Castelo de Torres Novas

IPA.00001987
Portugal, Santarém, Torres Novas, União das freguesias de Torres Novas (São Pedro), Lapas e Ribeira Branca
 
Castelo de colina, gótico, de planta escudiforme, cortinas reforçadas por torres prismáticas; paramentos rectilíneos coroados por merlões quadrangulares; barbacã rodeando parte da cortina. Uma das torres viradas a N., com porta de traição, tem sido considerada a Torre de Menagem, embora volumetricamente não seja muito diferente das demais. A cerca, dentro da qual se desenvolveu a povoação e que determinou o seu urbanismo, prolongava-se para nascente do castelo, e era rasgada por portas, que permanecem na toponímia: o Arco do Vento e o Arco do Salvador, a N., o Arco da Praça e o Arco de Santa Maria a S.. A nivel epigráfico refira-se a ordinatio deficiente da inscrição comemorativa da conclusão da construção da muralha, com a diminuição do módulo da letra na última linha, e a referência ao mestre pedreiro da obra, Estêvão Domingues, que provavelmente terá sido o redactor da minuta do texto e o gravador do mesmo na lápide.
Número IPA Antigo: PT031419130001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Planta poligonal, escudiforme, com 10 torres de planta quadrangular, encostadas ao pano exterior da muralha. Paredes rectilíneas com adarve envolvente, reforçadas por cubelos prismáticos, com merlões quadrangulares em remate, assentes em afloramentos rochosos a NO. e O, envolvidos por barbacã a N. E. e S.. O acesso principal faz-se do lado S., através de túnel rasgado sob as antigas casas do alcaide, ladeado pelo pano de uma torre nunca reconstruída; uma 2ª porta rasga-se do lado E., existindo ainda outra porta entaipada na face interna da cortina do mesmo lado; porta da traição rasgada numa das torres viradas a N., com acesso para o recinto por tunel abobadado, normalmente considerada como a Torre de Menagem. Da cerca restam troços de muralha, ladeando a R. de Trás-os-Muros, cercando a igreja do Salvador e correndo paralela à R. de Entre-Muros, separando fiadas de casas; resta também uma torre de planta quadrada, entre a igreja do Salvador e o Solar dos Mogos de Melo.

Acessos

Rua do Conde de Torres Novas. WGS84 (graus decimais) lat.: 39.479911, long.: -8.540358

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Urbano, topo de outeiro. Implanta-se no topo de uma colina rodeada pelo Rio Almonda, de difícil acesso dos lados N. e O.; os vestígios da cerca estão integrados na povoação, servindo de muros de logradouros ou de muros de suporte a habitações; uma torre da cerca serve de miradouro, nas proximidades da igreja do Salvador.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Luís Cardoso no "Dicionário Geográphico" refere a existência de duas lápides epigrafadas, a saber: uma encastrada sobre a Porta da Praça, hoje desaparecida*2, e uma outra localizada sobre a Porta do Salvador, actualmente faz parte do acervo epigráfico do Museu Municipal de Torres Novas*3.

Utilização Inicial

Militar: castelo

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Câmara Municipal de Torres Novas, auto de cessão de 26 Novembro 1945

Época Construção

Séc. 14

Arquitecto / Construtor / Autor

PEDREIROS: Estêvão Domingues (1367); Estêvão Pais (1367); João Rodrigues (1367).

Cronologia

Séc. 12, finais - reedificação do castelo por D. Sancho I depois da reconquista definitiva do mesmo; segundo o "Dicionário Geográphico" o castelo foi mandado construir por D. Sancho I "sôbre penha viva"; 1367 - construção do castelo, por ordem de D. Fernando I, pelos mestres pedreiros Estêvão Domingues, Estêvão Pais e João Rodrigues; 1373 - o castelo é destruído por Henrique II de Castela; 1374 - 1376 - constroi-se, por ordem de D. Fernando, a muralha gótica do castelo segundo as directrizes de Estêvão Domingues, mestre pedreiro, e sendo juiz Lourenço Peres de Santarém, como referem as inscrições outrora afixadas sobre as portas da Praça e do Salvador; 1414 - conclusão da obra. 1747-1751 - Luís Cardoso no citado "Dicionário Geográfico" descreve a vila de Torres Novas da seguinte forma:" É esta vila de Torres Novas fortificada com um antigo castelo que em um alto, sôbre penha viva, mandou edificar el-rei D. Sancho I, com onze altas tôrres, feito tudo de grossa pedra e cal com seu fôsso e contra-muralha, isto é, um muro refôrço formando adarve, ameias, vigias e com uma praça de armas bastante a conter dentro dois regimentos. É terraplenada e as tôrres por fora com sua escarpa; pela parte do norte, que olha para o rio, fica quási a prumo e para aquêles tempos, em que não havia artilharia, parecia inexpugnável" (p. 715 e 794); 1755 - o terramoto destroi largos lanços de muralha e arruina 4 torres; o Duque de Aveiro, senhor de Torres Vedras, manda repara apenas a parede da cadeia; 1758 - as casas de residência do alcaide, de tipo ogival, foram aproveitadas para instalar a cadeia e o carcereiro; as casas dos soldados situadas dentro do castelo encontravam-se arruinadas; 1790 - o alcaide-mor, Francisco Feliciano Velho da Costa M. Castelo Branco, obriga os proprietários de terrenos contiguos ao castelo a devolver à alcaidaria as propriedades que haviam usurpado; para prevenir futuras usurpações uma ordem régia de D. José manda medir e demarcar o recinto; 1835 - o cemitério municipal começa a funcionar dentro do castelo; 1839, 3 de Abril - D. Maria I concede oficialmente o recinto do castelo à Câmara Municipal de Torres Novas que já o utilizava para servir de cemitério público; 1854 - demolição de 2 torres e de um lanço de muralha do lado do rio; 1860, 1864, 1876, 1883 - apeamento dos Arco de Santa Maria, do Salvador, da Praça, do Vento, respectivamente; 1910, 16 Junho - o castelo é classificado como monumento nacional; 1923,19 de Março - as muralhas do castelo "com todos seus pertences do antigo castelo dessa vila, cujo recinto já lhe havia sido cedido... para servir de cemitério..." são cedidas à Câmara Municipal de Torres Novas pelo Ministério da Guerra que continua a ser o legitimo proprietário do castelo segundo as condições estipuladas pela Inspecção Geral de Fortificações e Obras Militares. A Câmara comprometia-se segundo este contracto a: sempre que executasse obras de conservação e reparação, que estas fossem fiscalizadas pela referida Inspecção Geral; não dispor do espaço para qualquer fim sem ser autorizada pelo Ministério da Guerra; prover a guarda do castelo como monumento militar; 1946 - levantamento gráfico do Castelo efectuado pelo arquitecto Fernando Augusto Peres Guimarães; pedido de autorização pelo ME - Instituto Geográfico e Cadastral, para instalar um marco geodésico sobre uma das ameias; 1955, Janeiro - derrocada de um toço de muro do lado S. do Castelo; 1956 - desabamento de terras na base do Castelo, do lado N. descarnando as fundações da muralha e de uma torre; 2005, novembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estruturas mistas (torres)

Materiais

Cantaria aparelhada; alvenaria argamassada.

Bibliografia

ALVES, Augusto Durão, Torres Novas Ontem e Hoje, 1942; AZEVEDO, Pedro A. de, "Extractos Archeológicos das Memórias Paroquiais de 1758" in O Archeólogo Português, 1ª série, vol. VIII, Lisboa, 1903, pp. 219-235; BARROCA, Mário Jorge, Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422), vol. II, Lisboa, FCG-FCT, 2000, pp.1819-1821 e 1848-1852; CARDOSO, Luís, Dicionário Geographico ou Notícia Histórica de todas as Cidades, Villas..., 2 vols., Lisboa, 1747-1751; BICHO, Joaquim, Património Artístico do Concelho de Torres Novas, Torres Novas, s.d.; GONÇALVES, Artur, Torres Novas - Subsídios para a sua História, 1935; Memórias de Torres Novas - novos subsídios para a sua história, Torres Novas, 1937; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Santarém, Vol. 3, Lisboa, 1949; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vols. I e II.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Intervenção Realizada

CMTN: séc. 20 - Electrificação exterior; DGEMN: 1940 / 1945 - Restauro das torres arruinadas; apeamento e reconstrução de panos de muralha, em alvenaria; 1946 - levantamento de cortinas das torres; colocação de 14 ameias; cunhais em cantaria para 4 ameias; 2 escadas em cantaria para 2 torres com 18 degraus; 1 escada em alvenaria aparelhada com 9 degraus , do lado S; construção de uma abóbada e raparação de outras 2 nas torres e suas portas (incluindo a porta de traição da torre de menagem); consolidação das muralhas; 1955 - reconstrução do muro do lado S.; 1958 - obras de conservação realizadas nos muros do Castelo: colocação de drenos, plantação de arbustos; 1959 - consolidação de um troço da muralha; 1960 - colocação de um monumento comemorativo do V Centenário da Morte do Infante D. Henrique, na zona de protecção do Castelo; 1963 - procederam-se a várias obras de conservação e consolidação das muralhas; 1971 - restauro das casas do alcaide e adaptação das mesmas a salão de chá.

Observações

O Castelo encontra-se aberto ao público das 09H00 às 17H00, sendo a entrada livre. * 1 - As duas portas da cortina E. abriam-se certamente para a cerca. *2 - O texto da inscrição era, segundo a transcrição das Memória Paroquiais de 1758, o seguinte: ERA CCCC XII (= ano de 1374) AOS II DE JANEIRO SE COMEÇOU ESTA OBRA LOURENÇO PERES DE SANTARÉM JUIZ POR EL R[EI]; tipo de letra: inicial capitular carolino-gótica; corresponde ao nº 649 do CEMP. *3 - Trata-se da inscrição comemorativa da conclusão da construção da muralha do castelo gravada numa lápide de formato poligonal (rectângulo com vértices superiores facetados originando seis faces) e moldura filetada simples; superfície epigráfica com algumas erosões; calcário; Dimensões: totais: 51x41x22; campo epigráfico: 42x32; Tipo de letra: inicial capitular carolino-gótica; Leitura: O MUI NOBRE REI DOM FERNANDO MANDOU FAZER ESTA OBRA A LOURENÇO PERES DE SANTAREM JUIZ POR EL E FOI ACABADA ERA DE MIL E IIIIc E CATORZE ANOS (=ano de 1376) E DESTA OBRA FOI MESTRE ESTEVÃO DOMINGUES PEDREIRO QUE ISTO FEZ E LAVROU; corresponde ao nº 655 do CEMP.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1990 / Isabel Mendonça 1995 / Filipa Avellar 2005.

Actualização

Cecília Matias 2005
 
 
 
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