Convento de Santo António dos Olivais / Igreja Paroquial de Santo António dos Olivais / Igreja de Santo António / Santuário de Santo António dos Olivais

IPA.00002790
Portugal, Coimbra, Coimbra, Santo António dos Olivais
 
Convento franciscano capucho construído no local da Ermida de Santo Antão, onde se instalou o Convento de Santo António dos Olivais, a primeira casa que os frades menores tiveram em Portugal. O convento foi sucessivamente reformado, restando do primitivo, o portal em arco apontado, de perfil gótico, totalmente reconstruído no séc. 18, É de planta retangular composta por igreja poligonal e zona regral desenvolvida no lado esquerdo. A igreja é de estrutura chã, com planta retangular composta por nave, antecedida por galilé, e capela-mor mais estreita, com coberturas interiores diferenciadas em falsas abóbadas, a da nave de lunetas e a capela-mor de berço, assentes em cornijas, iluminada por janelas retilíneas rasgadas na fachada lateral direita e pelos vãos da fachada principal. Fachada rematada em frontão triangular e é marcada pelo vão da galilé, em arco abatido, e pelo janelão do coro, ladeado por nichos com imaginária. Na galilé, portas de verga reta acedem a uma capela e à portaria, surgindo o portal axial em arco apontado. Torre sineira no lado esquerdo, com três registos e quatro ventanas de volta perfeita, assentes em impostas salientes. Interior com amplo coro-alto assente em mísulas, surgindo confessionários e púlpito no lado do Evangelho. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulos colaterais de talha barroca joanina. Capela-mor com retábulo de talha barroca joanina, de planta convexa e três eixos. O interior está revestido a azulejo figurativo, de molduras recortadas e representando cenas da vida do orago. Destacam-se os retábulos de talha joanina, revelando a profunda reforma do edifício no séc. 18, todos de planta convexa, destacando-se o mor com profusa decoração de fragmentos de frontão, anjos de vulto e acantos. A sacristia é ampla, composta por corpo com oratório adossado, possuindo revestimento azulejar, arcaz com espaldar de talha, integrando pinturas figurativas com episódios da vida do orago, e teto pintado. A antiga cela de Santo António terá sido transformada na Capela de Santo António, reconstruída no séc. 19, em esquema neogótico, destacando-se a altura, o portal em arco apontado e o revestimento azulejar, hispano-mourisco. O convento desenvolvia-se em torno de claustro quadrangular com dois pisos, tendo, no lado oposto à igreja, vestígios dos antigos refeitório, ucharia, cozinha, casa da farinha, adega e casa do alambique. No segundo piso, situavam-se os dormitórios e livraria, surgindo, na cerca, várias capelas e oficinas. No séc. 18, foi transformado em santuário, com a construção de escadório, antecedido por pórtico, possuindo capelas com a Via Sacra. Possui duas capelas, a da Conceição, alpendrada e com azulejo figurativo azul e branco e a do Presépio, com algumas particularidades, como a representação de um soldado envergando armas quinhentistas, baseadas em gravuras. O sino setecentista apresenta marca do fabricante e letras dentro de quadrados como se fossem letras tipográficas.
Número IPA Antigo: PT020603180030
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Província da Soledade)

Descrição

Conjunto envolvido por muro, que delimitava a antiga cerca, que se prolonga para E. e NE. em encosta de socalcos. Dentro deste limite, surge, ainda, uma fonte com tanque e vestígios de algumas capelinhas e grutas. A igreja está situada num terreiro, sobre plataforma artificial, com bancos revestidos de azulejos de padrão, e contrafortado exteriormente, tendo acesos por pórtico, junto ao qual surge uma capelinha, e escadaria que acompanha a pendente da encosta, ladeado por seis capelas. IGREJA de planta retangular composta por nave, antecedida por galilé, e capela-mor, a que se adossam anexos, formando a sacristia articulada transversalmente a S. da cabeceira, de planta em L e o corpo do lavabo; por trás do altar-mor um corredor retangular com escada em caracol dá passagem, a S., à sacristia e, do lado oposto, ao Cartório, retangular, que se liga a O. à Capela de Santo António e ao corredor longitudinal da Catequese. De volumes articulados e coberturas em uma e duas águas, sendo em coruchéu na torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por socos de cantaria, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos, e rematadas em cornijas. Fachada principal virada a O., rematando em frontão recortado, interrompido por plinto com cruz latina no vértice. É rasgado por amplo vão em asa de cesto, protegido por grades, encimado por janelão em arco abatido e moldura recortada, ladeado por dois nichos de volta perfeita, ornados por aletas e rematados por cornijas, contendo as imagens de barro de Santo António e São Francisco. A galilé tem as paredes revestidas com silharesde azulejos de figura avulsa, com teto pintado com emblemática franciscana e pavimento em lajeado. Acede ao portal da igreja, em arco quebrado e ladeado por duas lápides com inscrições alusivas a Santo António. Lateralmente, duas portas de volta perfeita e encimadas por inscrições, fechados por portões de ferro forjado, decorados com medalhões hagiográficos, correspondendo, no lado esquerdo a um escritório, a antiga portaria, e à direita a Capela de Nossa Senhora das Dores. No lado esquerdo e levemente recuada, a torre sineira com três registos separados por frisos e cornijas, o primeiro com janela de volta perfeita, o segundo com o mostrador do relógio e, no topo, as ventanas de volta perfeita; casa face encontra-se rematada por pequeno frontão triangular. Fachada lateral esquerda marcada pelo corpo do corredor da Catequese com dois pisos, o primeiro rasgado por porta de verga reta e três janelas, surgindo, no segundo, quatro janelas em arco abatido. Integra a Capela de Santo António. Fachada lateral direita marcada, no nártex pelo pano correspondente à Capela de Nossa Senhora das Dores apenas com um óculo cego e uma fresta retangular. O corpo da nave é marcado por cinco contrafortes entre os quais se abrem duas janelas, uma em arco abatido e outra retangular, sendo o da capela-mor vazado por janela em arco abatido. O corpo da sacristia está marcado por contrafortes intercalados por janelas transversais de moldura curvilínea recortada, sendo o do lavabo rasgado por janela retangular na face O., e um óculo na face S.. Fachada posterior com o pano da capela da sacristia ligeiramente recuado e antecedido de muro gradeado, vazado por janela retangular; o pano da sacristia, à face do muro, a que se encostam três bancos com espaldar de azulejos de padrão, é rasgado por três janelas jacentes e molduras recortadas e por uma porta de verga reta. INTERIOR com as paredes da nave rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejos figurativos azuis e brancos, superiormente recortados, representando cenas da vida de Santo António, interrompidos, no lado do Evangelho, pelos ralos dos confessionário, tendo cobertura em falsa abóbada de lunetas rebocada e pintada de branco; pavimento em lajeado. As janelas e portas encontram-se encimadas por sanefas de talha dourada, formada por pequeno friso e lambrequins. Coro-alto assente em arco abatido sobre mísulas, com guarda balaustrada de madeira, possuindo pequeno cadeiral. No lado do Evangelho, púlpito retangular, com bacia em cantaria, assente em mísula e guarda balaustrada de madeira, com acesso por porta de verga reta e moldura simples. No lado oposto, pia batismal em cantaria, composta por coluna com nó na base envolto por cordão e por taça octogonal profusamente decorada com elementos vegetalistas, com arcos policêntricos esculpidos em forma de troncos podados delimitados por colunelos torsos a envolver bustos em relevo de tratamento clássico sobre cruzes da Ordem de Cristo. Confrontantes, dois meios arcos rasgados na caixa murária, para permitir a introdução dos retábulos colaterais. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fustes almofadados e com fecho saliente, ladeado por duas capelas colaterais, dedicadas a Santo António (Evangelho) e São José (Epístola). Capela-mor com as paredes revestidas com azulejos de padrão azul e branco, organizado em dois registos separados por barra e friso de motivos ornamentais vegetalistas, tendo cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, possuindo medalhão central com a representação pintada da "Assunção da Virgem". Retábulo-mor em talha dourada, de planta convexa e três eixos definidos por quatro colunas salomónicas assentes em consolas e encimadas por fragmentos de frontão. Ao centro, tribuna de perfil contracurvo, integrando tela a representar Nossa Senhora da Conceição. Os eixos laterais possuem mísulas, encimadas por baldaquinos, tendo na base as portas de acesso à tribuna. A estrutura remata em fragmentos de frontão, acantos e anjos de vulto, acompanhando o perfil da cobertura. Altar paralelpipédico. Sacristia com as paredes revestidas com pintura mural ornamental e silhar de azulejos figurativos de temática antoniana, tendo cobertura em abóbada de lunetas pintada com volutas vegetalistas centradas por brasão, apoiada em mísulas em forma de consola; pavimento lajeado. Possui arcaz de madeira, encimado por espaldar formado por molduras de talha dourada a enquadrar pinturas com episódios da vida de Santo António. Um arco de volta perfeita, encimado por frontão de concheados e decorado com grinaldas, ladeado por dois nichos, acede ao oratório, com silhares de azulejos figurativos antonianos e cobertura em abóbada de aresta com pintura perspetivada de querubins, florões e grutescos. Possui um altar, encimado por tela representando Santo António. Na base do terreiro, surge a CAPELA DO CRUZEIRO, com o interior revestido a azulejo e contendo um cruzeiro. Ao recinto acede-se por um PÓRTICO composto por três arcos de volta perfeita assentes em pilastras toscanas e ladeado por aletas, rematando em friso e cornija e espaldar recortado, seccionado por pilastras encimadas por pináculos piramidais, tendo, ao centro, um nicho com a imagem de Santo António, encimado por cruz latina sobre plinto e bola. Este liga ao ESCADÓRIO de seis lanços intercalados por patamares, tendo a meio um arco pleno transversal e três capelas de cada lado, as duas últimas já no adro a flanquear a igreja, representando cenas da Paixão: Cristo no Horto, Flagelação, Calvário, Paixão, Sudário de Verónica e Descida da Cruz. Estão identificadas por dístico em azulejo sobre os portais. A N. da Igreja, são visíveis restos de antigas estruturas do Claustro e das dependências conventuais localizadas no piso térreo do mesmo (refeitório, ucharia, cozinha, casa da farinha, adega e casa do alambique), pavimentados com tijoleira e junto à torre uma cripta quadrangular abobadada de aresta de perfil rebaixado sobre pequenas mísulas em bico de lápis, tendo ao centro uma mesa de altar, e coberta com tampa sepulcral truncada (falta o terço inferior onde estaria gravada inscrição) esculpida em meio relevo com brasão de armas. Do lado E. uma cisterna com boca quadrangular e interior abobadado de berço, surgindo, ainda, a Capela de Nossa Senhora da Conceição e a Capela do Presépio.

Acessos

Largo Padre Estrela Ferraz

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 45 327, DG, 1.ª série, n.º 251 de 25 outubro 1963 / ZEP, Portaria n.º614/2020, DR, 2.ª série, n.º 203 de 19 outubro 2020

Enquadramento

Peri-urbano, a NE. do centro da cidade, isolado e implantada no cimo de um outeiro, em plano altimétrico dominante, circundado por arruamentos e tendo cemitério numa cota baixa, situado a N.; a S. da Igreja, adossa-se outro cemitério. Dentro da antiga cerca, surge o amplo complexo do Centro Educativo dos Olivais (v. PT020603180165).

Descrição Complementar

Na GALILÉ, três lápides com inscrições, a da porta do lado esquerda gravada em dois silhares de pedra, sem moldura nem decoração, com os sulcos das letras pintados a preto, tendo de dimensões: 16x129 e letra: caligráfica minúscula librária: "Domus ab Antonio supra petram dominum posita perstabit. Quam maris elatio fluctus seu uox fluminum ultra non turbabit". No lado oposto, inscrição pintada, a preto, numa placa de madeira, sem moldura nem decoração, com letra: caligráfica librária: "Allerdite et uidate se est dolor siuut dolor meus". A ladear o portal axial, duas inscrições, a esquerda gravada numa lápide de calcário, sem moldura nem decoração e os sulcos das letras pintados a preto, com as dimensões: 61x93,5x2 e letra caligráfica librária: "In dei, atque Dei parae; Dei parae que simboli; Antonij cristi bajuli; Perennem in aeuum laudem Elogium ac publicus votum. In thotum seu anathema piorum consecratum Antonij lusitani et paduani domum paruutam patriarchae magni pauperum in lusitania primogenitam sub admodum r capituli conimbri auspiciis et tuteta erectam ac conservatam, quam sitam vix hic vides; non paruulam, sed maximam (vt solis tanti ortum, vt viri tanti vterum, vt sancti tanti cunam in ordine seraphico) in orbe toto credos. Haec aemula atque socia amplissimi monasterij Santa Cruz". No lado oposto, inscrição gravada numa lápide de calcário partida no canto inferior esquerdo e com uma fratura no terço inferior, sem moldura nem decoração, com sulcos das letras pintados a preto e as dimensões: 60,5x87,5x0,5 e letra: caligráfica librária: "Santa Crucis Conimbrii de magnitudine cum illa alumno super tanto concertat atque superat. Vere domus tanto lumine totius mundi lampas. Et tanto oleo nontam monasterio soliuetorum, quam oliuet, quo feruor semper ardet; qvo cristus semper orat; et brachijs eluctatur; pro animaque omnium assidue agonizatur. Viabr siste gradum. sacellum demirare sacrarium uenerare. et cellam sine caelum Antonij deosculare: quo uiuus caelum ebibas; et mortuus caelum teneas. F.A.S.G. iussu Min. Pro. F. Did. Lacobri inaduentan deuot inscrip. et appo. Anorum a cristi nat. 1656". PORTA DO CARTÓRIO em ferro forjada ornada por três medalhões, a representar Jesus Coroado de Espinhos, Santo António e Santa Berta (filha do artista), dois evangelistas e o nome do pároco, Padre Manuel Estrela (este em forma de estrela) Ferraz. CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS DORES com porta ornada por três medalhões, a representar Nossa Senhora das Dores, Santo Antão e o profeta Daniel, tendo dois Evangelistas e o nome do pároco Padre Manuel Estrela (este em forma de estrela) Ferraz. Possui o interior apainelado, com talha dourada. A CAPELA DE SANTO ANTÓNIO é quadrangular, tendo fachada principal em cantaria de calcário aparente, em aparelho isódomo, rematada em empena angular e delimitada por contrafortes diagonais de esbarro. É rasgada por portal em arco apontado de duas arquivoltas, a primeira lisa e a segunda sobre colunas com capitéis vegetalistas de colchete, flanqueado por duas frestas e encimado por óculo circular; as faces laterais são cegas rematadas em empenas retas, marcadas por gárgulas zoomórficas. INTERIOR com as paredes revestidas por silhares de azulejos de aresta *1, em composição geométrica recortada, com cobertura de madeira com asnas curvas e madre interrompida com terminais interrompidos esculpidos em forma de frade. Possui um retábulo de talha dourada e pintada *2. A NAVE tem as paredes revestidas até 3/4 de altura de azulejos de composição figurativa, recortados na parte superior, a azul e branco, tendo 43 azulejos na parte mais alta. O revestimento organiza-se em dois registos, ambos marcados por profusão de motivos ornamentais, simulando elementos arquitetónicos e vegetalistas. Na parte superior, dois anjos sustentam uma coroa da qual pendem volumosas cortinas, que abrem em boca de cena, mostrando os episódios da vida do Santo: no lado do Evangelho, "Santo António livrando o pai da forca"; "Santo António tomando o hábito"; "Milagre da mula" e, entre este último episódio e a capela-mor, o revestimento de azulejo simula uma janela. No lado da Epístola, "Santo António pregando aos peixes", "O milagre do corte do pé", "Encontro de Santo António e São Francisco" e "Morte de Santo António", surgindo, fronteiro ao púlpito, um púlpito fingido. RETÁBULOS COLATERAIS de talha dourada de planta convexa e um eixo definido por duas pilastras e dois quarteirões com atlantes, assente em plintos paralelepipédicos com as faces decoradas por acantos. Ao centro, nicho de perfil contracurvo e boca rendilhada, com o fundo pintado a imitar adamascados e contendo peanha galbada, ornada por acantos. A estrutura remata em entablamento, cornija e anjos de vulto, que central resplendor e glórias de querubins. SACRISTIA com azulejos de composição figurativa azul e branco, formando silhar, com 7 azulejos de altura, com episódios da vida de Santo António, representados em cinco cartelas: "Santo António e o menino rodeado de anjos", "Santo António pregando aos peixes", "Santo António pregando na igreja", "O milagre da mula". Possui arcaz de madeira com duas portas e nove gavetões, com o tampo decorado por embutidos de marfim, encimado por espaldar de talha dourada, seccionado por pilastras ornadas por enrolamentos entrelaçados e acantos, dano origem a apainelados com molduras decoradas por concheados, plumas, enrolamentos, querubins e contendo painéis pintados representando cenas da vida de Santo António, representando a "Morte de Santo António", "Santo António em capítulo", "Santo António a pregar", "Milagre de Santo António". NA SALA CATEQUESE existe um sino de bronze, tendo inscrição cinzelada ao redor do bordo inferior, com as dimensões com o cabeço: 73,4x176 e só a campânula 55x176. Letra de capital quadrada: "DOMINI FVGITE PARTES ADVRESAE ECCLESIE CRVCEM. JOSÉ. ANNO DE 1713. JESUS. MARIA". Tem a marca do fabricante, com inscrição cinzelada em relevo num pequeno escudo( 6x5), com letra capital quadrada: "EMANUEL FERREIRA GOMES FECIT(=Fez)". CAPELA DO CRUZEIRO de planta quadrangular e cobertura em coruchéu piramidal com telhas cerâmicas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com acesso por porta de verga reta e interior com cruzeiro. AS CAPELAS DO ESCADÓRIO são de planta quadrangular com cobertura exterior em coruchéus piramidais, telhados de quatro águas com telhas de cerâmica vidrada, a verde e mel. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rematadas em cornijas e com pináculos piramidais nos ângulos, sendo rasgadas por portas de verga reta e frestas laterais. No INTERIOR possuem grupos escultóricos em barro pintado. CRIPTA com pedra de armas, composto por escudo, com 2 cabras passantes uma sobre a outra; timbre: estrela de 8 pontas; ornatos exteriores: elmo e paquife, 1 flor-de-liz a encimar o escudo e 3 estrelas do timbre a circundá-lo *3. ANEXO de planta retangular, composto por dois corpos e cobertura homogénea de duas águas, possuindo três alpendres com coberturas de três águas. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, rasgadas por portas retilíneas. Sensivelmente ao centro, integra a CAPELA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO antecedida por alpendre assente em seis colunas toscanas, sobre plataforma com degraus, tendo a parede revestida de azulejos figurativos, azul e branco, representando a Anunciação e a Visitação. Remate em empena curvilínea com nicho central, igualmente revestido de azulejos, rematada por espaldar curvo, rematado por cornija e volutas integrando nicho de volta perfeita, assente em impostas salientes, revestido a azulejo azul e branco, com decoração fitomórfica e volutas. É rasgado por porta de verga reta e moldura simples, ladeado por bancos com rodapés de azulejos de aresta. No interior revestimento com azulejos de padrão e cobertura em falsa abóbada de tijolo. CAPELA DO PRESÉPIO retangular, com cobertura em telhado de duas águas, com fachadas rebocadas e pintadas de branco, a principal percorrida por silhares de azulejo de padrão a azul e branco. A estrutura remata em empena truncada por cruz, rasgada por porta em arco de volta perfeita, assente em pilastras. No lado esquerdo, lápide com a inscrição "ESTE PRESEPIO / FOI RESTAURADO PELA / COMISSÃO DE TURISMO / 1929". INTERIOR com um presépio completo num cenário campestre, composto por pequenas figuras de barro pintado, dimensionadas de acordo com a perspetiva, entre as quais a Sagrada Família, pastores, camponeses, soldados e anjos.

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Religiosa: santuário

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Coimbra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 16 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: António Augusto Gonçalves (séc. 19). CANTEIRO: João de Ruão (atr., séc. 16). ENTALHADOR: João Machado (séc. 18). FERREIRO: Manuel Rodrigues (1941). FUNDIDORES: José Argos (1807). Manuel Ferreira Gomes (1713). MESTRE-DE-OBRAS: Gaspar Fernandes (atr., 1537-1538). PINTOR: Pascoale Parente (1779). PINTOR DE AZULEJO: António Vital Rifarto (atr., séc. 18).

Cronologia

Séc. 12 - existência no local de uma capela dedicada a Santo Antão; 1209 - chegam à capela os Proto-mártires franciscanos Frei Otto, Frei Bernardo, Frei Pedro, Frei Acúrsio e Frei Adjuto; 1216 - após a celebração do Primeiro Capítulo Geral de Assis, São Francisco envia discípulos a diversas partes do mundo e, chegados alguns a Portugal (Frei Zacarias e Frei Gualter), acolhidos por ordem de D. Afonso II no sítio dos Olivais; 1217 - 1218 - Junto à Ermida constróiem-se algumas celas e oficinas de madeira para se instalarem os frades; 1220 - Fernando de Bulhões (Santo António), então religioso no Mosteiro de Santa Cruz, quis tomar o hábito franciscano, entrando no cenóbio como noviço, onde professou, mudando então o seu nome para António; 1232 - após a canonização de Santo António, o convento muda de orago, para Santo António; 1247 - os franciscanos deixam o lugar para se instalarem no Convento junto à ponte de Santa Clara, passando a Ermida à posse do Cabido da Sé; existência de grande devoção popular num espaço onde se acreditava ter sido a cela de Santo António; séc. 15, 2.ª metade - seguindo o desejo de alguns devotos de Santo António que se ocupasse novamente a casa onde aquele Santo professara, o Bispo D. João Galvão prometeu entregá-la aos franciscanos Observantes, para no local da Ermida ser construído um Convento, mas estes não aceitaram; séc. 16 - feitura de um cruzeiro atribuível a João de Ruão; execução da Capela alpendrada; 1503 - fundação da Província da Piedade, capuchos, os quais vêm a ocupar a nova casa; 1537 - 1538 - Início da construção do Convento, por iniciativa do bispo D. Álvaro da Costa, com igreja edificada no mesmo local da Ermida, doada pelo Cabido, com aproveitamento de algumas estruturas da mesma; no hipotético espaço da cela de Santo António faz-se a Sala do Capítulo; construção de um retábulo por Gaspar Fernandes; 1539 - 1540 - ocupação do Convento, de pequenas dimensões, pelos Capuchos, assistindo aí normalmente entre 18 a 25 frades, mas chegando a atingir o número de 30, entre professos, noviços, donatos e moços; a transmissão da posse faz-se com intervenção de D. João III, com dinheiro das Obras Pias, incluindo-se na mesma, por alvarás, o olival, a horta e doações feitas à casa de Santo António; séc. 17 - colocação de azulejo de padrão na capela-mor; 1672 - 1673 - divisão da Província de Portugal, ficando a Sul do Tejo com a denominação de Piedade e a Norte da Soledade, passando os frades de Santo António dos Olivais a integrar esta última; séc. 18 - reconstrução da igreja, com modificação da frontaria, ampliação da capela-mor, construção do escadório com as capelas e da Sacristia; colocação de azulejo na capela alpendrada; feitura dos azulejos da nave, atribuídos a António Vital Rifarto; 1713 - data cinzelada num sino depositado na sala da Catequese, fundido por Manuel Ferreira Gomes; séc. 18, final - feitura do retábulo-mor nas oficinas de João Machado; 1779 - pintura da tela para o retábulo-mor por Pascoale Parente; 1796 - pintura do quadro a óleo de Santo António, do altar da Sacristia, pela escola de Pascoale Parente, falecido em 1793; séc. 18 - 19 - feitura do Presépio por oficina local; 1834, maio - extinção das Ordens Religiosas, sendo realizado um inventário dos bens do Convento incluindo uma descrição dos edifícios, dependências e anexos que compunham o complexo religioso *4; 1807 - feitura de um sino por José Argos, financiado por D. Teresa Frazão; 1835 - o extinto Convento é vendido a um particular, o Pe. Manuel António Coelho da Rocha, então vice-reitor da Universidade de Coimbra; 1851, 11 novembro - um incêndio destrói as dependências conventuais; 1854, 20 novembro - criada por Decreto do Bispo D. Manuel Bento Rodrigues, a Freguesia de Santo António dos Olivais, tornando-se a Igreja em Paroquial no ano seguinte, após obras de remodelação, até então instalada na Igreja da Piedade de Celas; séc. 19, final - construção da torre sineira, substituindo o antigo campanário; construção da Capela de Santo António, substituindo outra menor que tivera função de Casa do Capítulo do Convento e, anteriormente, segundo a tradição, fora a cela de Santo António, conforme projeto de António Augusto Gonçalves, paga por Dr. Ruben Tavares de Almeida Araújo Pinto e a esposa D. Angelina Araújo Pinto; 1915 - 1916 - colocação de azulejos de aresta, provenientes do desaparecido Claustro do Convento, na Capela de Santo António, com nova composição; 1923, 27 dezembro - o Ministério das Finanças cede ao Ministério da Justiça as dependência conventuais da cerca do antigo Convento, iniciando-se obras de reconstrução em 1925; 1927 - José Barata esculpe por 3.375$00 a pia batismal neomanuelina (ANACLETO); 1941 - execução das grades em ferro forjado para as portas da galilé e dos candelabros por Daniel Rodrigues; 1974, novembro - os padres franciscanos voltam à igreja, provenientes da paróquia de Nossa Senhora de Lourdes, onde estavam desde 1968; 2005, 06 janeiro - durante as obras de conservação do santuário, quando se procedia ao levantamento de um beiral de uma capela lateral da escadaria, é descoberta uma cobertura em azulejo decorativo sob a existente, em escama; novembro - por despacho do Presidente do IPPAR, exarado no parecer aprovado em reunião do Conselho Consultivo de dia 15 deste mês, foi aprovada a proposta de delimitação da Zona Especial de Proteção do edifício; 2019, 18 dezembro - publicação do projeto de decisão relativo à fixação da Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 217/2019, DR, 2.ª série, n.º 243/2019; 2021, 07 janeiro - publicação da Declaração de Retificação da fixação da Zona Especial de Proteção, n.º 13/2021, DR, 2.ª série, n.º 4.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria, rebocada e pintada, sendo, na Capela de Santo António em cantaria de calcário aparente; modinaturas, pilastras, cruzes, pináculos, arcos, base do púlpito, mísulas em cantaria de calcário; guardas do coro-alto e púlpito, cadeiral, arcaz de madeira; sanefas, retábulos e espaldar da sacristia de talha dourada; azulejo de padrão figura avulsa, de padrão seiscentista, figurativa e de aresta; grades em ferro forjado; pavimento em tijoleira e lajeado; coberturas exteriores em telha cerâmica, vidrada nas capelas do escadório.

Bibliografia

ALMEIDA, Fortunato de - História da Igreja em Portugal. Porto: Livraria Civilização, 1968, vol. II; CORREIA, Vergílio e GONÇALVES, Nogueira - Inventário Artístico de Portugal, Cidade de Coimbra. Lisboa: Academia Nacional de Belas-Artes, 1947; ESPERANÇA, Fr. Manuel da - História Seráfica dos Frades Menores na Província de Portugal. Lisboa: Officina Craesbeeckiana, 1656; GÓIS, Correia - «A "Uxaria" do ex-Convento dos Olivais de Coimbra». Diário As Beiras. Coimbra: 14 agosto 2004, p. 8 LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho - Portugal Antigo e Moderno, Diccionário ..., Lisboa: Cota d'Armas, 1874, vol. 2; LISBOA, Marcos de - Crónica da Ordem dos Frades Menores. Lisboa: Casa de Manoel Ioam, 1566; MONFORTE, Fr. Manuel de - Crónica da Província da Piedade (...). Lisboa: Officina de Miguel Deslandes, 1751; REIS, Vítor Manuel Guerra dos - O Rapto do Observador: invenção, representação e percepção do espaço celestial na pintura de tectos em Portugal no século XVIII. Lisboa: s.n., 2006. Texto policopiado. Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa, 2 vols.; SILVA, José Manuel Azevedo - Santo António dos Olivais Coimbra. História - Arte: Guia. Coimbra: s.n., s.d.; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/74011 [consultado em 11 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, SIPA; Associação de Reitores dos Santuários de Portugal / Paulinas; Secretariado Nacional para os Bens Culturais da Igreja

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN / DRMC; DGARQ/TT: AHMF, Conventos de Frades: Convento de Santo António dos Olivais de Coimbra, Inv. 117, Cx 2209

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1919 - restauro do presépio; DGEMN: 1971 - fixação da pintura dos tetos da sacristia e das paredes; 1976 / 1977 - consolidação da talha, substituição de caixilharia na sacristia, reparação de rebocos e pinturas no interior da nave, capela da Senhora das Dores e nártex; reparação da porta e do vitral, melhoramentos na instalação elétrica, limpeza geral de madeiras e imagens da capela de Nossa Senhora das Dores; 1978 - limpeza das cantarias; 1979 - caiação do exterior, reparação de rebocos; 1980 - arranjos nos telhados, reparação dos sinos; 1981 - arranjos dos remates dos telhados das capelas; 1995 - conservação e restauro de pinturas na sacristia; obras de beneficiação geral de coberturas e exteriores; 1996 - reparações na sacristia e drenagens; 2001 - beneficiação das coberturas, com reparação da estrutura de madeira e substituição de telha; substituição de caixilharia; 2003 / 2004 / 2005 - obras de remodelação do espaço envolvente com inclusão de escavações arqueológicas, tendo sido descobertas estruturas de dependências conventuais e restos de artefactos como grandes potes que faziam parte do equipamento da ucharia ou da adega.

Observações

* 1 - Pertenciam ao desaparecido Claustro do Convento. *2 - Proveniente da igreja de São João de Almedina (v. IPA.00005683). *3 - O escudo com duas cabras passantes é usado pelas famílias Baião, Resende, Cabral e Cabreira; o timbre com estrela de 8 pontas é usado por: Bocarro, Sanches (de Castela), Alva e Bem. *4 - é referida a igreja, com porta férrea para a escadaria, com seis capelas dos Passos da Paixão, e daqui para a estrada pública outra capela fora da escadaria, onde finda o terreno do Convento, denominada do Cruzeiro, com o Senhor do Amparo; uma torre com dois sinos, um maior que outro; para dentro das grades de ferro, à direita, uma capela da Senhora das Dores; na igreja o coro, a capela de Santo António, a capela de Nossa Senhora da Conceição do Ferreiro, a capela do Capítulo e a Sacristia; no interior do Convento o Claustro de dois pisos, localizando-se no primeiro o refeitório, cozinha, ucharia, casa da farinha, adega, casa do alambique com um forno e oficinas, e, no segundo piso, os dormitórios (com cerca de 20 celas), casa da livraria (composta de muitos volumes), despensas e oficinas. Na Casa do Noviciado havia um relógio de torre com sino e maço; pegado ao Claustro, no exterior, um pátio pavimentado de tijolo com uma cisterna com roldana e cadeia de ferro; a E, do mesmo pátio uma capela da Senhora da Conceição, a S. outra do Presépio (com 75 figuras) e para O. (acompanhando a fachada S. da igreja) um pequeno jardim. Do lado Nascente e encostada à cerca do Convento, localizava-se a hospedaria, tendo no piso inferior cavalariças, casa de gado e de lenhas, com um forno; a cerca, toda murada, compunha-se de terra de semeadura, árvores de fruto, laranjal e uma fonte, e ao fundo uma horta e uma mata com seis capelas e grutas espalhadas, algumas em ruina.

Autor e Data

Horácio Bonifácio 1991 / Lina Oliveira, Paula Correia e Filipa Avellar 2004

Actualização

Antero Carvalho 2005
 
 
 
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