Igreja e Colegiada de Guimarães / Igreja Paroquial de Nossa Senhora da Oliveira / Museu Alberto Sampaio

IPA.00005247
Portugal, Braga, Guimarães, União das freguesias de Oliveira, São Paio e São Sebastião
 
Arquitetura religiosa, românica, gótica, manuelina, maneirista, neoclássica e revivalista. Antigo mosteiro medieval posteriormente transformado em Colegiada composto por igreja envolvida, lateralmente e posteriormente pelo edifício da Colegiada, formando claustro entre eles. Deste primitivo mosteiro restam apenas alguns vestígios, nomeadamente a Sala do Capítulo e duas alas do claustro. O portal e as janelas geminadas da Sala do Capítulo apresentam arco ultrapassados, em ferradura, fruto de influência moçárabe, sentida na primeira metade do séc. 13, em Guimarães, havendo mais testemunhos no Mosteiro de Santa Marinha da Costa (v. PT010308120020). Igualmente nas molduras dos arcos do claustro e nos capitéis das colunas que os sustentam surge a mesma inspiração. (ALMEIDA, 1986). A igreja, fruto de uma reconstrução gótica, apresenta planta em cruz latina de três naves, com três tramos, transepto, cabeceira escalonada com capela-mor profunda, e torre sineira quadrada adossada à fachada principal, acabada posteriormente já com introdução de elementos decorativos manuelinos, nomeadamente nas janelas e nos túmulos do Dr. Pedro Esteves e Isabel Pinheiro. A fachada principal apresenta portal com arquivoltas quebradas, decoradas por pérolas e rosetas, assentes em capitéis fitomórficos, antropomórficos e zoomórficos. O portal é encimado por janelão, actualmente cego, e que originalmente possuiria um caixilho pétreo com a forma da Árvore de Jessé. É enquadrado por cinco arquivoltas decoradas e ritmadas por anjos coroados por baldaquinos rendilhados que servem simultaneamente de mísula à figura seguinte. Interior com naves separadas por arcaria quebrada assentes sobre pilares com colunas adossadas com capitéis antropomórficos arcaizantes, alguns idênticos aos do Mosteiro da Batalha (v. PT021004010001). A capela-mor remodelada no séc. 17 apresenta abóbada de caixotões maneirista, misturando elementos fruto de remodelações posteriores como é o caso do retábulo-mor rococó e da decoração neoclássica de estuques das paredes. A remodelação neoclássica que se estendeu a todo o interior da igreja foi praticamente retirada já nos restauros do séc. 20, procurando devolver o estilo gótico original, introduzindo alguns elementos neogóticos, restando apenas os retábulos laterais e colaterais e o órgão como memória neoclássica. As arcadas do claustro, e o portal da Sala do Capítulo, de excelente técnica construtiva, constituem o melhor conjunto românico-mudéjar, em granito, de Portugal (ALMEIDA, 1986). O janelão da fachada principal possui uma enorme riqueza decorativa e escultórica como se de um portal se tratasse. Este janelão inicialmente possuiria um original caixilho pétreo com a forma da Árvore de Jessé. Possui o único conjunto de pinturas a têmpera góticas sob tecto em Portugal *6, com representações heráldicas, cenas religiosas, indumentária civil e militar, mobiliário, caçadas, danças, instrumentos musicais, bestiário e decorações geométricas, florais e cordiformes. A qualidade revelada pelo desenho e composição varia consoante os temas, encontrando-se nos temas religiosos uma pintura mais erudita, ainda que com um cunho popular, deixando transparecer uma influência italo-bizantina sob uma forma livre de tratar os temas. As cenas de cavaleiros e batalhas revelam uma grande afinidade com as pinturas catalãs. Os motivos pintados nos frisos e linhas de asnas caracterizam-se pela simplicidade do desenho nítido de linhas contínuas que tinham como função demarcar as figuras e o fundo.
Número IPA Antigo: PT010308340007
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Planta composta por igreja envolvida, lateralmente e posteriormente pelo edifício da antiga Colegiada, formando claustro entre eles. IGREJA de planta em cruz latina de três naves, com três tramos, transepto, cabeceira escalonada com capela-mor profunda, e torre sineira quadrada adossada à fachada principal, do lado esquerdo. Volumes escalonados com naves laterais mais baixas do que a central, e dominante horizontal, quebrada pelo verticalismo da torre sineira. Coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e quatro águas. Fachadas em cantaria de aparelho isódomo, em granito. Fachada principal de dois panos, com torre adossada no lado esquerdo. Pano central em empena corada por cruz de Alcântara com a pedra de armas de D. João I, rasgado por portal, precedido por escadaria de um lanço, composto por quatro arquivoltas em arco quebrado assentes em três colunas e um colunelo, de cada lado, com capitéis fitomórficos, antropomórficos e zoomórficos. A arquivolta exterior possui decoração de pérolas e rosetas, repetindo-se este último ornato na terceira arquivolta. A encimar o portal, esbarro onde assenta janelão cego, em pedra de Ançã, com cinco arquivoltas decoradas por círculos enlaçados e anjos coroados por baldaquinos rendilhados que servem simultaneamente de mísula à figura seguinte, sobre pé direito com duas ordens de três estátuas, de cada lado, inscritas em nichos de arco trilobado com gablete e alfiz decorado. Na primeira ordem, figuras de corpo inteiro encimadas por cabeças humanas e, na segunda, bustos de frades e anjos segurando livros com inscrições. A encimar o janelão, meia arquivolta com bustos humanos, na base, do lado esquerdo masculino, e do lado direito feminino, encimados por pináculos. Pano lateral direito, mais baixo, em meia empena, com cartela rectangular com inscrição encimada por pedra de armas de D. João I, ladeada por anjos, inscrita em nicho de arco trilobado. Acima deste, encontra-se janelão de arco pleno, em capialço. Torre sineira de três registos, separados por friso, com corda entre o primeiro e o segundo, que se repete nos cunhais, com alto embasamento saliente, delimitado por friso. Remate em merlões decorados com rendilhado, com gárgulas zoomórficas nos cunhais e duas sineiras, uma voltada ao pano frontal, em arco pleno, coroada por pináculos de morfologia idêntica à dos merlões e cruz de Cristo sobre estreito e alto acrotério, e outra bastante mais simples, também em arco pleno, voltada ao pano lateral N.. Primeiro registo com janelões gradeados, nos panos frontal e lateral S.. O janelão do pano frontal possui duas arquivoltas plenas, com decorações florais, assente sobre colunelos. O conjunto é envolvido por arco conopial decorado no extradorso por cogulhos com alfiz decorado e rematado por rendilhado, possuindo no centro pedra de armas esquartelada, dos Pinheiros, Lacerdas, Pereiras e Lobos, inscrita em cartela rectangular com inscrição, envolvida por silhares formado arco pleno. Janelão do pano lateral S. com duas arquivoltas plenas, decoradas por motivos fitomórficos e antropomórficos, rendilhado superiormente. Segundo registo possuindo frontalmente as armas dos Pinheiros com chapéu eclesiástico. Terceiro registo com par de sineiras em arco quebrado, em cada uma das faces, na face frontal encimadas por relógio. Fachadas laterais marcadas pelo escalonamento dos vários corpos, com remates em cachorrada recortada sob cornija estreita, nos panos das naves e braço do transepto e em cornija sob beiral nos absidíolo e capela-mor. A lateral N. é rasgada no pano da nave lateral por janelas em capialço e por portal em arco pleno, delimitado por pilastras toscanas, encimado por entablamento que suporta sacada de janela, igualmente delimitada por pilastras toscanas, enquadradas superiormente por aletas e gárgulas de canhão e rematada por frontão de volutas coroado por cruz e delimitado por pináculos piramidais. Pano da nave central aberto por três janelas em arco bilobado, de dois lumes, em arco pleno. Pano do braço do transepto tapado inferiormente pelas dependências da Colegiada e superiormente aberto por janelão em arco quebrado. Pano da capela-mor aberto por três janelões em capialço. Fachada lateral S. com contrafortes junto ao cunhal que forma com a fachada principal, apresentando o pano da nave lateral aberto por fresta, pano da nave central e topo do braço do transepto, com vãos iguais aos do lado oposto, absidíolo com janela de verga recta e pano da capela-mor com dois janelões em capialço, e inferiormente dois arcossólios com pedra de armas entre eles e arcas tumulares com inscrições. Fachada posterior tapada pelas dependências da Colegiada, sendo apenas visível a empena da capela-mor, com cruz sobre acrotério e pináculos nos extremos. INTERIOR: Paredes em cantaria de granito e pavimento em laje de granito com taburnos de madeira nas naves laterais. Coberturas diferenciadas das naves, em madeira com o travejamento à vista, na nave central e transepto as linhas de asnas, a cachorrada que as apoia e os frisos ao longo das paredes entre as asnas, conservam pinturas decorativas de diferente temática, tais como: representações heráldicas (armas reais, as armas das Ordens de Cristo e de Avis, a cruz de São Jorge e as armas de alguns dos cavaleiros que acompanharam D. João I na batalha de Aljubarrota, nomeadamente os escudos de Vasconcelos, dos irmãos Mem Rodrigues e Rui Mendes, dos Sousas, de Martim Afonso de Sousa, dos Sás, de João Rodrigues de Sá, dos Silvas, de João Gomes da Silva, dos Peixotos ou Portocarreiros, Avelal, Azevedos, Correias, Barbudos, Fonsecas, Coutinhos ou Tavares, Albuquerques), cenas religiosas (Anunciação, Visitação, Natividade, Adoração dos Reis Magos, Séquito dos Magos, Herodes dando ordem para a matança, Matança dos Inocentes e a Fuga para o Egipto), indumentária civil e militar, mobiliário, caçadas, danças, instrumentos musicais, bestiário e decorações geométricas, florais e cordiformes. Naves laterais separadas por arcaria quebrada e biselada, com vestígios de pinturas a dourado de grotescos, assentes em pilares rectangulares, com colunas adossadas com capitéis fitomórficos e antropomórficos, encimada por clerestório de dois lumes. Coro-alto de madeira ocupando a nave central e a lateral, do lado do Evangelho, com guarda em balaustrada de talha policroma a branco e dourado, com órgão a ocupar toda a zona central. Sob este encontra-se guarda-vento de madeira decorado com pilastras coríntias estriadas. Naves laterais com quatro retábulos confrontantes, inscritos em arcos plenos, os do lado do Evangelho dedicados ao Espírito Santo e São Nicolau, e os do lado da Epístola a Nossa Senhora da Conceição e de Santa Ana. Na nave lateral, do lado do Evangelho, na parede fundeira abre-se abre abatido de acesso à Capela dos Pinheiros, no corpo da torre sineira. Esta capela apresenta cobertura por abóbada de nervuras, na parede lateral direita dois arcossólios quebrados, e ao centro as arcas tumulares em pedra de Ançã do Dr. Pedro Esteves e sua mulher Isabel Pinheiro, rodeados por grades de ferro, com jacentes muito mutilados e na cabeceira estrutura em pedra com policromia vazada por dois vãos geminados em arco quebrado, decorados com arcos trilobados, e no topo a imagem pétrea de Nossa Senhora da Piedade. No desvão da porta lateral, uma edícula com arca tumular de Inês de Guimarães sobre quatro leões com escudo liso e inscrição. Segue-lhe capela baptismal inscrita em arco pleno assente sobre pilastras toscanas, com rodapé de azulejos de padrão seiscentistas e pia baptismal de taça circular decorada por grandes acantos. A encimar esta capela encontra-se dois nichos em arco pleno assimétricos. Braços dos transepto abertos por janelões quebrados. Absidíolos inscritos em arco pleno, abobadados, com paredes pintadas de branco, com apontamentos dourados e retábulos de talha, dedicados, do lado do Evangelho ao Sagrado Coração de Jesus, e do lado oposto ao Santíssimo Sacramento. Arco triunfal pleno com pilastras adossadas, estriadas e demarcadas no terço inferior, com vestígios de policromia. Capela-mor elevada por dois degraus, com cobertura em abóbada de caixotões, tendo ao centro as armas reais. Paredes laterais rebocadas e pintadas com apontamentos de estuque fitomórficos, abertas por três janelões, de cada lado, dois deles com varandim único e telas representando São Dâmaso e São Torcato. Adossado às paredes encontra-se cadeiral de uma fila com alto espaldar, em madeira, com apontamentos de dourado e superiormente ritmando por urnas. Parede testeira integralmente preenchida pelo retábulo-mor de talha dourada, de planta côncava, de um só registo, rematado por espaldar recortado ricamente decorado por elementos fitomórficos, e cartela ao centro. Tribuna em arco pleno com trono enquadrada por par de colunas coríntias com o fuste decorado por concheados, assentes em plintos bojudos, também com decoração de concheados e ramagens. Altar recto. DEPENDÊNCIADA DA COLEGIADA de planta irregular composta pelo adossamento de vários corpos rectangulares, em torno da igreja, formando claustro, com antiga Casa do Cabido, voltado a S., por onde se faz o acesso ao museu, e Casa do Priorado, voltada a E.. Volumes escalonados de dominante vertical, com coberturas diferenciadas em telhados de duas, três e quatro águas. Fachadas em alvenaria de granito, excepto no corpo da antiga Casa do Cabido, rebocado e pintado de branco. Remates em cornija sob beiral, excepto na fachada voltada a O., com cachorrada. Fachada voltada a S. dominada pela volumetria da antiga Casa do Cabido, de três registos separados por friso, enquadrada por cunhais apilastrados, em pedra fendida. É rasgada por vãos em arco abatido, com moldura recortada, no primeiro registo com portal central, ladeado por janelas, no segundo, janelas com ombreiras prolongadas inferiormente até ao friso de separação de registos e no último por janelas de sacada com guarda de ferro. Fachada voltada a E., no seguimento da fachada principal da igreja, com escalonamento de dois corpos, correspondente ao claustro e a capela de São Brás, rasgada por portal em arco pleno, de acesso ao claustro e janelão em arco bilobado, de dois lumes, no corpo da capela. Fachada voltada a O., de dois registos, rasgada por vãos de verga recta e em arco pleno. Fachada voltada a N. marcada por três corpos de diferentes alturas, rasgados irregularmente por vãos de verga recta e em arco pleno, apenas no segundo registo do corpo central, com escadaria de pedra adossada no extremo esquerdo de acesso ao segundo piso do corpo central. CLAUSTRO com arcaria plena, biselada, suportada por colunas com capitéis decorados por motivos fitomórficos e geométricos. Interior da galeria coberto por tecto de madeira, com o travejamento à vista, suportado por cachorrada, na parede interior, e pavimento em laje de granito. Porta da Sala do Capítulo com arco em ferradura assente sobre colunas com capitéis fitomórficos e zoomórficos, com arquivolta também em ferradura, ladeada por janelas geminadas em arco de ferradura com mainel de capitel fitomórfico, inscritas em arquivolta em ferradura biselada. Ala S. com nicho de verga recta, enquadrado por pilastras toscanas e remate em entablamento com pedra de armas, integrando túmulo com jacente. Ala O., com arcossólio junto ao portal que comunica com o exterior, protegido por gradeamento de ferro. Junto a este encontra-se painel de azulejos de padrão monocromos a azul. Apresenta dois pátios, separados pelo corpo da capela-mor, com passagem entre este pela galeria do claustro, e jardim decorado no lado S., por arco quebrado decorado por perlado, parcialmente revestido com planta trepadeira, a enquadrar uma imagem pétrea da Virgem. INTERIOR com acesso principal feito no corpo da antiga Casa do Cabido, com vestíbulo que comunica com escada de acesso ao claustro e ao piso superior. No primeiro piso, com acessos pelos claustro, encontra-se na ala E., no corpo do Priorado, a Sala do Capítulo com tecto de caixotões, em madeira pintada com grotescos e no caixotão central a data de 1709, e várias salas de exposição intercomunicantes, nomeadamente a Sala dos Penselos, Sala de Talha e a Sala de Santa Clara. Na ala N. a Sala de Cerâmica e na ala S. a Capela de São Brás, com cobertura em abóbada de cruzaria de ogivas, pavimento em laje de granito e dois arcossólios com túmulos com jacentes. Segundo piso com salas de exposição no corpo da antiga Casa do Priorado, nomeadamente a Sala de Ourivesaria, Sala de Aljubarrota e Sala de Escultura.

Acessos

Oliveira do Castelo, Largo da Oliveira; Rua Alfredo Guimarães

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 94 de 19 abril 1956 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101)

Enquadramento

Urbano, em pleno centro histórico, adossado parcialmente a N. a edifícios de habitação, com a igreja voltada ao Largo de Nossa Senhora da Oliveira, onde se implanta fronteiro, o Padrão Comemorativo da Batalha do Salado (v. PT010308340025) e a NO. os antigos Paços Municipais (v. PT010308340014). No ângulo SO. do edifício da Colegiada, encontra-se o Cruzeiro de Nossa Senhora da Guia (v. PT010308340010). Já na Rua Alfredo Guimarães, por onde se faz a entrada para o Museu Alberto Sampaio, instalado nas antigas dependências da Colegiada, encontra-se um dos oratórios dos Passos da Paixão (v. PT010308630048) e a Capela de Nossa Senhora da Guia (v. PT010308340123). Junto à fachada posterior encontra-se espaço arborizado, fechado a E. por um dos troços da muralha de Guimarães (v. PT010308340016).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição comemorativa do início das obras levadas a cabo pela reforma de D. João I *2 gravada em lápide de granito existente no pano lateral da fachada principal; moldura simples; granito; leitura: ERA DE 1425 ANOS, 6 DIAS DO MÊS DE MAIO FOI COMEÇADA ESTA OBRA POR MANDADO DE EL REI D. JOÃO, DADO PELA GRAÇA DE DEUS A ESTE REINO DE PORTUGAL, FILHO DO MUI NOBRE REI D. PEDRO DE PORTUGAL. ESTE REI D. JOÃO HOUVE BATALHA REAL COM EL REI D. JOÃO DE CASTELA NOS CAMPOS DE ALJUBARROTA E FOI DELA VENCEDOR E A HONRA DA VITÓRIA QUE LHE DEU SANTA MARIA MANDOU FAZER ESTA OBRA; inscrições gravadas nos livros dos bustos de frades e anjos existentes na segunda ordem do janelão cego da fachada principal; leitura: SANTA…DEEV PREDICAMUS (1º busto do lado direito); SANTUS SANTUS SANTUS DOMINUS (2º busto); SANTUS SANTUS SANTUS DNS DEUS (3º busto); SANTUS SANTUS SANTUS DOMINUS (4º e 5º busto); SANTE FRANSCISCE VIDI DOMINUM IN LINO (6º busto); inscrição gravada em fita pendente das mãos de um dos anjos do janelão cego da fachada principal; leitura: AVE GRATIA PLENA DOMINUS TECUM; inscrição gravada na cartela da pedra de armas existente na frontaria da torre sineira; moldura simples; granito; leitura: ESTAS ARMAS MANDOU AQUI POR D. DIOGO PINHEIRO ADMINISTRADOR DESTA CAPELA; inscrição gravada na arca tumular de Inês de Guimarães; leitura: Aqui jaz Inês de Guimarães mulher do L.do João de Valadares bisneta de Martinho de G.es fº de Dom Fernando da Guerra bisneto del rei D. Pedro o Cru e da Srª Dona Inês de Castro e Valadares morreu a 6 de Setembro de 1634; ÓRGÃO: Grande órgão de um só castelo proeminente, com gelosia, ladeado por nichos, superiormente decorados também por gelosias. Remate recortado com cornija ao centro encimada por urnas, unida aos extremos por volutas estilizadas onde se implantam putti com festões que percorrem todo o remate. Consola em janela. Possui quatro inscrições: "Feito por Luís António de Carvalho Guimarães, natural desta vila no ano de 1838" (someiro), "A honra e Glória de Deus e sua Mãe Maria Santíssimo foi mandado acabar este órgão por ordem de Ilustríssimo Reverendíssimo Cabido desta vila. Por José António da Cruz, em 7 Setembro ano de 1838" (tampa), "Foi reformada toda esta igreja e feito este órgão por ordem do Ilustríssimo Reverendíssimo Cabido de Nossa Senhora da Oliveira, debaixo da inspecção do Ilustríssimo Cónego João Baptista Sampaio no ano de 1838" (dentro do someiro do lado direito), "A honra e glória de Santa Maria da Oliveira foi mandado acabar este órgão por ordem do Ilustríssimo Reverendíssimo Cabido desta Vila por José António da Cruz ano de 1841" (tampa); TALHA: Retábulos laterais idênticos, apenas com diferença ao nível das pinturas dos painéis, alusivas ao respectivo orago. Apresentam talha policroma a branco e dourado, de planta recta, um só eixo, com painel enquadrado por colunas compósitas que suportam entablamento com decoração de ramos e volutas encimado por meia cúpula com decoração de acantos e urnas nos extremos. Os retábulos de Nossa Senhora da Conceição e de Santa Ana possuem inscrição no painel. O de Nossa Senhora da Conceição com "Cinodo celebrado na Santa Sé de Braga 14 de Junho de 1646" e o de Santa Ana com "Venturoso aquele que espera de vós o seu socorro". Banco bastante elevado decorado com ramagens. Altar em forma de urna, com frontal igualmente decorado por ramagens; retábulos colaterais idênticos, de talha policroma a branco e dourado, de planta côncava, um só eixo, com remate em duas arquivoltas plenas, enquadrando grande tribuna ladeada por colunas compósitas encimadas por urnas. O retábulo do Santíssimo Sacramento apresenta trono e grande sacrário. Altar recto.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Decreto-Lei n.º 114/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012 (Antiga Casa do Cabido da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, o claustro e salas anexas, incluindo a Sala do Capítulo, e a Casa ou Paço do Priorado, onde está instalado o Museu de Alberto Sampaio)

Época Construção

Séc. 12 / 13 (conjectural) / 14 / 15 / 16 / 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: João Garcia (1387). AUTORES DE RISCO: Miguel de Lescole (1677), Pantalião da Rocha de Magalhães (1700). ENTALHADOR: António de Andrade (1665), José António da Cunha (1772), Pedro Coelho (1712 / 1713); ENSAMBLADOR: Gaspar dos Reis (1688). ORGANEIROS: Heitor Lobo (1562), Luís Carvalho Guimarães e José António Cruz (1838 / 1841). OURIVES: Manuel Ribeiro de Azevedo (1700), Jerónimo Lopes Moreira (1711); Francisco Cardoso de Macedo (1720), João Pereira Ribeiro e Francisco Teixeira (1735). PEDREIROS: Manuel dos Santos (1513 / 1515), António de Castro (1677). PINTORES: Gonçalo Domingos (1347 / 1385), João Garcia (1369 / 1389), Gonçalo Anes (1440), João Álvares (1450), Frei Manuel dos Reis (1665), Pedro Alexandrino (1770 / 1772), Augusto Roquemont (1830), Joaquim Rafael (1846 / 1849).

Cronologia

949, anterior a - Fundação no então chamado Monte Largo de um mosteiro dúplice pela condessa Mumadona Dias, viúva do conde Hermenegildo Gonçalves, doado pelo seu sobrinho Ramiro II, rei de Leão, dedicado ao Salvador do Mundo, a Santa Maria, e a todos os Apóstolos; 959 / 968 - realização de escrituras relativas ao mosteiro; 961 - Adozinda doa ao mosteiro todas as herdades que possuía em Vila Cova, abaixo do Monte Cavalo, junto ao rio Vizela; 968 - falecimento no mosteiro da condessa Mumadona Dias; 983 - doação ao mosteiro por Gonçalo Mendes, filho dos condes, das suas herdades de Moreira e outros bens; 1014 - documento mencionando o rei Ramiro II como benfeitor do mosteiro; 1049 - Fernando Magno concede ao mosteiro o privilégio de imunidade dentro do seu termo; 1059 - inventário de todas as igrejas e herdades pertencentes ao mosteiro, no então chamado Livro de Mumadona; 1061 - Pedro Eiriz testa as suas herdade ao mosteiro; 1074 / 1075 - o Papa Gregório VII proíbe os mosteiros dúplices; 1089 - segundo o Padre Ferreira Caldas o mosteiro deixa de ser dúplice; 1103 - menção dos frades do mosteiro, do abade Pedro Roergis, o proposto Pelágio Truitat e o juiz Eirigo Anziaz, por ocasião de um pacto entre Mendo Viegas, Gomes Nunes e outros com os condes D. Henrique e D. Teresa; 1110 - documento mencionando Pedro Bispo, cónego da igreja; 1139, posterior a - segundo D. Nicolau de Santa Maria, Gaspar Estaço e do Abade de Tagilde, foi instituída a Colegiada por D. Afonso Henriques, após a batalha de Ourique (DGEMN, 1981); 1152 - documento referindo Pedro Gonçalves, clérigo do antigo mosteiro; 1160 - doação feita por Rodrigo Gomes, clérigo da Colegiada, ao Prior D. Mendo; 1170 - era prior da Colegiada, Pedro Mendes; 1172 - D. Afonso Henriques faz doação de bens à Colegiada em Azurém e Creixomil; 1172 / 1191 - foi prior da Colegiada Pedro Amarelo; 1773 - os cónegos seguiam a regra de Santo Agostinho; 1210 - D. Sancho I concede imunidade aos cónegos de Guimarães e seus criados; 1217 - D. Afonso II declara-se protector da Colegiada; 1225, 21 Março - numa bula do Papa Alexandre IV são mencionadas obras na igreja; 1229 - primeiro documento conhecido da Colegiada, instituindo os seus estatutos; 1236 - D. Sancho II confirma a imunidade dada pelo seu avô D. Sancho II; 1265 - D. Afonso III encarrega o juiz tabelião de Guimarães de averiguar os prejuízos que a Colegiada diz receber dos muros e açougues da vila; 1276 - D. Afonso III ordena que observem os privilégios e guarda dos coutos da Colegiada; 1288 - D. Dinis confirma a protecção régia; 1303, 13 Julho - Bula "Ad Romanos Pontífices", dada pelo Papa Bonifácio VII, colocando a Colegiada sob a jurisdição do Arcebispado de Braga; 1318 - segundo documentos da Colegiada existia na igreja um altar de Santa Catarina; 1322 - D. Dinis proíbe ricos homens e fidalgos de pousarem nas herdades e igrejas dos cónegos; 1327 - D. Afonso IV confirma a proibição feita por D. Dinis; 1329, 22 Outubro - o bispo D. Rodrigo, de Lamego, doou um casal em Pombeiro para que se festejasse na igreja Nossa Senhora da Conceição e oficiassem missa por seu óbito; 1334 - instituição da Capela de Santo Estêvão por testamento de Estêvão Vasques; 1342 - o mercador vimarenense Pedro Esteves, residente em Lisboa, para comemorar a Batalha do Salado fez erguer junto a uma antiga oliveira *3, situada em frente à igreja, o Padrão Comemorativo da Batalha do Salado; 1347 / 1385 - o pintor Gonçalo Domingos trabalha na Colegiada; 1364 - D. Pedro I concede carta de protecção aos cónegos; 1368 - D. Fernando I confirma os privilégios; 1369 / 1389 - o pintor João Garcia trabalha na Colegiada; 1385 - D. João I concede a dignidade de seus capelães aos cónegos da Colegiada, tomando-a debaixo da sua protecção e declarando os seus membros, familiares e lavradores privilegiados e livres de encargos e serviços; 1371 - Vicente Domingues, chantre de Guimarães e cónego de Braga é sepultado diante do altar da Trindade e de São Martinho; 1387, 6 Maio - início das obras de reedificação da igreja, dedicada a Nossa Senhora da Oliveira, a mando de D. João I, na sequência de um cumprimento de um voto, após a batalha de Aljubarrota, implantando-se parcialmente sobre o antigo claustro; as obras foram dirigidas pelo arquitecto João Garcia, de Toledo; 1387 / 1393 - período durante o qual se prolongaram as obras da fachada; 1398 - D. João I dispensa os caseiros da Colegiada de irem à guerra e de contribuírem para as despesas dela; 1401, 23 Janeiro - aproveitando a reunião das Cortes, D. João I assiste à sagração da igreja *4; segundo o cónego Gaspar Estaço, D. João I deu a prata para executar o retábulo do Presépio, que nos dias solenes se põe no altar-mor; 1413 - as obras ainda não haviam terminado, havendo notícias da falta de operários; 1440 - pintor Gonçalo Anes trabalha na Colegiada; 1442 - confirmação dos privilégios por D. Afonso V; 1450 - o pintor João Álvares trabalha na Colegiada; 1470 - são feitas obras no túmulo onde jazia o chantre Pedro Afonso; 1497 - confirmação dos privilégios por D. Manuel I; 1446 - obras no coro; séc. 15, segunda metade - início da construção da torre sineira pelo Dr. Pedro Esteves e sua mulher Isabel Pinheiro; o Arcebispo D. Fernando da Guerra deixa as suas peças de prata e móvel de sua casa à Colegiada de Guimarães; 1458 - obras no portal principal; 1469 - falecimento do Dr. Pedro Esteves, sendo sepultado na capela funerária dos Pinheiros, na torre sineira; 1502, 13 Dezembro - é nomeado como D. Prior da Colegiada, D. Diogo Pires Pinheiro; 1513 / 1515 - conclusão da torre pelo filho do Dr. Pedro Esteves, D. Diogo Pires Pinheiro, então Bispo do Funchal; execução da sineira pelo mestre pedreiro Manuel dos Santos; 1521 - obras na porta que dará acesso ao órgão; 1526 - confirmação dos privilégios da Colegiada por D. João III; 1537, 9 Outubro - pela visitação feita à igreja, percebe-se que ela tinha charola; o visitador manda chegar o altar-mor à parede, para que não se possa andar ao redor dela, e que fique levantado com quatro degraus de lajeado. Manda ainda colocar no altar-mor o Santíssimo Sacramento, enquanto Gonçalo Anes não fizer a capela a ele destinada no transepto, do lado da Epístola, pintar as portas do retábulo de prata, fazer grades de pau lavrado em torno da capela-mor e um púlpito de madeira, arranjar a sacristia e abrir frestas na torre desta; 1538, 17 Setembro - segundo nova visitação estas determinações ainda não haviam sido cumpridas; refere-se que o altar do Espírito Santo e a capela de Rui Mendes de Mesquita se estavam a edificar; manda-se ainda mudar o retábulo do altar de São Sebastião para a lateral S. do cruzeiro, onde se lhe fará um altar com degrau; 1545 / 1547 - fundação da Capela de Nossa Senhora da Conceição no claustro, com comunicação para a igreja, por Pedro Cardoso do Amaral, Senhor da Casa do Paço de Nespereira (v. PT010308320068) e sua mulher D. Isabel Carvalho; 1548 - obras na porta principal; 1554, 25 Novembro - em visitação, o arcebispo de Braga manda acabar o espelho do coro, o qual deverá ter vidraça branca e rede de fio de arame da parte de fora; esta obra referia-se ao janelão da fachada principal cujo caixilho teria sido provavelmente destruído anteriormente; a visitação refere-se ainda à Capela de Santo Estêvão; 1555, 10 Maio - nova visitação referindo as capelas de Santa Ana e de Santa Margarida; 1556, 3 Outubro - o prelado determina que se faça o coro e que o administrador da capela de Santa Catarina reparasse o seu retábulo; 1562 - execução do órgão primitivo por Heitor Lobo; 1565, 12 Dezembro / 1567, 23 Outubro - o visitador manda fazer um retábulo a branco para a capela-mor; 1572 - D. Sebastião dispensa os caseiros da Colegiada de se incorporarem na armada do duque D. Duarte; 1577, 20 Outubro - manda-se pintar o retábulo-mor; 1582, 19 Abril - o Papa Gregório XIII declara a Capela de Nossa Senhora da Conceição altar privilegiado; 1605 - renovação da torre sineira e sepulturas do Dr. Pedro Esteves e sua mulher, pelo tetraneto Álvaro Pinheiro de Lacerda, Cavaleiro da Ordem de Cristo; as sepulturas foram abertas na presença do licenciado Gaspar Alves Lousada; 8 Agosto - o visitador ordena que se reedifique ou se mande demolir a Capela dos Costas, que havia sido começada junto à porta travessa, do lado N., da parte de fora; 1624, 3 Março - na visitação são mencionadas as capelas dos Pinheiros, de Jesus (no transepto, do lado do Evangelho), de São Brás, no claustro, e de Santo Estêvão; 1631, 31 Março - o prior D. Bernardo de Ataíde determina que o administrador da Capela dos Pinheiros ponha nela a imagem do Salvador e do Crucificado, que o administrador da Capela de Jesus repare as grades, e o administrador da Capela do Serviço ou da Misericórdia velha, mande reformar a imagem da Virgem; 1634, 11 Junho - o visitador ordena ao administrador da Capela de Jesus que lhe faça um retábulo novo; 1637, 24 Abril - o Arcebispo de Braga determina que se mande lajear a torre sineira, sobre a Capela dos Pinheiros; 1645 - D. João IV declara-se protector da Colegiada; 1665 - execução de um retábulo-mor pelo entalhador António de Andrade e de um conjunto de quadros pintados por Frei Manuel dos Reis; Março / Maio - o D. Prior Diogo da Silveira manda fazer dois óculos no janelão da fachada principal e mais dois na capela-mor, a expensas de Gonçalo Francisco Infanção e sua mulher Inês Dias Villas, moradores na Quinta da Porcarice; 1663 / 1666 - D. Afonso VI confirma os privilégios; 1675, 8 Janeiro - o visitador manda que o administrador da capela de Nossa Senhora da Conceição a mande rebocar e pintar por dentro e que o da Capela de Santana reforme o lampadário; a capela-mor ameaçava ruína; 1676 - confirmação dos privilégios da Colegiada pelo então regente D. Pedro; 1677, 6 Outubro - o regente D. Pedro manda reformar capela-mor, que ameaçava ruir; as obras são feitas pelo mestre de pedraria António de Castro, segundo risco da autoria do francês Miguel de Lescole; 1682 - conclusão da reforma da capela-mor; 1688 - feitura do cadeiral da capela-mor por Gaspar dos Reis; 1686 - construção da Capela de Santa Verónica; 1687 - D. Pedro dá esmola para executar o cadeiral da capela-mor, de pau-preto com embutidos de pau amarelo; 1688 - execução do primitivo cadeiral da capela-mor por Gaspar dos Reis; 1692 - o Padre Torcato Peixoto de Azevedo nas Memórias ressuscitadas da antiga Guimarães descreve a igreja como "toda azulejada e pintada: na nave do meio, junto ao tecto, tem painéis da vida de Nossa Senhora, por todas as paredes, de uma e outra parte, tem frestas com vidraças e em cada uma delas as armas do seu reformador, el Rei D. João o 1º, e a rainha, sua mulher, D. Filipa de Lencastre…"; eram administradores da Capela de Santa Catarina Mártir e Capela de Santa Ana, Manuel Peixoto da Rocha e seu irmão Diogo Lopes de Carvalho; 1697 - D. Pedro II renova os privilégios da Colegiada; 1700, 13 de Janeiro - ajuste com o ourives Manuel Ribeiro de Azevedo, para a execução de um andor em prata para a Confraria de Nossa Senhora da Oliveira, com risco do reverendo Pantalião da Rocha de Magalhães; 1711 - é adjudicada a obra do sacrário de prata do altar do Santíssimo Sacramento a Jerónimo Lopes Moreira; 1712/1713 - a máquina destinada ao altar-mor, realizada pelo entalhador Pedro Coelho e pelo imaginário António de Andrade é instalada; 1720, 7 Julho - Jerónimo Lopes Moreira é substituído por Francisco Cardoso de Macedo; 30 Setembro - o visitador manda fazer as portas do portal axial da igreja; 1727 - colocação das portas no portal axial; 1735, Maio - João Pereira Ribeiro encarrega-se de fazer o frontal de prata do altar do Santíssimo Sacramento; o frontal veio a ser acabado por Francisco Teixeira; 1744 - colocação do relógio na torre sineira; 1747, 2 Janeiro - visitação mandando o administrador da Capela de Nossa Senhora da Conceição, António Cardoso, fazer um novo retábulo para a referida capela; construção da Capela de Santo André a mando de Afonso André, Cónego da Colegiada e Abade de São Gens *5; 1758 - segundo notícias dadas ao Padre Luís Cardoso pelos cónegos da Colegiada ela possuía sete altares e capelas, nomeadamente as capelas do Santíssimo Sacramento, do Senhor Jesus, da Casa de Vila Pouca, de Nossa Senhora da Conceição, da Casa do Proposto e a de São Nicolau e os altares do Espírito Santo, do Senhor da Agonia e o de Santa Ana. No claustro situam-se as capelas de São José e de Nossa Senhora do Serviço e os altares de Nossa Senhora da Pombinha, de São Roque, dos Santos Cosme e Damião, do Senhor Descido da Cruz e de Santo André; 1770 / 1772 - reforma da capela-mor pelo D. Prior Domingos de Portugal da Gama; provável pintura das telas de São Dâmaso e São Torcato por Pedro Alexandrino; 1772 - execução do retábulo-mor pelo entalhador José António da Cunha; 1788 - a escultura do Crucificado que encimava o sacrário de prata é substituída por custódia radiada; 1808 - a Colegiada entrega à força aos franceses 380 Kg. de prata; 1830, 14 Junho - o cabido manda reformar a igreja cobrindo o interior com cal e colocando um tecto de estuque na nave com pinturas de Augusto Roquemont, que desenha igualmente um dos novos altares; colocação de um novo espaldar no cadeiral da capela-mor; 1832, 12 Julho - suspensão das obras com a entrada das tropas liberais no Porto; 1834, 17 Fevereiro - recomeço das obras com a oferta de 3000 cruzados pelo cónego tesoureiro-mor Tomé Luís Felgueiras; 1835 - as obras são interrompidas; 1837, 13 Fevereiro - as obras recomeçam sob a direcção do cónego João Baptista Sampaio; 1838, 4 Março - as obras encontravam-se praticamente concluídas; a igreja reabre ao culto; com as obras foi destruída a Capela de Nossa Senhora da Conceição; 1838 / 1841 - construção do novo órgão por Luís Carvalho Guimarães e José António Cruz; 1843, 21 Fevereiro - durante uma trovoado um raio atinge a igreja causando importantes danos; 1846 / 1849 - o pintor Joaquim Rafael pinta os painéis dos retábulos laterais; 1869, 1 Dezembro - data de decreto extinguindo a Colegiada; 1870 - a vereação da Câmara mandou cortar a oliveira fronteira à igreja e que o povo considerava milagrosa; 1880, 2 Agosto - iniciam-se novas obras; 1881 - segundo Padre Ferreira Caldas, a igreja tinha então onze altares, quatro em cada nave lateral, dois colaterais e o altar-mor; 1890, 14 Setembro - autorização governamental para reorganizar a Colegiada, com obrigação de ensino público e privado; 1891, 8 Janeiro - carta régia regulamentando aquele diploma, fundando-se pouco depois o Seminário de Nossa Senhora da Oliveira; 1900 - segundo Albano Belino a igreja possuía quatro altares na nave, dedicados a Santa Ana, Nossa Senhora da Conceição, Espírito Santo e São Nicolau; segundo o mesmo existia no janelão cego da fachada principal, voltada para o interior da igreja uma estátua masculina jacente com dupla almofada com inscrição gótica "EIVS ACENDET ET REQUIE" que provavelmente faria parte de uma árvore de Jessé que formaria o caixilho do janelão (DGEMN, 1981); 1911 - a lei da Separação extinguiu novamente a Colegiada, apossando-se dos seus bens, fazendo desaparecer o Seminário e deixando apenas o liceu; 1928 - instalação nas antigas dependências da Colegiada do então criado Museu Alberto Sampaio, para albergar o espólio artístico da Colegiada e de outra igrejas e conventos de Guimarães; 1931 - abertura ao público do museu; 1967 - novo reavivamento da Colegiada, nomeando-se o Padre António de Araújo Costa, representante do Cabido de Nossa Senhora de Oliveira; 1970 - durante as obras de restauro, foi posto a descoberto o travejamento horizontal do telhado, com pinturas decorativas, até ali cobertas por estuque, assim como parte da estrutura datável do séc. 14 ou 15; 1975 - roubo do tesouro de Nossa Senhora de Oliveira, não possuindo o museu à data sistema de alarme; 1991, 09 agosto - o museu é afeto ao Instituto Português de Museus, Decreto-Lei n.º 278/91, DR, 1.ª série-A; 2004, Fevereiro - data do concurso de adjudicação para conservação de coberturas - 2ª fase; 2007, 29 março - o imóvel é afeto ao Instituto dos Museus e Conservação, I.P. pelo Decreto-Lei n.º 97/2007, DR, 1.ª série, n.º 63; 2016 - atribuição do Certificado de Excelência TripAdvisor ao Museu Alberto Sampaio.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes e estrutura mista.

Materiais

Estrutura, elementos decorativos, pavimentos da igreja e claustro, molduras dos vãos, arcos, colunas, cunhais, varandas, gárgulas, lápides e escadas, em granito; janelão da fachada principal e túmulos do Dr. Pedro Esteves e D. Isabel Pinheiro, em pedra de Ançã; cobertura, com elementos de betão; portas, janelas, estrutura dos telhados, coberturas das naves e transepto, pavimentos interiores, retábulos, e tectos, em madeira; janelas da igreja, com vitrais; ferro forjado na janela da torre sineira, guarda dos túmulos do Dr. Pedro Esteves e D. Isabel Pinheiro, guardas das varandas, caixilhos de janelas e ferragens em ferro; chapas da cobertura do edifício e gárgulas da Colegiada, em cobre; coberturas em telha de canudo.

Bibliografia

Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; DGEMN, Museu Alberto Sampaio (Ampliação e Remodelação), Porto, 1967; CHICÓ, Mário, A Arquitectura Gótica em Portugal, Lisboa, 1981; DGEMN, Igreja de Nossa Senhora da Oliveira. Guimarães, Boletim nº 128, Lisboa, 1981; DIAS, Pedro, A Arquitectura do ciclo batalhino in ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, História da Arte em Portugal. O Românico, vol. 3, Lisboa, 1986; História da Arte em Portugal, vol. 4, Lisboa, 1986, p. 64 - 109; VALENÇA, Manuel (Padre), A Arte Organística em Portugal, vol. I, Braga, 1990; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, A ourivesaria portuense nos séculos XVII e XVIII, análise de alguns contratos, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 335-354; GIL, Júlio, As Mais Belas Igrejas de Portugal, Lisboa, 1992; DIAS, Pedro, Arquitectura Mudéjar Portuguesa: Tentativa de sistematização, Mare Liberum, nº 8, Dezembro de 1994; BARROCA, Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), Corpus Epigráfico Medieval Português, vol. II, tomo 2, Porto, 2000; SARAIVA, Anísio Miguel Bemhaja, A Sé de Lamego na primeira metade do século XIV, [dissertação de mestrado], 2 vols, Coimbra, 2000; AFONSO, José Ferrão, FERRÃO, Bernardo, Edificações do Centro Histórico e sua envolvente com interesse patrimonial, in www.cm-guimaraes.pt, 5 Abril 2006; SOROMELHO, Miguel - "Miguel de Lescole e a capela-mor da Colegiada de Nossa Senhora de Guimarães". Revista Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, outubro 2013, nº 33, pp. 60-65 (e-book).

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1928 - rasgamento de duas janelas na Sala do Capítulo e revestimento das mesmas com cantaria e colocação de grades de ferro; 1933 - obras no claustro: reconstrução de paramentos; entaipamento de duas portas; reconstrução de um pórtico; colocação de 13 cornijas, 13 consolas e 13 pratelas, de modilhões, lajeado e armação de telhado com madeiramento à vista; 1937 - obras de restauro; 1939 - obras de restauro; 1951 - obras de beneficiação; apeamento dos altares e arrumação; desmonte do pavimento de madeira; construção e assentamento de guias de cantaria no pavimento, incluindo o massame da fundação e sua impermeabilização; demolição de galeria em ruína, na nave lateral S.; 1954 - reconstrução da abóbada da torre; 1963 - ampliação das instalações do centro Pastoral; trabalhos de restauro; desmonte e arranque dos altares laterais e desmonte de madeira molduradas de revestimento de aros e colunas; 1967 - substituição de cantarias destruídas; reconstrução de janelas geminadas da nave; desmonte cuidadoso e arranque de altares laterais e elementos de madeira moldurados de revestimento de arcos e colunas; 1968 - reconstrução de cantarias destruídas das colunas do transepto e execução de cintas de betão armado em sapatas de alvenaria de pedra; consolidação das bases e reconstrução das cantarias dos socos e 2 das colunas da nave; reparação de rebocos e das janelas da nave; reparação de cantarias; 1969 - prosseguimento dos trabalhos de restauro e consolidação dos diversos trabalhos de cantaria; 1970 - continuação dos trabalhos de restauro e valorização; construção das estruturas de madeira para as coberturas das naves colaterais e escada de acesso ao coro; 1971 - reparação do telhado da capela-mor e prosseguimento da consolidação e valorização; revisão da instalação eléctrica; ajustamento do pavimento do patamar exterior da igreja, junto à fachada principal; demolição da capela de São Nicolau, adossada à ante-câmara da sacristia; 1972 / 1973 / 1974 - continuação da valorização e restauro; arranjo do largo fronteiro; 1972 - entaipamento do janelão da fachada principal e remoção dos óculos; 1974 - drenagem ao longo da fachada N.; restauro do órgão; 1975 - tratamento dos elementos de cantaria e pedra de ançã em corrosão na capela dos Fundadores e no pórtico da fachada principal; 1983 / 1984 / 1985 / 1986 - reparação do órgão; 1986 / 1989 - beneficiação na instalação eléctrica e aquecimento do Museu; 1988 - reparação de telhados; reconstrução da cruz do campanário, após a sua queda; 1989 - reconstituição da cruz; 1993 - trabalhos de conservação: telhados; fixação dos merlões da torre; 2002 - obra de conservação das coberturas, 1ª fase - intervenção no transepto norte; 2004 - obra de conservação das coberturas, 2ª fase - intervenção na capela-mor e transepto S..

Observações

*1 - Trata-se de uma Zona Especial de Proteção Conjunta da Colegiada de Guimarães (v. PT010308340007), da Padrão comemorativo da Batalha do Salado (v. PT010308340025) e dos Paços Municipais de Guimarães (v. PT010308340014). *2 - a lápide existente na fachada principal é de 1608 e foi mandada fazer pelo Cabido da Colegiada para substituir a original, do séc. 14, recolhida no Museu Alberto Sampaio. A lápide que substituiu a original perdeu algumas palavras, nomeadamente a última parte da mesma que referia como mestre pedreiro João Garcia. *3 - segundo a tradição o nome da igreja teve origem na oliveira que o povo plantou frente à igreja. Junto ao seu tronco seco, foi erguido o Padrão comemorativo da Batalha do Salado que, para espanto de todos, passados três dias, a oliveira reverdeceu levando o povo a tê-la como milagrosa. *4 - no claustro existe uma lápide, retirada do local de origem (parede interior da capela-mor), que faz parte do acervo do museu, referente à sagração da igreja, no dia de Santo Ildefonso, pelo Bispo do Porto, D. João de Azambuja. *5 - do acervo do museu faz parte uma outra inscrição retirada do sitio original (junto à antiga capela, do lado da Epístola), referente à instituição da Capela de Santo André. *6 - as pinturas dos tectos foram executadas sobre madeira de castanho, sem preparação, e em algumas zonas com uma camada de protecção, de época posterior. Os pigmentos utilizados foram o branco de chumbo, vermelhão, orpimento, indigo e o tominho fixados em gesso. O aglutinante para as cores pretas é do tipo cola animal e, para as outras cores é uma emulsão à base de proteínas e óleo secativo.

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994 / Paula Noé 1998 / Joaquim Gonçalves 2006

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