Castelo de Salir
| IPA.00017042 |
Portugal, Faro, Loulé, Salir |
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Arquitectura militar islâmica, almóada. Castelo de taipa sem alcáçova, de planta oval acompanhando as linhas de relevo do monte onde se implanta. Construção islâmica tardia, numa altura de intensa pressão militar cristã. Inserido na rede de castelos almóadas do Algarve, uma extensa linha defensiva do litoral e do interior da província, que ligava praticamente os dois extremos, desde a Castro Marim e a Alcoutim: Salir encaixava-se na rede defensiva rural, linha de fortificações que aliava os castelos a uma série de alcarias na zona do barrocal, funcionando também como posto avançado para o interior. |
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Número IPA Antigo: PT050808070041 |
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Registo visualizado 3100 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo
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Descrição
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Planta centralizada irregular definindo uma figura geométrica oval. Volumes articulados dispostos horizontalmente (na origem dispostos verticalmente), sem qualquer cobertura exterior, para além dos sistemas característicos a uma ou duas águas que cobrem o casario tradicional que se implantou no interior do recinto, ou a cobertura em terraço do centro interpretativo. Fachada principal virada a S., onde o declive é menos acentuado; portão principal desconhecido, mas, ao que tudo indica, deveria situar-se no extremo SE., correspondendo hoje à principal R. de acesso ao castelo; cinco panos de muralhas definidos pelo portão principal e por quatro torres, todas de secção quadrangular e de que ainda se conservam vestígios; Torre D (ou "Muro do Meio"), implantada a NE., numa zona de acentuado declive, revela uma sapata muito robusta, conservando-se a pouco mais de 1m acima do caminho, cuja abertura obrigou à sua destruição quase total; secção de 4,7m x 3,88m; Torre C (ou "Torre da Alfarrobeira"), localiza-se na vertente mais a N. do castelo, precisamente no local onde o declive em relação ao vale é mais acentuado; conserva ainda 3m c. de altura, possuindo uma secção de 5,1m x 4,6m; Torre B, (também denominada de "Muro Maior"), localiza-se na vertente NE., sendo a que se encontra mais afastada do caminho; secção praticamente idêntica às restantes (4,6m c. de lado) e está hoje adossada a alguns edifícios a E. e a S.; era a torre albarrã do conjunto; Torre Sul encontra-se hoje integrada em construções posteriores, e adossa-se ao pano de muralha do lado SE.; possui ainda uma secção de 4,8m c. de lado e conserva-se praticamente até aos 4m de altura; dois panos de muralha são ainda visíveis: o N., que actualmente liga as Torres D e B, passando pela C, e um pequeno pano a SE., conhecido como "Muro da Sabedoria", são o que resta do caminho de ronda que circundava o castelo e que ligava o interior do recinto, mais baixo, às torres avançadas da estrutura; caminhos ajardinados, com pavimento em calçada típica portuguesa delimitados por canteiros e pelas torres nas vertentes viradas para o exterior, e pelos restos das muralhas; colocação de bancos de jardim junto da torre B; Aparelho das muralhas: pseudo-isódomo muito irregular, com algumas fiadas de pedra mal aparelhada dispostas horizontalmente, mas com o recurso abundante a cotovelos e subvertendo-se muitas vezes este padrão horizontal. Impossibilidade em determinar qualquer interior original, bem como eventuais articulações de corpos e sistemas de iluminação e abobadamento. Via principal definida pela Tv. do Castelo, que parte da entrada principal a SE. para terminar a O., dividindo praticamente ao meio o recinto interior do castelo; CENTRO INTERPRETATIVO - Localizado sobre a área escavada, a E. da torre B; Planta rectangular regular; Volume simples disposto horizontalmente em apenas um registo; Fachada principal virada a S., para a via pública, a que se acede através de um duplo lanço de quatro degraus; três registos de cinco corpos, compostos por cinco painéis de portas, com puxadores; pequeno alpendre metálico ao nível do segundo painel, desenvolvendo-se superiormente um terceiro registo de painéis acompanhando a divisão geométrica em cinco corpos. Fachada lateral O. adossada à muralha, mas contendo amplos janelões verticais a toda a altura, protegidos por painéis semelhantes aos da fachada principal e por outro alpendre metálico. Fachada lateral O. adossada a casario térreo. Fachada posterior, voltada a N. com um passadiço metálico sobre a área escavada, permitindo a visita superior dos trabalhos arqueológicos. |
Acessos
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Rua do Castelo. VWGS84 (graus decimais) lat. 37,242813 long. -8,046570. |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Rural, montanha, isolado; implantado num ponto elevado do Barrocal algarvio, a NNO. de Salir, disfrutando de uma ampla visibilidade sobre os vales férteis que se desenvolvem a N. e a O.. Localização específica num monte não muito elevado (pouco mais de 250m de altitude) que antecede os picos mais altos da Serra do Caldeirão, significando um dos últimos pontos de contacto com as rotas mais próximas do litoral. Localiza-se a E. da estação arqueológica romana da Torrinha. |
Descrição Complementar
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. Área escavada muito reduzida a E. da Torre B, compõe-se de um rectângulo irregular onde foram identificadas algumas construções originais, designadamente um pátio e uma cozinha, estruturas habituais de época islâmica. |
Utilização Inicial
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Militar: castelo |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: centro interpretativo |
Propriedade
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Pública: municipal / Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 11 / 12 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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Séc. 12 - construção do castelo; 1189 - D. Sancho I terá conquistado a povoação; Séc. 12, finais - Reforço das muralhas *1; Sécs. 12-13 - Maioria das cerâmicas encontradas nas intervenções arqueológicas e das estruturas habitacionais identificadas; 1505 - Existem 87 fogos na freguesia; Séc. 16, finais - o castelo encontrava-se já em ruínas; 1758 - No castelo existem 11 fogos; 1755 - Grandes danos provocados pelo Terramoto; 1798 - Freguesia de São Sebastião de Salir possui 408 fogos; 1841 - Informação de que o castelo já se encontra arruinado; 1987 - Primeira campanha arqueológica no interior do castelo; 1993 - Elevação a Vila. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Taipa *2; pedra; tijolo; telha; madeira; ferro; vidro; mosaico |
Bibliografia
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LOPES, João Baptista da Silva, Corografia ou memória económica, estatística e topográfica do reino do Algarve, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1841; GUERREIRO, M. V. et alli, "Duas descrições do Algarve no século XVI", Cadernos de História Económica e Social, Lisboa, 1983; MARQUES, J., "Os castelos algarvios da Ordem de Santiago no reinado de D. Afonso III", in I Jornadas de História Medieval do Algarve e Andaluzia, Loulé, 1987, pp.101-130; CATARINO, Helena, "Escavações arqueológicas nos castelos de Salir e Paderne", in V Congresso do Algarve, vol. I, Silves, Racal Clube, 1988, pp.35-38; MARTINS, Isilda Maria Pires, Arqueologia do concelho de Loulé, Loulé, Câmara Municipal de Loulé, 1988; CATARINO, Helena, "Arqueologia medieval islâmica no Algarve: Alcoutim, Salir e Paderne", in Encontro de Arqueologia do Algarve, Faro, SEC, 1990, pp.123-131; CATARINO, Helena, "O castelo de Salir: estruturas habitacionais e cerâmicas do período almóada", in VII Congresso do Algarve, vol. I, Silves, Racal Clube, 1992, pp.19-25; CATARINO, Helena, "A fortificação muçulmana de Salir (Loulé): primeiros resultados arqueológicos", Al-'Ulyã, nº1, Loulé, Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 1992, pp.13-27; CATARINO, Helena, "Objectos de osso e de metal recolhidos nas escavações do Castelo de Salir (Loulé)", Al-Úlyã, nº2, Loulé, Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 1993, pp.17-31; SERRA, Manuel Pedro, "Contribuição histórica para o "Plano de Salvaguarda e Reabilitação de Salir"", Al-'Ulyã, nº2, Loulé, Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 1993, pp.33-47; CATARINO, Helena, "Os castelos de taipa do período muçulmano no Sul de Portugal: o exemplo de Salir (Loulé)", in Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol. 34, fasc.3/4, Porto, Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia, pp.335-349; CATARINO, Helena, "O castelo de Salir: resultado das escavações dos silos", Al-'Ulyã, nº 4, Loulé, Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 1995, pp.9-30; CATARINO, Heleno, Catálogo de cerâmicas islâmicas do Castelo de Salir, Loulé, Museu Arqueológico Municipal de Loulé, 1996; CATARINO, Helena, "Castelos muçulmanos do Algarve", in Noventa séculos entre a Serra e o Mar, Lisboa, IPPAR, 1997, pp.449-457; CATARINO, Helena, O Algarve Oriental durante a ocupação islâmica: povoamento rural e recintos fortificados, 3 vols., Loulé, Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 1997/98; CATARINO, Helena, "O castelo de Salir: escavações da campanha de 1998", Al-'Ulyã, nº7, Loulé, Arquivo Histórico Municipal de Loulé, 1999/2000, pp.77-128; SANTOS, João António, Salir. Uma vila na Beira Serra, Loulé, ALMARGEM, 1999; CATARINO, Helena, "Castelos e território omíada na kura de Ossónoba", in Actas do Simpósio internacional sobre castelos. Mil anos de fortificações na Península Ibérica e no Magrebe (500-1500), Lisboa, Câmara Municipal de Palmela / Colibri, 2002, pp.29-44. |
Documentação Gráfica
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DGEMN: DSID; CML |
Documentação Fotográfica
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DGEMN: DSID; CML |
Documentação Administrativa
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CML |
Intervenção Realizada
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1987 - 2002 - Série de campanhas arqueológicas; 2000 - 2002 - Construção do centro interpretativo e beneficiação das áreas visitáveis do recinto (caminho de ronda a N. e local das escavações). |
Observações
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*1 - Entre os trabalhos então realizados foi possível identificar o entaipamento de uma porta e o acrescento de torres de taipa (CATARINO, 2002); *2 - Juntamente com a taipa aparece uma "argamassa heterogéna com pedras, seixos de ribeira, ossos pouco triturados, fragmentos de cerâmica e de materiais de construção, que dão ao conjunto um tom castanho-claro-acizentado" (CATARINO, 1992). |
Autor e Data
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Paulo Fernandes, 2002 |
Actualização
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