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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem da Santíssima Trindade para a Redenção dos Cativos - Trinas
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Descrição
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Planta irregular, composta por 3 corpos adossados, a diferentes cotas. Coberturas diferenciadas em telhado de 2 e 3 águas. O gaveto formado pelas fachada E. e S., é em forma de ângulo agudo. Fachadas simples de acentuada horizontalidade com vários pisos (2, 3 e 4 ), dependendo do declive da rua. A E., acompanhando o declive é rasgada, ao nível do piso térreo, por 2 portais emoldurados a cantaria encimados por frontão triangular interrompido. O tipo de fenestração é idêntico em todas as fachadas: janelas de peito simples de vão rectangular, emolduradas a cantaria. Algumas das janelas são de pequena dimensão. O portal do lado superior da rua, é coroado por um baixo-relevo, o outro, tem os pés-direitos e entablamento decorados por motivos em forma de pirâmide, sendo coroado por uma inscrição. A entrada principal faz-se pelo pórtico que tem a inscrição. O átrio é todo revestido a silhares de azulejos azul e branco. Este átrio dá acesso a um claustro com painéis de azulejo também azul e branco, um grande nicho com escultura, um poço e ao centro um pequeno lago. Na actual biblioteca, antiga cozinha-refeitório, as paredes e abóbadas, são revestidos a azulejo de fundo branco com os motivos em azul de faiança suave, com motivos geométricos, flores e frutos. Ainda nesta antiga cozinha se conserva uma grande chaminé com azulejos do mesmo tipo e 2 lavabos inseridos numa espécie de nicho. Uma escadaria de madeira que bifurca em 2 lances, com paredes também revestidas com lambris de azulejos, semelhantes aos do átrio, dão acesso ao antigo coro-alto com o mesmo tipo de decoração das escadarias. |
Acessos
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Rua das Trinas, nº 49; Rua Garcia de Horta, n.º 2 - 6. WGS84: 38º42'31.20''N., 9º09'27.25''O. (2010) |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 32 973, DG, 1.ª série, n.º 175 de 18 agosto 1943 / ZEP, Portaria nº 512/98, DR n.º 183 de 10 agosto 1998 *1 |
Enquadramento
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Urbano. Isolado. Edifício de gaveto, que acompanha o declive da Rua das Trinas e ocupa praticamente todo o quarteirão. Implantação harmónica. |
Descrição Complementar
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O portal que se abre no lado esquerdo, antiga entrada conventual, tem a seguinte inscrição. "GLORIA / TIBI / TRINITAS / INAETERNUM". O outro portal, antiga entrada da igreja, é coroado com a imagem de Nossa Senhora da Piedade. No interior e na possível antiga sacristia, hoje uma oficina, existe uma inscrição incisa em cantaria e embebida na parede: "ANTONIODEFREITAS / ESTABELECEO / NESTA IGREIAHVMAMISSA Q VOTIDIAN / NAPELLASVA ALMA E DESEVS PAIS E PARENTES / NOANNO DE 1766". "ANTONIODEFREITAS ESTABELECEO NES / TAIGREIA HUMAMISSA QVOTEDIANNA / PELLAS ALMAS DAS PESSOAS-COMQVEM / TEVENEGOCIO ERECEBEO BENEFICI / OS EPELLAS ALMAS DO FOGO DOPV / RGATORIO NOANNO DE 1766". |
Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Política e administrativa: instituto |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: João Ângelo Rodrigues Paciência (1987-1988); Mateus do Couto Sobrinho (atr., 1657). ESCULTOR: António Ferreira (séc. 18). MESTRES DE OBRAS: Caetano Jerónimo (1745); Jorge de Abreu (1745); Manuel António Feio (1745); Manuel Francisco de Sousa (1745). PINTOR: Lourenço da Cunha (séc. 18). |
Cronologia
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1649 - fundação de uma ermida rústica no sítio do Mocambo por Cornelio Vandali, flamengo, e pela sua mulher, Marta de Boz, onde possuíam casas; o espaço é doado pelo casal para a fundação dum mosteiro, a entregar à Ordem da Santíssima Trindade; 1657 - início das obras de construção do edifício, sendo possível sejam dirigidas por Mateus do Couto, Sobrinho; falecido Vandali, as religiosas pedem a D. Luísa de Gusmão intercessão para a fundação do mosteiro; 1660, 24 março - alvará de D. João IV, a autorizar a fundação do mosteiro; 29 outubro - bula papal a autorizar a fundação; 1661, 21 agosto - inauguração do convento, com a vinda das religiosas do Mosteiro do Calvário, sendo a capela-mor dedicada a Nossa Senhora da Piedade; 18 setembro - consagração da igreja; 1662 - doação de terrenos por D. Nuno Álvares Pereira, Duque do Cadaval; séc. 18 -recolhe ao cenóbio D. Maria Madalena de Távora, Condessa do Redondo, que nele mandou fazer casas e iniciou a reconstrução da igreja; pintura do teto da igreja por Lourenço da Cunha, desaparecido com o terramoto; a comunidade possui um presépio, executado provavelmente por António Ferreira, atualmente desmontado e disperso *1; 1708 - numa descrição do edifício, é referido que o rendimento do mosteiro cobre um quarto das necessidades anuais do mesmo, e por isso as obras têm sido parcas, estando a igreja por terminar, após a morte do Inquisidor do Conselho Geral, João da Costa Pimenta, que tinha iniciado a sua reconstrução; 1711, 31 janeiro - falecimento de D. Maria Madalena de Távora, sendo as casas desta nobre convertidas em dormitório; 1713 - conclusão das obras da igreja; 18 novembro - consagração do templo; possível feitura das Capelas do Bom Jesus e de Nossa Senhora dos Prazeres, financiadas pela Madre Úrsula dos Santos, sendo o douramento pago por José Ramos Silva, provedor da Casa da Moeda; feitura da Capela de São Ciro, pago pela Madre Catarina de São José; feitura da Capela de São João Baptista, paga pela Madre Mariana do Espírito Santo; 1745 - o edifício está inabitável e a comunidade pede um empréstimo à Coroa para a sua reconstrução; 08 março - lançamento da primeira pedra do novo mosteiro, com as obras levadas a cabo por Jorge de Abreu, Caetano Jerónimo, Manuel Francisco de Sousa e Manuel António Feio; 1748 - data provável da encomenda da tela para o retábulo-mor, a representar a "Coroação da Virgem", da autoria de André Gonçalves; as telas são encomendadas pelo patrono Salvador Franco Raínho; 1755, 01 novembro - os estragos provocados pelo terramoto obrigaram as freiras a refugiarem-se durante 10 dias na cerca e a abandonarem o edifício, indo para a casa de Francisco da Silva Lima; 1757 - regresso da comunidade ao mosteiro; 1758, 27 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco de Santos-o-Velho, Gonçalo Nobre da Silveira, é referido o mosteiro, como não tendo padroeiro; 1760 - conclusão das obras, conforme data epigrafada na porta da igreja; 1766 - António de Freitas doa ao mosteiro 4:000$000 com a obrigação de celebrar missas anuais por sufrágio; 1792, 21 julho - faz-se sepultar na Capela do Bom Jesus D. Joaquim de Mascarenhas, 4.º Conde de Coculim; 1794 - descrição da igreja por Frei Jerónimo de São José *3; 1823 - inventário do convento; 1833 - segundo Luís Gonzaga Pereira, tem quadros a óleo, talha, a Irmandade dos Escravos do Santíssimo e a imagem do Menino Jesus dos Atribulados; 1834 - extinção das Ordens Religiosas; 1859 - no mosteiro ainda vivem algumas monjas, sendo, no entanto, levado a cabo o inventário dos bens, sendo recenseadas 341 propriedades espalhadas pelo país; 1864, 06 outubro - o Ministro dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça, perante a existência de apenas quatro freiras, manda suprimir o mosteiro; 19 outubro - um funcionário recebe ordens para confiscar todos os bens; 1864, 06 outubro - extinção do mosteiro, apesar das monjas se manterem no local e existe uma forte luta pela posse do edifício, entre o Estado, o Patriarcado e a Casa do Cadaval, cujo antecessor doara terras às Trinas; 1878, 14 janeiro - morte da última monja e inventário dos bens; a venda do edifício é inviabilizada por se achar ocupado pelas Irmãs da Caridade, que mandam fazer, no teto da igreja a representação das armas franciscanas em estuque, que substitui a pintura original, financiada por Salvador Franco Raínho; 1910, 05 outubro - na sequência da instauração da República, as Irmãs da Caridade são intimadas a abandonar o edifício; 1912 - instala-se no local o Tribunal dos Conspiradores, que destrói parte do dormitório; instalação de um hospital para doentes com tifo; 26 fevereiro - instala-se em parte do edifício o Posto Antropométrico Central, futuro Arquivo de Identificação; março - o Tribunal dos Conspiradores é dissolvido e abandona o edifício; 09 maio - instalação no local da Federação Nacional das Associações de Socorros Mútuos; 25 junho - o escultor Júlio Vaz aluga alguns espaços para instalação do seu atelier; 23 novembro - o Museu Nacional de Arte Antiga solicita a remoção de várias peças para as suas instalações; dezembro - instalação no local da Escola Elementar de Comércio Ferreira Borges, a Escola Preparatória Rodrigues Sampaio, o Arquivo da Direção-Geral das Obras Públicas e Minas e uma arrecadação para a Direção-Geral das Obras Públicas do Distrito de Lisboa; 1913, 23 agosto - Museu Nacional de Arte Antiga elabora nova lista de bens a transportar para os seus acervos; 1917, 12 fevereiro - em plena I Guerra Mundial, o piso superior é ocupado pelo 1.ª Grupo de Companhias de Saúde; 1922 - o Exército retira do edifício; 1928 - as 20 telas do coro baixo são removidas para Tomar, entregues à União dos Amigos dos Monumentos da Ordem de Cristo, para o Seminário das Missões; 1931 - 1951 - à revelia da DGEMN ocorrem obras profundas para adaptação a arquivo geral das secretarias de estado, pelos Serviços de Construção e Conservação, dirigidas por Manuel dos Santos Estevens, que não seriam terminadas, ficando várias áreas em ruína; 1934 - cedência da igreja, coro baixo, sacristias e casa do sacristão ao Museu Nacional de Arte Antiga para instalação do Museu de Escultura Comparada; 1940 - estas dependências são devolvidas, pelo facto do Museu de Escultura nunca ter avançado; 1946 - duas telas do antigo coro baixo voltam ao Mosteiro; 1947 - abandona o local o Arquivo de Identificação; 1959 - envio das duas telas do coro baixo para o Palácio de Mafra; 1961 - instala-se no edifício o Instituto Hidrográfico; 1980, 20 março - Despacho do Secretário de Estado da Cultura que aprova o estabelecimento da Zona Especial de Proteção; 1987 - 1988 - ampliação do edifício pelo arquiteto João Ângelo Rodrigues Paciência. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Alvenaria, cantaria, madeira, vidro, azulejo e telhas. |
Bibliografia
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ATAÍDE, Maia, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, 3º Tomo, Lisboa, 1988; CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; MATOS, Alfredo e PORTUGAL, Fernando - Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa. Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1974; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959, 1º Volume, Lisboa, 1960; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; PEDREIRINHO, José Manuel - Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à atualidade. Porto: Edições Afrontamento, 1994; PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; SIMÕES, João Miguel - O Convento das Trinas do Mocambo, estudo histórico-artístico. Lisboa: Instituto Hidrográfico, 2004. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa, DGEMN/DSEP, DGEMN/DREL/DIE, DGEMN/DREL/DRC |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa; DGPE; DGARQ/TT: Arquivo das Congregações, Convento das Trinas, AHMF, Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - Zona Especial de Proteção Conjunta do Museu Nacional de Arte Antiga (v. PT031106370084) e edifícios classificados na zona envolvente. *2 - a Sagrada Família encontra-se no Museu de Aveiro; o Menino no Museu Nacional Machado de Castro; algumas figuras integram o acervo do Museu Arqueológico Nacional de Madrid. |
Autor e Data
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João Silva 1992 |
Actualização
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