Capela do Santo Cristo da Caldeira / Santuário do Santo Cristo da Caldeira
| IPA.00034259 |
Portugal, Ilha de São Jorge (Açores), Calheta de São Jorge, Ribeira Seca |
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Capela oitocentista, implantada numa fajã de magnífico enquadramento paisagístico, entre as montanhas escarpadas, cobertas de flora e plantas típicas da floresta da Laurisilva, e uma lagoa ou caldeira de águas quentes e o oceano. A capela, de linhas sóbrias, foi ampliada em 1876, prolongando-se a capela-mor, que tem rasgada, no lado do Evangelho, uma tribuna com balcão facetado, aberta nessa mesma centúria ou já no séc. 20. É de planta retangular composta por nave e capela-mor, interiormente com iluminação axial e bilateral e coberturas de madeira, em masseira. Fachada principal harmónica, terminada em empena em cortina volutada, e rasgada por portal e janela retilíneos, estando a torre direira inconcluída. A torre sineira tem dois registos, o segundo rasgado por sineira em arco sobre pilastras e remate em balaustrada. No interior a nave possui coro-alto de madeira e duas capelas retabulares com retábulos de talha pintada, de finais de oitocentos, com influência barroca. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras e, na capela-mor, retábulo-mor também de finais de oitocentos, de corpo reto e três eixos, tendo influências maneiristas e barrocas. A imagem do Santo Cristo só surgiu na capela em data posterior à sua construção, pois inicialmente ali foi colocado um Crucifixo e, depois, um painel pintado com o Ecce Homo. O albergue dos peregrinos foi construído na primeira metade do séc. 20, e tem planta retangular simples, com fachada principal comprida e rasgada por portas e janelas retilíneas, em ritmo alternado. |
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Número IPA Antigo: PT071902040011 |
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Registo visualizado 78 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
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Descrição
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Planta retangular composta por nave e capela-mor, da mesma altura, tendo adossado de ambos os lados torre sineira quadrangular, à fachada lateral esquerda corpo retangular, disposto transversalmente, e à lateral direita anexo retangular. Volumes articulados com coberturas em telhados de duas águas na capela e no corpo da fachada lateral esquerda, de uma no corpo da fachada oposta, rematadas em beirada simples, e em terraço na torre esquerda. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal apresentando três panos, definidos por pilastras de cantaria, com as juntas tomadas e pintadas de branco, à exceção da exterior direita. O pano central termina em empena em cortina, com remate volutado e cornija central, coroada por cruz latina de cantaria, de braços quadrados com chanfro, pintada de branco; é rasgado por portal de verga reta e janela retangular, ambos com molduras simples e juntas tomadas e pintadas de branco. Os panos laterais correspondem às torres sineiras, a direita incompleta e terminada em cornija, e a esquerda de dois registos, o inferior cego e o superior rasgado, em cada uma das faces, por sineira em arco de volta perfeita, sobre pilastras, com as juntas igualmente pintadas de branco, albergando sino frontalmente e na fachada esquerda; possui remate em dupla cornija e friso intermédio com losangos, e balaustrada com acrotérios nos cunhais, coroados por pináculos tipo pinha. A torre tem acesso posterior, por escada de cantaria, formando curva e com guarda em madeira. Fachadas laterais terminadas em cornija de betão, a lateral esquerda possuindo na nave pequeno ressalto e sendo rasgada por porta travessa de verga reta, de moldura simples, e janela retangular sem moldura. No corpo adossado, de dois pisos, abrem-se porta de verga reta e janela superior, sem moldura; e, lateralmente, janela retangular central, também sem moldura, ao nível do piso térreo. Na fachada lateral direita, o corpo adossado, também de dois pisos, é rasgado por porta e janela de peitoril sobrepostos, retilíneos e moldurados; na capela-mor abre-se janela na zona do retábulo. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em madeira envernizada e cobertura de masseira, em madeira, assente sobre travejamento. A nave apresenta coro-alto de madeira e duas capelas laterais com estruturas retabulares em talha pintada a azul, branco, vermelho e dourado. Arco triunfal de volta perfeita, com fecho saliente, pintado a marmoreado fingido a verde, decorado com flor, sobre pilastras toscanas, com capitéis igualmente pintados a marmoreados fingidos a verde. Capela-mor profunda abrindo-se no lado do Evangelho tribuna de vão retilíneo, de ligação a sala lateral, com balcão avançado, de perfil recortado, assente em duas mísulas e com guarda em balaústres planos; inferiormente possui porta de acesso ao corpo adossado, sem moldura. Sobre supedâneo de dois degraus, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada a azul, branco, vermelho e dourado, de planta reta e três eixos, definidos por quatro colunas de inspiração coríntia, sobre mísulas ornadas de parras e sustentando entablamento, com friso decorado por motivos vegetalistas e florões; ático recortado, com aletas laterais e cartela central, contendo o monograma IHS, envolvida por elementos vegetalistas e volutados; no eixo central abre-se nicho sobrelevado, em arco de volta perfeita, com boca rendilhada, interiormente pintado de azul, percorrido por friso de acantos e albergando imaginária; nos eixos laterais surgem painéis definidos por friso vegetalista, enquadrando mísula central, sustentando imaginária, e baldaquino com drapeados a abrir em boca da cena e coroados por motivo vegetalista. Sotobanco pintado a bege e castanho com apainelados almofadados. Sobre a banqueta surge sacrário tipo templete, frontalmente com largas pilastras decoradas por querubins, enquadrando porta ornada com motivos vegetalistas e espigas, e com cobertura em domo, gomeada. Altar paralelepipédico, com frontal marcando sanefa e seccionado em três painéis, pintados de branco. ALBERGUE DOS PEREGRINOS de planta retangular, de massa simples e cobertura em telhado de uma água, rematada em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria e cunhais também de cantaria, mas com as juntas tomadas e pintadas de branco. A fachada principal, comprida, é rasgada regularmente por vãos retilíneos, correspondendo a duas portas e três janelas, em ritmo alternado, com as juntas das molduras pintadas de branco e as janelas com caixilharia de guilhotina. Na fachada lateral direita abre-se portal de verga reta de moldura simples, com as juntas pintadas de branco. |
Acessos
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Fajã do Santo Cristo, acedida a pé, a partir da Serra do Topo (EN. ao km 7,5, indicado por placa) ao lado de pastagens e pelo lugar da Caldeira de Cima (cerca de 60 minutos); ou através do Caminho que passa pelas Fajã dos Cubres, do Bel e dos Tijolos (6 km, cerca de 1 hora a partir da Fajã dos Cubres). WGS84 (graus décimais) lat.: 38,625303; long.: -27,927010 |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Marítimo, isolado, na vertente N. da ilha, numa zona plana entre altas montanhas escarpadas, cobertas de arvoredo, e a Caldeira do Santo Cristo e o mar, um dos locais mais recônditos da ilha, entre a Fajã dos Tijolos e a Fajã Redonda, mas de extraordinário enquadramento paisagístico. A capela implanta-se bordejando a chamada Caldeira do Santo Cristo, lagoa de águas quentes e muito procurada por turistas, enquanto outros preferem o mar para praticarem bodyboard e surf. A capela ergue-se numa plataforma artificial retangular, sobrelevada ao terreno envolvente e ao caminho de acesso, formando adro, pavimentado a lajes de cantaria; o adro tem muro, rebocado e pintado de branco e capeado a cantaria, sendo frontalmente interrompido e possuindo na fachada lateral esquerda, junto ao ângulo frontal, escada de acesso, com dois lanços opostos. Adossado ao muro do adro, ao longo de quase toda a fachada lateral esquerda, desenvolve-se, numa cota inferior, o albergue dos peregrinos. Junto à capela ergue-se Império do Espírito Santo. A cerca da meia encosta no acesso à capela, existe a cascata da Fajã de Santo Cristo e, entre os limites da Fajã do Santo Cristo e a Fajã dos Tijolos, existe uma gruta designada de Furna do Poio, a que estão ligadas várias lendas e tradições. |
Descrição Complementar
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As capelas laterais, revestidas a talha pintada a azul, branco, vermelho e dourado, têm arco de volta perfeita sobre pilastras almofadadas e com fecho relevado; a do lado do Evangelho possui nicho central, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, com fecho saliente, de boca rendilhada, interiormente pintado de azul e albergando imaginária sobre mísula; o nicho é ladeado por duas mísulas e baldaquinos. A capela da Epístola integra estrutura retabular de planta reta e um eixo, definido por duas pilastras almofadadas, que se prolongam no ático numa arquivolta, sobreposta por cartela, com monograma AM, e envolvida por motivos vegetalistas; ao centro, abre-se nicho de arco em asa de cesto, interiormente pintado de azul e albergando imaginária sobre mísula escalonada. Altares semelhantes, tipo urna, pintados a bege, vermelho e dourado, com frontal ornado por cartela central entre vários elementos. |
Utilização Inicial
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Religiosa: capela |
Utilização Actual
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Religiosa: santuário |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1832 - o alferes José Sebastião de Azevedo, avô paterno do padre João Teixeira de Freitas, juntamente com Manuel António de Mendonça, Ana Silveira e outros moradores da Fajã, requerem ao Cabido, na ausência do bispo D. Fr. Estêvão de Jesus Maria, retido em Portugal devido à conjuntura política, licença para ereção de uma ermida dedicada ao Senhor Santo Cristo, alegando ter o lugar 80 fogos e ficar muito distante da Igreja Paroquial *1; Aniceto José oferece o terreno para a construção da capela e do cemitério e o capitão Manuel Veríssimo da Silveira, morador do Norte Grande, por escritura nas notas do tabelião José Maria d'Oliveira, doa a quantia de 6$000 para conservação e ornato da ermida, imposta em certa propriedade; neste mesmo ano dá-se o início da construção da capela; de Angra trouxe o alferes José Sebastião de Azevedo a primitiva imagem, um Crucifixo, vindo da mesma cidade o primitivo retábulo da capela, em várias partes; 1835, 10 novembro - benção da ermida de Santo Cristo e do cemitério, pelo ouvidor padre Filipe de Sousa Teixeira; pouco depois, o Crucifixo é substituído por um painel a óleo, oferecido pelo mesmo alferes e que havia pertencido ao capitão Raulino da Terra Brum da Silveira, falecido em 1822 *2; 1837, 22 abril - solicita-se ao governador do bispado licença para coroações do Espírito Santo; 1839, 2 setembro - data da primeira eleição pelo povo da comissão administrativa da capela, composta por cinco membros; 1850, até - o padre do lugar, José Borges de Azevedo, manda fazer, por aterro, o caminho de ligação entre a Fajã dos Tijolos e a Fajã da Caldeira, mandando inscrever na rocha a data e as iniciais do seu nome; séc. 19 - a capela com a imagem do Santo Cristo rapidamente se transforma num local de culto onde iam devotos de toda a ilha; 1858 - aquisição de um sino pela população, mandado vir de Lisboa; 1872 - 1901 - o padre João Teixeira de Freitas manda fazer uma estrada entre a Caldeira e as pastagens do centro da ilha podendo, a partir daí, fazer-se o caminho a cavalo e não apenas a pé; 1876 - ampliação da capela sob a direção do padre João Teixeira de Freitas; 1891 - a fajã tinha 111 habitantes; 1902, cerca - segundo José Candido da Silveira Avellar, apesar de concorrer à festa do Santo Cristo povo de toda a ilha, oferecendo avultadas esmolas em gado, cera e dinheiro, constituindo a festividade mais concorrida da ilha, a verdade é que "esta crença vai-se desvanecendo no povo, substituída pelo Senhor Bom Jesus de Iguape, que se venera na importante freguesia de S. Matheus, ao sul da ilha do Pico"; na Fajã da Caldeira a população era então de 70 a 80 fogos, a capelania era paga pelo povo e o cura capelão com o produto das Oblatas; segundo José Candido da Silveira Avellar, a dificuldade dos romeiros obterem abrigo para pernoitar, levara a comissão administrativa da capela a construir "um grande barracão junto à ermida"; 1918 - concessão do estatuto de Reitoria, podendo assim realizar-se na capela batismos e matrimónios; 1920, setembro - por ocasião da festa, as esmolas ascenderam à importante quantia de 10 contos; 1920, década - o reitor da capela recebia anualmente 2400 escudos, pagos pelo cofre da ermida; a lagoa, que outrora era completamente cerrada e maior, estava nesta data "notavelmente circunscrita comunicando já com o mar por duas bocas abertas no alpeirão"; 1980, 01 janeiro - terramoto causa desmoronamentos nos acessos à Fajã, isolando completamente a Caldeira de Santo Cristo, tendo os habitantes de ser retirados por helicóptero; 1984 - classificação da Fajã do Santo Cristo como Reversa Natural, pelo Governo Regional dos Açores, sobretudo devido à existência de amêijoas na lagoa; posteriormente foi classificada como Sítio de Importância Internacional, ao abrigo da Convenção de Ramsar (a Convenção sobre as Zonas Húmidas de Importância Internacional ou Convention on Wetlands of International Importance), relativa às Zonas Húmidas de Importância Internacional como Habitat de Aves Aquáticas, graças à sua lagoa; 1996, 12 abril - a capela é elevada a santuário por D. Aurélio Granada Escudeiro, sendo o primeiro reitor António das Matas dos Santos; séc. 21 - a Fajã tem apenas cerca de 10 habitantes permanentes. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; pilastras, cornijas, frisos e molduras dos vãos em cantaria basáltica aparente; cruz em cantaria pintada de branco; portas de madeira ou de alumínio (no albergue dos peregrinos); vidros simples; cornija de betão; pavimento e coberturas em madeira envernizada; coro-alto e guarda da tribuna em madeira envernizada; retábulos de talha pintada; cobertura de telha. |
Bibliografia
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AVELLAR, José Candido da Silveira - Ilha de S. Jorge (Açores). Apontamentos para a sua História. Horta: Typ. Minerva Insulana, 1902; BARARDO, Maria do Rosário - Santuários de Portugal. Caminhos de Fé. Lisboa: Paulinas Editora, 2015; CUNHA, Padre Manuel de Azevedo da - Notas Históricas. Estudos sobre o concelho da Calheta (S. Jorge). Ponta Delgada: Universidade dos Açores, 1981, vol. 1; DANIEL, Luís, MARTINS, Manuel F. - S. Jorge, Açores, Guia do Património Cultural. Edição Atlantic View - Actividades Turísticas, Lda: 1ª edição, 2003; FURTADO-BRUM, Ângela - Açores, Lendas e outras Histórias. Ponta Delgada: Ribeiro & Caravana Editores, Comunicação Global, Ldª, 1999. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal: Paulinas |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Séc. 21 - obras de restauro da capela. |
Observações
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Segundo a lenda, há muito tempo atrás, era costume as pessoas das várias freguesias de São Jorge irem às fajãs com os seus gados para pastarem, ali permanecendo parte do ano, ou simplesmente para pescar e apanhar lapas e amêijoas. Certa vez, um homem veio até à caldeira, por um atalho difícil e apertado, ficando com as pernas a tremer. Mas, quando se sentou a descansar antes de ir pescar, a vista que dali desfrutava depressa o fez sentir descansado. Quando vagueava com o olhar pela lagoa, deparou-se com um objeto que lhe parecia ser uma imagem do Senhor Santo Cristo. Levantou-se logo e pegou na imagem que, apesar de estar metida na água, não estava apodrecida. Quando voltou para casa ia tão satisfeito que a difícil subida não lhe custou nada. Puseram então o Santo Cristo no melhor quarto da casa, mas, na manhã seguinte, para desgosto e espanto de todos, a imagem havia desaparecido. Depois de o procurarem por toda a casa e de já terem dado as buscas por terminadas, encontraram-no novamente, dias depois, na mesma fajã e no local onde tinha sido inicialmente encontrado. A imagem foi levada várias vezes para o povoado fora da rocha mas, durante a noite, voltava sempre a desaparecer, até que alguém disse: "O Santo Cristo quer estar lá em baixo na fajã à beira da caldeira, pois que assim seja". O povo juntou-se e decidiu construir uma ermida, no outro lado da lagoa mas, quando tentaram levar para lá a pedra, não conseguiram. O lugar era ali, perto de onde o Santo Cristo tinha aparecido. Depois de muito trabalho e sacrifício, a ermida ficou concluída e lá foi colocada a imagem. Assim, a fajã passou a chamar-se de Caldeira do Santo Cristo e o povo, passado pouco tempo, começou a fazer uma festa ao santo. Conta-se ainda que o padre da aldeia que vivia fora da fajã e ali não desejava se deslocar para rezar a missa, resolveu um dia que havia de levar a imagem novamente para fora da fajã. Ao tentar pegar na imagem para a tirar do altar e levá-la, ficou com os pés colados ao chão, não se conseguindo mexer. Apesar do sacristão o ter tentado ajudar, também não conseguia dar passada. Quando, por fim, o padre decide manter a imagem no local, os seus pés e as pernas ficam novamente ágeis, convencendo-se que era ali que o Santo Cristo tinha de ficar para todo o sempre. *2 - Segundo Manuel de Azevedo da Cunha, o painel tinha a inscrição, em inglês: "Christ crowned with thorns" que, traduzido, significa "Cristo coroado de espinhos, 5 de julho de 1805". *3 - O caminho de acesso à capela faz parte dos percursos pedestres da ilha de São Jorge, sob a designação de PRC 1 SJO Caldeira de Santo Cristo, e atravessa uma área geográfica protegida, com grande riqueza de fauna e flora de plantas endémicas da Macaronésia, típica das Floresta da Laurisilva. |
Autor e Data
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Paula Noé 2013 (no âmbito da parceria IHRU / Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja) |
Actualização
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