Mercado de Escravos / Vedoria de Lagos / Alfândega de Lagos / Núcleo Museológico Rota da Escravatura
| IPA.00002841 |
Portugal, Faro, Lagos, São Gonçalo de Lagos |
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Edifício de dois pisos cronologicamente distintos, o inferior quatrocentista construído para mercado de escravos e o superior, seiscentista, destinado ao Corpo da Guarda; fachada principal de dois registos, com nartex, de dupla arcaria fechada por grades de ferro maneiristas; superiormente rasgam-se duas grandes janelas rectangulares e molduradas, de finais do Séc. 17. Caracteriza-se pela linguagem arquitectónica austera e funcional, que se integra no contexto de racionalização de recursos, igualmente patente nos edifícios do Armazém Regimental (v. IPA.00002838) e da Oficina do Espingardeiro (v. IPA.00003753), mas que aqui apresenta uma feição marcadamente erudita na cuidada projecção de volumes. Edifício emblemático da cidade, testemunho da sua ligação à empresa das Descobertas, destacando-se quer pela qualidade arquitectónica, quer pelo peso histórico que possui: foi neste local que hipoteticamente funcionou o primeiro mercado de escravos da Europa quatrocentista, tendo-se aqui efectuado a 1ª venda de escravos do Algarve. Foi o último dos edifícios civis de apoio à Praça-forte de Lagos, a ser construído na centúria de Seiscentos. |
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Número IPA Antigo: PT050807050018 |
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Registo visualizado 5169 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Comercial / Político e administrativo central Mercado / Vedoria
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Descrição
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Planta longitudinal, simples, disposta em dois pisos, com cobertura homogenea em telhado de 4 águas. Fachada principal a sudeste, de dosi registos, rasgada inferiormente por dois arcos, fechados por gradeamento em ferro fundido; superiormente rasgam-se duas janelas rectangulares com molduras em cantaria. Fachada lateral direita, rasgada por dois arcos, no piso térreo e 4quatro janelas no piso superior; brasão de armas em cantaria, do Marquês de Nisa. Fachada lateral esquerda quase cega, apenas rasgada por janela no 2º piso. Cunhais em cantaria aparelhada e friso de separação de pisos em cantaria. No piso térreo dois espaços diferenciados: um aberto e envolvido pelos quatro arcos, de volta perfeita, em cantaria, outro fechado, composto por uma sala única; acesso ao 2º piso através de escadaria localizada no edifício adossado a NO.. INTERIOR: espaços diferenciados, pé direito alto, pavimento em soalho e portas de duas folhas com bandeira. |
Acessos
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Rua da Vedoria, Rua de Nossa Senhora da Graça e Praça do Infante Dom Henrique. |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 177/2014, DR, 2.ª série, n.º 44 de 04 março 2014 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, em área ajardinada, num dos vértices da praça principal da cidade, constituindo mesmo um dos seus vértices definidores. Defronte a Igreja Matriz (v. ), a sudeste as Muralhas (v. PT050807050003), a sudoeste o Armazém Regimental (v. PT050807050021) e a nordeste a Messe Militar. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Comercial: mercado / Política e administrativa: vedoria *1 |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: Núcleo museológico / Político e administrativa: posto fronteiriço |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Ministério da Defesa Nacional - Exército (piso térreo) / Ministério das Finanças - Direcção-Geral das Alfândegas e Impostos Especiais (2º piso) |
Época Construção
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Séc. 15 / 17 / 21 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Cronologia
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1432 e 1441 - Gil Eannes terá trazido para Lisboa as primeiras levas de escravos, tornando-se um dos mais conhecidos navegadores portugueses a lucrar com o tráfico negreiro e dando início ao que viria a ser o ciclo da Guiné, o primeiro do tráfico negreiro; 1440 - no âmbito da epopeia dos Descobrimentos, 1ª captura de um nativo por Afonso Guterres, em África; 1441 - Antão Gonçales, Guarda-roupa do infante D. Henrique traz para Portugal alguns muçulmanos azenegues capturados no território que corresponde à actual Mauritânia; 1442 - Bula Illius qui se pro divini concedida ao Infante D. Henrique pelo papa Eugénio IV, no seguimento da captura de Antão Gonçalves; 1444 - primeiro carregamento de escravos (235) de iniciativa privada trazido do Golfo de Arguim, por Lançarote de Freitas, Almoxarife de Lagos e um dos descobridores da ilha de Gorée (v. IPA.00024403), no Senegal, historicamente ligada ao tráfico de escravos; foi então realizada, no Rossio da Trindade, à Porta da vila, a 1ª Feira de leilão de escravos com a presença do Infante D. Henrique ao qual cabiam 1/5 dos escravos; criação da Companhia de Lagos pelo Infante D. Henrique; 1445 - criação em Lagos da Casa para o Trato de Arguim, cuja feitoria, a 1ª na costa ocidental africana e na Rota Atlântica, fora estabelecida neste mesmo ano, e mais tarde para o Trato da Guiné; 1448, até - segundo Zurara, terão sido trazidos até este ano para Portugal 927 escravos; a Feira de Lagos e a Casa dos Escravos constituiam então poderosas máquinas de negócio de exportação de escravos sobretudo para Sevilha, Cádiz e Valencia e também armazéns de fornecimento de mão-de-obra agrícola e serviços domésticos *2; Séc. 16, meados - Lisboa abrigava quase 10 mil escravos, constituindo c. de 10% da sua população; 1691 - edificação do "Corpo da Guarda" a Casa de Escravos, por D. Francisco Luís da Gama, 2º Marquês de Niza (PAULA, 1992); 1820 - transferência da Casa da Alfândega do edifício da Portagem (v. IPA.00002839) para o 2º piso da Casa dos Escravos; 1842 - a Alfândega de lagos é referida no Regulamento das alfândegas menores; 1864, 07 de Dezembro - a Alfândega de Lagos é encorporada na Alfândega de Lagos; 1987, 08 de Janeiro - Proposta de classificação pela CM de Lagos; 1991, 31 julho - Proposta de abertura do processo de lassificação pelo IPPC; 1991, 08 de Agosto - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Presidente do IPPC; 1998, 26 de Junho - Informação do IPPAR/DRFaro a propor a classificação; 2002, 26 de Setembro - Parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a propor a classificação como IIP - Imóvel de Interesse Público; 23 outubro - despacho de homologação do edifício como Imóvel de Interesse Público pelo Ministro da Cultura; 2008 - descoberta no Parque da cidade, na zona da Praça de Armas (v. IPA.00002830) de um cemitério com 140 esqueletos de escravos africanos; 2010, Junho - assinatura de Protocolo entre a Câmara Municipal de Lagos e o Exército Português, permitindo a cedência recíproca de imóveis situados no centro histórico; 2010, Novembro - inauguração no imóvel do Núcleo Museológico do Mercado dos Escravos e de uma exposição sobre a Rota do Escravo, no âmbito do VI Festival dos Descobrimentos e da Celebração dos 550 anos sobre a Morte do Infante D. Henrique; 2011 - a autarquia projecta a instalação no imóvel de um centro de interpretação da "Rota do Escravos", 2016, junho - abertura do Núcleo Museológico Rota da Escravatura a funcionar no piso térreo; 2017 - a Associação Portuguesa de Museologia confere ao Núcleo Museológico duas menções honrosas, uma na área da museologia e a outra pelas aplicações de gestão multimédia.
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Dados Técnicos
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Paredes autoportantes em alvenaria de pedra, paredes interiores em tabique. |
Materiais
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Alvenaria de pedra rebocada (paredes exteriores), pedra calcária (pavimento piso térreo, molduras, brasão, cunhais, friso de separação de pisos), vidro, madeira (pavimento 2º piso, portas, caixilhos), telha de capa e caleira, ferro (viga no tecto do piso térreo, gradeamento). |
Bibliografia
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«Guia das Cidades e Vilas Históricas, Lagos e Silves». Jornal Expresso, 1996, 24 Agosto; DEVEZAS, Tessaleno e RODRIGUES, Jorge Nascimento - Portugal o pioneiro da globalização. A herança das descobertas. Vila Nova de Famalicão: Centro Atlântico, 2009; MARTINS, José António Jesus - Estudo histórico-monográfico da freguesia de Santa Maria do concelho de Lagos. Lagos, 1992; PAULA, Rui Mendes - Lagos, Evolução Urbana e Património. Lagos, 1991; ROCHA, Manuel João Paulo - Monografia de Lagos. Porto, 1909. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGAIEC- Direcção-Geral das Alfândegas e dos Impostos Especiais sobre o Consumo: Biblioteca/Divisão de Documentação e Relações Públicas |
Intervenção Realizada
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Direcção das Alfândegas de Lisboa: 1906 - reparações, mantendo o interior; Direcção-Geral das Alfândegas de Lisboa: 1995 - recuperação do edifício. |
Observações
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*1 - de onde deriva a toponímia da Rua da Vedoria. |
Autor e Data
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Anouk Costa 1997 |
Actualização
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Rosário Gordalina 2011 |
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