Paço de Palmeira

IPA.00023989
Portugal, Braga, Braga, Palmeira
 
Arquitectura civil residencial, barroca, rococó e neoclássica. Quinta de recreio composta por solar de planta em U formando terreiro fechado com portal proveniente de outra quinta, capela isolada, jardim formal, dependências de serviço e terrenos agrícolas. Solar com fachada principal de só um piso com elementos de remate e molduras muito simples e principais elementos compositivos, como o portal principal, e as fontes bastante decorados. Fachada lateral com painel de azulejos rococós, com cenas galantes e molduras de concheados. Interior restaurado ao longo do séc. 19 e 20, possuindo algumas salas tectos de masseira, em madeira ou estucados. Sala Chinesa com revestimento em tela, decorada com motivos fitomórficos neoclássicos. Capela de planta longitudinal com nave única e capela-mor, com fachada principal pontuada com elementos decorativos barrocos, como é o caso da morfologia dos vãos, frontões de volutas e pináculos piramidais no remate. Interior com nave com silhar de azulejos barrocos joaninos ricamente decorados com motivos arquitectónicos, querubins, figuras de anjo, festões e cartelas. Tectos em masseira de madeira. Retábulo-mor de estrutura maneirista, com três eixos e tabela, mas com decoração de barroco nacional, nomeadamente com o recurso a colunas pseudo-salomónicas. Jardim formal francês construído em três patamares com canteiros geométricos de buxo. A casa assume algumas características que remetem para o sul do país, nomeadamente a predominância de um piso único, possivelmente influência do seu edificador, D. José de Bragança, meio-irmão do rei. No interior surge uma organização planimétrica baseada em dois eixos com um espaço de distribuição central mais elevado e iluminado zenitalmente, que é repetida a uma escala menor nos braços laterais da casa. Possui uma sala com temática chinesa com paredes integralmente revestidas com telas pintadas e uma escada secreta dissimulada pelos caixotões do tecto.
Número IPA Antigo: PT010303310251
 
Registo visualizado 892 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta    

Descrição

Quinta de recreio com núcleo principal junto ao rio constituído por solar, jardim formal e capela. No interior da propriedade a comunicação entre o portal principal e o solar é feita em eixo através de alameda de árvores de alinhamento caducifólias enquadrada por sebe junto a coroamento de murete de suporte em granito, com cerca de 0,50 m. A alameda culmina num terreiro que dá acesso ao jardim e à capela para E., à casa de caseiros para O., e no centro a portal aberto em muro rebocado e pintado de rosa que fecha o pátio que precede a fachada principal do solar. Este PORTAL é enquadrado por pilastras de pedra fendida e rematado por frontão de volutas interrompido por pedra de armas em cartela com enrolados, flor-de-lis, escudo liso encimado por elmo e ladeado por putti. O pátio que o sucede é calcetado e ajardinado lateralmente, possuindo ao centro chafariz e, paralelos às alas, colunas de fuste em tijolo maciço, de ordem toscana. SOLAR de planta em U, com volumetria simétrica, de predominância horizontal e coberturas em telhados de três e quatro águas com corpos de luzes quadrangulares elevados e rasgados por óculos, nas três alas. Fachadas rebocadas e pintadas de cor-de-rosa enquadradas por cunhais e rematadas por cornija de papo de rola sob beiral. Vãos emoldurados, sendo os da ala central em arco abatido e os das alas laterais de verga recta. Fachada principal de um piso, voltada a S., organizada simetricamente, com pano central marcado por empena onde se situa a porta principal ladeada por duas janelas de peitoril e panos laterais ritmados por duas portas e uma janela de peitoril. Porta principal de verga recta emoldurada por pilastras sobrepostas terminando em modilhões decorados com acantos suportando frontão de volutas interrompido por edícula suportada por atlante, com imagem vulto ladeada de drapeados e anjos. Alas laterais com cinco vãos cada, tendo a O. uma porta e quatro janelas e a E. duas portas e três janelas alternadas. Em ambas as alas adossam-se fontes em eixo com o chafariz central do pátio. Os panos dos topos das alas laterais apresentam nicho central encimado por baixos-relevos representando uma cruz ladeada por pináculos e cornija quebrada. Fachada lateral E. de dois pisos rasgada irregularmente no piso térreo por quatro portas de verga recta, com painéis de azulejos a meia altura entre estas, e no segundo piso por janelas de peitoril de verga recta e de arco abatido e uma porta por que abre para escada de lanço paralelo à fachada com guarda plena de granito. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco e vãos emoldurados a granito e madeira. A compartimentação desenvolve-se num único piso. Acesso ao jardim por escadaria de serviço no espaço de ligação entre o corpo principal e a ala E. Situa-se ainda neste local o acesso a espaço superior de águas-furtadas, através de escada retráctil dissimulada no tecto, vulgarmente designada como Escada Secreta. Compartimentação organizada a partir de dois eixos de circulação perpendiculares que se cruzam em espaço central de pé direito duplo com iluminação superior, correspondendo ao corpo elevado quadrangular da ala central. Eixo principal mais curto marcado por vestíbulo e sala de estar, e eixo secundário por corredores de distribuição centrais longitudinais com ligação às várias dependências. Acesso principal por vestíbulo com tecto de masseira de madeira apainelado e pavimento bicolor de tijoleira com motivos geométricos que abre para pequena sala de estar com lareira, a E., e para sala de jantar, a O.. Sala de jantar com fogão de sala, pavimento em soalho e tecto plano apainelado de madeira, com marmoreados a verde e castanho, e motivos fitomórficos de talha dourada. Espaço central de distribuição com pavimento em lajeado de granito, e vãos emoldurados de pedra com arcos abatidos no eixo principal e arcos plenos com arestas chanfradas sobre colunas de ordem toscana, formando alfiz, com as enjuntas decoradas, nos vãos de acesso aos corredores. Salão de estar com os cantos côncavos decorados com pinturas sobre madeira, em trompe l'oeil representando figuras clássicas em edículas. Tecto de masseira estucado decorado com motivos geométricos e pavimento em soalho. Abre a O. para pequena sala com tecto plano estucado com paredes estucadas e pintadas com motivos geométricos e fitomórficos rematadas por friso marmoreado. A E. a sala de estar comunica com a denominada Sala Chinesa. Esta sala tem as paredes e o tecto de masseira revestidos de telas com pinturas decorativas de festões, urnas com flores e medalhões com personagens alegóricas chinesas. Os corredores apresentam tecto de madeira do tipo saia e camisa e pavimento em soalho. O espaço onde se localizam as escadas tem tecto de madeira de caixotões decorados com águias, sendo um dos lados falso servindo para albergar a escada secreta. CAPELA de planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor mais estreita. Volumes de dominante horizontal, com coberturas em telhados de duas águas. Fachada principal em alvenaria de pedra à vista e restantes rebocadas e pintadas de branco, enquadradas por cunhais apilastrados rematados por pináculos piramidais. Remates das fachadas de topo em empena com cruz sobre acrotério no vértice, e laterais em cornija sob beiral. Fachada principal orientada com portal de verga recta ladeado por óculos quadrilobados rematado por frontão de volutas interrompido, encimado por edícula com imagem de vulto, concheada e rematada por pequeno frontão de volutas interrompido. Esta edícula é ladeada por duas pequenas janelas com padieira e parapeito em arco abatido. INTERIOR com paredes rebocadas e pintadas de branco, possuindo na nave azulejos monocromos a azul, formando silhar, com cenas da vida da Virgem enquadradas por motivos arquitectónicos e querubins. Pavimento em lajeado de granito e tecto de masseira de madeira do tipo saia e camisa, pintado com marmoreados a verde, ritmado na cornija de suporte por modilhões em granito. A ladear o portal, pela Epístola, surge pia de água benta gomada. Parede testeira da nave em granito rasgada por arco triunfal pleno com chanfro, suportado por par de meias colunas. Na parede testeira da capela-mor encontra-se retábulo em talha policroma a vermelho, dourado e cinza de planta recta, com três eixos definidos por colunas pseudosalomónicas decoradas com pâmpanos. Eixo central com nicho recortado superiormente e laterais com nichos com mísulas. Remate com friso ricamente decorado por motivos fitomórficos, encimado por tabela com tela pintada, ladeada por quarteirões e aletas, rematado por frontão com querubim e elementos fitomórficos rasgando o tímpano. Sacrário com representação de custódia. Mesa de altar sustentada por grandes modilhões com acantos, e frontal ricamente decorado por folhagens e flores. JARDIM composto por três patamares unidos por escadaria de pedra, desenvolvendo-se a partir do lado E. do solar, com piscina para N. em patamar inferior, junto ao rio. Acesso através de portal de verga recta rematado por arco pleno, lateral ao solar, inserido em muro de pedra rebocado e pintado de cor-de-rosa. Escadarias de acesso de granito em espaço adossado à fachada E. do solar, com patamares com piso de areia grossa, rematando em pátio com piso de ladrilho cerâmico marcado por tanque rectangular de baixa altura com azulejos hispano-mouriscos abastecido por bica em forma de pássaro ladeada por colunas encimadas por esculturas de mocho. Patamar intermédio de maiores dimensões, rodeado por caminhos cobertos por latada, cuja organização se centra em dois elementos definidos por chafariz de tanque circular com taça central e canteiro com grande arbusto topiado em forma de esfera, em volta dos quais se desenvolvem caminhos de areia grossa e os restantes canteiros geométricos de buxo.

Acessos

Rua da Marginal nº 15

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, no limite da povoação, implantado em encosta de pendor suave entre campos de cultivo e o rio Cávado. Limites da propriedade definidos por muro de alvenaria de pedra rebocado e pintado de cor-de-rosa, e capeado a granito. Acesso principal por portal aberto no muro, reentrante e cerrado por portão de ferro, enquadrado por pilares de ordem toscana, encimados por pináculos e ladeado por portas de verga recta ladeadas no extremo por pilastras encimadas por esferas.

Descrição Complementar

AZULEJARIA: Fachada lateral E. com painéis figurativos, policromos a azul, amarelo, castanho e verde; composição figurativa com cenas galantes e caçadas enquadradas por moldura com motivos concheados; 6 azulejos de altura; nave da capela com silhar de azulejos figurativos representando cenas da vida da Virgem, monocromos a azul, enquadrados por moldura com motivos arquitectónicos contendo querubins, figuras de anjo, festões e cartelas, com invocações das litanias da Virgem, nomeadamente a Porta do Céu, o Espelho de Sabedoria, a Torre de David e o Poço; 18 azulejos de altura; representações do lado do Evangelho: Nossa Senhora da Conceição, o Massacre dos Inocentes e a Fuga para o Egipto; representações do lado da Epístola: Santa Ana ensina a Virgem a ler, a chegada das Virgens hebraicas para cuidarem da Virgem e o Repouso da Sagrada Família; FONTES DO PÁTIO: No centro do pátio chafariz sobre soco de dois degraus com tanque galbado circular e taça sobre coluna. Na parede da ala E. fonte com espaldar recortado, decorado por volutas, acantos e motivo floral, coroado por esfera, possuindo inferiormente bica carranca que verte água para tanque semi-circular bojudo. Na parede da ala O. fonte com espaldar recortado decorado por volutas e encimado por fogaréu com bica carranca e tanque semi-circular galbado.

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Residencial: quinta

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1741 / 1758 - D. José de Bragança, arcebispo de Braga compra a propriedade na margem do rio Cávado ao reverendo Pe. António Alvarenga Peixoto onde manda construir o seu solar possivelmente com projecto de arquitecto italiano; após a sua morte a propriedade passa para o sobrinho D. Pedro Henriques de Bragança e Ligne Sousa Tavares Mascarenhas da Silva; 1761 - após o seu falecimento, o seu irmão, D. João Carlos, torna-se proprietário; 1789 - Gaspar José da Costa Pereira de Vilhena Coutinho compra o solar que permanece na posse dessa família até ao séc. 20; 1934 - A propriedade passa para o inglês Sir Roderick Harold Dalzell Henderson, que lhe acrescenta o actual portal brasonado da casa, proveniente da Quinta da Torre, em Palmeira; 1945 - a casa é propriedade de Mário Baptista Coelho; 1960 - é vendida ao Banco Português do Atlântico (BPA).

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, pilares, pilastras, cunhais, molduras dos vãos, cornijas, colunas, pia de água-benta, degraus, pavimentos, fontes e outros elementos decorativos exteriores de granito; elementos decorativos de tijolo maciço; retábulos, tectos e elementos decorativos em talha dourada e policroma; tectos, pavimentos, portas e janelas, em madeira; tectos em estuque simples ou decorado; janelas com vidro simples; jardim e interior da capela com azulejos tradicionais; portões de ferro; cobertura exterior de telha de canudo.

Bibliografia

STOOP, Anne de, "Palácios e Casas Senhoriais do Minho", Civilização, Porto, 1993.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Proprietário: 1934 - É acrescentado o muro que fecha o lado S. da casa e o portal; 1945 - são feitas diversas obras de restauro; BPA: 1960 - restauro e equipamento com mobiliário de época.

Observações

Autor e Data

Ricardo Graça 2006

Actualização

 
 
 
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