Forte de São Miguel Arcanjo / Farol da Nazaré
| IPA.00003294 |
Portugal, Leiria, Nazaré, Nazaré |
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Forte costeiro quinhentista e seiscentista, para defesa e vigilância marítima, construído no reinado de D. Sebastião e depois reedificado, passando a integrar a rede de fortificação costeira desenvolvida no contexto da Restauração. Fortificação de planta irregular composta por dois meios baluartes virados a terra e traçado atenalhado virado ao mar. Integra corpo da guarda, armazéns e paiol. Arquitetura de comunicações: farolim contemporâneo, composto por lanterna pintada de vermelho sobre a muralha do forte com altura de 8m; tem sistema iluminante composto por óptica de cristal omnidireccional fixa, de luz branca e alcance luminoso de 14 milhas a uma altitude de 50 m. Apresentava guaritas e uma torre sineira. Integrava uma capela dedicada a São Miguel. Existia uma lápide com uma inscrição, possivelmente alusiva à visita de D. João IV ao forte. |
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Número IPA Antigo: PT031011020003 |
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Registo visualizado 8390 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Militar Forte
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Descrição
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Apresenta planta longitudinal, irregular, adaptada ao local de implantação, dividida em dois grandes espaços correspondentes à praça de armas e aos compartimentos integrantes do forte, com dois meios baluartes, a SE. e NE. As frentes S., O. e N. são de traçado atenalhado e viradas a mar, sendo a frente E. a única virada a terra. Na frente O. acede-se, através duma pequena escadaria, a uma plataforma, também ela de traçado atenalhado. Na frente E. situa-se o portal de entrada, em arco de volta inteira, ladeado por dois meios baluartes com ângulo flanqueado agudo. O portal é encimado por um nicho, ladeado por duas mísulas de perfil em voluta com decoração floral, integrando em médio relevo uma imagem em pedra calcária, representando São Miguel Arcanjo. Sob o nicho encontra-se um pequeno lintel com a inscrição: ELREY DOM JOAM O 4º - 1644. O recinto principal do forte tem apenas planta em L e as muralhas são percorridas por dois cordões que envolvem toda a estrutura do forte, um colocado no plano superior e o outro no plano inferior, dado que o plano escarpado apresenta pouca altura. Transpondo o portal de entrada, entra-se de imediato num amplo compartimento abobadado que dá acesso a três espaços: em frente à praça de armas, à esquerda a pequeno compartimento com uma janela, que corresponde ao interior do baluarte SE; à direita o acesso ao paiol correspondente ao interior do baluarte NE.; o paiol corresponde a grande compartimento com abóbada de berço em tijolo integrando abertura quadrada para ventilação, fazendo com que as fiadas de tijolo talhadas em cunha sejam colocadas em espiral. A praça baixa estende-se a S. e O. No lado N., contiguamente à praça de armas, situa-se uma dependência de planta rectangular compreendendo três compartimentos com entrada através de três portas em arco de volta inteira. São três espaços semi-rectangulares, abobadados, dois deles com uma janela quadrangular e o outro com duas janelas, provavelmente pensadas para canhoneiras, rematadas com arcos de descarga, compartimento esse que tem uma escada de ferro em espiral pela qual se acede ao interior do farol. Existe uma quarta porta que corresponde ao acesso ao terraço, através de dois lanços de escada abertos na caixa murária, com uma janela aberta para a praça de armas em cada lado da escadaria, constituindo um segundo acesso ao paiol. Em cada flanco interior dos baluartes existem duas frestas, apontadas à entrada. |
Acessos
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Nazaré, EN242, Sítio |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 95/78, DR, 1.ª série, n.º 210 de 12 setembro 1978 |
Enquadramento
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Marítimo e isolado. A vila da Nazaré é formada pelo Sítio, Praia e Pederneira. O forte situa-se no Sítio, no extremo O. do promontório, caindo a pique sobre o mar, a 15 m. de altitude, rodeado a N., O. e S. pelo mar, em frente à pedra do Guilhim (1 km. a O. do Sítio). A frente N. está virada na direção da Praia do Norte, enquanto a frente S está virada para a praia da Nazaré. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: forte |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: museu / Comunicações: farol |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Ministério da Defesa Nacional / Direção de Faróis |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ENGENHEIROS MILITARES: Giovanni Vicenzo Casale (1593, cerca) / Mateus do Couto (1639, cerca) |
Cronologia
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1577 - ordem do rei D. Sebastião, talvez aconselhado por Francisco de Holanda, para a construção do forte, cujos alicerces serviriam para um sistema defensivo muito rudimentar; 1593 - planta desenhada por frei Giovanni Vicenzo Casale, representando os lugares da Pederneira, do Sítio e do Porto, assinalando a localização do forte; planta com o projeto do forte, não construído na totalidade; 1595 - nomeação de um capitão para a vila da Pederneira, encontrando-se o forte equipado com quatro peças de artilharia e guarnecido com um bombardeiro; 1621 - é chamado de "fortesinho"; 1639 - D. Tomás de Almeida, administrador da Casa de Nossa Senhora da Nazaré, e Manuel Gomes Pereira, capitão da Pederneira, exercendo autoridade militar sobre o forte, mandaram construir nova fortaleza a partir de projeto de remodelação do engenheiro Mateus do Couto (tio); 1641 - conclusão das obras, considerando Manuel Gomes Pereira que o forte se encontra artilhado com seis peças de ferro, dispondo de uma praça para cerca de duzentos homens; 14 outubro - carta da Secretaria do Conselho de Guerra, na qual rei D. João IV pedia informações sobre o estado da fortificação, para saber se necessitava de obras e qual o seu custo; 1644 - novas obras de modernização do forte, ordenadas por D. João IV, a partir da planta de um engenheiro francês não identificado; conclusão das obras atendendo à data inscrita no lintel do portal; 1645 - hipotética visita do rei D. João IV, assinalada numa lápide da muralha da praça de armas (Machado, 2009); 1654, 29 janeiro - D. João IV manda pagar ao capitão Manuel Gomes Pereira 8.0000 cruzados que tinha gasto nas obras do forte; 1681 - José António Pereira, filho de Manuel Gomes Pereira, é nomeado governador do forte; 1721 - Luís Inácio Pereira, filho de Manuel Gomes Pereira, é governador do forte; 1762 - o forte está operacional e devidamente artilhado, encontrando-se ao seu serviço o capitão Agostinho Coelho e o sargento-mor António Teive da Costa; 1807 - durante a primeira invasão francesa, a guarnição de soldados e artilharia foi em auxílio de Lisboa, ficando o forte guarnecido e consertado à custa do povo; 1808 - o forte é desguarnecido e a sua artilharia levada para Peniche; instalação no forte de uma guarnição francesa de cerca de cinquenta homens; Junho - após diversas investidas dos populares locais, o forte foi cercado e os soldados franceses obrigados a bater em retirada; 1830 - visita do rei D. Miguel ao Mosteiro de Alcobaça, Marinha Grande, Praia da Nazaré e ao Sítio, onde se localiza o forte; 1831 - guarnecimento do forte com duas peças de calibre doze e por um destacamento de milícias da vila de Soure; nova reparação à custa da população local; 03 agosto - procissão solene de São Miguel, desde o Santuário até o seu altar no forte; 1833 - desguarnecimento do forte e transferência das suas duas peças de artilharia para Peniche; a imagem de madeira policromada de São Miguel Arcanjo é levada definitivamente para o santuário de Nossa Senhora da Nazaré e colocada no antigo retábulo de São Sebastião na capela-mor; 1834 - o forte foi palco de escaramuças entre liberais e absolutistas, tendo depois sido desartilhado e sofrido muitos danos até ao final do século 19; 1900 - referência a Gertrudes da Conceição Rodrigues como proprietária das ruínas do forte; 1902 - início do processo de compra por expropriação do forte, sendo-lhe atribuído o valor de cento e vinte mil réis; 1903, 01 dezembro - entra em funcionamento o farol da Nazaré, com aparelho ótico - catadióptrico de 5.ª ordem, e candeeiro de duas torcidas funcionando a petróleo, com luz fixa vermelha; 1907 - instalação de um farol no forte; 1926 - a luz do farol passa a ser branca; 1952 - instalação de um sinal sonoro de ar comprimido; 1953 - eletrificação do farol do forte; 1980 - remoção do equipamento do sinal sonoro a ar comprimido, e montagem de uma sereia; 1986 - substituição do equipamento antigo com objetivo de automatizar o farol; 2000 - montagem de um farolim provisório e reparação da lanterna; 2012 - abertura pontual ao público, devido à presença do surfista Garrett McNamara na Nazaré, para uma melhor observação das ondas gigantes da Praia do Norte; 2013 - instalação de aparelhos de medição da ondulação do mar, projeto de alunos da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (2013); 2018 - o Forte transofrma-se em núcleo de museu. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante |
Materiais
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Alvenaria e cantaria de pedra, tijolo, madeira, vidro |
Bibliografia
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ALMEIDA, General João de - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: Editorial Império, 1946, vol. II; CALLIXTO, Carlos Pereira - O ataque ao forte de São Miguel da Nazaré.sl., s.d.; FIGUEIREDO, Frei Manuel de, Tabuas chronologicas e nominais...., 1780 cerca (BNL, Cód. 1479, não consultado); MACHADO, João L. Saavedra - O Forte de S. Miguel Arcanjo. Monumento Histórico - Militar do séc. XVII. Lisboa: Edições Colibri -Câmara Municipal da Nazaré, 2009; VILHENA, João Francisco, LOURO, Maria Regina - Faróis de Portugal. Lisboa, Gradiva, 1995; VITERBO, Francisco de Sousa - Dicionário Histórico e Documental dos Arquitectos, Engenheiros e Construtores Portugueses ou ao Serviço de Portugal. Lisboa, INCM, 1988, vol. I. |
Documentação Gráfica
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DGEMN:DSID; DGAR/TT: Códice Cadaval, desenhos de Giovanni Vicenzo Casale (cerca 1593) e de Mateus do Couto (cerca 1539). |
Documentação Fotográfica
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DGEMN:DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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DGEMN:DSID: 001/010-005-1188/4 |
Intervenção Realizada
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1903 - obras de consolidação e restauro; 1907 - obras de restauro nas muralhas; 1941 - obras de restauro nas muralhas; 1938 / 1939 / 1940 / 1941 - obras de consolidação e restauro; CMN: 1954 - abertura das rochas para colocação de uma escada de ferro dando acesso às camadas rochosas sobre as quais se situa o forte; DGEMN: 1957 - projeto de instalação elétrica; 1977 - obras de conservação do portão principal e impermeabilização do terraço; 1985 - remodelação integral da instalação elétrica e montagem de um novo sinal sonoro no farol; Ministério da Marinha e INAG: 2005 - execução do projeto de drenagem pluvial na zona envolvente ao forte; 2009 - obras de consolidação dos alicerces, restauro, reabilitação e requalificação do terreno envolvente. |
Observações
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A planta e alçado iniciais mostravam uma fortaleza reforçada a E. por dois meios baluartes de ângulo flanqueado agudo, guaritas nos ângulos, uma torre sineira e canhoneiras abertas do lado N.; a fortaleza tinha uma capela dedicada a São Miguel. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1992 / Miguel Brilhante 2013 |
Actualização
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