Núcleo urbano da cidade de Évora / Centro Histórico de Évora / Núcleo intramuros de Évora

IPA.00000064
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão)
 
Núcleo urbano sede distrital. Cidade situada em colina. Cidade medieval com cerca urbana. Núcleo urbano medieval de traçado radioconcêntrico. Formado em função do núcleo urbano original contido na primeira linha de muralhas onde se localizavam os imóveis relacionado com o poder político, militar e religioso. A rua da Selaria, com funções de rua Direita, faz a ligação deste núcleo primitivo com a Praça Grande, que durante a idade média se vai tornando o ponto de convergência dos circuitos fundamentais de toda a cidade medieval contida na Cerca Nova, constituídos pelos eixos, que fazem a ligação do centro ás portas novas. A expansão deu-se partindo de três arrabaldes/bairros estruturados durante o período islâmico e na sequência da localização estratégica de pólos incentivadores do crescimento, com a fundação de dois conventos e mais tarde do colégio/ universidade. Évora foi uma cidade de grande incremento construtivo até ao século entre os séculos 13 e 16, com a fundação de inúmeros conventos, igrejas e capelas e colégios. A arquitectura civil residencial é muito rica em casas nobres, solares e casas apalaçadas, testemunhando a importância da cidade no contexto nacional, incrementado por frequentes estadias do rei e da corte. São numerosas as casas com o pátio, com uma tipologia herdada das casas grandes rurais, demonstrando uma ligação estreita entre a actividade agrícola e a classe abastada eborense. A arquitectura residencial corrente caracteriza-se pela presença ambivalente de tipos de influência rural e de tipos marcadamente urbanos. A casa térrea com a chaminé de grandes proporções, saliente na frente de rua, revela a importância da cozinha na organização interna da casa, característica associada a uma vivência rural, transposta para a cidade. Uma variante deste tipo pode ser determinada a partir da evolução de adaptação à cidade, com o acréscimo de um piso, conferindo-lhe uma feição mais urbana, mantendo-se a organização interna e a consequente chaminé saliente na fachada. Este tipo de construção está implantado em lote de frente estreita e têm um único vão de porta com postigo para iluminação, ou uma porta e uma janela. Com grande incidência encontram-se os edifícios de dois pisos, uni familiares, com loja no piso térreo ou com habitação nos dois pisos, que tanto ocorrem em lote de frente estreita como em lote de frente larga, variando em função disso o número de vãos, de um (só porta no piso térreo e janela no segundo piso) até quatro ou cinco vãos. Dos tipos de habitação plurifamiliar encontram-se as habitações de 2 pisos e 3 pisos e os prédios de rendimento de 4 e 5 pisos. Dos últimos destacam-se os que, em Évora, adquirem uma característica própria, com uma galeria com um ou mais arcos no piso térreo, protegendo uma loja e a entrada para os pisos superiores. Estes são a imagem de marca da Praça Grande (actual Praça do Geraldo) e de alguns dos principais eixos da cidade, todos eles espaços predominantemente comerciais. A cidade de Évora é cabeça de Comarca (Costa, 1706). Évora apresenta um tecido urbano especialmente rico e diversificado, com uma grande densidade de elementos arquitectónicos notáveis, testemunhos de diversas épocas de evolução e da riqueza histórica e cultural da cidade. A arquitectura erudita confere uma identidade urbana muito própria, reforçada pela existência quase integral das muralhas, por um traçado urbano imemorial e por uma arquitectura corrente heterogénea, carregada de elementos uniformizadores, como as cores e materiais, que lhe dão a leitura de um todo.
Número IPA Antigo: PT040705050070
 
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Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Cidade  Cidade medieval  Cidade fortificada   Régia (D. Afonso Henriques)

Descrição

Espaço urbano intra - muros, constituído por duas estruturas urbanas distintas, que correspondem a duas grandes fases, determinantes do desenvolvimento da cidade. O grande pólo da estrutura radioconcêntrica, que suporta toda a malha urbana, é área correspondente ao primeiro núcleo amuralhado, de origem romana, com cerca de 12 hectares. Esta área manteve o seu perímetro urbano inalterado durante séculos, até à grande redefinição urbana dos séculos 13/14. Este núcleo de forma sensivelmente quadrangular é delimitado por um eixo paralelo à cerca velha, definido pela r. Duques de Cadaval, lg. do Colégio, Carreira do Colégio (actual r. do Conde da Serra de Tourega), lg. das Portas de Moura, r. Miguel Bombarda, Praça Grande (actual prç. do Geraldo), r. (actual r. João de Deus) e r. do Menino Jesus. Para ele convergem os principais eixos da área de expansão da cidade desde a idade média, que foi ocupando gradualmente todo o espaço delimitado pela segunda linha de muralhas, que delimita o actual centro histórico. Estes eixos correspondem ao traçado das vias que ligavam Évora, desde a época romana, aos principais núcleos urbanos do território envolvente: Mérida, Monsaraz, Serpa, Beja, Alcácer, Lisboa, Santarém e Tomar presentes respectivamente nas ruas da Rampa dos Colegiais (actual José Estêvão Cordovil), r. de Machede, r. da Mesquita (actual Dr. Augusto Eduardo Nunes), r. do Paço (actual r. da República), r. do Raimundo, r. de Alconchel (actual r. Serpa Pinto), r. da Alagoa (actual r. Cândido dos Reis) e r. de Aviz. Foi, naturalmente, ao longo destes eixos que se implantaram os primeiros núcleos “fora de portas” e os diversos arrabaldes. Foi igualmente no alinhamento destes eixos que surgiram as portas a Cerca Nova, que umas vezes adquiriram o nome do topónimo: Porta do Raimundo, Porta de Alconchel, Porta de Aviz, Porta de Machede, outras vezes o nome de pessoas ou elementos importantes na vida da cidade: Porta de Mendo Estevens, Porta da Lagoa, Porta da Mesquita, Porta do Moinho de Vento, Porta do Rossio, etc. A muralha medieval veio conferir à cidade uma forma aproximadamente circular, que envolveu na totalidade a área urbana primitiva. Esta muralha mantém a quase totalidade do seu pano, tendo sido destruídos alguns troços quando, no séc. 17, foram construídos os baluartes (v. PT040705210040). O tecido urbano do 1º núcleo é sinuoso e irregular, reflectindo o declive do terreno e uma ocupação não planeada. Do traçado romano terão sobrevivido referências aos eixos fundamentais, o cardo e o decumanus, que corresponderiam ás ruas que se mantiveram ao longo dos séculos os principais acessos à alcáçova / castelo. São elas respectivamente o eixo entre a r. Francisco Soares Lusitano, o lg. do Marquês de Marialva e o lg. de D. Miguel e o eixo da r. da Selaria (actual r. 5 de Outubro) que continuaria o seu curso (sob o actual edifício da Sé) pela r. da Freiria de Cima. A cidade islâmica ter-se-á sobreposto à cidade existente, sem uma ruptura radical da natural evolução do primitivo tecido urbano romano. Da zona da alcáçova/castelo, só existe parte das muralhas e das torres. Localizava-se no ponto com a cota mais elevada e num local periférico à cidade, onde hoje se encontra o designado por Pátio de S. Miguel, junto ao palácio dos Condes de Bastos (v. PT040705210037) e à ermida de S. Miguel (v. PT040705210050), que foi a primitiva igreja do castelo, ocupando a área que vai até ao Palácio dos Duques de Cadaval (v. PT040705210081), na r. Augusto Filipe Simões. As ruas são estreitas e tortuosas, nunca excedendo 5 m, formando quarteirões com grandes variações morfológicas. Um edificado composto predominantemente por casas senhoriais e grandes edifícios religiosos e públicos justifica as grandes dimensões dos quarteirões, onde são comuns os logradouros, pátios e quintais. Da 1ª linha de muralhas, herdada dos romanos e árabes, subsistem diversos troços, parte deles incorporados em edifícios. Um troço visível encontra-se voltado a N, entre os Palácio dos Duques de Cadaval e a Ermida de S. Miguel, outro troço encontra-se entre a Torre Quadrangular ou Torre da Rua Nova ou ainda Torre de Sisebuto (v. PT040705210030), ao longo da r. Nova (actual r. da Alcárcova de Cima), que termina na Torre Pentagonal (v. PT040705210029) na r. da Selaria (actual r. 5 de Outubro). Visíveis são ainda as torres da Porta de Moura, junto largo com o mesmo nome. São ainda de salientar as igrejas de S. Vicente (v. PT040705210061) e da Misericórdia (v. PT040705210062), nas ruas do mesmo nome. A cidade extravasou a Cerca Velha com a formação dos primeiros arrabaldes, ainda na era muçulmana, que rapidamente tomaram grandes proporções e importância religiosa e social. O arrabalde de S. Mamede, polarizado pela primitiva igreja moçarabe, actual igreja de S. Mamede (v. PT040705070101), foi um dos primeiros núcleos de expansão urbana, a par do arrabalde de S. Francisco, fundado em redor do mosteiro do mesmo nome (v. PT040705210017), instalado estrategicamente num eixo privilegiado para o desenvolvimento da urbe. Também o mosteiro de S. Domingos (v. PT040705050082), um pouco mais tarde, foi gerador do núcleo de Cogulhos, incentivando o crescimento da cidade naquela direcção. Ambos preencheram vazios entre os arrabaldes herdados da cidade islâmica, o primeiro entre o da Porta de Moura e o da Porta de Alconchel, e o segundo entre este e o de S. Mamede. Outros se seguiram como o de Aviz, o das Fontes e o da Palmeira. Estes núcleos que se foram estabelecendo ao longo do século 13, envolvendo a cidade amuralhada, constituíram a base de articulação do traçado urbano que hoje se encontra em Évora. O crescimento urbano dos séculos seguintes acabará por preencher o espaço livre entre os diferentes núcleos habitacionais, mas o traçado da cidade ficou definido nesta época, tal como o seu perímetro, materializado na construção da Cerca Nova (v. PT040705210032). Desta leitura da evolução urbana surgem cinco núcleos que se foram aproximando, formando tecidos urbanos com diferentes características, resultantes das variantes culturais, geográficas e socio-económicas. O núcleo de S. Mamede, compreendido entre a r. da Alagoa (actual r. Cândido dos Reis e r. Elias Garcia) e a r. do Menino Jesus, apresenta um tecido urbano regular, organizado em função destes três eixos principais e da r. de Aviz, que como o topónimo indica, leva à Porta de Aviz. A r. da Mouraria, a r. do Cano e a r. das Fontes são eixos secundários que representaram um papel importante na estruturação desta zona. Foi aqui que se instalou a 2º mouraria e onde séculos mais tarde, se instalaram preferencialmente as famílias provenientes do grande êxodo rural. Os quarteirões tendencialmente rectangulares e triangulares têm a particularidade de ter áreas de logradouros muito reduzidas ou mesmo inexistentes. Com um edificado muito denso, predominam lotes de pequena dimensão com edifícios maioritariamente térreos e de dois pisos. As condições de habitabilidade são frequentemente deficientes revelando maiores carências sociais. Os edifícios notáveis são em menor número do que nas restantes núcleos da cidade mas, em contrapartida, encontram-se aqui alguns dos exemplares mais genuínos da arquitectura corrente tradicional, com especial incidência para as casas com chaminé na fachada, muitas delas já adulteradas. Um segundo núcleo pode ser considerado entre o eixo das ruas da Alagoa (actual Cândido dos Reis), Elias Garcia e João de Deus e a r. de Alconchel (actual r. Serpa Pinto). Esta é uma zona menos estruturada, que se formou em função o antigo mosteiro de S. Domingos, e de outros conjuntos conventuais que se lhe seguiram: o antigo convento de Sta. Helena do Monte Calvário (v. PT040705210034) e o antigo Convento de Sta. Clara (v. PT040705050035). As cercas dos conventos impuseram grandes áreas livres que foram sendo ocupadas por quintas e, só recentemente por novas construções de maior densidade. No local do antigo convento de Sta. Catarina, encontra-se hoje uma das maiores construções de habitação recente no interior das muralhas, a par da urbanização que está em curso em terrenos junto do Antigo convento de S. Domingos. Os quarteirões são irregulares, à excepção de duas zonas. Uma de influência da R. da Alagoa (actual r. Cândido dos Reis) que apresenta quarteirões rectangulares perpendiculares àquele eixo, com logradouros praticamente inexistentes e com um tecido edificado muito denso. Esta estrutura prolonga-se até à r. dos Lagares. A outra teve na sua formação influência da r. de Alconchel (actual r. Serpa Pinto), também com quarteirões rectangulares, mas paralelos àquele eixo, que se sucedem até à r. de S. Cristóvão. Os lotes são predominantemente de frente larga, excepto nesta área de estrutura reticulada junto da r. de Alconchel (actual r. Serpa Pinto), em que predominam os lotes estreitos com logradouros muito reduzidos. O terceiro núcleo foi considerado entre a r. de Alconchel (actual r. Serpa Pinto) e a r. da Cadeia ou das Estalagens (actual r. Romão Ramalho). Com origem no arrabalde de Alconchel que começou a crescer junto da Porta de Alconchel da Cerca Velha, e que veio a ser ocupado pela judiaria. Esta é uma zona de traçado reticulado, estruturado em função dos eixos radiais fundamentais, r. de Alconchel,r. da Moeda, r. do Raimundo, R. dos Mercadores e r. da Cadeia ou das Estalagens (actual r. Romão Ramalho), com eixos secundários transversais e estes que formam quarteirões rectangulares perpendiculares à prç. do Geraldo. Esta é uma das malhas urbanas mais coesas de todo o conjunto, a par da zona de S. Mamede. Caracteriza-se por um tecido urbano muito denso, com lotes de pequenas dimensões e logradouros reduzidos. Predominam os edifícios de 2 e 3 pisos, com grande incidência da tipologia plurifamiliar. A prç. do Geraldo, que constitui o espaço público polorizador de toda a actividade social e económica, é o mais importante da cidade desde o séc. 14. Começou por ser o amplo adro da igreja de S. António, uma das cinco igrejas paroquiais fora de portas, integrada no arrabalde de Alconchel. Ao longo do século 14 começa a ganhar protagonismo, como centro da nova cidade em crescimento. Aqui se construíram os Estáus (v. PT040705050204) para receber a corte, a casa da Câmara e Cadeia e se instituiu a feira. Aqui se construíram, sobre a barbacã e alcárcova da cerca velha, os primeiros edifícios com arcos, associados ao comércio, como nos confirma o topónimo da r. da Alcárcova, nas traseiras destes edifícios. Este espaço urbano representa a charneira entre a cidade monárquica/ eclesiástica e a cidade dos cidadãos e dos mercadores, fazendo a articulação da cidade nova com a cidade velha. Hoje continua a ter uma actividade efervescente, social, comercial, cultural e turística. É um amplo espaço rectangular, envolvido por edifícios de arquitectura corrente, de 3 e 4 pisos, para onde convergem os quase todos os eixos fundamentais. A homogeneidade e a riqueza decorativa das fachadas, as arcadas de uma galeria contínua e o singular Chafariz (v. PT040705050027), fazem da prç. do Geraldo a sala de visitas da cidade. A actual Igreja de Santo Antão, veio a ser construída no local da primitiva igreja de S. António, no topo NO da praça. No topo oposto, onde se encontrava até ao início do séc. 20, a Casa da Câmara e Cadeia / Paços do Concelho, ergue-se hoje se o edifício do Banco de Portugal. O quarto núcleo considerado está compreendido entre a r. da Cadeia ou das Estalagens (actual r. Romão Ramalho) e a r. da Mesquita (actual r. D. Augusto Duarte Nunes). Corresponde a uma área que se expandiu em torno do Convento de S. Francisco. Caracteriza-se por grandes quarteirões, sem uma constante formal e organizados em função de diversos edifícios notáveis. O facto do convento de S. Francisco ter sido, desde cedo, local de estadas reais e mais tarde palácio real, influenciou certamente a concentração de grandes edifícios civis e religiosos, bem como a preponderância de solares e casas nobres nesta zona. A zona S. da cidade teve uma rápida expansão urbana e populacional, levando ao precoce surgimento de um núcleo fora da Cerca Nova, envolvendo o Rossio de S. Brás, a comprovar pela construção do chafariz do Rossio, que é o único exemplar implantado fora da muralha. O último núcleo de referência teve na sua origem num conjunto urbano fora de portas da cidade islâmica e veio a albergar a 1ª mouraria. Foi portanto uma das primeiras áreas de expansão da cidade nova, instalada junto da Porta de Moura. Para esta descrição estamos a considerar a zona entre a r. da Mesquita (actual r. D. Augusto Duarte Nunes) e o eixo da r. do Cardeal Rei com o lg. do Colégio e a Carreira do Colégio (actual r. do Conde da Serra da Tourega). Esta zona está estruturada em função dos eixos radiais: a r. do Espírito Santo (actual Doutor Joaquim Henrique da Fonseca), a r. de Mendo Estevens e a r. de Machede, que se ramificam em ruas transversais, paralelas entre si, formando quarteirões rectangulares que , tal como na zona de S. Mamede se vão tornando mais longos à medida que se aproximam da Cerca Nova. Comum a toda a área entre a Cerca Velha e a Cerca Nova é a uma malha organizada em grandes triângulos definidos pelas principais artérias, resultantes da estrutura radioconcêntrica. Em cada um deles desenha-se uma estrutura composta por eixos secundários radiais e transversais, que formam quarteirões rectangulares, paralelos entre si, que são mais compridos à medida que nos aproximamos da Cerca Nova. As variações a esta regularidade têm a ver com a maior ou menor concentração de edifícios de grandes dimensões, geradores de espaços livres privados, que criam descontinuidades da malha urbana. É notável a área não construída intra-muros, sobretudo na zona periférica, junto da Cerca Nova. Eram terrenos pertencentes a cercas de antigos mosteiros ou de reserva militar, que têm vindo a ser progressivamente ocupados com novas construções. Na realidade, a construção da Cerca Nova incluí uma área tão vasta, que só no início do séc. 20 a cidade extravasou o perímetro medieval. O tecido edificado, apesar da aparente homogeneidade, é tipologicamente muito diversificado. Encontra-se a casa térrea com uma grande chaminé saliente da fachada, directamente herdada da edificação do meio rural alentejano, a casa de 2 e 3 pisos em lote de frente estreita, que revelam a transição para uma tipologia mais urbana, as habitações de 2 e 3 pisos implantadas em lotes largos, plenamente urbanas, com e sem loja no piso térreo. Na habitação plurifamiliar predominam os edifícios de 2 e 3 pisos, em lotes de frente larga. Os prédios de rendimento são escassos, localizando-se sobretudo na Praça Grande (actual praça do Geraldo), no eixo das ruas João de Deus e r. da Porta Nova (actual José Elias Garcia) e no início da r. do Paço (actual r. da República), junto à Praça Grande, caracterizados pela galeria com arcada no piso térreo. As casas abastadas têm uma presença notável em todo o núcleo urbano, com maior incidência na zona S. da cidade. Destas destacam-se, pela sua especificidade as casas com pátio. Em termos cromáticos as fachadas são invariavelmente brancas, de cal ou tinta, por vezes coloridas com barramentos cinza ou amarelo/ ocre, sendo ainda visíveis vestígios de camadas anteriores de outras cores como o sangue de boi (óxido vermelho) e o azul-cobalto (óxido azul). Para além da riqueza tipológica, é notável a riqueza de elementos arquitectónicos de valor patrimonial, quer estruturais quer decorativos. As já referidas arcadas, os cunhais em cantaria, as chaminés, beirados e platibandas, as varandas com guardas de ferro forjado e as cantarias esculpidas de portas e janelas, são os elementos que se encontram com maior frequência. De salientar são os trabalhos de esgrafito, que decoram as fachadas com minuciosos desenhos monocromáticos. sobretudo junto dos beirados e dos cunhais.

Acessos

A2, A6, EN114, EN256, EN18

Protecção

Categoria: Património Mundial - UNESCO, 1986 / MN - Monumento Nacional, ao abrigo do art. 15º, nº 7, Lei 107/2001, de 08 setembro 2001

Enquadramento

Urbano. Situado na região alentejana, a S. do país, localiza-se a 131km a E. de Lisboa e a 63,5km da fronteira com Espanha. É capital de distrito e conta com uma população de cerca de 5500 habitantes na área intramuros, acrescida de uma população de residência sazonal ligada à universidade, estimada em cerca de 2000 habitantes. A cidade implantou-se num ponto geográfico estratégico, na confluência de três bacias hidrográficas: do rio Tejo, do Guadiana e do Sado, que foi desde a fundação, importante pólo de eixos comerciais. Aqui confluem diversas vias importantes, de ligação ás cidades mais importantes da região e a Espanha, como Lisboa / Santarém, Avis / Tomar, Beja / Sevilha e Elvas/ Mérida. A cidade é servida por uma auto - estrada e por uma linha de caminho de ferro. Numa zona de pouco relevo orográfico, em que terrenos são de constituição paleozóica e granítica, a presença abundante de granito deu origem a terras férteis. Évora está implantada num morro e situa-se entre os 200 e os 300 m de altitude a S. e os 300 e os 350 m a N., aproximando-se dos 400 m a O. Rodeada de terreno agrícola, a cidade teve desde sempre o motor da sua economia na agricultura, caracterizado por propriedades em regime de latifúndio. De clima quente e seco, esta é uma zona pouco irrigada, com verões longos e quentes e Invernos frios e com pluviosidade rara e intensa, características de um clima mediterrânico - continental. Na envolvente imediata desenvolveram-se diversos bairros habitacionais que correspondem à expansão da cidade no séc. 20.

Descrição Complementar

Évora tem uma localização geográfica pouco comum, entre as cidades mais antigas do país, pelo facto de estar implantada longe de um curso de água. A consequência desta realidade, em termos urbanos, foi a necessidade de ao longo dos séculos, recorrer a poços, cisternas e a um sistema hidráulico complexo de captação, transporte e distribuição de água potável. Os poços eram na sua maioria privados, localizados nos pátios ou no interior da casa. Nas casas mais ricas existiam cisternas onde se fazia o aproveitamento da água pluvial. Existiam também poços de servidão pública e distribuição feita por aguadeiros. São inúmeros os poços particulares ainda existentes nos interiores das casas, apesar de muitos deles estarem tapados. Dos poços comunitários há referências documentais aos poços da Selaria, da Praça Grande, das Portas de Moura, da Porta Nova, da Judiaria, do Chão Domingueiro, de Alconchel, da Sé, da Mouraria e das Cabras. O espaço público principal do núcleo primitivo da cidade (área correspondente à primeira cerca) encontra-se naturalmente associado à Sé de Santa Maria (v. PT040705210016), ao Templo Romano (v. PT040705210014), ao Palácio da Inquisição (v. PT040705210051), ao Colégio dos Meninos do Coro da Sé/Celeiro dos Bispos/Biblioteca, ao Convento dos Lóios/Pousada (v. PT040705210033) e respectiva igreja (v. PT040705210018), e ao Paço Arquiepiscopal / Museu (v. PT040705210150), marcando claramente o que foi o centro do poder político e religioso da cidade desde o fórum romano até à idade média. É composto por 4 espaços contíguos: o lg. do Conde de Vila Flor, o lg. do Marquês de Marialva, o lg. de D. Miguel de Portugal e o Jardim de Diana. Estes espaços actualmente constituem zonas de circulação e de concentração turística, tendo perdido o carácter central e polarizador da vida socio-económica da cidade. Excepção é a prç. do Sertório, onde se encontra o Palácio dos Condes de Sortelha (v. PT040705210018), edifício onde actualmente funciona a Câmara Municipal, o edifício do Antigo Colégio de São Paulo (v. PT040705050201), onde hoje funcionam as finanças e o edifício dos Correios. Esta concentração de serviços públicos e administrativos confere a esta praça um papel fundamental na vivência da cidade actual. No entanto esta zona foi profundamente alterada a partir do final do século 19. O Palácio dos Condes de Sortelha, sob o qual se encontram vestígios arqueológicos de uns balneários romanos, foi alvo de uma grande intervenção que alterou por completo a sua composição, o Antigo Convento do Salvador (v. PT040705050041) foi demolido quase na totalidade para a construção dos edifícios dos CTT e para a abertura da r. de Olivença, já no século 20. Desta destruição sobreviveu a Igreja do Salvador, com frente para a referida praça. Também o edifício do Banco Nacional Ultramarino, arquitectura do Estado Novo, terá alterado em muito o perfil do O. da praça. Junto ao edifício dos Correios subsistiu o arco de D. Isabel (v. PT040705210015), único vestígio romano da primitiva muralha. No 1º núcleo de arrabalde, a igreja de S. Mamede (v. PT040705070101) encontra-se no lg. Dr. Evaristo Cutileiro, junto do antigo mosteiro de Santa Mónica (v. PT040705070092), numa localização periférica em relação ao este núcleo. Nas imediações da igreja, situam-se várias casas solarengas ou apalaçadas dos sécs. 17 e 18. Na r. de Aviz, para além da Porta de Aviz (v. PT040705070038) e do convento de S. José da Esperança (v. PT040705070045) encontram-se várias casas com relevante valor patrimonial. Ao longo da r. do Cano está parte do que resta do Aqueduto da Água da Prata (v. PT040705210026), que volta a ter um troço visível na r. do Salvador, continuando pela trv. dos Nunes e pela r. Pedro Simões. Na r. do Cano encontramos ainda o Solar dos Barreiros (v. PT040705070198) e, no mesmo quarteirão, outra casa nobre na r. Manuel D’Olival. Esta é um área com uma ocupação predominantemente residencial. Os espaços públicos são três, o lg. Dr. Evaristo Cutileiro, o lg. de Aviz e o lg. do Chão das Covas. Os dois últimos são arborizados e funcionam como espaços de lazer e permanência. Ambos têm chafarizes/fonte (v. PT040705070111) com valor patrimonial. O lg. do chão das Covas tem no topo NO. o Aqueduto da Água da Prata. No 2º núcleo de arrabalde o Teatro Garcia de Resende (v. PT040705210071) domina a grande praça deste núcleo, a prç. D. Pedro (actual Joaquim António de Aguiar), rodeada por outros edifícios notáveis como o Palácio dos Morgados de Mesquita, Palácio dos Morgados de Macedos e o Reformatório de Sta. Maria e Irmandade das Almas do Clero. Na continuidade desta praça está a r. de S. Domingos que é uma espaço largo e arborizado, quase uma praça. Sem outros espaços públicos de relevo, esta é uma área da cidade de contrastes quer ao nível do edificado quer relativamente ao espaço livre público/privado. Com a presença de vários exemplares de arquitectura civil residencial nobre de que se destaca o Palácio dos Condes de Murça, adossado à Igreja de S. Antão (v. PT040705050057), com frente para a r. de Alconchel (actual r. Serpa Pinto) e o já referido Paço dos Morgados de Macedo, predominam os edifícios de 2 e 3 pisos de habitação unifamiliar corrente. Notável é a frente da r. da Porta Nova (actual r. Elias Garcia) e as frentes do lg. Luís de Camões, pelos edifícios com arcadas no piso térreo formando uma galeria. Ao longo da r. da Alagoa (actual r. Cândido dos Reis), é possível observar no início de algumas das ruas transversais, arcos botantes em alvenaria. Área com uma ocupação residencial dominante mas com presença significativa de comércio e serviços. No 3º núcleo a Pousada Real dos Estáus, na prç. do Geraldo, a Igreja de N. Senhora das Mercês (v. PT040705210063), na r. do Raimundo, actual Museu, e o Paço dos Morgados de Bandeira, que tem frentes para as ruas dos Mercadores e do Raimundo, ocupando todo um quarteirão, são os imóveis mais significativos nesta área. Existem vários exemplares de arcos botantes em alvenaria sobre as ruas, nomeadamente na r. dos Mercadores, r. da Moeda e na trv. dos Oleiros. Conjunto com grande interesse arquitectónico é o que inclui a antiga Sinagoga Grande, com o seu portal gótico, na trv. do Barão, entre a r. da Moeda e a r. dos Mercadores. No 4º núcleo o Paço Real terá ocupado uma parte significativa da área compreendida entre a r. da Cadeia ou das Estalagens (actual r. Romão Ramalho) e a r. do Paço (actual r. da República), incluindo a prç. D. Manuel (actual lg. 1º de Maio), o Mercado Municipal, o antigo quartel de artilharia e o Jardim Público (v. PT040705210180), onde subsiste o única galeria pertencente ao antigo Paço Real, conhecido por Palácio Real de D. Manuel (v. PT040705210022) e por Galeria das Damas. De entre as muitas casas apalaçadas e solarengas que aqui se encontram destacam-se da r. do Paço (actual r. da República), o Palácio dos Morgados de Sequeira Beirão, o Palácio Barahona (v. PT040705210149) e o Solar dos Condes do Sabugal. Dos edifícios civis destaca-se ainda o Real Celeiro Comum do Monte da Piedade. Além do Convento de S. Francisco, outros conventos influenciaram a estrutura urbana, com o seu complexo edificado e com as suas cercas: Convento do Carmo (v. PT040705210054) no lg. da Porta de Moura e o Convento de Nª Sra. da Graça (v. PT040705210028). O Castelo de D. Manuel, também denominado por Castelo Novo ou Quartel dos Dragões, notável construção de arquitectura militar, foi um marco na afirmação da importância da nova cidade, fora da Cerca Velha. Outra edificação militar de grandes dimensões é o Antigo Quartel de Artilharia, construído nos séculos 19 e 20. Actualmente no edifício funciona um departamento da Universidade de Évora. O tecido edificado é predominantemente composto por lotes de frente larga, de 2 pisos, onde os grandes logradouros e pátios são muito frequentes, associados a habitação uni – familiar. Esta é a área mais arborizada da cidade e com maior número de espaços livres públicos e privados. Destaca-se naturalmente o Jardim Público, o grande parque urbano da cidade que conserva as características de jardim romântico do séc. 19, continuando a ser o espaço de eleição para passeio e lazer, servindo também como palco de diversos acontecimentos culturais. A prç. D. Manuel (actual lg. 1º de Maio) é um espaço de grande actividade proporcionada pelo Mercado Municipal e pelo acesso principal ao Jardim Público. Na mesma praça encontramos a Igreja de S. Francisco e o Real Celeiro. No quarteirão entre a r. da Rampa e a r. de Eborim encontram-se os antigos celeiros da EPAC, que actualmente funcionam como espaço cultural. Nesta área concentraram-se as instalações relacionadas com o poder real e militar da nova cidade. No 5º núcleo, o centro polarizador é o lg. da Porta de Moura, composto por dois espaço distintos, um quadrangular e um que lhe é anexo, triangular, onde se encontra o Chafariz da Porta de Moura (v. PT040705210039), um dos mais importantes pontos de distribuição do Sistema Hidráulico do Aqueduto de Évora. O último funciona como espaço de lazer. Na envolvente deste largo concentram-se diversos solares, casas nobres e casas apalaçadas, de grande valor patrimonial, como a Casa Nobre da Carreira do Colégio, a Casa Soure, a Casa Cordovil (v. PT040705210044) e a Casa Nobre dos Severins de Faria. Tal concentração revela ainda a área de influência do Convento de S. Francisco / Palácio Real, fazendo charneira com outra realidade urbana, caracterizada por lotes de pequena dimensão e um tecido edificado composto por casas de arquitectura corrente, predominantemente de 2 e 3 pisos. Aqui predominam as casas de pequena dimensão implantadas em lotes de frente estreita e com logradouros reduzidos. As ruas transversais são estreitas, em claro contraste com os eixos fundamentais de largura generosas. Com frente para o lg. da Porta de Moura e para o Jardim do Paraíso, espaço arborizado e ajardinado, encontra-se o edifício do Palácio da Justiça. No espaço do jardim existia o antigo Convento do Paraíso, que foi demolido para a sua construção. Outros edifícios civis marcam este espaço urbano, criando descontinuidades no traçado reticulado. São eles o Colégio da Madre de Deus / Hospital Militar (v. PT040705210146), o Hospital e Igreja do Espírito Santo / Hospital Distrital e o Antigo Hospital da Universidade, junto da Ermida de Sra. da Natividade (hoje uma habitação privada). Para além dos espaços públicos já mencionados existem ainda o lg. do Sr. da Pobreza, o lg. da Sra. da Natividade e o lg. Colégio. O colégio referido no topónimo é o Antigo Colégio e Universidade do Espírito Santo (v. PT040705210023). Este consiste num complexo de edificações que ocupam uma vasta área , compreendida entre a r. do Cardeal Rei e a Rampa dos Colegiais (actual r. José Estêvão Cordovil). Esta enorme área de construção foi implantada em terrenos adquiridos pelo rei D. Manuel I, no início do século 16, especificamente para esse fim. A escolha deste local não terá sido aleatória, promovendo a desenvolvimento da cidade para NO, onde não existia nenhum núcleo urbano embrionário de uma expansão neste sentido. Inserido nesta área encontra-se também o Real Colégio de N. Sra. da Purificação/ Seminário Maior (v. PT040705210114). É de salientar as especificidades funcionais desta grande área urbana, que concentra os grandes edifícios relacionados com a saúde e com a educação. Ao nível dos elementos decorativos salientam-se os esgrafitos, técnica decorativa ancestral que em Évora encontra continuidade. Os esgrafitos surgem sobretudo sob a forma de frisos pintados, que decoram as fachadas com minuciosos desenhos monocromáticos, junto dos beirados e dos cunhais. Esta técnica decorativa está praticamente desaparecida no resto do país, mas encontrou aqui um interesse renovado, com inúmeros casos de esgrafitos recuperados e conservados. Encontram-se com frequência na cidade, cantarias esculpidas de portas e janelas, de grande valor patrimonial, provenientes dos muitos edifícios demolidos durante a segunda metade do século 19, incorporadas noutras construções, nomeadamente a janela manuelina na r. da moeda, nº31 (v. PT040705050046). Pontualmente existem cantarias manuelinas integradas nos edifícios de origem, como no caso da casa Garcia de Resende (v. 040705210025).

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Não aplicável

Afectação

Não aplicável

Época Construção

Séc. 02 a.C. / 01 a.C. / 05 / 08 / 13 / 16 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

179 a.C. / 138 a.C. - ocupação romana do sítio, com a campanha militar de Iunius Brutus; séc.1 a.C. (1ª metade) - Fundação ex-nihilo de Liberalitas Iulia; 31 a.C. / 27 a.C. - concessão, pelo Imperador Augusto, do estatuto de cidade de direito latino a Liberalitas Iulia; 12 a.C. - elevação da cidade a município de direito latino, ficando os membros de Liberalitas Iulia equiparados, em termos legislativos, judiciais e administrativos, a qualquer cidadão romano; 51 d.C. / 96 d.C. - renovação urbana da cidade, com o estabelecimento na urbe do senador itálico Cardus Maximus. Construção de um novo Forum e de um grande complexo termal; séc. 3 (finais) / séc. 4 - a cidade é amuralhada com um forte sistema defensivo, que conduz ao estrangulamento do espaço urbano. Permanecem, deste sistema de muralhas, 5 torres, e alguns lanços da muralha, em particular na zona NE da parte alta da cidade. Évora é uma das principais dioceses da província Lusitana, a par de Mérida e de Faro. Eventual conquista de cidade pela horde sueva; séc. 6: domínio visigótico retomando o nome de Évora. Provável alteração das muralhas na zona da actual Praça de Sertório e fundação de uma primeira Sé, no sítio da antiga Igreja de S. Pedro, situada na Rua Diogo Cão; séc. 8: 711 / 716 - Conquista da cidade pelos muçulmanos, chefiados por Abd al-Aziz, com consequente alteração espacial da urbe. A cidade islâmica de Yabura terá contado desde logo com a construção de uma alcáçova; séc. 10: 913 - saque e destruição da cidade pelo rei visigodo Ordonho II; 914 - reconstrução do espaço urbano e renovação das muralhas, a mando do sahib de Badajoz. Provável construção de uma mesquita catedral e expansão urbana, criando os primeiros arrabaldes da cidade, com destaque para o arrabalde moçárabe, localizado junto da actual Porta de Moura; séc. 11: Évora, durante as primeiras Taifas, cai sobre o poder do Reino de Badajoz, aprofundando contactos com cidades como Mérida e Alcácer do Sal, funcionando como "cidade-encruzilhada"; séc. 12: o geógrafo muçulmano al-Idrisi descreve Évora como uma "grande cidade, onde o comércio é próspero e os solos revelam uma fertilidade singular"; 2ª metade - fundação da Albergaria de Jerusalém na zona do actual Largo da Graça 1143 /1165 - Évora funciona como "praça-forte" da Taifa de Beja, sob o governo dos Ibn-Wasir, conhecendo uma pujança urbanística que encontrou continuidade no surto de crescimento da cidade cristã dos séculos 13 e 14, assim como a importância por ela assumida no contexto regional nos séculos seguintes; 1165 - conquista da cidade por Geraldo Sem Pavor; 1166 - Outorga de foral por D. Afonso Henriques, segundo o modelo legislativo do foral de Ávila, e estabelecimento de um contingente de Cavaleiros Templários na antiga alcáçova muçulmana; 1176 - doação da alcáçova aos Templários e reestruturação do espaço para servir como castelo medieval. Ocupação da zona das Freirias para Paço dos Freires; 1180 - fundação da ermida de S. Miguel, por Gonçalo Viegas, O Espadeiro, 1º Grão Mestre da Ordem de Cavalaria de Évora. Évora é o único foco de resistência, à reconquista almóada do antigo Garb al-Andaluz; 1186 - início da construção de uma primeira Catedral, sob a égide do bispo D. Paio; séc. 13: 1211-Afonso II confere à Ordem de Évora um novo destino: Avis; 1224 - instalação dos primeiros frades franciscanos na cidade, nas imediações do actual Largo 1º de Maio. Construção da Igreja de S. Tiago; 1250 - doação de terrenos aos franciscanos, com o propósito de se "alargarem mais". Primeira referência ao arrabalde de S. Francisco. Delineação da Praça Grande (actual Praça do Geraldo); 1259 - sagração da Igreja de S. Francisco; 1275 - primeira referência à feira realizada "a par do muro com saen pela porta dalconchel", Citado o "arravaldi in via que dicitur de Avis"; 1280 - inicio da construção da nova Catedral de Santa Maria, sob a égide do bispo Durando Pais. Primeira referência ao arrabalde da Eira dos Freires; 1286 - D. Dinis concede ao concelho de Évora, uma carta de privilégios; construção do convento dos Dominicanos no actual Largo Joaquim António de Aguiar. Primeira referência ao arrabalde de S. Mamede. Citado o Largo da Porta de Moura, onde se localizou a primeira Mouraria da cidade, com uma mesquita, onde hoje se encontra o Hospital Militar; 1288 - citado o "outeiro que chamam de Cugullos", fora das muralhas romano - árabes; 1296 - citado o arrabalde das Fontes e o arrabalde da Palmeira. Provável implantação de uma primeira Judiaria, junto da Porta Nova dos Judeus, actual Rua 5 de Outubro, no corrimento da Alcáçova de Cima; último quartel - referências ás ruas do Cano, do Ferragial dos Freires, do Poço do Bispo. Estruturação do "muro de S. Francisco"; séc.14: período de crescimento urbano, onde os arrabaldes começam a aproximar-se da linha de muralhas antigas; 1302 - primeira notícia da Igreja de S. Mamede, junto do arrabalde do mesmo nome; 1308 - sagração da nova Catedral de Évora, com o bispo D. Fernando Martins, perfazendo a maior catedral do país, bem como o maior estaleiro de obras, do período medieval, pré Mosteiro da Batalha; 1311 / 1317 - são delineadas as principais ruas de acesso à Praça Grande: Rua de Alconchel, Rua do Raimundo e Rua dos Mercadores, indiciando que, a partir desta data, a grande praça começa a afirmar-se como o grande centro comercial e administrativo da cidade; 1319 - formação de um grande Rossio próximo do espaço conventual franciscano, que mais tarde deu origem ao Rossio de S. Brás. Deslocação dos mouros da cidade para a segunda Mouraria, no arrabalde de S. Mamede, entre as actuais Ruas da Corredoura e das Fontes, a mando de D. Dinis; 1321 - citado o "Monturo de Pêro Loução", ao Largo do Chão das Covas, indiciando ocupação urbana em espaços distantes do primitivo sistema de muralhas; 1321 - são instalados os açougues no antigo Templo Romano; 1325 / 1332 - sagrada a ermida de Santo Antoninho e fundada a albergaria do Corpo de Deus de Santo Antão; 1331 - citada a Judiaria Nova, que corresponde à segunda Judiaria da cidade, localizada entre as ruas de Alconchel (actual r. Serpa Pinto) e do Raimundo, ao arrabalde da Palmeira, no término das Ruas de Alconchel e Raimundo; 1340 - finalizadas as obras do claustro gótico da Catedral, e conclusão das obras da fachada, nomeadamente as esculturas do apostolado, obra maior da escultura do séc. XIV português, e o grande janelão axial. Citados os "Chãos Domingueiros", grande arrabalde que veio a preencher os espaços entre a Praça Grande e o Convento de S. Francisco; 1341 - fundado o Corpo de Deus da Sé, junto da Catedral; último quartel - construção do edifício da Câmara na Praça Grande, com posterior anexação da Cadeia Municipal, no sítio onde hoje se encontra o Banco de Portugal; multiplicação de referências a arruamentos exteriores ao antigo perímetro amuralhado, indiciando um considerável aumento do espaço urbano, e consequente crescendo do fenómeno demográfico; 1350 / 1352 - início da construção da Cerca Nova, durante o reinado de D. Afonso IV, sintoma revelador da enorme expansão da cidade desde o séc. XIII. Évora ficou circunscrita a um perímetro de cerca de 4 km, preservando enormes espaços livres dentro do perímetro amuralhado. Começa a granjear o estatuto de "segunda cidade do país", sendo poiso regular dos soberanos e corte do país, fenómeno que se sucedeu até à soberania filipina; 1353 - 1º registo conhecido da Porta de Avis, a porta mais antiga da cerca medieval; 1358 - citado o Largo do Chão das Covas, grande zona de armazém de pão da cidade, situado na parte N. do novo recinto urbano; 1367 / 1383 - incremento nas obras da Cerca Nova, a mando do rei D. Fernando, governo sobre o qual a muralha medieval recebeu grande parte das suas torres e toda a linha N. e NE. O mesmo rei mandou, em paralelo, derrubar grande parte da antiga cintura de muralhas, para reaproveitamento do material na nova estrutura defensiva; 1372 - citada a Rua das Estalagens (actual Rua Romão Ramalho), onde se localizavam as principais estruturas de apoio aos viajantes; 1376 - finalização das obras do claustro da Igreja de S. Francisco; 1381 / 1383 - revolta dos partidários de Avis, com consequente destruição do castelo medieval; 1390 - desactivação do castelo da cidade, com doação repartida dos seus espaços a Afonso de Melo e Diogo de Castro. O castelo ficou então dividido em dois importantes palácios: o dos Duques de Cadaval e o dos Condes de Basto; séc. 15: 1408 - alargamento da Judiaria de Évora, devido às vagas de migrações do povo hebreu do território espanhol; 1423 - D. João I principia uma campanha de obras no Convento de S. Francisco, para posterior adaptação a Paço Real, obra prosseguida pelos seus descendentes, em particular D. Afonso V, que fundou um famoso colégio dos Estudos das Ciências no espaço conventual; 1439 - reformulação da Pousada Real dos Estáus na Praça Grande, a mando do regente do Reino, D. Pedro. Este edifício manteve funções de pousada até 1666, quando acolheu os Embaixadores da Corte de Inglaterra nos preliminares da Paz geral com Espanha. Foi sendo alienado ao longo dos séculos, entrando na posse do lavrador Sousa Matos em 1827, que construiu, no mesmo espaço, o edifício que hoje se observa; 1466 - lançada a primeira pedra do Convento de São João Evangelista, em terrenos desanexados do antigo castelo medieval, situados nas imediações do Templo Romano; 1480 - primeira reestruturação da Igreja de S. Francisco, no reinado de D. João II. Início da construção da Ermida de S. Brás, a S. do grande Rossio, fora da Cerca Nova. O edifício alterado em 1573, assinalando a introdução do tardo-gótico no Alentejo; 1495 / 1521 - inicio da grande campanha de obras no Paço a par de S. Francisco, sob a égide de D. Manuel, sendo responsável da obra o arquitecto Martim Lourenço. Esta campanha foi prosseguida por D. João III, aproximando o Paço Real de Évora do modelo do Paço da Ribeira de Lisboa. Estruturação do espaço com um grande jardim, da autoria de Gomez Fernandes, feitor da célebre Horta do Real de Valência, obra planeada ainda por D. João II. Construção da Galeria das Damas e da célebre Sala da Rainha, duas estruturas já desaparecidas; séc. 16: 1501 - D. Manuel I doa a Évora Foral de Leitura Nova; 1510 - sagração da nova Igreja de S. Francisco, obra máxima do hibridismo do estilo manuelino-mudejar, com o lançamento da cobertura de abóbada única a 24 metros, arrojo técnico sem precedentes na história da arquitectura portuguesa; 1517 - inauguração dos novos Paços do Concelho na Praça do Geraldo; 1518 / 1522 - construção Castelo Manuelino, junto ao lado S. da Cerca Nova; 1531 - construção do Aqueduto da Água da Prata, por iniciativa régia, sob a direcção técnica de Francisco de Arruda. O seu término localizar-se-ia junto do Convento de S. Francisco, onde existiria um caixa de água renascentista, vítima das obras de reformulação dos finais do séc. 19; 1537 - inauguração do aqueduto da Água da Prata, com a chegada da água ao chafariz da Praça Grande (actual Praça do Giraldo). Tratava-se de um chafariz sob um pórtico, anterior ao que hoje se encontra na praça. A passagem do aqueduto e da rede de águas secundária teve implicações na estrutura urbana preexistente, tais como a abertura de novos arruamentos, nomeadamente nas ruas Nova e de Sertório. O sistema hidráulico do aqueduto contava com numerosas caixas de água das quais se destaca a da Rua Nova e o poço de queda da Praça Grande (actual Praça de Giraldo). Os chafarizes públicos de maior importância monumental encontravam-se nos núcleos mais importantes e populosos: na Praça Grande (actual Praça de Giraldo), junto à Porta Nova, nas Portas de Moura e no Rossio (fora da muralha); 1536 / 1542 - construção da Igreja da Graça, única igreja de transição renascentista-maneirista existente em Portugal. Construção do Tribunal do Santo Ofício, com o bispo de Ceuta, D. Miguel da Silva; 1540 - Évora é elevada a sede de arcebispado, sendo o primeiro arcebispo o Cardeal D. Henrique; 1550 - o cardeal D. Henrique leva a cabo a construção do Colégio do Espírito Santo e pouco depois da Igreja do Espírito Santo formando um complexo jesuítico, dedicado ao ensino, à oração e à formação cultural e religiosa; Leccionaram ali dos nomes mais sonantes da cultura de europeia de então, como é o caso de Luís de Molina, Manuel Álvares e André de Resende. Este complexo incluía um hospital.; 1554 - início da construção da Igreja da Misericórdia; 1556 - construção da fonte renascentista à Porta de Moura, da autoria de Diogo Torralva, obra considerada por D. João III como "das cousas mais formosas do País". Reformulação do Convento de S. Domingos; 1557 - lançamento da primeira pedra da Igreja de Santo Antão, construída sobre a antiga ermida de Santo Antoninho, na praça do Geraldo, com traço de Manuel Pires; 1570 - sagração do Convento do Calvário às portas da Lagoa, fundado pela Infanta D. Maria de Portugal e desenhado por Afonso Álvares; 1571 - inauguração da Fonte Henriquina da Praça do Geraldo, com traça de Afonso Álvares; 1580 / 1610 - reestruturação de vários quarteirões da cidade, com especial primazia de alguns situados na actual freguesia de S. Mamede, segundo os parâmetros dispostos nas Ordenações Filipinas; 1614 - sagração da Igreja do Convento dos Remédios, situado no exterior da Porta do Raimundo, representado um singular exemplo das primeiras manifestações do barroco em Évora. Foi da autoria de Francisco de Mora; 1615 - inauguração do Paço Arquiepiscopal, sob a égide do bispo Teotónio de Bragança; 1620 / 1670 - construção do sistema de fortificações Vauban, anexado às muralhas medievais, com colaboração, entre 1648-1670, do cosmógrafo-mor do Reino, Luís Serrão Pimentel; 1681 - abertura do Convento de S. José ao Largo de Avis; 1685 - sagração do Convento do Carmo, obra do primitivo barroco da cidade, cujas obras nunca terminaram; séc. 17 -construção dos Baluartes - 3ª Cintura de Fortificações; 1640 - construção do 1º baluarte chamado de Nª Sª de Machede; séc.18: 1721 / 35 - reformulação da cabeceira da Sé Catedral, sob a autoria de Ludovice. Construção, pelo mesmo arquitecto, da Igreja do Sr. Jesus da Pobreza, no término da antiga Rua da Mesquita; 1736 - remodelação do Castelo Manuelino num sóbrio e importante edifício militar, para acolher o Regimento de Dragões de Évora. Constitui um dos mais importantes testemunhos do barroco profano da cidade; 1755 - terramoto atinge a cidade sem no entanto causar grandes danos, à excepção da derrocada da abóbada da nave da igreja de Santiago, alguns danos na igreja de S. Francisco e no Paço dos Duques de Cadaval; 1759 - extinção da Universidade pelo Marquês de Pombal, expulsão dos jesuitas; 1770 / 1777 - construção do Real Celeiro Comum, da autoria de João Baptista, estrutura que se diz ter albergado as reservas de cereais de todo ao Alentejo dos finais de Setecentos; 1764 - referência à existência do Páteo Marquês de Valença, hoje conhecido como Páteo de São Miguel, séc. 19: 1804 - abertura da nova Porta de Avis; 1805 - fundação da Biblioteca Pública, pelo arcebispo Frei Manuel do Cenáculo, constituindo um dos mais notáveis acervos documentais do país; 1806 - entaipamento da antiga Porta de Avis; 1808 / 1810 - assalto e saque da cidade pelas tropas francesas, sob comando do General Loison, reflectindo-se no extravio de um importante espólio móvel e destruição parcial de alguns edifícios marcantes do espaço urbano; 1825 - decretada a iluminação pública em Évora, por despacho do Rei D. João VI, sendo distribuídos 30 candeeiros a azeite nas principais artérias da cidade; 1834 - extinção das Ordens Religiosas promulgada por Mouzinho da Silveira, o que conduziu ao abandono e expropriação dos edifícios conventuais e dos seus bens. Muitas das estruturas monásticas foram destruídas com é o caso do Mosteiro do Paraíso, à Porta de Moura, o Convento de S. Domingos, Santa Catarina e parte de S. Francisco, outras estruturas mantiveram-se para albergar outras funções, como é o caso do Convento de Santa Mónica, Santa Clara e Convento do Salvador; 1835 - venda do convento de S. Domingos; 1838 - venda do Convento de S. Francisco; 1840 - delineação do Largo Joaquim António de Aguiar, vitimando o que restava do Convento de S. Domingos; 1855 - arranjo da área em redor do templo, abertura de uma praça arborizada frente ao alçado norte e nivelamento do largo;2017, 10 maio - deliberação por unanimidade, em reunião pública camarária, de aprovação do projeto da Operação de Reabilitação Urbana do Centro Histórico de Évora e sua submissão a discussão pública; 2017, 08 junho - publicado no DR, 2.ª série, n.º 111/2017 o Aviso n.º 6523/2017 relativo ao projeto da Operação de Reabilitação Urbana do Centro Histórico de Évora.

Dados Técnicos

Não aplicável

Materiais

Não aplicável

Bibliografia

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Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMS; CME: Arquivo Fotográfico

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN/DSARH (DSARH-005-0495/11); CME; DGOTDU: Arquivo Histórico (Anteplano de Urbanização de Évora, Arq. Urb Etienne de Groër, 1945; Anteplano de Urbanização de Évora, Arq. Urb. Nikita de Groër, 1964); DGARQ/TT: Memórias paroquiais, vol. 14, nº 111, p. 807 a 824/ nº 111a, p. 825 a 864

Intervenção Realizada

CME:1890 até 1933 - construção das redes públicas de água, esgotos e electricidade; 1981 - PRCHE: Programa de Recuperação do centro Histórico de Évora; 1988 - Programa RECRIA: Regime Especial de Comparticipação na Recuperação de Imóveis Degradados; 1990 / 2000 - Programa PROCOM : remodelação de grande parte da infra-estrutura viária; 1990 - projecto de remodelação da Praça 1º de Maio; 1991 - PRAUD: Programa de Recuperação de Áreas Urbanas Degradadas, Programa "Casa Caiada" e Programa "Caixilharias de Madeira"; 1994 - abertura de uma passagem na muralha para criar um novo eixo pedonal de ligação da envolvente ao Centro Histórico; 2000 / 2006 - Programa REHABITA: recuperação de imóveis habitacionais com rendas baixas, em área crítica de reconversão urbanística; Programa POLIS: reabilitação da zona envolvente às muralhas; DGEMN: 1943 - Intervenção no Palácio D. Manuel; 1944 /1947 - Reordenamento da Praça Joaquim António de Aguiar e Largo de Avis, 1948 - Edifício dos Correios e abertura da Rua de Olivença, desobstrução do casario junto da Catedral, 1949 - reconstrução da galeria subsistente do antigo Palácio de D. Manuel, 1955 - construção do Montepio Geral e Caixa Geral de Depósitos, intervenção urbanista no Largo dos Colegiais; 1963 - reordenamento do Largo da Porta de Moura e construção do Palácio da Justiça; 2011, 13 de Setembro - publicado no DR, nº 176, 2ª Série, Declaração de rectificação de anúncio n.º 281/2011, alterando o prazo para apresentação de propostas relativo ao concurso público Empreitada de Intervenção no Espaço Público da Acrópole de Évora e Área Envolvente - Acrópole XXI.

Observações

*1 - DOF: Centro Histórico da cidade de Évora. O núcleo intramuros abrange ainda as freguesias de São Mamede, Sé, São Pedro

Autor e Data

Marta Clemente 2007

Actualização

João Vieira 2013
 
 
 
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