Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
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Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu) |
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Arquitectura educativa e científica, do Estado Novo. Planta quadrangular, evoluindo em 7 pisos, havendo 3 pisos abaixo da cota da entrada principal e mais 3 acima, e ainda outro, correspondente ao sótão. Organização em quadrado à volta de espaço central. Grande sobriedade e correspondência com o interior, composição ritmada de vãos e pilastras. A fachada principal é composta por linhas rectas, onde as sombras, que contrastam num jogo de claros e escuros, são formadas pelas reentrâncias e saliências das enormes linhas verticais, parecendo pilastras. |
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Número IPA Antigo: PT020603250116 |
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Registo visualizado 2523 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Educativo Faculdade
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Descrição
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Planta quadrangular, vertical, evoluindo em 7 pisos, correspondendo o piso da entrada ao quarto, havendo 3 pisos abaixo da cota da entrada principal e mais 3 acima, e mais um correspondente ao sótão, aproveitado para alguns gabinetes e salas de aula. Organização em quadrado à volta de espaço central que nos 2º e 3º pisos corresponde ao Teatro Paulo Quintela. Volumes imponentes articulados de disposição vertical, de grande sobriedade e correspondência com o interior, composição ritmada de vãos e pilastras. Coberturas diferenciadas a quatro águas. Fachada principal voltada a S., com dois registos, pano duplo. Fachadas em silharia. A fachada principal é antecedida de ampla escadaria, sucedendo aos primeiros 5 degraus, quatro estátuas que simbolizam, da direita para a esquerda, a Poesia, a História, a Filosofia e a Eloquência, que marcam a quatro tempos a entrada que dá para o patamar que dá acesso às 5 portas criteriosamente ornadas, onde se inscrevem relevos em bronze. O patamar ou átrio exterior é uma zona preparatória, seguem-se mais 3 degraus que dão acesso a um pequeno patamar, de onde só mais um degrau se desenha para se poder entrar no edifício. A fachada principal é composta por linhas rectas, onde as sombras, que contrastam num jogo de claros e escuros, são formadas pelas reentrâncias e saliências das enormes linhas verticais, parecendo pilastras. Apresenta dois pórticos, o maior constitui a fachada propriamente dita e o menor é formado pelo conjunto das 5 portas. Em cada uma delas existem baixos relevos, os das extremidades são dedicados a escritores portugueses do sec. 16, nomeadamente Gil Vicente e Camões, no portão central estão representados 6 poetas contemporâneos portugueses e, nos que ladeiam este, fizeram-se ilustrações dos Poemas de Homero. Fachada lateral esquerda com um corpo saliente em forma de cubelo circular, escalonado, possui um pequeno jardim exterior e cinco registos cada um com 11 janelas. Fachada lateral direita, de pano único, com cinco registos, tendo cada um 13 janelas. Fachada posterior dividida em três panos, sendo o primeiro saliente, no primeiro registo, possui a porta secundária do edifício antecedida de pequeno átrio exterior, sendo cada um dos os restantes 4 registos com 3 janelas; o segundo pano é uma composição rectilínea, com 6 registos cada um com 14 janelas; o terceiro pano é constituído em forma de cubelo, de forma circular, correspondendo o seu interior aos anfiteatros. INTERIOR: átrio principal de grandes dimensões, rasgado na altura de dois pavimentos, apresentando um mezanino ao nível do piso superior, correspondendo no piso térreo a 4 arcadas de acesso ao interior do edifício. Nas paredes laterais, dois grandes painéis de pintura mural, um de cada lado da porta de entrada, representando duas alegorias, no lado esquerdo a Alegoria da Antiguidade Clássica, e no lado direito a Alegoria da Glorificação do Génio Português. No corredor anexo ao átrio surgem dois baixos-relevos em calcário, representando a Inspiração e a Criação. Paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento de lajes grandes de betão. Acesso através de átrio aberto com arcada de ligação ao piso superior, sobre o qual está instalado o bar. Todos os 7 pisos são simétricos, compartimentados por gabinetes de professores, salas de aula, anfiteatros, bibliotecas especializadas (institutos), depósitos, e o Teatro Paulo Quintela no 2º e 3º pisos. Este, ligado a uma das alas do edifício desenvolve-se, no pátio interior, criando um anfiteatro em U, limitado pelas suas paredes e pelas do edifício que confinam com o pátio. No átrio da biblioteca, localizado no piso 2, surgem dois baixos-relevos em granito, representando a Leitura e a Escrita. |
Acessos
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Praça da Porta Férrea |
Protecção
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Incluído na Zona Especial de Protecção dos Paços da Universidade (v. 0603250014) e do Museu Machado de Castro (v. 0603250013). |
Enquadramento
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Urbano. Integra o conjunto monumental da alta de Coimbra organizado pelo eixo Praça Dom Dinis - Praça da Porta Férrea, ao longo do qual ( a N. e S.) se distribuem os edifícios das Faculdades de Ciências, de Medicina e a Biblioteca, tendo a O., os Paços da Universidade (v. 0603250014 ). A fachada posterior volta-se ao Paço Episcopal / Museu de Machado de Castro (v. 0603250013). |
Descrição Complementar
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Nos 5 portões da entrada do edifício surgem baixos-relevos em bronze, trabalhados, sendo da esquerda para a direita, o portão dedicado a Gil Vicente, com a representação de 6 cenas: "Monólogo do Vaqueiro", "Todo o Mundo e Ninguém", "Auto de Mofina Mendes", "Quem tem farelos", "Auto da Barca do Inferno e "Auto da fama"; a seguir o portão dedicado a Homero, com a representação de 6 cenas: "Poseidon", "Heitor e Aquiles em combate", Nuasícaa", "Circe transformando a tripulação em porcos", "Calipso" e Cavalo de Tróia"; a seguir o portão principal dedicado aos poetas contemporâneos portugueses, com a representação de Cesário Verde, Eugénio de Castro, Fernando Pessoa, Florbela Espanca, Antero de Quental e António Nobre; segue-se o outro portão dedicado a Homero, com a representação de 6 cenas: "Ulisses na cabana de Eumeu", "Argos reconhece Ulisses", "Penélope reconhece Ulisses pelo manuseio do arco", "Ulisses, amarrado ao mastro, tentado pelo canto das sereias", "a madeira do leito nupcial" e "Penélope tecendo"; sendo o último portão dedicado a Camões, onde se representam "Almeno e Belisa", "os Doze Cavaleiros de Inglaterra", a "Ilha dos Amores", "Inês de Castro", "Descalça vai para a fonte" e "O Adamastor". No átrio da biblioteca os dois baixos relevos em granito que aqui se encontram, representam a Leitura e a Escrita, a primeira é vista como um acto abstracto, o mesmo acontecerá com a Escrita que não é mais do que as palavras grafadas. Em termos escultóricos, estão representadas duas figuras masculinas, vigorosas nos seus músculos, em que num a figura segura um rolo de papel para onde olha (imagem da leitura) e a outra apenas difere na mão direita que está a segurar um material escrevente (alegoria da escrita). No corredor anexo ao átrio principal estão mais dois baixos-relevos, do mesmo autor, mas de pedra calcária, vidraço banana, representando a Inspiração ou Ideia e a Criação ou Obra. Tratam-se também de dois nus masculinos, atleticamente esculpidos, contudo adquirem aqui um movimento grácil e de maior leveza. No primeiro painel, a imagem masculina coloca o dedo indicador direito em paralelo à testa e, da sua mão esquerda, acende-se uma chama; no segundo, a força da criação é representada por um material riscador sobre um suporte que a personagem segura com a mão esquerda, tendo a mão direita levantada vigorosamente para sustentar o buril, que faz brotar 2 raios junto à cabeça do homem; ESCULTURA: quatro estátuas frente ao patamar da entrada, enfileiradas, superiores ao tamanho humano. No pedestal de uma das estátuas aparece a indicação do canteiro, "J. Raimundo" (escultor das estátuas da Poesia e da Eloquência), e das pedreiras de "Pêro Pinheiro". A Eloquência personifica Demóstenes, a Filosofia Aristóteles, a História Tucídides e a Poesia Safo. Estátuas simbólicas, com severas estilizações formais, representadas sobre um alto pódio liso, tendo todas elas atributos que as identificam, nomeadamente, Demóstenes esboça um gesto de demonstração com o braço esquerdo e a sua forma de discursar deixa-o prescindir do papel que abandona sobre um pequeno pilar; a estátua de Aristóteles é acompanhada por um arbusto em forma da letra grega "phi", 1ª letra da palavra Filosofia; Tucídides dá uma lição do que aconteceu no passado, lição esta que aparece registada no livro que se serve e expõe e onde se grafam as letras "p" e "?"; Safo é uma figura feminina acompanhada por uma elegante lira, alusão expressa ao facto de, na Grécia Antiga, os poemas serem acompanhados por instrumentos musicais. Para além de robustas, o escultor representou estas estátuas corporalmente segundo um cânone maneirista que lhes alongou os membros inferiores, são esfinges humanas, heróicas, quase deuses musculados e inacessíveis; PINTURA MURAL: no átrio principal dois grandes painéis de pintura mural, no lado esquerdo, representando a Alegoria da Antiguidade Clássica, e no lado direito a Alegoria da Glorificação do Génio Português, uma composição densa de tons carregados, até um pouco confusa, devido ao elevado número de episódios e de figuras que os pintores se viram na contingência de representar sem poder remeter nenhuma para 2º plano. Em comum, as duas paredes apresentam como técnica usada a pintura a fresco, a paleta utilizada com predominância de cores quentes, interrompidas de vez em quando pelos azuis e verdes e/ou azuis esverdeados, a super abundância de personagens representadas, constituindo uma multidão de figuras, a ocupação total do campo pictórico, onde todos os espaços foram preenchidos, sendo que as superfícies que não estão ocupadas pelas figuras humanas, têm vegetação ou representações de edifícios ou monumentos, a estruturação da temática evoca, por um lado, a história e as figuras célebres que a fizeram, por outro lado, essas personagens parecem combinadas de forma a proferirem um discurso intencional e escolástico. |
Utilização Inicial
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Educativa: faculdade |
Utilização Actual
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Educativa: faculdade |
Propriedade
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Privada: Universidade de Coimbra |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTOS: Alberto José Pessoa; e José Ângelo Cottinelli Telmo (1940, primeira metade). ESCULTORES: Barata Feyo (1940, década), Numídico Bessone (1951), Maria Alice Costa Pereira, Olívio Machado França, Joaquim Barbosa e Manuel Vigário. Canteiros: J. Raimundo, Octaviano e Carlos Ribeiro (1950). PINTORES: Severo Portela Júnior e Joaquim Rebocho (1951), João Reis (retrato a óleo do Dr. Mendes dos Remédios); Guilherme Duarte Camarinha (tapeçaria da Sala do Conselho). |
Cronologia
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1911 - Criação da Faculdade de Letras, com instalações no Colégio de S. Pedro, após a suspensão da Faculdade de Teologia; 1940, 1ª metade da década - Alberto José Pessoa desenvolveu o projecto de arquitectura, com orientação de Cottinelli Telmo; 1941, 15 Outubro - pelo Dec. Lei n.º 31 576, foi criada a Comissão Administrativa das Obras da Cidade Universitária de Coimbra, para executar o grande plano de remodelação das instalações, concebido pelo Doutor Oliveira Salazar; 1945 - início das obras; 1945, 2 Novembro - apresentação do escultor Salvador d'Eça Barata Feyo como artista proposto pela Comissão de Obras da Cidade Universitária de Coimbra ao Ministro das Obras Públicas, Cancela de Abreu; 1946, Agosto - adjudicação dos trabalhos de alvenaria, cantaria, betão armado, esgotos e adução de águas; 1948, Maio - abertura do concurso da empreitada da instalação do aquecimento; 1940, década - esculpidas as quatro estátuas da fachada principal, da autoria do escultor Barata Feyo; 1950 - as obras de construção estavam quase concluídas, com o incremento dos acabamentos, instalação das condutas de aquecimento, os elevadores e monta-cargas, e a rede eléctrica, e encomenda de mobiliário; início da decoração do átrio principal com a execução de dois frescos; inicio da reprodução de quatro estátuas no acesso principal exterior; autoria de Barata Feyo, aparecendo nas estátuas da "Poesia" e da "Eloquência" a indicação do canteiro, "J. Raimundo" e das pedreiras de "Pêro Pinheiro"; e as estátuas da História e a da Filosofia esculpidas dos canteiros Octaviano e Carlos Ribeiro; 1951 - execução das pinturas murais a fresco no átrio principal por Joaquim Rebocho e Severo Portela Júnior e dos 4 baixos-relevos do escultor Numídico Bessone, dois para a entrada principal e outros dois para a entrada secundária, no vestíbulo mais inferior; 1951, Outubro - utilização das instalações; 1951, 22 Novembro - inauguração oficial do edifício que satisfazia todos os requisitos de ordem pedagógica e científica, pela Comissão Administrativa das Obras da Cidade Universitária de Coimbra, com a presença do Presidente da República, Craveiro Lopes; 1953 - adjudicação da conclusão da instalação do aquecimento central; 1955 - execução de uma tapeçaria para a Sala do Conselho, da autoria de Guilherme Duarte Camarinha. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Betão (estrutura, e pavimentos interiores em lajes); telha cerâmica (cobertura exterior) pedra de Outil (revestimentos das paredes exteriores); reboco tipo cavan (no exterior). |
Bibliografia
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A Velha Alta... desaparecida , Coimbra, 1991; CORREIA, Vergílio e GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Coimbra, Lisboa, 1952; DUARTE, Marco Daniel, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra: Ícone do Poder, Coimbra, 2003; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1950, Lisboa, 1951; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1951, Lisboa, 1952; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953, Lisboa, 1954; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954, Lisboa, 1955; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958, 2º Volume, Lisboa, 1959; Monumentos, nº8, Março/1998, Lisboa, DGEMN; ROSMANINHO, Nuno, O princípio de uma "revolução urbanística" no Estado Novo, Coimbra, 1996; IDEM, O Poder da Arte: o Estado Novo e a Cidade Universitária de Coimbra, Coimbra, 2001; TORGAL, Luis Reis - A Universidade e o Estado Novo. O caso de Coimbra (1926-1960), Coimbra, 1999. |
Documentação Gráfica
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AUC: processos da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra. |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DREMC; AUC: processos da Comissão Administrativa do Plano de Obras da Cidade Universitária de Coimbra. |
Intervenção Realizada
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Comissão Administrativa das Obras da Cidade Universitária de Coimbra: 1954 - Obras de beneficiação pela; 1957 - mobiliário e decoração, apetrechamento e equipamento. |
Observações
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A Faculdade de letras de Coimbra sucedeu à antiga Faculdade de Teologia que, sem instalações próprias, viveu, nos primeiros anos da sua existência, em aulas que a outras secções universitárias pertenciam. Conseguiram a cedência das fundações do que deveria ser o Teatro Académico , para ali se construir um edifício que pudesse servir a Faculdade de Letras. Durante perto de duas décadas os trabalhos arrastaram-se , conseguindo, no entanto, fazer funcionar os serviços respectivos na construção que se foi levantando, mas que não satisfazia os princípios de uma construção escolar. |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 2001 / Sandra Lopes 2004 / Margarida Silva 2006 |
Actualização
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