Monumentos 29: Covilhã, a cidade-fábrica
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Dossiê: Covilhã, a cidade fábrica
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Julho 2009, 24x32cm, 188 pp. (<2Kg.)
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Covilhã: evolução urbana da cidade
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José Miguel Rodrigues
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Dos primeiros assentamentos castrejos, passando pela ocupação da zona fértil do vale, até à sua ocupação intensiva pela indústria de lanifícios, a cidade da Covilhã constitui, hoje, o resultado da sobreposição de vários e múltiplos estratos. Este texto interpreta os sinais, por vezes contraditórios, deixados pelas várias fases deste processo, sublinhando o caráter permanente de algumas condicionantes naturais.
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A estrutura urbanística da Covilhã entre a Idade Média e a Idade Moderna
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Daniela Pereira
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A ocupação da vila da Covilhã na Idade Média foi sendo feita de fora para dentro, pela tendência natural da população em se concentrar no arrabalde, que esteve ocupado pela judiaria e por núcleos que se desenvolveram em redor das igrejas. Só a partir do início do século XVI a vila intramuros ganhou densidade, definindo-se ruas e edifícios que se foram ajustando ao articulado do relevo num emaranhado sinuoso. A deslocação do espaço público para fora das muralhas, nos inícios do século XVII, apresentou-se como elemento modelador e estruturador da vila, unindo o intra e o extramuros como um todo e como prenúncio de uma nova centralidade, atestada, materialmente, pelo edifício da Casa da Câmara e Cadeia e pelo Açougue. É tendo presente estes fenómenos que, hoje, se entende a disposição desordenada da malha urbana da Covilhã.
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A judaria da Covilhã
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Maria José Ferro Tavares
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Os judeus estão presentes na Covilhã desde os finais do século XIV. Com a imigração castelhana e a doação do senhorio ao infante D. Henrique o seu número aumentou, tornando-a na segunda comunidade mais populosa da Beira Interior. Artesãos, mercadores, médicos, rendeiros foram participantes activos no desenvolvimento económico de um concelho que se encontrava despovoado no período de Trezentos. Aqui, algumas famílias judaicas notabilizaram-se e atingiram a corte, como os Goleima e os Vizinho.
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Covilhã: planos de urbanização à época de Duarte Pacheco
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Margarida de Souza Lôbo
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No início dos anos quarenta do século XX, as orientações definidas por iniciativa do ministro das Obras Públicas e Comunicações, engenheiro Duarte Pacheco, marcaram a transformação e o desenvolvimento da cidade da Covilhã durante décadas. Após intervenções localizadas, como o centro cívico, com a reconfiguração do Largo do Pelourinho e a construção do edifício da câmara municipal, o plano de urbanização da Covilhã dos anos cinquenta só veio a ser substituído pelo plano director municipal, na década de noventa.
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Covilhã, uma leitura de síntese: estrutura urbana, conjuntos edificados e arquiteturas, sua evolução
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José Manuel Fernandes
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O artigo procura fazer um apanhado sistemático da evolução urbana da área central da Covilhã. Descreve os principais espaços e edifícios do sector intramuros, de origem medieval, e da área imediatamente envolvente, que se desenvolveu entre os séculos XVI e XIX. Seguidamente, refere os mais assinaláveis edifícios da fase do romantismo e ecletismo do século XIX e princípios do XX, bem como os imóveis da fase do Estado Novo, dos anos 1940-1950. Finalmente, analisa alguns imóveis destacados da Arquitectura Moderna (1960-1970) e da Universidade da Beira Interior (1980-1990).
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Por uma cidade amável. Espaços públicos e Programa Polis na Covilhã
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Ana Vaz Milheiro
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As intervenções nos espaços públicos da Covilhã, desenvolvidas e concluídas na primeira década deste século, integraram o Programa Polis (criado em 1999) sob a designação de Planos de Urbanização dos Vales das Ribeiras da Goldra e da Carpinteira, sendo autores dos mesmos os escritórios Arpas, Arquitectos Paisagistas Associados e Nuno Teotónio Pereira/Pedro Viana Botelho, Arquitectos. Com eles pretendeu-se recuperar uma escala urbana “amável”, partindo de uma estratégia de densificação das áreas centrais da cidade e de agilização da mobilidade pedonal. O presente artigo faz um enquadramento do Programa Polis, resume a estratégia e descreve os projectos entretanto finalizados.
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A requalificação arquitetónica e o papel da Sociedade de Reabilitação Urbana Nova Covilhã
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José Manuel Fernandes
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O artigo procura contextualizar o início das actividades da SRU, no quadro da reabilitação urbana e arquitetónica da área mais central e decadente da Covilhã. Esta entidade herda, de algum modo, o trabalho, as metodologias e a experiência técnica das equipas do anterior Programa Polis. Termina-se a abordagem com uma descrição sucinta das principais intervenções previstas ou em início de execução, nas áreas concretas, selecionadas para requalificar a arquitetura da cidade.
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A Beira Interior e as formas arquitetónicas tardo-medievais e renascentistas
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Ricardo J. Nunes da Silva
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É no decorrer da centúria de Quinhentos que o espaço geográfico da Beira Interior intensifica a sua renovação arquitetónica, procurando, assim, uma aproximação formal aos centros artísticos quer portugueses, quer da raia espanhola, como Cáceres. De Almeida a Castelo Branco, passando pela Covilhã até Penamacor, assistimos, pela mão de mestres portugueses e espanhóis, a um impulso construtivo de valores tardo-medievais, e em meados do século, embora de forma lenta e em ciclos restritos, começam a surgir os valores de uma gramática arquitetónica dita moderna. Exemplo disso é o portal renascentista da Capela de Santa Catarina, em Alpedrinha.
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As pinturas do Salão dos Continentes na Casa das Morgadas e a arte na Covilhã no início do século XVIII
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Vítor Serrão, Maria do Carmo Mendes e Ricardo J. Nunes da Silva
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Produzido no início do século XVIII, o teto do Salão dos Continentes no Solar das Morgadas constitui um raro testemunho de pintura decorativa concebida como espécie de “roteiro de viagens”, dando crédito à hipótese de que se trata de uma encomenda de um dos mercadores de têxteis com sede na vila beirã. Atribuível a um pintor com atividade local, de nome Manuel Pereira de Brito, é obra de sabor profano e ingénuo, mas é nessa dimensão que reside o seu encanto cenográfico, com a representação das Alegorias dos Continentes no centro do teto e oito paisagens eivadas de pormenores de quotidiano a revestir os altos das paredes.
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Covilhã, a cidade que também foi fábrica
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Deolinda Folgado
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A identidade da cidade da Covilhã é indissociável do património industrial. O trabalho dos lanifícios, que marcou este lugar durante gerações e séculos, deixou na cidade diversas evidências que testemunham as opções das políticas industriais, das soluções construtivas e técnicas aplicadas aos espaços oficinais ou fabris. Ao longo das ribeiras da Goldra e da Carpinteira, mas também no centro da Covilhã, localizaram-se, com uma grande densidade, edifícios industriais de várias épocas, entre os quais se destaca a Real Fábrica de Panos.
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A Universidade da Beira Interior e o seu papel na reabilitação e reutilização do património industrial da Covilhã
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Elisa Calado Pinheiro
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Abordam-se, neste artigo, algumas das condicionantes que justificaram, por parte da Universidade da Beira Interior, a realização de um conjunto de intervenções no domínio da salvaguarda do património industrial da Covilhã; identificam-se as diferentes tipologias de natureza patrimonial aplicadas no âmbito da reutilização de dezasseis edifícios associados à indústria de lanifícios da Covilhã (complexos/edifícios/estruturas associadas, palacetes de industriais), analisando-se ainda, sucintamente, as linhas de desenvolvimento mais relevantes empreendidas pelo Museu de Lanifícios da Universidade da Beira Interior no âmbito da conservação, musealização, inventariação e divulgação do património industrial da Beira Interior.
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Ponto, linha, plano: a edificação universitária na Covilhã
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Madalena Cunha Matos
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O artigo aborda a natureza da instalação universitária na Covilhã, relacionando a localização dos edifícios com a sua função. Elenca os passos fundamentais para essa instalação e analisa aspetos relevantes do vasto conjunto construído desde a fundação do Instituto Politécnico, em 1973. Faz uma leitura do sistema gerado pela co-presença da universidade e da urbe no seu contexto geográfico.
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As “Casas da Serra” na Covilhã, por Luiz Alçada Baptista
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José Manuel Fernandes
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São analisadas e valorizadas na sua arquitetura, significado histórico e implantação paisagística duas habitações isoladas, da autoria do arquiteto Luiz Alçada Baptista, edificadas em plena serra da Estrela, a poucos quilómetros da Covilhã. Faz-se uma breve referência à biografia profissional deste autor, e analisam-se as duas habitações do ponto de vista da sua linguagem arquitetónica, que apresentam influências das obras de Frank Lloyd Wright e de outras de autores portugueses da época, dos anos 1960-1970.
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O Sanatório da Covilhã
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João Paulo Martins
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Projetado pelo arquiteto Cottinelli Telmo e promovido pela Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses para apoio aos ferroviários e suas famílias, o Sanatório da Covilhã foi, na sua época, considerado um equipamento modelar. Encerrado como sanatório e abandonado em seguida, o edifício vem sendo objeto de múltiplas propostas de reconversão, nunca concretizadas, e agoniza em ruínas.
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Um uníssono a quatro vozes: arquitetura(s) do Estado Novo na Praça do Município da Covilhã
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Joana Brites
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O presente artigo procura analisar os quatro edifícios que enquadram a Praça do Município da Covilhã: a câmara municipal, a estação dos CTT, a agência da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência e o teatro-cine. Simultaneamente, examina-se o condicionamento recíproco exercido entre eles e identificam-se os denominadores comuns ao nível estético e ideológico, com vista a enquadrar o conjunto na metodologia e na prática que caracterizam a arquitetura do Estado Novo.
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Ernst Korrodi, percurso de vida e a sua presença na cidade da Covilhã
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Maria Genoveva Oliveira
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Mais do que um mestre-arquiteto, Ernst Korrodi foi um humanista. Professor de desenho ornamental e de alemão, palestrante e ativista dos direitos dos trabalhadores, defendeu a causa do descanso semanal. Tem uma obra imensa em todo o país, resultado de um ativo trabalho e disciplina.
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Ao longo dos rios, a caminho do mar. Notas sobre a estação ferroviária da Covilhã na Linha da Beira Baixa
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Gilberto Gomes
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O presente artigo faz uma abordagem a três níveis sobre a estação ferroviária da Covilhã. Primeiramente, debruçámo-nos sobre a conjuntura de final de Oitocentos e o enquadramento da concessão da Linha da Beira Baixa. Segue-se a leitura de conjunto, onde se desagregam os principais elementos construídos e suas funcionalidades. Em simultâneo, faz-se um corte transversal sobre o conjunto, estação e envolvente, registando-se as atividades que a estação atraiu, uma breve caracterização dos resultados do seu tráfego nos finais do século XIX e algumas soluções de ligação à cidade.
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Amílcar Pinto, um arquiteto na província
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José Raimundo Noras e Tiago Soares Lopes
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Tendo como ponto de partida o surto de desenvolvimento das cidades de média dimensão nos anos 1930, propomos, através da análise da obra do arquiteto Amílcar Pinto (1890-1978), um olhar analítico sobre algumas das primeiras abordagens de soluções modernas na província. Como resultado de uma ruralidade persistente, muitos desses aglomerados populacionais apresentavam graves falhas ao nível da infraestruturação, crescendo através do prolongamento da matriz medieval e só mais tarde, e em alguns casos, partindo da planificação urbanística. Com a produção arquitetónica de Amílcar Pinto, equacionamos as respostas e as novas abordagens, numa perspetiva de abertura a temas de modernidade.
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Os arquivos pessoais de Pardal Monteiro e Cottinelli Telmo: preservação e conservação de algumas peças desenhadas
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Catarina Gonçalves, Vera Lory e Lúcia Moutinho Alberto
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No estágio realizado no Laboratório de Documentos Gráficos do Sistema de Informação para o Património Arquitetónico foram realizadas intervenções de preservação e de conservação em peças desenhadas pertencentes aos arquivos pessoais dos arquitetos José Cottinelli Telmo e Porfírio Pardal Monteiro. As intervenções tiveram como objectivo estabilizar as peças e dotá-las de maior resistência física.
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