Muralhas e Fortificações de Évora / Sistema Fortificado de Évora
| IPA.00003822 |
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão) |
|
Arquitectura militar, romana, visigótica, românica, islâmica, gótica, renascentista, manuelina, maneirista, revivalista. Sistema defensivo formado por duas linhas de muralhas correspondentes a diferentes períodos, sendo a segunda resultante do alargamento da área habitável para além do perímetro da primeira muralha. Primeira muralha, designada por cerca-velha, é de construção romana-medieval sendo reforçada por várias torres de secção quadrada, circular e poligonal, sendo ainda rompida por várias portas posicionadas sobre os principais eixos viários; o Arco Romano de D. Isabel é um elemento típico da cintura defensiva da cidade romana, cumprindo todos os cânones, mesmo na medida dos silhares e com calçada de inequívoco cunho romano; a Torre Pentagonal constitui o torreão S. (o N. foi demolido) da cerca romana que virava a O., sendo o seu embasamento de fábrica romana. Segunda muralha, conhecida como cerca-nova, é de construção medieval, mais precisamente do séc. 14, tendo sido reforçada, em alguns troços e durante o séc. 17 por alguns baluartes, alguns destes bastante avançados. A Torre Quadrangular é um elemento típico da estrutura defensiva mais arcaica da cidade e indiscutívelmente um elemento da cerca romana do Séc. 02 ou do Séc. 03, muito alterado por sucessivas reedificações e reparos, nomeadamente as janelas dos alçados N. e O. românico-góticas. A Porta de Aviz é um elemento típico das estruturas defensivas seiscentistas do Alentejo com paralelos com as praças fortes de Estremoz e Elvas. Forte de Santo António também construído segundo as técnicas militares do séc. 17. O troço de muralha entre as Portas da Alagoa e do Raimundo manteve-se íntegro durante as épocas posteriores, não sendo envolvido nas campanhas de obras dos Séc. 17 e 18; a Porta do Raimundo é uma composição revivalista e a Porta da Alagoa encontra-se muito descaracterizada por reedificações sucessivas; os troços seiscentistas, tipo Vauban, foram empreendidos no contexto das guerras da Restauração. Sistema defensivo de uma das mais importantes cidades históricas portuguesas, do qual ainda se conservam elementos ilustrativos da evolução da engenharia militar de um período balizado pelos séculos 1 d.C e o Séc. 19. O embelezamento dos seus elementos constituintes, durante as últimas décadas, veio a perpetuar o destaque e a presença deste na cidade eborense. O centro histórico da cidade, delimitado pela cerca exterior, continua a ser o centro político, administrativo, económico e social da cidade. O Arco de D. Isabel constitui-se como vestígio de uma das portas romanas da Cardo da cidade e dava saída ao tráfego que, desde a edificação da nova cerca medieval, passou a transpor o circuito urbano nas Portas de Alagoa e Aviz, para as bandas do N.. |
|
Número IPA Antigo: PT040705070040 |
|
Registo visualizado 14312 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Militar Sistema fortificado
|
Descrição
|
Sistema defensivo composto por duas cercas amuralhadas, a Cerca-Velha e a Cerca-Nova, torreões, barbacã, fossas, portas, postigos, castelo, baluartes, fortes e edifícios militares. CERCA-VELHA: circunscreveria uma área ovóide com aproximadamente 1280m de perímetro, restando desta apenas alguns troços, portas e torres (percurso no sentido oposto ao dos ponteiros do relógio): a Porta de D. Isabel; Torre do Salvador; Torre de São Paulo (destruída); troço arruinado entre a Torre de São Paulo e a Torre de Sisebuto que percorre o interior de várias habitações, apresentando dois tipos de aparelho diferente em granito, um mais regular; Torre Quadrangular; troço entre a Torre de Sisebuto e a antiga Torre do Caroucho com dois pequenos torreões, um destes com base com 4,5m por 5,2m *2, integrando o edifício conhecido como a Casa Nobre da R. de Burgos (v. PT040705210162) e assentando sobre parte de uma habitação romana do Séc. 1, decorada de pinturas murais, e perto de um troço de pavimento de uma rua romana; o resto do troço encontra-se arruinado; Torre do Caroucho (demolida); a Porta da Selaria (também designada por Porta da Praça Grande que teria 4,5m de largura; a Torre do Anjo de base quadrangular, com 9m de lado e 13,5m de altura, embora com um dos cantos chanfrados, o que leva a considerá-la pentagonal, dispondo de 4 pisos e base em grossa silharia de granito; troço entre a Torre do Anjo e a Torre da Couraça integrada no interior do casario, chegando a atingir os 5,5m; Torre da Couraça (também designada Torre da Alcárcova de Baixo) da subsiste um embasamento maciço em pedra granítica; Troço entre a Torre da Couraça e a Torre situada no Largo Álvaro Velho da qual subsistem alguns vestígios, contornando a Igreja de São Vicente *3; Troço entre a Torre do Largo Álvaro Velho e a Porta da Moura e que passaria pelo Lg. da Misericórdia; Porta da Moura a S. da cerca; Troço entre a Porta da Moura e a desaparecida Torre da Pensão Policarpo, destruído. Troço entre a Torre da Pensão Policarpo e a desaparecida Porta Nova da Traição (também designada Torre da Mouchinha); Troço entre a Torre da Mouchinha e a Torre dos Capitães da Cidade; Troço entre a Torre dos Capitães da Cidade e a Porta Velha da Traição com 2 torreões de reforço à muralha à mesma altura do adarve da muralha, integrando a Porta Velha da Traição o conjunto do Convento dos Lóios, e apresentando um arco quebrado ogival, com munhoneiras e conservando restos de pavimento *4; troço entre a Porta Velha da Traição e a Torre Pentagonal com três torreões de reforço à muralha à mesma altura do adarve da muralha; Troço entre a Torre Pentagonal e a Porta de D. Isabel com um segmento visível, correspondente ao muro de contenção das terras do jardim de Diana; castelo Novo dos Freires de planta irregular composta pelo troço da cerca-velha que liga a Torre Mouchinha à Torre das Cinco Quinas, e por outra muralha que liga as mesmas torres através de um percurso que passa pela Torre do Palácio dos Duques de Cadaval, pela Torre da Igreja dos Lóios e a pela Torre do Sertório. A CERCA-NOVA: circunscreve uma área rombóide com uma acentuada inflexão das linhas amuralhadas a N. em direcção ao troço da cerca-velha que liga a antiga Torre da Mouchinha à Torre Pentagonal, terminando uma destas linhas perpendicularmente à muralha da cerca-velha por intermédio da Porta do Moinho do Vento. O espaço criado nesta reentrância é designado como o Buraco dos Colegiais, e seria resguardado pelo Baluarte dos Apóstolos. Cerca envolvida por barbacã, visível em alguns troços, que protegia os fossos, sendo ainda reforçada em alguns pontos por baluartes. Os vários troços são cumeados por merlões, alguns com seteiras, e adarves. PORTA DO MOINHO DO VENTO: porta com vão de 2,62m e duplo arco, um em volta-perfeita e outro abatido, com aparelho irregular em cantaria, sendo cumeada por ameias e um estreito adarve. Adossa-se perpendicularmente ao muro da cerca-velha. No sentido N. extende-se a Cerca de Cadaval seguida do troço de muralha que culmina na Porta de Avis de duplo arco de volta perfeita e túnel de pouca profundidade; Troço que liga a Porta de Avis à Porta da Lagoa com repregas e torre quadrangular com portal gótico de acesso à cava da barbacã, sendo a Porta da Lagoa ou Alagoa resguardada outrora, muito possivelmente, por baluarte; troço que liga a Porta da Lagoa à Porta de Alconchel, com repregas, sendo rasgado pelo Postigo dos Penedos ou Buraco dos Cógulos, apresentando um arco redondo; apresenta uma abertura mais recente no pano mural; este troço dispõe de duas torres com altura ao nível do adarve da muralha, uma com 7m de lado e outra com base de 8m x 9m; Troço que liga a Porta de Alconchel à Porta do Raimundo com duas torres, uma circular e outra quadrada, e repregas, sendo a Porta do Raimundo aberta a SO. da cerca, flanqueada por duas torrinhas octogonais rematadas com ameias de fantasia, encostadas a paramento de pilastras almofadadas; Troço que liga a Porta do Raimundo à antiga Porta do Rossio com dois torreões, de base semi-circular, cujo segmento onde se situam é resguardado pelo Baluarte do Príncipe, seguidos de um possível postigo e de uma reprega onde se encosta uma torre quadrangular *5, com 6m x 4,5m de lado, tendo sido destruído o restante muro que culminava na Porta do Rossio, aberta a S. da cerca, muro esse que seria defendido pelo ainda visível Baluarte do Conde de Lippe; Troço que liga a Porta do Rossio à Porta da Mesquita, aberta a SE. da cerca e que seria ladeada por duas torres parcialmente destruído, subsistindo cinco repregas e dois pequenos segmentos que são separados pela construção do Castelo Novo, apresentando um destes segmentos duas torres de planta quadrangular nos extremos; Troço que liga a Porta da Mesquita à destruída Porta da Rampa dos Castelos com uma torre de planta rectangular, sendo este troço defendido pelo Baluarte de Assa; Troço que liga a Porta da Rampa à destruída Porta de Mendo Esteves. Troço que liga a Porta de Mendo Esteves à Porta de Machede que seria flanqueada por duas torres, tendo sido entretanto entaipada para a construção do baluarte com o mesmo nome; Troço entre a Porta de Machede e a Porta Nova da Traição com partes reaproveitadas para a construção do Colégio do Espírito Santo, sendo ainda interrompido pela a Porta do Colégio; Quartel Novo ou dos Dragões (v. PT040705210093); 7 baluartes: Baluarte dos Apóstolos (também designado Baluarte de Jesus) com paramentos em cantaria granítica, ligado por linhas bastionadas ao Baluarte de Nossa Senhora de Machede, fronteiro a este para defesa da Igreja dos Apóstolos, de que resta apenas o paramento frontal virado a S.; Baluarte de São Bartolomeu de que substistem apenas dois flancos, de suave talude, sendo estes em aparelho de cantaria granítica com cunhais reforçados em cantaria bem aparelhada *6; Baluarte do Príncipe de planta irregular com cunhais em granito aparelhado, com três guaritas em granito e cobertura em meia-laranja, gomadas, e friso boleado que envolve pelo exterior dos muros à altura do pavimento das canhoeiras; Baluarte do Conde de Lippe com paramentos em cantaria granítica, cunhais reforçados por granito aparelhado, possuíndo três guaritas em cantaria de granito e um friso boleado à face ao nível do pavimento das canhoeiras; Baluarte do Picadeiro (Também designado Baluarte do Castelo) com paramentos em cantaria em granito, apresentanto duas guaritas em cantaria e um friso boleado envolvente pelo exterior ao nível da base do parapeito de tiro; Baluarte de Assa de cinco ângulos, com paramentos em cantaria granítica com cunhais reforçados por granito aparelhado, a defender o Hospital da Misericórdia, hoje muito enterrado; na acentuada volta da muralha, quando vai expor-se a N., o Baluarte de Nossa Senhora de Machede (também designado por Baluarte da Natividade), de planta oblonga com vértices acentuados e paramentos em taipa e alvenaria de pedra e tijolo, aparelhos distintos que são aplicados de forma alternada e com espessuras diferentes; destaca-se pelos seus vértices acentuados, como forte esporão na ponta E. da cidade. A Fortificação completava-se com dois Fortes: o Forte de Santo António (v. PT040705210054) e o Forte dos Penedos que teria uma planta quadrada com 35m x 40m e estaria situada a 150m da praça. |
Acessos
|
Rua de Aviz; Rua José Estevão Cordovil; Rua D. Isabel e Rua do Menino Jesus; Rua Cinco de Outubro (antiga Rua da Selaria); Rua Nova e Rua da Alcárcova de Cima |
Protecção
|
Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 (Arco Romano de D. Isabel) / Decreto de 03-07-1920, DG, 2.ª série, n.º 158 de 08 julho 1920 (Arco de D. Isabel, Torre Pentagonal e Torre Quadrangular) / Decreto n.º 7.719, DG, n.º 199 de 29 de setembro 1921 (Parte dos prédios militares n.ºs 14 e 15, que constam das antigas muralhas de Évora, portas extremas desses troços da muralha, a Porta da Alagoa e a do Raimundo) / Decreto n.º 8.218, DG, 1.ª série, n.º 130 de 29 de junho 1922 (Porta de Aviz) / Decreto n.º 8.229, DG, 1.ª série, n.º 133 de 04 de julho 1922 (Trechos das muralhas de Évora (cerca romana, árabe e medieval *1) / Decreto n.º 11.733, DG, 1.ª série, n.º 135 de 23 de junho 1926 (Muralhas e fossos de Évora ainda não classificados) / IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8.252, DG, 1.ª série, n.º 138 de 10 julho 1922 (Torre Sineira do Convento do Salvador) / Decreto n.º 41.191, DG, 1.ª série, n.º 162 de 18 de julho 1957 (Forte de Santo António) / Incluído no Centro Histórico da Cidade de Évora (v. PT040705050070) / Incluído na Zona Especial de Proteção do Convento do Salvador (v. PT040705050041) |
Enquadramento
|
Urbano, meia-encosta. Situado a meio percurso entre Lisboa e Mérida, a cidade romana ergueu-se, de forma estratégica, no cume da colina que define hoje o centro histórico (v. PT040705210070); a cerca romana envolvia o antigo fórum e templo, podendo ainda ser delineados os antigos eixos urbanos. A mesma cerca foi restaurada e melhorada durante o período medieval, verificando-se nesse tempo a criação de núcleos urbanos extra-muros, nomeadamente a judiaria e a mouraria; já seria evidente a afirmação de algumas praças como a do Giraldo; a expansão da zona habitável exigiu novos mecanismos defensivos, tendo sido construída uma nova cerca durante o séc. 14; de acordo com as novas necessidades defensivas, foram reforçados vários troços da cerca-nova com o sistema vauban e colocados vários baluartes e fortes. As muralhas da cerca-velha serpenteiam hoje por entre habitações, sendo visíveis em certos pontos a partir da via pública. Troços de muralhas da cerca-nova com grande impacto urbanístico, actualmente valorizadas pelo tratamento paisagístico dado à zona extra-muros. Os Baluartes do Príncipe e do Conde de Lippe suportam no seu interior o Jardim Público de Évora (v. PT040705210180) e ficam entre as portas do Raimundo e o Rossio de São Brás. O Baluarte do Castelo fica no Largo do Castelo, por detrás do Castelo Manuelino, actual Quartel General da Região Militar Sul. O Baluarte de Nossa Senhora de Machede a defender a respectiva porta, ao fundo da Rua de Machede. Forte de Santo António, suburbano, situado em terreno ermo entre o Convento da Cartuxa (v. PT040705130020) e o Centro Histórico, sendo as suas muralhas galgadas pelos arcos do Aqueduto da Prata (v. PT040705210026); protege no seu interior o Convento de Santo António da Província da Piedade (v. PT040705120088). Porta de Aviz, em planície de cota estável, embebida na Cerca Nova, harmonizada com a envolvente; Tirre Quadrangular / Torre de Sisebuto e Torre Pentagonal embebidas no casario, esta adossada pelos paramentos N. e O., e com ele harmonizadas adossada pelos paramentos N. e O.. Arco Romano de D. Isabel integrada na Cerca Velha romana e harmonizada com o meio. |
Descrição Complementar
|
PORTA DE AVIZ: duplo arco de volta perfeita e túnel de pouca profundidade, exteriormente emoldurada por composição em alvenaria com pilastras simples a carregar a arquitrave de profundas molduras; entablamento rico, com friso alto retabulado e apilastrado e frontão triangular ornado de florão; par de volutas nas ilhargas das pilastras do friso; lápide comemorativa no retábulo do friso: NOVA PORTA DE AVIZ/ ABERTA NO ANNO DA ESTERILIDADE DE 1804/ SENDO REGENTE DO REINO O PRÍNCIPE D. JOÃO / PAI DESTES SEVS VASSALLOS PIEDOSO FILHO DE D. MARIA I / OS CIDADAOS PVZERAO AQVI/ AOS VINDOVROS ESTA MEMORIA; contígua à porta de vigia, a SO., ergue-se um torreão de planta quadrangular, com o pórtico de arco quebrado para acesso à cava da barbacã rasgado no paramento O.; sobre o arco, embebida em vão na espessura da muralha, a ermida de Nossa Senhora do Ó decorada com pinturas murais; embebida ma muralha, a primitiva porta em arco abatido de cantaria de granito; visíveis sobre o arco restos de pintura mural figurando "A Fuga Para o Egipto". ARCO ROMANO DE D. ISABEL: arco de volta perfeita em silharia de granito, 3,98m x 4,3m, composto por 29 silhares dispostos em cunha e assente sobre impostas em prisma truncado e invertido e sólidos pilares de cantaria esquadriada e almofadada; apresenta ranhuras laterais para o deslizamento da grade ou porta de ferro; conserva, em toda a extensão da profundidade do túnel, calçada de grandes lajes de granito porfiróide *7. Troço entre a Porta de D. Isabel e a Torre do Salvador destruído. TORRE DO SALVADOR: planta quadrangular com 9,6m de lado e 13,2m de altura; volume simples e massa disposta na vertical em três pisos; paramentos de cantaria de granito, regulares e esquadriados nos cunhais e irregulares no enchimento; piso térreo com arco ogival em lanceta, com verga e ombreiras chanfradas; piso nobre com três seteiras de rasgo profundo nas empenas laterais, sendo a empena fundeira rasgada por pequena janela rectangular fechada por envasamento de tijoleira; a rematar a torre, mirante rasgado por envasados em tijoleira em dois pisos sobrepostos; interior com coberturas em abóbada ogival em cantaria no piso térreo, cobertura em tijoleira assente em vigamentos lenháceos, que descarregam em amplo vão de arco perfeito em cantaria de granito, sulcado pelo interior de meias canas e descansando em mísulas prismáticas; no piso supremo restam algumas portas chanfradas. Troço da Torre do Salvador à Torre do Colégio de São Paulo apresentando alguns vestígios do seu percurso. TORRE DE SISEBUTO *8 / TORRE QUADRANGULAR / TORRE DA RUA NOVA / TORRE DA ALCÁRCOVA DE CIMA: planta quadrangular com c. de 10,3m de lado; volume simples e massa disposta na vertical em 3 pisos, um térreo e dois de sobrado; na base, até sensivelmente o nível do pavimento do primeiro piso de sobrado, aparelho de silharia granítica, bem esquadriado, semelhante ao dos outros elementos da Cerca Velha; nos alçados N. e O., únicos que se apresentam, rasgam-se duas janelas rectangulares de verga em arco abatido e ombreiras chanfradas; as coberturas interiores são em abóbada ogival, em tijoleira, com nervuras *9. PORTA DA MOURA: flanqueada por duas torres separadas por 5m e ambas com base de 6m x 4,5m; torre ocidental com 15m de altura, acedida por escada circular de granito, incorporando a capela dedicada a São Manços *10; torre oriental com 14m de altura, encimada por sala e terraço, acedidos por escada de granito adossado ao exterior; rasga-se uma janela ao nível do piso superior desta, voltada a S.. TORRE DOS CAPITÃES DA CIDADE / TORRE DO PALÁCIO DO CONDE DE BASTO: planta quadrangular com volume simples e massas dispostas na vertical; cobertura em telhado de quatro águas; paramentos em cantaria esquadriada e aparelhada rasgada superiormente por uma janela em cada uma das três frentes voltadas para a via pública. TORRE DAS CINCO QUINAS (TORRE PENTAGONAL): planta pentagonal com base com 10m x 8,5m, com um dos cantos ligeiramente chanfrado; volume simples e massa disposta na vertical em três pisos, com cobertura homogénea em terraço; embasamento em silharia granítica almofadada; fachada principal a N., de três registos com correspondência com o interior, definidos por janelas: superiormente, dois amplos vãos de aros chanfrados rectangulares; no segundo, janelão semelhante, centrado e mirado pelos anteriores; inferiormente, de forma igualmente centrada, rasga-se ampla varanda de sacada, de ombreiras e verga em sóbria cantaria de granito esquadriada; fachada O. cega; restantes fachadas, tanto quanto é dado a ver nos paramentos que se eguem acima dos edifícios adossados, também cegas. TORRE DO SERTÓRIO / TORRE DO CASTELO: planta quadrangular com 18m de altura; volume simples e massa disposta na vertical; cobertura em terraço; paramentos de alvenaria grossa em granito com cunhais chanfrados, com sala no primeiro piso com cobertura em abóbada ogivada, reforçada por nervuras em forma de cunha, e caixa cilíndrica para escada em caracol. No cunhal NE., a c. de 6m do solo, encontra-se lápide de mármore com inscrição latina com c. de 1m x 0,55m. PORTA DE AVIS é emoldurada exteriormente por composição em alvenaria com pilastras simples a carregar arquitrave de profundas molduras e entablamento rico, com friso alto retabulado e apilastrado e frontão triangular ornado de florão; par de volutas ornamenta as ilhargas das pilastras do friso; lápide epigrafada no friso: "NOVA PORTA DE AVIZ / ABERTA NO ANNO DA ESTERILIDADE DE 1804 / SENDO REGENTE DO REINO O PRÍNCIPE D. JOÃO / PAI DESTES SEVS VASSALLOS PIEDOSO FILHO DE D. MARIA I / OS CIDADAOS PVZERAO AQVI / AOS VINDOVROS ESTA MEMORIA"; contígua à porta de vigia, a SO., ergue-se um torreão de planta quadrangular com pórtico de arco quebrado de acesso à cava da barbacã; sobre o arco, embebida em vão da espessura da muralha, a Ermida de Nossa Senhora do Ó decorada com pinturas murais; embebida na muralha, a primitiva porta em arco abatido de cantaria de granito, sendo visíveis sobre este os restos de pinturas que ilustravam o tema da "Fuga para o Egipto"; porta resguardada pelo baluarte de São Bartolomeu. PORTA DA LAGOA / PORTA DA ALAGOA: ladeada pela Torre-Mirante do antigo Convento de Santa Helena do Monte Calvário, de planta quadrangular com 7m de lado, de alvenaria de pedra com silharia granítica nos cunhais; cobertura em telhado de 4 águas radial; mirante a cavaleiro, aberto para o exterior por grelha de tijolo. PORTA DE ALCONCHEL: aberta a O., ladeada por duas torres de dimensões distintas, onde é visível a utilização de lanços inteiros de silharia roubados à Cerca Velha: a menor a N. como remate do troço de muralha, maciça até meia altura, com vastos salões nos pisos extremos que serviram de masmorras; a torre maior a S., conhecida como Torre de Alconchel ou da Homenagem, com c. de 20m de altura, é maciça até ao nível do adarve, sendo encimada por dois compartimentos abobadados interiormente; na frontaria desta apresenta-se uma pedra de armas de Portugal em mármore: cinco escudetes carregados de dez besantes com bordadura de igual número de castelos. PRÉDIOS MILITARES nºs 14 e 15: entre as portas extremas do troço de muralha entre a Porta da Alagoa e a do Raimundo: de aparelho de alvenaria precária, mas de grande espessura, o muro tem as característica gerais da cerca medieval que envolveu todo o burgo sendo rasgado pelas portas da Alagoa, de Alconchel e do Raimundo ; após a Porta da Alagoa o muro inflecte a S. para se expor a O.; a c. de 100m outro pequeno cubelo; entre este e o próximo cubelo, de silharia granítica arrancada à cerca romana, interpõe-se o Postigo dos Penedos ou Buraco dos Cógulos; outra meia torre de silharia inicia o último troço que se estende até à Porta de Alconchel cuja Torre de Homenagem inicia o extenso troço que, continuando a declinar suavemente a S., termina na Porta do Raimundo, a partir da qual o velho muro, com vários troços inexistentes, foi amparado por linha de baluartes seiscentistas. O outro, maciço até meia altura, com vastos salões nos pisos extremos que serviram de masmorras. |
Utilização Inicial
|
Militar: sistema fortificado |
Utilização Actual
|
Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
|
Pública: estatal (Porta de Aviz, Arco Romano D. Isabel, Torre Quadrangular) / Privada: Igreja Católica (Forte de Santo António) / Privada: pessoa singular (Torre Pentagonal) |
Afectação
|
Câmara Municipal de Évora, auto de cessão de 14 Janeiro 1946 (Porta de Avis, Parte dos prédios militares nºs 14 e 15, Porta da Alagoa e do Raimundo, Muralhas e Fossos) / Sem afectação (restantes estruturas) |
Época Construção
|
Séc. 02 / 03 / 07 / 08 / 14 / 15 / 16 / 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ENGENHEIROS MILITARES: Diogo de Arruda (1518); Charles Lassart; Jean Gillot; Nicolau de Langres (1651); Diogo Pardo Osório (1651/1680); Conde de Schomberg (sugestões às alterações do traço do Forte de Santo António); Bartelemy Zanit, Pierre de Saint-Colombe; Simon Joquet; Jean Brivois; Alain Manesson; Barão de Silincourt (1660); Agostinho de Andrade Freire (1665); Luís Serrão Pimentel (1665); Cap. Miguel Luís Jacob (1736); PEDREIROS: Manuel da Silva e José Moreira (1704). |
Cronologia
|
Séc. 02 / 03 - construção da cerca romana; provável construção da Torre Quadrangular e do Arco de D. Isabel; não se conseguiu ainda provar se já haveria uma outra cerca; a ter existido, o seu percurso seria diferente da cerca romana; Séc. 03, inícios / Séc. 08 - construção da Torre Pentagonal; Séc. 07/14 - a Torre Quadrangular sofre sucessivas reedificações; Séc. 10 - primeiras intervenções nas muralhas sob o domínio árabe; 913 - saque da cidade por Ordonho II; 914 - 915 - reconstrução das muralhas arruinadas; 1165 - Yabura (Évora) é reintegrada no domínio cristão da coroa portuguesa; 1176 - 1220 - o castelo cristão é ocupado pelos freires de São Bento de Calatrava enquanto sede da Ordem da Cavalaria de Évora; 1191 - defesa da cidade contra as hostes do príncipe almóada Iaçub; Séc. 14 - reforma da Torre Pentagonal, sendo aí instaladas lojas e oficinas de menestréis; fronteira ao seu paramento O. aberto sobre a Praça Grande, hoje Praça do Giraldo, edificou-se, c. desta época a barbacã, alçada por poderoso arco de volta perfeita de silhares chanfrados; 1353 - primeira referência à Porta de Avis; 1365 - primeiros documentos, da Chancelaria de D. Pedro, relativos à cerca medieval que neste século envolveu todo o burgo, referindo trabalhos na barbacã, fossos e muros; 1373 - documentalmente referida a Porta do Raimundo; 1381 - primeiras referências à Porta de Avis; 1384 - entaipada a velha Porta da Traição; 1398 - doação régia da Torre Pentagonal ao guarda-mor do rei e alcaide da cidade, Martim Afonso de Melo; 1402 - autorizada a construção de uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Ajuda sobre o arco de entrada da Porta de Alconchel; Séc. 15, inícios - construção da Porta de Alconchel; 1432 - confirmada a outorga ds casas sitas no perímetro amuralhado ao filho primogénito de Martim Afonso de Melo; 1445, 14 Abril - 1º documento que desvia dinheiro dos muros para outro fim, mandando gastar 15.000 reais brancos em vestimentas para o Senado, aquando da recepção de D. Joana, Rainha de Castela; 1449 - D. Afonso V não autoriza que impostos lançados para a fábrica do muro se apliquem em pontes e caminhos; 1450 - D. Duarte doa a Nuno Martins da Silveira uma torre localizada num sítio designado como sendo o castelo-velho *11; 1481 - construção da reprega do muro contíguo à Torre dos Capitães; 1482 - segundo a tradição, fundação da Ermida de Nossa Senhora do Ó sobre o arco da Porta de Avis; 1490 - erecta, sobre o arco da Porta de Machede, uma capela dedicada à Virgem, destinada a lisonjear o matrimónio do príncipe herdeiro D. Afonso com D. Isabel de Castela; Séc. 15 - reforço do lado N. e S. da Porta do Raimundo através de 3 torres cilíndricas; Séc. 15, finais - construção da Porta da Lagoa; Séc. 16 - o primitivo vão, de arco perfeito, da Porta do Raimundo e que permitia o acesso do tráfego a N., é substituído por outro dadas as suas acanhadas dimensões; 1517 - reforma da Porta do Moinho do Vento por iniciativa do Conde de Tentúgal; 1518/1519 - construção do Castelo Novo, sendo empreiteiro Diogo de Arruda; 1525 - reforma integral da Porta de Avis para receber a triunfal entrada da Rainha Dona Catarina de Áustria; conclusão das obras do Castelo Novo; 1530 - demolição por Francisco de Arruda, a mando de D. João III, do par setentrional da Torre do Caroucho para romper o vão da velha R. da Selaria; 1536 - parte da muralha é demolida para passar o aqueduto; 1571, 28 Fevereiro - a torre próxima da Porta da Lagoa é cedida por D. Sebastião para miradouro das freiras do Convento de Santa Helena do Monte Calvário (v. PT040705210034); 1577 - 1582 - obras importantes no Castelo Novo com vista à sua adaptação a depósito do Celeiro Comum; 1590, depois de - a velha porta da Lagoa é entaipada, sendo substituída por outra; 1619 e 1699 - entradas triunfais de Filipe III e D. Catarina de Bragança, testemunhada nas pinturas murais da Porta da Lagoa; 1639 - 1640 - continuação das obras de adaptação do Castelo Novo; 1640 - 1650 - construção do baluarte de Nossa Senhora de Machede, entaipando a antiga Porta de Machede; 1642 - D. João IV envia a Évora o engenheiro-mor do reino, Carlos Lassart e Jean Gillot, para realizar um levantamento e para avaliar as fortificações; 1645 - abertura do Postigo dos Penedos para comunicação entre a praça e o Forte dos Penedos; 1650, c. de - ordem de edificação do Forte de Santo António pelo Conselho de Guerra de D. João IV para protecção do Convento de Santo António (v. PT040705210088); as obras ficaram a cargo de Diogo Pardo Osório; 1651 - construção do baluarte do Príncipe segundo traço do eng. Nicolau de Langres; o baluarte sofreu várias modificações ao longo do tempo, sendo originalmente um baluarte de planta quadrada, evoluindo para um baluarte de planta irregular; são também deste tempo o baluarte do Conde de Lippe, construído frente à antiga Porta do Rossio, o baluarte de Assa, que defendia o Hospital da Misericórdia, e o baluarte do Picadeiro que respeita o plano do eng. Diogo Pardo de Osório e terá tido a função de defender o palácio dos Condes do Sabugal; uma das torres que flanqueava a Porta da Mesquita era dotada de artilharia; 1653 - continuam as obras do Forte de Santo António, que mesmo assim foi ocupado pelos exércitos de D. João de Áustria; 1653, Junho - a Misericórdia de Évora compra a B.A.R. Rodrigues 9 quintais de ferro provenientes da obra das fortificações; Séc. 17 - 18 - grandes campanhas de reforço da muralha medieval; 1659 - levantamento das fortificações eborenses pelo engenheiro-mor Nicolau de Langres; o projecto incluia a construção de duas obras cornutas, cinco baluartes, uma frente abaluartada, três meio baluartes e dois redentes; Langres é presenteado com a patente de general de artilharia em Espanha, algo que levou o Cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel a assumir a execução do anterior projecto; 1660 - aprovação dos planos da obra de Fortificação do Barão de Silincourt; 1663 - cerco arruína a Porta de Alagoa; perca de função da antiga Porta de Avis, então arruinada, sendo entaipada e construída uma porta nova, correspondente à actual; a ermida de Nossa Senhora do Ó é muito afectada pelos bombardeamentos sendo depois refeita; o baluarte de São Bartolomeu é arruinado; 1665 - durante a ocupação espanhola, que apenas durou um mês, as obras do Forte de Santo António foram conduzidas por Nicolau de Langres, que depois de ter passado para o lado espanhol, o forte terá sido retomado pelo Conde de Vila Flor, sendo sujeito a obras de recuperação dado se encontrar arruinado; as obras foram conduzidas pelo General de Artilharia Agostinho de Andrade Freire segundo traço de Luís Serrão Pimentel; por esta data é construído o Baluarte dos Apóstolos, seguindo o traço do tenente-general eng, Pierre de Saint-Colombe; 1680 - início da última fase de construção do baluarte dos Apóstolos que tinha como função a defesa da horta dos Padres da Companhia; estaria pronto o baluarte do Picadeiro, obra do eng, D. Diogo Pardo de Osório, discípulo do cosmógrafo-mor Luís Serrão Pimentel; este visava a defesa da cidadela e do palácio dos Condes do Sabugal; 1682 - primeiro Regimento da Fortificação da Cidade; é levantado o baluarte de São Bartolomeu; 1696 - obras de recuperação da torre próxima da Porta da Lagoa, mirante do Convento de Santa Helena do Monte Calvário, sendo colocado uma cobertura de quatro águas e grilhagens de tijolo; 1704 - o Conde de Atalaia, governador das Armas da Província, manda fazer um nicho dedicado a São Sebastião no troço de muralha contíguo à Torre da Homenagem, obra que ficou a cargo dos pedreiros Manuel da Silva e José Moreira; 1706 - 1712 - segundo a Corografia de António Carvalho da Costa, a Cerca Nova teria 7 portas: a de Alconchel; a de Lagoa, Avis, Mendo Esteves, da Piedade, a do Rossio, e a do Raimundo; 1736 - com a criação do Regimento de Dragões de Évora por D. João V, o antigo Castelo Novo sofre obras de adaptação seguindo o projecto do capitão eng. Miguel Luís Jacob; 1759 - suspensas as obras do Quartel dos Dragões devido à guerra com Espanha; 1772 - conclusão das cavalariças do Quartel dos Dragões; 1795 - durante o reinado de D. Maria I inicia-se a conclusão dos trabalhos do Quartel dos Dragões; Séc. 19, inícios - aproveitamento agrícola da parte superior do Forte de Santo António, sendo o espaço atulhado com terras férteis, alteando-o em c. de 1m; 1804 - reforma da Porta de Avis; 1806 - na planta das muralhas de Évora, é referido uma enfermaria para cavalos doentes no interior do Baluarte do Picadeiro, tendo este uma rampa de comunicação com o Quartel dos Dragões; 1807 - conclusão dos trabalhos e ocupação do antigo Castelo Novo pelo Regimento de Dragões; 1836 - 1839 - o primeiro cemitério público ocupa o interior do baluarte de Assa; 1845 - o vão quinhentista da Porta da Lagoa, que permitia acesso a N., é demolido e substituído pelo actual por onde passa o tráfego da estrada Évora - Arraiolos; 1846 - a Torre da Homenagem é utilizada até esta data como prisão de Estado; 1867, 13 Dezembro - demolidas a Porta de Alconchel e a ermida de Nossa Senhora da Ajuda a mando do Presidente da Câmara; 1869 - é instalada na Torre do Sertório o Observatório Metereológico; 1880 - a Porta do Raimundo é demolida e substituída obra a cargo da Junta Distrital de Évora; 1920 - aquando da classificação como Monumento Nacional, a Torre Pentagonal pertencia a António Coelho Vilas Boas; 1920, 08 julho - Decreto de 03-07-1920, DG, 2.ª série, n.º 158, de classificação como Monumento Nacional duplicando a anterior classificação de 1910; 1940 - 1950 - provável data da remoção dos rebocos exteriores do Forte de Santo António, deixando as alvenarias à vista; 1940 - o Regimento dos Dragões, sediado no antigo Castelo Novo, é substituído pelo Regimento de Infantaria número 16 (RI16); 1941 - início da demolição do Convento do Salvador; 1942 - as obras do edifício dos correios põem a descoberto as bases do troço de muralha que ligava a Porta de D. Isabel à Torre do Salvador, verificando-se ainda as bases da torre N. que flanqueava a dita porta; 1944 - é descoberta a velha porta da traição aquando dos trabalhos de restauro conduzidos pela DGEMN; 1945 - quase integralmente refeito um pequeno cubelo a SO. da cerca medieval; 1953 - aquando da abertura de alicerces para a sede bancária do Montepio Geral, descoberta dos vestígios da barbacã medieval, edificada junto ao paramento O. da Torre Pentagonal, e então provisoriamente desenterrados; 1956 - 1957 - os merlões da cerca-velha restaurados pelos Monumentos Nacionais; 1958 - no decorrer das obras municipais é exumada de um murete adjacente ao Arco de D. Isabel uma cabeça de mármore; 1960 - restauro de parte da cantaria da Torre dos Capitães; 1966 - restauro dos flancos exteriores do Forte de São Bartolomeu; os serviços municipalizados da CME iniciam a demolição dos pavilhões, oficinas e escritórios que se encostavam aos panos das muralhas; 1967 - DGEMN, CME e Direcção de Estradas põem a descoberto as seteiras e valorizam os baluartes e portas; 1992 - antigo Quartel dos Dragões torna-se sede do Quartel General da Região Sul; 1993, finais - aberta na muralha entre dois cubelos SO., perto do Postigo dos Penedos, uma porta de mármore bujardado, marcando a contemporaneidade da obra, para ligação pedonal entre a Zona O. Extramuros e o Centro Histórico; 2000 - derrocada de um troço de muralha do Forte de Santo António como consequência dos temporais verificados; 2003, Agosto - elaboração da Carta de Risco de algumas guaritas instáveis pela DGEMN; 2004, 02 Fevereiro - abertura de concurso pela DREMS para obras de consolidação em guaritas e paramentos. |
Dados Técnicos
|
Estrutura autoportante (Quartel dos Dragões; parte dos prédios militares, torres) e estrutura mista (Porta de Avis; Quartel dos Dragões). |
Materiais
|
Cantaria de granito, alvenaria de pedra e tijolo, taipa (baluarte de Nossa Senhora de Machede), abóbadas interiores das torres em tijolo. Quartel dos dragões com estrutura de alvenarias mista de pedra e tijolo argamassadas, rebocadas e caiadas, com elementos estruturais, pilastras, cunhais, pilares e soco do piso térreo em silharia de granito; alisares de vãos, frisos exteriores, arcos e portal principal em granito; caixilharias em madeira e ferro pintadas; coberturas em telha de canudo com beirado; tectos em tijolo maciço rebocados e caiados; pavimentos exteriores em calçada de granito e mármore; pavimentos interiores em madeira e tijoleira, e escadas em laje de pedra. |
Bibliografia
|
ALMEIDA, Cármen (coord.), Riscos de um Século. Memórias da Evolução Urbana de Évora, Évora, 2001; ALMEIDA, Claudino de, Ruas de Évora - Subsídios para a explicação dos seus nomes, Évora, 1934; ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, 1943; AZEVEDO, José Correia de, Portugal Monumental, vol. 7, Lisboa, 1994; BALESTEROS, Carmen e Élia Mira, As Muralhas de Évora, Separata de A Cidade, 1993 / 1994; IDEM, As Muralhas de Évora: Aspectos Problemáticos do Sistema Defensivo, A Cidade de Évora, II Série, n.º2, Évora, 1996-1997; BEIRANTE, Ângela, Évora na Idade Média, (Dissertação de Doutoramento em História apresentada na FCHS da UNL), Lisboa, 1988; BELIDO, A. Garcia, El Recinto Mural Romano de Ebora Liberalitas Julia, Conímbriga, 1971; BRANCO, Manuel Joaquim Calhau, A "Cerca Nova" de Évora, (trabalho policopiado) Faculdade de Letras, Lisboa, 1985; BORGES, Ana Maria de Mira, Évora: da Reconquista ao Século XVI - alguns aspectos do desenvolvimento urbano e arquitectura, (Trabalho de Síntese destinado às Provas de Aptidão Pedagógica e Capacidade Científica, Departamento de História e Arqueologia da Universidade de Évora), Évora, 1988; CORTÉS, Fernando, FALCÃO, José António e FERREIRA, Jorge Rodrigues, Subsídios Documentais para o Estudo das Fortificações de Évora e de outras Praças Militares Alentejanas nos inícios da Guerra da Restauração, A Cidade de Évora, nº 67-68, 1984/1985; COSTA, António Carvalho da (1650-1715), Corografia portugueza e descripçam topografica do famoso reyno de Portugal, Lisboa, 1706-1712; DIAS, Pedro et all, Évora: Cidade de Corte, Manuelino - À Descoberta da Arte do tempo de D. Manuel I, Lisboa, 2002; ESPANCA, Túlio, Fortificações e Alcaidarias de Évora, Cadernos de História da Arte Eborense, Évora, 1945; IDEM Túlio, História das Campanhas do Alentejo, A Cidade de Évora, nº 29 e 30; IDEM, A Velha Porta da Lagoa, Cadernos de História da Arte Eborense, vol. XII, Évora, 1951; IDEM, Notícia da Cerca Medieval, Cadernos de História da Arte Eborense, vol. XII, Évora, 1951; IDEM, Regimento da Fortificação da Cidade de Évora, A Cidade de Évora, n.º 35 - 36, 1954; IDEM, Libertação da cerca muralhada da Cidade, A Cidade de Évora, n.º 48 - 50, anos XXII - XXIV (Jan.- Dez.), 1965 - 1967, pp. 173-174; IDEM, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Concelho de Évora, Vol. VI, Lisboa, 1966; IDEM, Évora: Arte e História, Évora, 1980 (2ª edição, 1987); ESPANCA, Túlio, Évora. Encontro com a Cidade, Évora, 1988; LEAL,Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno. Diccionario (...), vol. III, Lisboa, 1874; LIMA, Miguel dos Reis Pedroso de, O Recinto Muralhado de Évora: subsídios para o estudo do seu traçado (texto policopiado - Tese de Mestrado em Recuperação do Património Arquitectónico e Paisagístico), Évora, Universidade de Évora, 1995; MANUEL, Caetano da Camara, Atravez a Cidade de Évora, Évora, 1900; MATOS, Gastão de Melo, Nicolau de Langres e a sua Obra em Portugal, Lisboa, 1956; PEREIRA, Gabriel, Os Assédios de Évora, Estudos Eborenses, 1893; PEREIRA, Gabriel, Antiguidades romanas de Évora, O Arqueólogo Português, n.º 5, 1900; PEREIRA, Paulo, Evoramonte: a Fortaleza, Lisboa, 1989; PERES, Damião, A gloriosa história dos mais belos castelos de Portugal, Barcelos, 1969; PROENÇA, Raul, SANTOS, Reinaldo dos e MANUEL, Caetano da Camara, Atravez a Cidade de Évora, Évora, 1900; RESENDE, André de, História da Antiguidade da Cidade de Évora, Évora, 1553; SAA, Mário, As Grandes Vias da Lusitânia - O Itinerário de Antonino Pio, Vol. V, Lisboa, 1964; SEPÚLVEDA, Cristóvão Ayres de Magalhães, História do Exército Português, Vol I, Lisboa, s. d.; SIMPLÍCIO, Domingas, O Espaço Urbano de Évora - Contributo para Melhor Conhecimento do Sector Intra-Muros, Évora, 1991; TORRES, Cláudio e MACÍAS, Santiago, A Arte Islâmica no Ocidente Andaluz, in História da Arte Portuguesa, vol.I, Lisboa, 1995, pp.164-166; VASCONCELOS, Diogo Mendes de, De Municipio Eborensi, Évora, 1593. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DREMS / Biblioteca Nacional (AIRES, Cristovão (1853 - 1930) Trecho da planta da cidade d'Évora indicando a muralha romana (Estampa XII da História do Exército Português) |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DREMS |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DREMS/DSE: Direcção dos Serviços de Engenharia do Exército (Quartel dos Dragões) / Arquivo Distrital de Évora: Arquivo da Misericórdia, Livro 944 (Parte dos prédios militares); IAN/TT: Chancelaria de D. Manuel, Liv. 35, fl. 80v. |
Intervenção Realizada
|
1932 - reconstrução do arco interior da Porta de D. Isabel, documentada no "Projecto para a recomposição do Arco de D. Izabel", da autoria de Augusto Pinheiro Gromicho; DGEMN: 1933 - removidas as terras que atolavam o Arco de D. Isabel até metade do pé direito, para apresentar o aspecto actual; 1943 - 1945 - restauro geral, reparo e construção de ameias; 1959 - reedificação e desempedimento da área do pátio dos Colegiais; 1966 - reparo de um troço de muralha do Forte de Santo António; 1980 - levantamento da calçada do arco de D. Isabel para instalação de cabos telefónicos, incluindo substituição das lages mais danificadas; 1980 - 1981 - recuperação das zonas das portas de Alconchel e conservação de outros troços da muralha; 1986 - obras de recuperação; 1988 - remodelação do edifício sito na Quinta de Santo António, adaptado a Casa Sacerdotal da Arquidiocese de Évora; DSE: Direcção dos Serviços de Engenharia do Exército: 1992 - 1997 - obras de adaptação do antigo Quartel dos Dragões a Quartel General, contando com a adaptação do 1º piso a escritórios e administração do quartel, e consolidação das estruturas; DGEMN: 1998 - obras de recuperação do Forte de Santo António com respectivos trabalhos de limpeza dos paramentos exteriores e remoção da vegetação existente, refechamento de juntas e tapamento de rombos; recuperação das guaritas do Forte; 2000 - obras de recuperação nos paramentos em que a arcaria do aqueduto intercepta o Forte, a N. e a S.: remoção de vegetação existente; no nível superior do Forte, demolição do muro de tijolo que servia de guarda, desentulhamento de guaritas e área que corresponderia ao antigo adarve e reconstrução de muro de protecção; reposição de rebocos de cal e areia em todos os paramentos exteriores, muros e guaritas; na Porta de Aviz, iluminação exterior de tipo decorativo, reparação de rebocos e caiações dos paramentos exteriores; DGEMN:DREMS: 2003 - no Arco de D. Isabel instalação eléctrica e de iluminação exterior, obras de conservação, remoção de entulhos e tratamento de juntas; CME: 2006 / 2007 - obras na envolvente com a criação de espaços verdes em torno de alguns troços das muralhas da cerca-nova. |
Observações
|
Abrange também a freguesia da Sé e São Pedro; *1- DOF... Da cêrca romana e árabe: o arco de D. Isabel, a muralha posterior do passeio do conde de Schomberg, a torre das Cinco quinas, a muralha dos palácios dos Condes de Basto, as tores da porta de Moura, a muralha da Praça do Sertório, a muralha da Igreja de S. Bento, as torres das Alcárcovas, de baixo e de cima. Da cêrca medieval: As torres e muralha compreendidas entre as Portas de Alconchel e do Raimundo, ângulo em frente da estrada da Malagueira, torre junto ao convento do Calvário, torre junta ao aqueduto, torre da Porta de Avis, torre do baluarte de S. Bartolomeu, torre junta à rampa dos Colegiais, ângulo de ligação entre a muralha Fernandina e o baluarte do Conde de Lippe, muralha junto ao quartel de cavalaria, torre do jardim público; Torre Quadrangular (medieval) da Rua Nova, pertencente a António Coelho Vilas Boas; Torre Pentagonal (medieval) da antiga Rua da Selaria; *2 - neste local existia um nicho-oratório escavado nos muros da cerca-velha de devoção a São Vicente; *3 - capela fundada por Baltazar Vieira; *4 - esta torre foi alvo de uma intervenção do cenógrafo italiano Giuseppe Luigi Cinatti em 1866, reaproveitando elementos arquitectónicos do demolido palácio dos Condes do Vimioso; *5 - inscreve-se na área interior do baluarte a igreja arruinada de devoção a São Bartolomeu; 6* - Túlio Espanca apresenta a hipótese de ter existido um castelo sisebuto-árabe, designado por castelo-velho, no lugar onde se erguem as torres do Convento do Salvador e de São Paulo, tese que é contraposta por Ângela Beirante com o argumento de que a terminologia "castelo-velho", seria aplicado a zonas de fortificação antiga; *7- estaria embebida no antigo Convento do Salvador; *8 - Uma antiga tradição transmitida por Diogo Mendes de Vasconcelos, o célebre editor do "Libri Quator De Antiquitatibus Luzitaniae" de André de Resende, que lhe juntou o 5º Livro "De Municipio Eborensi", nomeou-a Torre de Sisebuto, rei Godo a quem se atrinuía a sua edificação no Séc. 07; *9 - Integrante do antigo Paço dos Melos de Carvalho; *10 - terá sido reaberta quando das obras de adaptação do antigo convento dos Lóios a pousada; 11* - Segundo alguns autores, este imóvel integra uma das antigas torres medievais, facto que veio a reconsiderar o antigo percurso da cerca-velha; outros autores atribuem a mesma estrutura a uma torre de um palácio particular. |
Autor e Data
|
Manuel Branco e Castro Nunes 1993 / Daniel Giebels 2006 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |