Mosteiro de São Salvador de Travanca / Igreja Paroquial de Travanca / Igreja do Divino Salvador

IPA.00003954
Portugal, Porto, Amarante, Travanca
 
Mosteiro românico da Ordem beneditina com igreja de planta cruciforme, de três naves com quatro tramos, cabeceira com ábside e dois absidíolos, inserida na área estilística do Sousa - Tâmega mostrando também influências do românico do Porto e do de Braga. Torre sineira ameada. É uma das igrejas monásticas românicas mais conhecidas, relativamente bem conservada, mostrando uma grande riqueza de elementos escultóricos e uma alta torre sineira ameada cujo portal ostenta no tímpano um Agnus Dei.
Número IPA Antigo: PT011301360003
 
Registo visualizado 6312 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Igreja composta por planta cruciforme de três naves, sendo a central mais elevada, cabeceira formada por ábside rectangular e dois absidíolos redondos. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. A fachada principal, escalonada, mostra um portal inserido num gablete superiormente corrido por um renque de modilhões. Tem quatro arquivoltas de toros diédricos que se apoiam em finas colunas. Nos seus capitéis abundam as sereias com peixes na mão e as folhagens biseladas que descem do topo dos ábacos. Na empena, sobre o portal, rasga-se uma fresta chanfrada românica e no fastígio assenta uma cruz. Nos topos do transepto existem portais laterais. No interior, mostra arcos-diafragma, definindo quatro tramos desiguais, assentes sobre pilares cruciformes. Sobre o arco triunfal abre-se uma rosácea simples. Capela-mor com retábulo de talha e painel central. Nave com cobertura de madeira, capela-mor com abóbada de volta redonda e absidíolos em quarto de esfera. Torre sineira de planta quadrangular, com alçados bastante altos e reforçados a meio por contraforte pouco saliente; é rasgada por fresta e, no topo, por janela de dois lumes; remate, avançado sobre modilhões com merlões piramidais. Tem acesso por um portal com duas arquivoltas esculpidas com decoração animalesca e em ziguezague e capitéis lanceolados ostentando no tímpano um Agnus Dei. No seu coroamento, mostra merlões pentagonais com o adarve avançado. Dependências conventuais desenvolvidas a S.

Acessos

Travanca, EN 15 (Penafiel - Amarante), EM para Travanca

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 2 199, DG n.º 16 de 27 janeiro 1916 *1

Enquadramento

Rural, isolado. Implantado no fundo de um vale com numerosas quintas. Do lado S. situa-se o edifício do mosteiro e do lado N. ergue-se a torre sineira ameada, desenvolvendo-se uma av. ladeada pelo cemitério paroquial e no topo da qual existe um cruzeiro.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial / Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 / 14 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Frei João Torriano (séc. 17).

Cronologia

Séc. 11 - Fundação do mosteiro de São Salvador de Travanca pelo nobre asturiano D. Gastão Moniz ou por Frei João do Apocalipse, segundo a crónica beneditina de Frei Leão de S. Tomás; séc. 12 - é concedida a Carta de Couto ao Mosteiro, pelo Conde D. Henrique e D. Teresa; séc. 12 (2ª metade) - edificação da igreja primitiva; séc. 13 (2ª metade) - edificação da igreja românica; séc. 14 - construção da torre; séc. 14, meados - 2ª fase da construção da torre na sua parte superior; 1568 - o mosteiro necessitava de obras de beneficiação; séc. 17 - demolição da galilé da igreja; 1678, 17 de Maio - lançamento da primeira pedra para re-edificação do Mosteiro, sob o traço de Frei João Turriano; construção da nova capela-mor; 1722/1725 - construção do terreiro, do cruzeiro e da casa da câmara; 1834 - com a extinção das ordens religiosas o espaço monástico fica devoluto; 1994 - as dependências monacais estavam adaptadas a asilo - hospital de deficientes mentais; 2016, 27 dezembro - o mosteiro integra a lista de 30 imóveis a concessionar pelo Estado Português a privados, para instalação de unidades hoteleiras.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes, estrutura mista.

Materiais

Estrutura, molduras de vãos, frisos, cornijas, arcos, cruzes, sepulturas eoutros elementos em granito; pavimento em lajeado de granito; coberturas em telha.

Bibliografia

DGEMN, Boletim nº 15, Lisboa, 1939; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976, p. 562; ALMEIDA, C. A. F. de, Arquitectura Românica de Entre-Douro-e-Minho, Porto, 1978, vol. II, p. 275, nº 133; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Geografia da Arquitectura Românica in História da Arte em Portugal, vol. 3, Lisboa, 1986, p. 50 - 131; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. II, Distrito do Porto, p. 12 - 13.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1939 - obras de restauro; 1958 - reparação da armação e telhados; 1959 - reparação de telhados; 1963 - reparação de telhados; 1965 - obras de conservação; 1967 - escoramento e reparação parcial das armações dos telhados das naves laterais em estado de ruína; 1968 - reconstrução parcial do telhado da nave lateral Poente; 1969 - conclusão do telhado; 1971 - revisão ligeira do telhado; 1972 - reconstrução do telhado da capela-mor; 1973 - reconstrução da cobertura dos absidíolos da igreja; 1974 - limpeza e recuperação de telhados; 1983 - reparação parcial dos telhados; 1984 - conservação da pedra nalgumas áreas do imóvel; 1985 - continuação dos trabalhos de reparação das coberturas; 1986 - reparação e conservação das coberturas; 1987 - continuação dos trabalhos de reparação das coberturas e reparações de paredes; 1988 - coberturas e sacristia; 1994 - trabalhos propostos de beneficiação geral dos rebocos interiores e exteriores da capela-mor e remodelação da instalação eléctrica da igreja; 2001 - obras de conservação da torre; 2012 - conservação e salvaguarda da igreja, 1ª fase - coberturas da igreja e trabalhos de manutenção da torre.

Observações

Segundo o testemunho de Frei Leão de São Tomás, a igreja foi precedida por grande galilé de cantaria e de 3 naves. Uma observação atenta do imóvel, das irregularidades do seu traçado, das diferentes soluções das arcadas, redondas ou quebradas, e dos pilares, cruciformes ou quadrados, e a análise de capitéis, impostas e bases mostram-nos bem as diversidades técnico-estilísticas destes elementos, uns de aspecto bem mais antigo que outros. Segundo Carlos A. F. de Almeida, a área média da nave S. é a parte mais antiga da obra, a que se seguiriam a ampliação para nascente e a cabeceira. Viria depois a nave N. e a parte ocidental. Para ele, as arcadas-diafragma e formeiras serão da última fase da construção. No actual edfício há reutilização de elementos de igreja anterior, não só de capitéis, que se não ajustam aos novos fustes, como de outros elementos, dos quais destacamos aduelas que pertenceram a arcos ultrapassados e até impostas de nítido sabor pré-românico. Entre os elementos românicos mais antigos salientamos os frisos enxaquetados, os capitéis-bases nas arcadas da parede da nave central, semelhantes aos da primeira igreja de Paço de Sousa, e as capelas laterais, com bandas fitomórficas e arcadas redondas. Os frisos da última fase, com três ligeiras escócias são idênticos a outros de Ferreira. *1 DOF: Mosteiro de Travanca, compreendendo o convento, a igreja e a torre.

Autor e Data

Isabel Sereno e Paulo Dordio 1994

Actualização

Sónia Basto 2007
 
 
 
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