais de reconstrução após; séc. 16, meados - ampliação; séc. 17 - azulejos da frontaria, varanda, tanque; 2004, 08 dezembro - morre Maria do Carmo Villar de Figueiredo Cabral da Camara Emo Capodilista, viúva do Conde Enrico Emo Capo di Lista, proprietária da herdade que transita, por herança, para a posse das suas filhas. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Paredes de alvenaria de pedra e cal; arquivoltas dos ajimez de ladrilho. |
Bibliografia
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AAVV - Arquitectura Popular em Portugal. Lisboa: Sindicato Nacional dos Arquitectos, 1961; CARITA, Helder e CARDOSO, António Homem - Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal ou da Originalidade e Desaires desta Arte. Lisboa: Litografia Tejo, 1987; DIAS, Pedro - "Arquitectura Mudéjar Portuguesa: Tentativa de sistematização". Mare Liberum, dez. 1994, n.º 8: ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Beja. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1992, vol. 1; VALÉRIO, António João - Arte e História no Concelho de Alvito. Guia para uma Visita. Alvito: Câmara Municipal do Álvito, 1994. |
Documentação Gráfica
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Universidade de Évora |
Documentação Fotográfica
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DGPC: Arquivo do Forte de Sacavém/SIPA/ ex-DGEMN/DSID; Universidade de Évora |
Documentação Administrativa
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IRN: Conservatória do Registo Predial de Alvito |
Intervenção Realizada
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Propietários: Séc. 20 - obras de conservação e adaptação. |
Observações
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Incluído no Plano de Acção para as Terras da Baronia de Alvito, CMA, 1999. |
Autor e Data
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José Falcão e Ricardo Pereira 1996 |
Actualização
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Paula Tereno 2019 |
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