Dossiê: Guimarães
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Edição impressa (novembro de 2016) do e-book (publicado em 2013)
À venda aqui e nas lojas da Direção-Geral do Património Cultural.
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Guimarães "ad radicem montis Latito"
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José Ferrão Afonso, Marta M. Peters Arriscado de Oliveira e Sílvia Ramos
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Guimarães foi, desde a sua fundação, muito condicionada pelo território envolvente e pela capilaridade entre o rural e o urbano. Também desde a origem, os diversos monarcas estabeleceram com ela uma relação intensa, que traria proveitos para ambos os lados; a cidade tornar-se-á um centro de peregrinação de reis em crise de identidade e adquirirá uma espessura mitológica sem par em Portugal, o que contribuirá, igualmente, para a criação de uma imagem de cidade muito forte; esta está presente na planta do século XVI e manter-se-á extremamente ativa em épocas posteriores.
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O centro histórico de Guimarães: formulações, desígnios, planos e substância
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Mário Gonçalves Fernandes
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Em Guimarães, como na generalidade das aglomerações urbanas portuguesas, os centros históricos poderiam, sem perda valorativa ou patrimonial, corresponder às áreas gizadas até meados do século XIX, ou seja, às malhas delineadas e consolidadas antes da construção da cidade contemporânea. Com maior precisão e utilizando referências da atualidade, a área objeto deste estudo pode identificar-se como a “zona tampão” definida concomitantemente com a classificação como Património Cultural da Humanidade e assumida como área de intervenção da Divisão do Centro Histórico da Câmara Municipal de Guimarães. Visando reconhecer a sua evolução desde a segunda metade do século XIX, revemos os planos e os projetos gizados, a delimitação das áreas afetadas e a identificação de atores e de consequências na conformação da morfologia urbana da atualidade.
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Uma indústria em Guimarães: os curtumes
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Deolinda Folgado
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A actividade da curtimenta, com uma presença de séculos em Guimarães, deixou marcas na cidade. Devido a condicionantes de natureza técnica, o tratamento das peles fixou-se junto do curso de água, no arrabalde da cidade muralhada, dando origem à Rua de Couros, à Zona de Couros e ao rio de Couros, sendo uma das primeiras áreas urbanas, de vocação industrial, a ser reconhecida com o valor arqueológico-industrial, através do despacho de abertura da classificação, datado de Julho de 1977. Compreender como esta actividade se implementou e se relacionou com a cidade, conhecer quais as principais fases de tratamento das peles, anteriores à industrialização de todo o processo, e observar como eram os edifícios/espaços onde decorriam as diversas operações são alguns dos aspectos abordados neste texto.
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A pintura mural do século XVI em Guimarães
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Joaquim Inácio Caetano
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Aborda-se neste artigo a pintura mural da região de Guimarães sob o ponto de vista da sua expressão territorial e do modo de produção oficinal. Descrevem-se, também, de um modo sucinto, os vários exemplares remanescentes associando entre si as pinturas que fazem parte do corpus das várias oficinas identificadas.
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Miguel de Lescole e a capela mor da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira de Guimarães
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Miguel Soromenho
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O presente artigo procura esclarecer e aprofundar algumas das questões levantadas pelo trabalho incontornável de Aurélio de Oliveira sobre a reconstrução seiscentista da capela-mor da Colegiada de Guimarães. A revelação das peças contratuais relativas à obra torna possível estabelecer os pormenores da empreitada, até então de autoria desconhecida e de imprecisa cronologia. Esta campanha deve ser entendida como de primordial importância para o reavivar da reivindicação do estatuto régio da colegiada e da sua identificação com a dinastia dos Bragança, o que, aliás, à própria Coroa interessava promover. Assim se justifica a escolha de Miguel de Lescole, então funcionário da Coroa, senhor de uma sólida cultura teórica e prática, para a projectar.
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André Soares em Guimarães
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Eduardo Pires de Oliveira
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Os inícios do rococó do Minho estão ligados à ida do arcebispo D. José de Bragança para a cadeira arcebispal de Braga, a mais antiga e importante diocese portuguesa. Em Guimarães, o novo gosto encontra-se presente no Convento de Santa Rosa de Lima, na Casa dos Lobo Machado, na Casa dos Coutos e, principalmente, na Igreja dos Santos Passos, sendo atribuída a André Soares a autoria de várias, ainda que parciais, intervenções rococó realizadas nesses imóveis vimaranenses em meados do século XVIII; a atribuição da autoria de algumas dessas intervenções carece ainda, contudo, de prova documental.
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Paço dos Duques de Bragança em Guimarães: alguns vetores de leitura
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Maria Mónica Brito
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O Paço Ducal de Guimarães é um monumento único, cuja história está imersa em dúvidas resultantes não só da exiguidade de fontes disponíveis, fruto da destruição, com o terramoto de 1755, do arquivo da casa ducal que o viu nascer, mas também devido a um processo de descaracterização arquitetónica, por ter sido manancial de pedra para novas construções na Idade Moderna, modificado sob critérios de utilidade estratégica pelos engenheiros militares ao longo do século XIX, e, por fim, por ter sido restaurado sob o regime salazarista segundo práticas reconstitutivas. Apresentam-se aqui alguns vetores de leitura sobre a metamorfose da “sua imagem”.
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Guimarães: cinco edifícios notáveis dos anos de 1930-1950
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José Manuel Fernandes
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Neste artigo são analisados cinco edifícios da cidade de Guimarães, da autoria de cinco arquitetos, selecionados pela importância que tiveram na arquitetura portuguesa nas décadas de 1930 a 1950: o Mercado Municipal de Guimarães, de José Marques da Silva; o Cineteatro Jordão, de Júlio de Brito; o Palácio da Justiça de Guimarães, de Luís Benavente; a agência da Caixa Geral de Depósitos, de António Lino e, finalmente, uma “habitação para uma família de classe média”, de Luís Oliveira Martins.
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Pousada de Santa Marinha da Costa, 1976-1985
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Alexandre Alves Costa
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No início da década de 1970, o antigo Convento de Santa Marinha da Costa, em Guimarães, encontrava-se abandonado e em avançado estado de degradação, mas, excluídas as alterações introduzidas aquando do seu uso como habitação após a extinção das ordens religiosas, a sua estrutura mantinha-se intacta. O critério geral adotado no projeto de reconversão do edifício para adaptação a pousada, da autoria de Fernando Távora, foi, como o próprio afirma, o de (…) continuar-inovando, (...) conservando e reafirmando os seus espaços mais significativos ou criando espaços de qualidade resultantes de novos condicionamentos programáticos (…). Constitui uma notável obra e, deixando para outros a tarefa de a relerem com verdadeira distância crítica, retoma-se um texto publicado em 1998, corrigindo-se pontualmente a versão original.
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Entre "terras de campo e bons castanheiros": o "Campus" de Azurém da Universidade do Minho
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Eduardo Fernandes
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O campus de Azurém da Universidade do Minho localiza-se na metade nordeste da freguesia homónima; esta goza de uma relação privilegiada com a cidade, mas apresentava ainda um caráter essencialmente rural antes da construção deste polo universitário. Para além do plano do Complexo Pedagógico inicial, merecem destaque na arquitetura deste campus os edifícios da Escola de Ciências e Ciências Sociais e da Escola de Arquitetura, pelo prestígio dos seus autores e pela qualidade das soluções que apresentam.
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(re)Desenhar no coração da cidade. O Projecto de Reabilitação Urbana da Praça do Toural, da Alameda de São Dâmaso e da Rua de Santo António, em Guimarães
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Maria Manuel Oliveira
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Em Guimarães, no contexto da nomeação da cidade como Capital Europeia da Cultura 2012, foi efectuado um conjunto de intervenções, no qual se inclui a requalificação do espaço público de uma significativa área do seu centro, que abrange a Praça do Toural, a Alameda de São Dâmaso e a Rua de Santo António. Elaborado no Centro de Estudos da Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, o projecto colocou em evidência muitas das questões actualmente prementes na intervenção em espaço público, explicitando não só as polaridades em que se moveram programa e desenho — uso quotidiano versus sazonal; reinterpretação do património versus musealização; memória em construção versus tradição —, como o paradigma conceptual que o fundamentou, relativo ao significado do espaço público na condição urbana contemporânea.
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Lisboa em Olhão/ Olhão em Lisboa. História e fábula em três bairros de habitação económica, "desde 1925"
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Ricardo Agarez
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A aprovação de um loteamento de terrenos pela Câmara Municipal de Olhão no final da década de 1980 implicou a demolição de um conjunto habitacional, o “Bairro Operário em Olhão”, projecto do arquitecto Carlos Chambers Ramos, publicado inicialmente em 1925. Nos últimos vinte e cinco anos, esse bairro passou a fazer parte de um curioso equívoco historiográfico e a sua data de publicação, foi transferida para outro dos projectos de Ramos para Olhão, o “Bairro Municipal”, enquanto as suas características, historial, localização e existência se perderam dos relatos. Por sua vez, este último projecto, que nunca chegou a sair do papel, ganhou uma existência fictícia ao tomar o lugar do “Bairro de Casas para Pescadores”, de Inácio Peres fernandes, com o qual passou a ser sistematicamente confundido. O curioso caso dos bairros de Olhão é pois uma boa oportunidade para procurar compreender as razões subjacentes a semelhante equívoco historiográfico e para enriquecer a questão com dados até agora desconhecidos ou ignorados, contribuindo para o seu esclarecimento.
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"Uma arquitetura de representação adaptada aos trópicos" no SIPA. A propósito do projeto "Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitetónicas"
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Tiago Borges Lourenço
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A participação do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU) no projeto Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitetónicas possibilitou a constituição, dentro da base de dados SIPA, de um núcleo de registos alusivo ao património português novecentista nos antigos territórios ultramarinos portugueses, com especial destaque para a produção do organismo estatal em análise. Apresentando o projeto e o trabalho desenvolvido, o presente artigo procura focar as especificidades de um estudo com esta natureza, as metodologias necessárias à sua concretização e as perspetivas de futuro que com ele se abrem.
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