Chafariz da Junqueira / Chafariz da Cordoaria
| IPA.00009598 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Alcântara |
|
Arquitectura infraestrutural, tardo-barroca. Chafariz urbano, implantado num largo, fornteiro ao edifício da Cordoaria, ligado à distribuição de água a Lisboa, pelas Águas Livres, do tipo caixa de água, com a face frontal em forma de espaldar rectangular, flanqueado por pilares toscanos, de fustes almofadados, rematando em elementos curvos e contracurvados, onde domina a decoração de acantos, concheados e enrolamentos. No espaldar inscrevem-se duas bicas boleadas, o esquema mais comum nos chafarizes de Lisboa, que vertem para tanque de planta contracurva e muro galbado, com bordo boleado, onde surgem dois pilares e réguas metálicas para apoio de vasilhame. A estrutura remata em elemento curvo, flanqueado por enrolamentos e encimado por esfera armilar, contendo as armas reais, num esquema semelhante ao Chafariz do Intendente (v. PT031106310126), estrutura na qual se filia, uma vez que possuem estruturas semelhantes, sendo o do Intendente mais elaborado. É flanqueado por duas alas curvas, onde se integram portas de verga recta, de acesso à caixa de água, com bancos de cantaria adossados, elementos comuns a todos os chafarizes flanqueados por alas curvas. Chafariz de construção tardia, mas que reflecte uma decoração essencialmente barroca, com o gosto pelos acantos, enrolamentos e concheados, destacando-se o remate, com os símbolos régios, como a esfera armilar, escudo português e coroa fechada. O espaldar possui apainelados, o superior com inscrição, identificando a data e âmbito de construção, e o inferior com decoração de acantos. Sofreu um arranjo no início do séc. 20, integrado dois panos de muro curvos, formando uma elipse aberta frontalmente, decorados com silhares de azulejos, de expressão revivalista, neorococó, coadunando-se com os elementos do chafariz, onde surgem elementos em monocromia, representando aves, rodeado por apainelado de acantos e enrolamentos, sobre fundo de azulejo de "pedra torta"; aos panos, adossam-se bancos de cantaria e surgem portas de verga recta e dupla moldura, rematadas por frontões de lanços, com amplos balaústres, de acesso à parte posterior, onde se encontra a arca de água, as mais elaboradas do conjunto de 22 chafarizes sobreviventes deste período de abastecimento de água à cidade. Integrando o mesmo tipo de linguagem do chafariz, os pilares colocados nos extremos dos panos, da ordem toscana, mas com um tipo de remate invulgar, conciliando um vaso do "tipo Médicis", típico do final do séc. 18, mas sobretudo utilizado na gramática decorativa neoclássica, com um pináculo piramidal, tipicamente seiscentista. O esquema das alas curvas para esconder a caixa de água é utilizado noutros chafarizes, desde a sua construção primitiva, como o da Convalescença (v. PT031106390231), o de Benfica (v. PT031106080371) e o de Entrecampos (v. PT031106040206). |
|
Número IPA Antigo: PT031106020373 |
|
Registo visualizado 4260 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Estrutura Hidráulica de elevação, extração e distribuição Chafariz / Fonte Chafariz / Fonte Tipo espaldar
|
Descrição
|
Amplo chafariz implantado num recinto elíptico, elevado relativamente ao passeio público, pavimentado a calçada de calcário, aberto frontalmente e tendo, no perímetro exterior, quatro frades de cantaria, ligados por cadeia de ferro, protegendo a zona; junto ao chafariz propriamente dito, surgem mais dois frades de cantaria e um junto a cada um dos pilares laterais. A estrutura é composta pelo chafariz, ao centro, rodeado por dois panos laterais, curvos, percorridos por embasamento de cantaria, flanqueados, interiormente, por pilastras toscanas e, exteriormente, por pilares da mesma ordem arquitectónica, assentes em duas ordens de dados, os superiores mais estreitos, rematados por vaso "Tipo Médicis" e por pináculo piramidal, com os paramentos almofadados; os panos rematam em dupla cornija. Possuem um tratamento simétrico, parcialmente rebocados e pintados de branco, integrando revestimento de azulejo policromo, formando silhar, com rodapé e fundo em "pedra torta", o rodapé de tonalidade verde e o fundo amarelo, corrido por friso estreito, em azul cobalto, que enquadram quatro apainelados, os exteriores mais estreitos e todos recortados superiormente, assentes em falso embasamento composto por entrelaçado. Os painéis são rectilíneos, alguns assinados, recortados inferiormente por decoração de acantos e concheados, e curvos na zona central, dando lugar a pequena roseta; contêm cartela elíptica, composta por enrolamentos, acantos e concheados, contendo cena monocroma sobre fundo branco, a manganês, representando aves de vários portes, inseridas em fundos de paisagem. Superiormente, o painel interrompe-se para dar origem ao remate, composto por "ferronerie", onde se enroscam acantos, encimados por enrolamentos, concheados, acantos e pingentes, formando um falso espaldar, criando um elemento recortado. Ao centro, os braços são rasgados por uma porta de verga recta e dupla moldura, assente em altos socos, rematada por frontão de lanços, sobrepujado por balaústre; o vão é protegido por uma folha de madeira almofadada, pintada de azul; possuem dois pares de bancos de cantaria, assentes em três pés do mesmo material. No centro da composição, o chafariz, propriamente dito, formando caixa de água, com espaldar rectilíneo, flanqueado por dois pilares toscanos, com os fustes almofadados e assentes em altos plintos paralelepipédicos, rematados por enrolamentos, assentes sobre a cornija que atravessa toda a estrutura; remata em elemento de perfil curvo, com cornija também curva, que se interrompe em acanto aberto, servindo de mísula a um pedestal de faces almofadadas, flanqueado por elemento contracurvado, circunscrito por enrolamentos e que sustenta uma esfera armilar, com o escudo português e sobrepujado por coroa fechada; contém medalhão circular, enquadrado por tabela rectilínea com lacrimais e, sob o medalhão, acantos afrontados, que ligam à cornija do remate. O espaldar do chafariz possui dois apainelados recortados, o superior com a inscrição incisa e avivada a preto: "AGOAS LIVRES ANNO DE 1821"; o inferior tem os ângulos inferiores truncados por enrolamentos e possui base semicircular, interrompida por volutas, de onde pende um acanto. Esta é flanqueada por duas bicas circulares e salientes, onde surgem duas torneiras de bronze, que vertem para tanque de planta contracurva e de perfil galbado, com bordo saliente e curvo, contendo, debaixo das bicas, dois pilares de cantaria, com réguas metálicas para apoio do vasilhame. |
Acessos
|
Rua da Junqueira |
Protecção
|
Incluído na Zona Especial de Proteção conjunta da Capela de Santo Amaro (v. IPA.00006224), Palácio Burnay (v. IPA.00006535), Salão Pompeia (v. IPA.00006536) e Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha (v. IPA.00006221) / Incluído na Zona de Proteção da Cordoaria Nacional (v. IPA.00003181) / Parcialmente incluído na Zona de Proteção da Quinta das Águias (v. IPA.00004072) |
Enquadramento
|
Urbano, adossado a edifícios de habitação plurifamiliares, inserido no contexto urbano da Rua da Junqueira, integrado no conjunto de um quarteirão descaracterizado ao nível urbano, cujos limites são definidos apenas na zona em que faz fronteira com a Rua da Junqueira. Está implantado junto à via pública, pavimentada a alcatrão, separado por passeio público pavimentado a calçada de calcário. Encontra-se situado em frente ao edifício da Cordoaria Nacional, nas imediações da Quinta das Águias (v. PT031106020195), que se desenvolve para o lado direito, e a Casa Nobre de Lázaro Leitão Aranha / Universidade Lusíada (v. PT031106320161), desenvolvida no lado esquerdo. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Hidráulica: chafariz |
Utilização Actual
|
Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
|
Pública: municipal |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 19 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITECTO: Honorato José Correia de Macedo e Sá (1821); Raul Lino (séc. 20). PINTURA DE AZULEJO: Fábrica Viúva Lamego (séc. 20); Mário Reis (séc. 20). |
Cronologia
|
1821 - construção do chafariz, da autoria do arquitecto da Junta das Águas Livres Honorato José Correia de Macedo e Sá (1754 - 1827) ; 1821, 4 Abril - um aviso determinava à Junta das Águas Livres que não empreendesse qualquer outra obra antes da conclusão do chafariz da Junqueira; 1822, 24 Junho - corre pela primeira vez a água no chafariz, mas em pequena quantidade, porque as minas que a abasteciam só davam duas penas de água ; 1828 - a obra estava concluída ; 1838, 11 Agosto - acrescentado o caudal descoberto na proximidade de Rio Seco, para serventia do chafariz, até então abastecido por uma mina de água situada no Alto de Santo Amaro, passando a dar quatro penas de águas; 1851 - segundo Sérgio Veloso de Andrade, os sobejos iam para o mar; séc. 20, década de 40 - arranjo urbanístico da envolvente, segundo projecto do arquitecto Raul Lino (1879 - 1974); 1946 - o chafariz possuía um silhar de azulejos de padrão; era abastecida pelas águas livres e passou a ser da rede camarária; séc. 20, 2.ª metade - pintura dos azulejos das ilhargas do chafariz na Fábrica Viúva Lamego, executados por Mário Reis, com atelier na R. da Bempostinha, n.º 23, em Lisboa. |
Dados Técnicos
|
Paredes autoportantes. |
Materiais
|
Estrutura em alvenaria mista nos panos e em cantaria de calcário no chafariz, os primeiros parcialmente rebocados e pintados; pilares, pináculos, embasamento, pavimento, frades, bancos em cantaria de calcário; réguas e cadeias que ligam os frades em ferro forjado; portas de madeira; silhares e painéis de azulejo industrial. |
Bibliografia
|
ANDRADE, José Sérgio Velloso d', Memoria sobre Chafarizes, Bicas, Fontes e Poços Públicos de Lisboa, Belém, e muitos logares do termo, Lisboa, Imprensa Silviana, 1851; ATAÍDE, M. Maia, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V, Tomo 3, Lisboa, 1988; CAETANO, Joaquim de Oliveira, SILVA, José Cruz, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, 1991; CAETANO, Joaquim de Oliveira, Chafarizes, Bicas e Poços, Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; CHAVES, Luís, Chafarizes de Lisboa, Lisboa, s.d.; FREITAS, Eduardo, CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa: Freguesia de Belém, Lisboa, 1993; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário dos Arquitectos Activos em Portugal do Séc. I à Actualidade, Porto, 1994; PINHO, Bernardino de, Inventário das Minas, Poços, Furos e Cisternas da área da Cidade de Lisboa, in Boletim da Comissão da Fiscalização das Águas de Lisboa, II série, n.º 27, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1946, pp. 39-60; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. II. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID; CML: Museu da Cidade, Projecto do Chafariz da Junqueira |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
Nada a assinalar. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001 / Paula Figueiredo 2007 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |