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Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
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Descrição
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Planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor, ambas rectangulares. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachada principal orientada a N. e toda de cantaria, com pilastras nos cunhais sobrepujados por pináculos e terminada em empena. Organiza-se de modo tipo retábulo com 2 registos delimitados por duplas colunas coríntias caneladas com o terço inferior decorado por óvulos e diamantes, e cornijas terminadas em pináculos; no 1º registo, abre-se portal de verga curva com várias molduras na verga e bustos em medalhões; no 2º abre-se ao centro nicho envidraçado, com imagem entre colunas coríntias que suportam frontão rectangular, e entre as duplas colunas janelas estreitas; sobre a cornija superior, apoia-se ao centro frontão curvo interrompido por óculo. A O. desenvolve-se o edifício da Santa Casa, de 3 pisos e fenestrado regularmente por janelas de guilhotina no 2º e de sacada arquitravada no 3º. No interior, nave única, coro-alto suportado por arco abatido, capelas colaterais pouco profundas possuindo retábulos de talha branca e dourada, intercaladas por janelas e púlpitos quadrados. Tecto em abóbada de canhão. Arco triunfal pleno, de cantaria. Capela-mor com 4 janelas colaterais com sanefas de talha e cadeiral de madeira; amplo retábulo com trono central. Tecto em pseudo abóbada de canhão. Nos anexos da Santa Casa, destaca-se a escadaria em cantaria, sobre 3 arcos plenos intercalados por pilastras sobrepujadas por pináculos nos cunhais, apresentando a data 1640. Sob a mesma, fonte de espaldar rectangular coroado por 2 pináculos e cruz central. |
Acessos
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São Paio, Largo João Franco; Rua da Rainha |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 735/74, DG, 1.ª série, n.º 297 de 21 dezembro 1974 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Núcleo Urbano da Cidade de Guimarães (v. PT010308340101) |
Enquadramento
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Urbano, flanqueado pelas construções que definem a Rua da Rainha. Implanta-se a S. do Largo João Franco. Insere-se no centro histórico de Guimarães. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Política e administrativa: política e administração central |
Propriedade
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Privada: Misericórdia / Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CARPINTEIROS: António Fernandes (1598); João Moreira (1608). DESENHADORES: João Lopes de Amorim (1614); João Ribeiro (1614); José de Santo António Vilaça (1775). ENSAMBLADOR: Francisco Moreira (1614, 1627). ENTALHADORES: António da Cunha Correia do Vale (1759-1781); Manuel Fernandes de Novais (1775). ORGANEIROS: A. Carvalho (1986); Francisco António Solha (1780). MESTRE-DE-OBRAS: Domingos Coelho (1627). PEDREIROS: Gonçalo Lopes (1596-1603); João Lopes de Amorim (1603-1634, 1639); João Ribeiro (séc. 17); Pedro Afonso de Amorim (1596-1607); Pedro António Lourenço (1755). PINTORES: Domingos Lourenço Prado (1609, 1616, 1617-1619); Salvador Mendes (1617-1619). |
Cronologia
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1511 - primeira referência à Misericórdia de Guimarães; esteve instalada na Capela de São Brás nos claustros da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira; 1587, 10 julho - verifica-se a necessidade de mudança para um edifício autónomo; provisão real concede 500 cruzados para ajuda; 1588, maio - a Misericórdia toma posse, por 90$000 das habitações de Diogo de Araújo e de "uma casa-torre" que pertencia a Baltasar da Rocha de Araújo, na Rua da Sapateira e na de São Paio; 20 maio - recebe 200$000 da Câmara e povo e lança-se a primeira pedra da igreja; 1580 - Sebastião Salgado "bezinho da vila de Guimarães" em testamento feito em Tarudante, cidade de Marrocos meridional, deixa ao hospital da misericórdia uma esmola de dois terços de uma fazenda e bens (MORAIS 1985, 7); 1588 - 1596 - trabalha-se na fundação da igreja e anexos; 1588 - 1606 - a Misericórdia recebe 3:239$556 para a construção da igreja, hospital e casa do despacho; 1591 - é responsável pelas obras e provedor o escrivão Pedro de Oliveira, cavaleiro fidalgo e do hábito de Santiago; 1596, 16 abril - Gonçalo Lopes e Pedro Afonso de Amorim são contratados para a obra da capela-mor e demais oficinas; compra das casas de António da Costa Barcelos junto à Misericórdia; 1598, abril - ultima-se os trabalhos da capela-mor, contratando-se o carpinteiro António Fernandes para cobrir a abside; 1599 - paragem da obra devido ao surto de peste na vila; 1600, 31 julho - carta de sentença a Gonçalo Lopes e Pedro Afonso de Amorim para que cumpram as determinações acerca da obra da igreja; 22 Junho - Pedro de Oliveira, o provedor e mais irmãos não concordam com o que está edificado, por não estarem em conformidade com o contrato; o púlpito estava por acabar; 27 junho - os mestres Manuel Luís e Jerónimo Luís aconselham a fazer-se "sobre a capela, ao longo da empena, um rufo para resguardo das águas"; 28 agosto - Gonçalo Lopes é notificado para acabar a obra num mês; 26 setembro - a Misericórdia chega a acordo com o mestre de pedraria; 3 outubro - firma-se novo contrato de obrigação para a prossecução das obras; séc. 17 - construção do pátio por João Ribeiro; 1601 - a idade avançada de Gonçalo Lopes e talvez o seu estado de saúde, leva a Misericórdia a aceitar que Pedro Afonso fique encarregue das obras; 1602 - nova vistoria por Manuel Luís, mestre-de-obras do arcebispado primaz de Braga; 1603 - com a morte de Gonçalo Lopes, Pedro A. Amorim continuará a obra e escolherá João Lopes de Amorim para com ele assinar novo contrato com a Irmandade; 1604 - ultimam-se as paredes da igreja, constrói-se o coro-alto; Novembro - João Lopes de Amorim e Pedro Afonso de Amorim contratam a execução da fachada da igreja; 1605 - 1622 - referência a Marta João e sua sobrinha Ana João, hospitaleiras que serviram o hospital da misericórdia; 1606, 1º semestre - inauguração da igreja; o hospital é instalado numas casas junto à igreja; 1607, 12 Setembro - o mestre de pedraria apresenta proposta para mudar a traça da fachada, devido aos defeitos que apresenta; João Lopes de Amorim consegue que lhe aprovassem o seu projeto para a fachada; 1608 - o carpinteiro João Moreira trabalha no forro da igreja; 1609, 15 julho - Domingos Lourenço Prado compromete-se a pintar 7 painéis e um Ecce Homo, que importou em 1$400; 1614, 12 outubro - a Mesa decide contratar para a execução do retábulo-mor Francisco Moreira, por 180$000, desenhado por João Ribeiro; 15 dezembro - o irmão João Lopes de Amorim chama a atenção para uma série de erros do desenho do retábulo, apresentando um novo esboço; 1616 - 1664 - assentos de admissão de hospitaleiras com a obrigação de cuidar dos pobres e enfermos, acompanhar os Irmãos nos peditórios e fazer as "unturas" às pessoas que a Santa Casa mandasse curar de "boubas"; 1616 - por Provisão Régia é concedida a Gafaria de São Lázaro à Misericórdia, para que esta a administrasse e utilizasse noutros fins, visto que tinha deixado de haver enfermos do "mal de São Lázaro na vila"; 26 novembro - contrato com Domingos Lourenço Pardo para a pintura dos painéis do retábulo; 1617-1619 - pintura de uma bandeira por Salvador Mendes e Domingos Lourenço Prado; pintura e douramento do retábulo-mor por Salvador Mendes e Domingos Lourenço Prado, por 315$000; 1618 - pedido do cirurgião do hospital para que o seu ordenado de dez alqueires de trigo passasse a ser de vinte de milho; 1621 - fazem-se mudanças ao traçado inicial; 1622 - a Misericórdia congela as obras por falta de verbas; 1624 - a Câmara resolve ceder água ao hospital da Misericórdia "onde de ordinário há muitos doentes e por a vila de Guimarães ser local de passagem para Santiago da Galiza e S. Gonçalo de Amarante e a ela mesmo acudirem muitos romeiros e doentes de visita a S. Gualter todos sujeitos a receberem tratamento"; 1627, 28 maio - feitura de uma grades para a capela-mor por Francisco Moreira; 1627 - 1634 - o Doutor Roque Coelho torna-se médico de todos os pobres e presos enfermos que pretende curar somente por sua devoção sem desejar receber nada em troca do seu trabalho; 1627 - o mestre-de-obras Domingos Coelho é contratado por Francisco Jorge Mendes a fazer-lhe capela; continuavam as obras na Casa do Despacho; 1634 - João Lopes dá quitação das obras; 1637 - dá nova quitação das obras; 1639 - João Lopes é contratado para construir uma escada de pedraria; 1640 - conclusão da mesma; 1653 - a Misericórdia adquire a torre e pardieiros do morgado dos Miranda, na antiga Rua das Flores, entretanto destruída para abrir o terreiro da Misericórdia; 1657 - ampliação com pedra da torre do morgado dos Miranda; 1672 - o lanço voltado para São Paio ainda não estava fechado; 1674 - o mesmo lanço ainda inacabado é alugado à Câmara, que aí funciona durante quatro anos; séc. 18 - trabalha no local o monge beneditino Frei José de Santo António Vilaça; 1755, após - remodelação da igreja, sendo para tal contratado o mestre de pedraria Pedro António Lourenço; é aberta uma porta lateral, alargadas as primitivas frestas e feito o arco do coro-alto; 1759 - António da Cunha Correia do Vale é contratado para executar o retábulo-mor; 1762 - 1763 - execução do retábulo-mor; 1762 - para além da assistência a pobres e presos, o hospital passa também a receber doentes militares; 1775 - Frei José de Santo António Vilaça risca as duas caixas de órgão e a guarda do coro; trabalham na obra os entalhadores António da Cunha Correia do Vale e Manuel Fernandes de Novais; 1780 - construção do órgão, por Francisco António Solha; 1781 - execução dos púlpitos por António da Cunha Correia do Vale; 1808 - inaugurada a Casa Pia dos Entrevados, no "salão grande" do hospital, instalado na Rua do Conde de Arrochela, para dar guarida aos pobres aleijados e paralíticos que pediam esmola pela vila; 1817 - José Lopes da Cunha Velho, um dos maiores benfeitores da Misericórdia, fez a doação de casas e quintal, contíguas ao hospital, para ampliação das enfermarias e recolhimento dos pobres; 1842, 13 julho - a Misericórdia compra o extinto Convento de Santo António dos Capuchos (v. PT010308040086), para lá construir o novo hospital; 1843, julho - alguns doentes são já instalados no Convento de Santo António dos Capuchos, porque os que estão no antigo hospital não querem ser transferidos; 1867 - o antigo hospital deixa de funcionar, sendo todos os doentes transferidos para o novo; 1969, 21 agosto - incêndio no imóvel. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Cobertura em telha de barro; paredes em alvenaria de granito; tecto com acabamento a estuque na nave da Igreja; tectos em caixotões de madeira no claustro; caixilharias de madeira. |
Bibliografia
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A origem dos edifícos históricos da Misericórdia de Guimarães, in Diário do Minho, 1 Abril 2006, p. 8; AFONSO, José Ferrão, Manuel Luís - Um contributo para o estudo de um mestre pedreiro quinhentista in MVSEV, 4ª série, nº 6, Porto, 1997, p. p. - 45; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal, Minho, Lisboa, 1991; BELLINO, Albano, Archeologia Christã; BRANDÃO, Domingos de Pinho, Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na Diocese do Porto - Documentação, vol. I (séculos XV a XVI), Porto, Diocese do Porto, 1984; FONTE, Barroso da, Guimarães - Roteiro Turístico, Guimarães, 1991; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. I, Lisboa, 1993; RUÃO, Carlos, Arquitectura Maneirista no Noroeste de Portugal. Italianismo e Flamenguismo, Coimbra, 1996; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMN |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN/DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DREMN |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1986 - restauro do órgão por A. Carvalho. |
Observações
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*1 - DOF: Edifício da Misericórdia de Guimarães (conjunto da parte setecentista, incluindo a igreja, a sacristia e os restos da construção inicial). |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1993 / Paula Noé 1998 |
Actualização
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