Castelo de Elvas e Cercas Urbanas

IPA.00003225
Portugal, Portalegre, Elvas, Caia, São Pedro e Alcáçova
 
Fortificação composta por castelo, de construção medieval, e três cercas urbanas, desenvolvidas a partir do castelo, as duas primeiras de construção islâmica, e a terceira medieval. A estrutura do castelo, implantado no topo norte, possivelmente onde terá existido uma fortificação islâmica, resulta das obras entre os séc. 14 e 16 e insere-se na tipologia dos castelos góticos, de planta regular, com torres retangulares nos ângulos e a meio das frentes mais expostas, criando um pátio central, à volta do qual se construíram os aposentos. Possui paramentos aprumados, rematados em parapeito ameado, com ameias de corpo largo, rasgadas por seteiras na sua base, percorrido na face interna por adarve, acedido por escadas adossadas. A torre de menagem, reformada em finais do séc. 15, integra o circuito da muralha, num dos ângulos da frente principal, defendendo a porta, tendo acesso por dois portais dispostos de ângulo, ao nível do adarve, que corre no seu interior, e onde portais apontados biselados individualizam o acesso às salas interiores. Tem dois pisos, desenvolvidos sobre o térreo, com cisterna, atualmente entulhada, o primeiro coberto por abóbada de ogiva, sobre colunas de ângulo, e o segundo por teto de madeira, rasgados por seteiras, que formam nichos retangulares ou em arco, respetivamente, comunicando por escadas de cantaria. Na frente principal tem ainda portal, em arco ligeiramente apontado, de aduelas regulares, encimado por falso balcão, construído na década de 1940, coberto por torre intermédia, que rematava ao nível da muralha, e, no outro ângulo, torre poligonal, de arquitetura de Transição, por concluir em 1509, mais baixa e rasgada por dois níveis de troneiras, o superior entaipado pela construção mais recente do domo, e portal em arco de volta perfeita, de acesso independente. Na frente perpendicular, entre a torre de menagem e cubelo intermédio, abre-se a porta falsa, em arco apontado, de aduelas largas, protegida na face interna por corredor fechado, prolongado até às escadas do adarve, com paramentos rasgados por troneiras e cobertura ritmada por arcos diafragmas, sobre os quais se construiu, depois do início do séc. 16, uma cisterna. Ambas as portas eram defendidas por barbacã, a da porta da traição, porque virada à zona extramuros, maior e mais complexa. Na frente nordeste, a ruína consolidada corresponde a antiga torre, representada por Duarte de Armas, e abrem-se vários vãos pertencentes aos aposentos sobradados do interior do pátio, demolidos nas obras de restauro do séc. 20, mas atualmente integrados na casa de apoio então ali construída, com caráter revivalista, conservando-se outras estruturas ao nível dos alicerces e, num dos ângulos, a cisterna. A adaptação do castelo ao uso de artilharia, no séc. 17, terá levado ao corte das torres da frente noroeste e alargamento do respetivo adarve, com integração da cobertura do corredor da porta falsa e cisterna, e ao reforço interno do ângulo nascente, o único sem torre, criando plataforma de tiro. As duas cercas islâmicas delimitam a alcáçova e a medina, esquema existente noutros locais do al-Andalus, e receberam alguns melhoramentos e reformas na sua fase final, antes da conquista cristã. Com a construção da "cerca de fora", a partir de meados do séc. 14, as muralhas e respetivas barbacãs, sobretudo a do meio, perdem progressivamente valor estratégico e vão sendo absorvidas pelas construções, que se adossam ou sobrepõem, conduzindo à sua descaracterização. Ainda assim, conservam-se longos troços de muralha entre o casario e logradouros, e outros anteveem-se pelo traçado urbano e marcação em plantas do séc. 19. A planta de Duarte de Armas marca os muros da vila a partir da torre de menagem, aos quais se adossariam os Quartéis do Castelo, desenhados em planta de 1868, de autor desconhecido, e de que ainda subsiste um troço, baixo mas de grande espessura, revelando sob o reboco, de ambas as faces, taipa, aparentemente igual à chamada "taipa militar" das fortificações islâmicas, devendo corresponder aos restos da cerca da alcáçova. Da torre do ângulo norte e da poligonal desenvolviam-se outros muros, que o escudeiro não identificou, mas a planta de 1868 marca o desenvolvimento da cerca a partir do ângulo nascente. As duas cercas islâmicas têm planta ovalada irregular, de paramentos aprumados, em taipa, rebocados na Idade Média, por motivos de conservação, e depois na Moderna, normalmente sem remate ou de feitura recente, com as torres cobertas em terraço. A cerca da alcáçova, possui vestígios de várias fases construtivas, mesmo dentro do período islâmico. A face nordeste do castelo e a muralha que daí arranca para sul, até à porta da alcáçova, apresentam aparelho de alvenaria, com cubelos quadrados, pouco salientes, típico das fortificações islâmicas das fases emiral e califal. A porta da alcáçova, virada a sudeste, reutiliza grandes silhares graníticos, de construções anteriores, talvez militares, da época romana ou tardo-romana. Possui arco em asa de cesto oitocentista mas, fotografia do séc. 19, documenta-a com um sistema de entrada em linha reta, arco ultrapassado, sem alfiz, flanqueada por dois cubelos quadrangulares, sugerindo pertencer à fase inicial de ocupação islâmica, talvez dos períodos emiral e califal, assemelhando-se, por exemplo, à da alcáçova de Mérida. Em meados do séc. 17, as torres já estavam interligadas superiormente e sobrepostas por uma varanda, originando a designação de porta do Miradeiro, cobrindo hoje a entrada com abóbada de aresta, em alvenaria. Para sudoeste, subsiste outra porta, a do Templo, de estrutura mais complexa e tardia, em cotovelo simples, formado por duas portas, cada uma com dois arcos ultrapassados com alfiz, espaçados, e corredor intermédio, em ângulo de 90º, estando a porta interior atualmente entaipada. Fernando Branco Correia coloca a hipótese da porta da alcáçova ser contemporânea das obras realizadas pela dinastia muladí, que domina a região e a reforça militarmente na sequência da investida de Ordonho II, em 913, e a do Templo ser contemporânea das almóadas de Cáceres e de Badajoz. Junto à antiga porta do Templo foi aberto em época moderna amplo arco na muralha, bastante reformada e sobreposta por mirante, no séc. 19. A terceira porta da alcáçova, a da traição, é de difícil localização, desconhecendo-se se correspondia à do castelo. A cerca da medina teria 4 portas e 16 torres, de que subsistem várias, de planta retangular e duas facetadas, normalmente maciças e, quando têm compartimento, esse parece surgir apenas acima da cota do adarve, e 3 portas, ainda que os atuais vãos tenham sido abertos, à posteriori, na muralha islâmica. Segundo o pároco de São Pedro, nas Memórias Paroquiais de 1758, a conhecida porta Ferrada abria-se a nascente, junto à torre transformada em torre sineira da Igreja Paroquial da freguesia. A muralha desenvolve-se ao longo da Rua Sá da Bandeira, com várias torres, a maior tendo servido de armazém de pólvora na guerra, conservando seteiras; quase a sul, abria-se a porta Nova junto a torre facetada, inicialmente uma torre albarrã e hoje com a face interior plana, devido a uma reforma, talvez já sob o domínio cristão. Tipologicamente é semelhante à Torre de Espantaperros, da alcáçova de Badajoz, do período almóada. Sob a torre foi rasgado, em finais do séc. 16, um arco que, em 1758, já era conhecido como Arco da Encarnação, devido ao nicho construído na face interna, pelos antecessores de Rui Vás de Sequeira, que ali tinham o seu palácio. Para Fernando Branco Correia, é possível que inicialmente a porta Nova se abrisse na muralha, com entrada em cotovelo, ladeando a torre albarrã, mas que, devido aos "perigos de transito", fosse aberta a atual porta, "ao direito". Em direção a poente, rasgou-se, em 1569, o Arco da Praça, apontado e biselado, sob o novo edifício dos Paços do Concelho, conservando no seu interior pequeno pano de muralha, em taipa, rematado em ameias retilíneas e abertas com pequenas saliências, rasgado por seteiras, ladeadas por sulcos, semelhante à muralha de Sevilha, de época almóada. Nas imediações e integrada na muralha, destaca-se a torre nova ou da cadeia. Talvez constituísse uma torre maciça em taipa da época islâmica aproveitada como alicerce, ou como miolo, revestida exteriormente a cantaria e alteada, em 1367, pelo Concelho, conforme atesta lápide (removida em 1907), ou no séc. 16, após a construção da cadeia, por ordem de D. João III, que a ela se adossou e com a qual se articulava por vários vãos. A torre possui três pisos, desenvolvidos a partir do nível de entrada, sobre alto soco, interiormente coberto por abóbadas de berço, os dois primeiros pisos comunicando por escadas de caracol, no interior da caixa murária, e os últimos por escadas de lanços, de feitura posterior. As suas faces são rasgadas por arcos de volta perfeita ou apontado, biselados, alguns atualmente entaipados, e, no último piso, virado à antiga zona da feira, por vãos retilíneos, no último, de sacada corrida, de feitura mais tardia. Em 1758, os "aposentos inferiores" da torre serviam de cadeia, e os "superiores de passeo e Recreação dos Juizes de Fora", cuja casa, tal como a cadeia, ficava adossada. Mais a poente, abre-se o arco do Bispo, de volta perfeita, e feitura pós medieval, ladeado por torre, descaracterizada, talvez pertencente ao sistema de defesa da primitiva porta islâmica. É encimado por corredor fechado, que em 1758 servia de varanda para "passeio e Recreação" do Paço Episcopal, tal como o troço de muralha prolongado para norte com duas torres. A muralha desenvolve-se ao longo da Rua João de Pereira de Abreu, integrando uma provável torre albarrã, muito modificada, com construção maciça destacada da muralha, mas a ela ligada por um arco, parcialmente entaipado, e o arranque de uma outra torre facetada, até ao Edifício do Conselho de Guerra, construído parcialmente sobre a mesma. Fernando Branco Correia julga que este edifício pode ter-se implantado sobre mais de uma torre, com um sistema de porta em cotovelo, justificando assim o seu avanço na frente urbana, que se teria adossado à barbacã, e os quintais à linha de muralha. A terceira cerca urbana, com grande perímetro e extremidades apoiadas na cerca islâmica, teve início ainda durante o reinado de D. Afonso IV e estava concluída no 3.º quartel do séc. 15, sendo composta, segundo vários autores, por 22 torres e 11 portas. Contudo, porque a fortaleza seiscentista foi construída parcialmente sobre o seu traçado, destruindo-a e reutilizando os seus materiais, subsistem poucas estruturas, sendo difícil de localizar as suas portas, até porque algumas normalmente consideradas como sendo da cerca fernandina foram abertas em troços da muralha islâmica. As estruturas mais significativas encontram-se na zona do Museu Militar, onde existe pano de muralha, com cerca de 300m, onde se abriu a porta carral do Convento de São Domingos e formando no topo corredor de circulação sobre as cavalariças do Quartel do Casarão que se adossaram, e que em 1758 servia de varanda aos frades. A nordeste subsiste, na parada, torre retangular, ainda ameada em 1758, com portal ao nível do piso térreo, de modinatura semelhante aos vãos do quartel, interiormente coberta por abóbada de aresta, a partir da qual se construiu túnel em curva, de ligação a um postigo da muralha fernandina, integrada no flanco do baluarte da Torre Velha; tem arco apontado sobre impostas e é ladeado por duas troneiras cruzetadas, uma delas, transformada em canhoneira. O Hospital de São João de Deus, construído no séc. 17, entre a muralha fernandina e a sua barbacã, junto às portas de Évora, integra uma das torres que a defendiam, mas muito alterada.
Número IPA Antigo: PT041207020005
 
Registo visualizado 6857 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Castelo    

Descrição

Fortificação composta por castelo e troços de três linhas de muralhas, das cercas urbanas que sucessivamente foram construídas para envolver o burgo: muralha da alcáçova, da medina e a muralha fernandina, desenvolvidas a partir do castelo, implantado no topo norte da alcáçova. CASTELO de planta quadrangular irregular, composta por muralhas, a da frente noroeste de maior espessura, por torre de menagem retangular, disposta no ângulo poente, dois cubelos retangulares na frente noroeste, o maior no ângulo norte, um maciço retangular no ângulo nascente, desenvolvido para o interior do recinto até ao nível da muralha, e por duas torres, uma poligonal facetada, no ângulo sul, e uma retangular, entre esta e a torre de menagem, na frente sudoeste, criando pátio central descoberto. As estruturas apresentam paramentos aprumados, em alvenaria de granito à fiada e silharia da mesma pedra ou alvenaria mista de pedra e tijolo, rematados predominantemente em parapeito ameado, com ameias de corpo largo, rasgadas, em ritmo irregular, por seteiras na sua base. Possui duas portas, a da vila, a sudoeste, e a porta falsa a noroeste. A porta da vila rasga-se entre a torre de menagem e a torre retangular, e tem arco ligeiramente apontado, de aduelas regulares, sobre impostas, encimado por lápide com as armas reais, e falso balcão sobre modilhões. A porta falsa abre-se junto a um dos cubelos, em arco apontado, de aduelas largas, sobre os pés direitos. Torre de menagem, coberta por telhado de quatro águas, rematadas em beirada simples. Tem as fachadas rematadas em parapeito ameado, com ameias de corpo largo, rasgadas por seteiras na sua base, e por duas outras seteiras, quase alinhadas, nos pisos superiores. A torre sudoeste tem seteira a meio de cada uma das faces e a torre poligonal facetada é coberta por domo, circundado pelo adarve, com lanternim quadrangular, rasgado por frestas, com pilares de ângulo, rematado em cornija e coberto igualmente por domo. Os paramentos, com sapata, possuem as fiadas inferiores em cantaria de granito, desenvolvendo-se depois em alvenaria do mesmo material, com cunhais de cantaria, rasgados por troneiras em dois níveis de tiro, desencontrados, e rematado com ameias de corpo muito largo, algumas com troneiras. Tem acesso exterior por portal virado a nascente, em arco de volta perfeita, com moldura pintada de branco. No interior, rebocado e pintado de branco, tem cobertura em cúpula, a qual oculta o segundo nível de troneiras. Os dois cubelos da frente noroeste terminam em parapeito liso, adossando-se ao cubelo do ângulo norte, pequeno corpo torreado cilíndrico, interiormente com escadas de caracol, rematado em dupla cornija de cantaria, coberto por cupulim, em alvenaria de tijolo rebocado, formando apainelados, coroada por pináculo. Tem acesso por duas portas, de verga reta, molduradas, que avançam do corpo, ao nível do adarve do castelo, onde também se abre seteira, e ao nível do adarve do pano de muralha, que a partir dele se desenvolve. Na frente nordeste abre-se janela de peitoril e, mais para nascente, num pano de muralha mais alto, janela de peitoril, retilínea, com moldura decorada por duplo arco canopial, e uma de varandim de moldura biselada e segmentada. Sensivelmente a meio avançam as estruturas de ruína consolidada, quadrangular, rasgada por dois amplos arcos, de volta perfeita, em alvenaria de tijolo. O RECINTO INTERIOR é percorrido por adarve, desenvolvido em diferentes níveis, com pavimento cerâmico ou em alvenaria de pedra, acedido por escadas adossadas a nordeste e a nascente, e tendo na face interna guarda lisa, ou ameada, a norte; o parapeito do pano de muralha entre os dois cubelos a noroeste tem adossado cadeiral, de alvenaria. O acesso à TORRE DE MENAGEM é sobrelevado e faz-se por dois portais, em arco de volta perfeita, sobre os pés direitos, a partir do adarve, que corre no seu ângulo interno nascente. No INTERIOR tem dois pisos, desenvolvidos sobre o térreo, atualmente maciço, o primeiro formado por pequeno espaço de circulação do adarve e de acesso às salas, por meio de portais dispostos em ângulo, em arco apontado, biselado e de aduelas largas, sobre os pés direitos. A sala do primeiro piso tem planta quadrada, pavimentada a alvenaria de pedra e coberta por abóbada de ogiva, assente em colunas dispostas nos ângulos, com fecho decorado por flor e carrancas laterais; a sala é rasgada por quatro seteiras, formando nicho retangular jacente. A partir do outro portal, desenvolvem-se dois lanços de escadas, cobertos por abóbada de berço, que conduzem à sala superior, de planta retangular, pavimentada a alvenaria de pedra e coberta por teto de madeira, com travejamento aparente e asnas assentes em mísulas. É rasgada por três seteiras formando nicho interior, em arco de volta perfeita. Junto ao portal abre-se vão, em arco abatido, de alvenaria de tijolo, no intradorso do qual ficam as escadas de comunicação ao terraço da torre, pavimentado a tijoleira, circundando a zona superior da mesma, com paramentos rebocados e pintados de branco. A frente noroeste possui dois corpos retangulares salientes, o mais a norte com cobertura plana e integrando o adarve, com boca da cisterna pentagonal, e o outro, mais comprido e recortado, com cobertura em telhado de uma água, ao nível da guarda do adarve, e fachadas rasgadas por três troneiras, uma seteira, uma fresta e um portal, de arco apontado. No interior destes corpos desenvolve-se rampa de ligação entre a porta falsa e o pátio de armas, com cobertura marcada por seis arcos diafragmas, em alvenaria de tijolo, sustentando cisterna de águas pluviais, bem como uma escada de acesso ao adarve. A torre sudoeste, com piso térreo maciço e sem cobertura, é acedida por portal em arco apontado, em alvenaria de tijolo. No ângulo norte, o pátio possui vários alicerces das antigas edificações, com espaço interior coberto por pavimento de madeira, e nos panos de muralha abre-se janela de dois lumes, entaipada. No ângulo sul existem várias outras estruturas e a boca da cisterna, que tem planta quadrangular; no plano inferior do paramento da frente sudeste existe uma série de nove pequenos arcos abatidos, em alvenaria de tijolo, entaipados. No ângulo nascente do recinto, ergue-se CASA, adossada à muralha, circundado pelo adarve e por onde tem acesso. Tem planta retangular irregular, composta por dois corpos, cobertos em telhados de quatro e uma água, rematadas em beirada simples e sobrepostas por chaminés. Tem fachadas de um e dois pisos, rebocadas e pintadas de branco, a principal virada a sudoeste, com três panos, o central mais largo e avançado, reaproveitando nos cunhais estruturas pré-existentes em cantaria, o da esquerda formando falso contraforte. No primeiro piso abre-se amplo arco, de volta perfeita, envidraçado, e fresta e desenvolve-se escada de dois lanços, com guarda plena em cantaria e colunas de arranque, de acesso ao segundo piso; este tem varanda alpendrada, sobre pilares, assentes em guarda de cantaria pintada, sob a qual se abrem dois portais, de verga reta biselada. No pano esquerdo, com alhetas no cunhal, abre-se janela de peitoril retilínea, sem moldura, em cada um dos pisos, e, no direito, de apenas um piso, porta de verga reta e janela jacente, também sem moldura. A fachada lateral esquerda tem portal de arco abatido no piso térreo. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco. O piso térreo do corpo principal organiza-se em pequeno vestíbulo, coberto por falsa abóbada de nervuras, de betão, instalações sanitárias, dispostas à direita, e uma ampla sala retangular, atualmente ocupado por bar. A sala é acedida por portal de arco apontado, biselado, sobre impostas, e tem pavimento cerâmico sobrelevado, e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, marcada por cinco arcos diafragmas, sobre pilares facetados, tendo no topo nascente pequeno palco. O segundo piso, ocupado pela receção e loja do castelo e pequeno núcleo museológico, apresenta pavimento cerâmico e teto de madeira, com travejamento aparente, tendo numa das paredes lareira. Num dos topos da sala tem escadas de acesso ao adarve e ligação ao corpo da direita, onde funciona uma cozinha, com forno e lareira. MURALHA DA ALCÁÇOVA de planta ovalada, com um perímetro de cerca de 540 m, desenvolvida a partir do ângulo nascente do castelo, e atualmente sem fechar na zona poente do mesmo. A muralha desenvolve-se, em grande parte, integrada ou absorvida no casario e oculta pelo mesmo, delimitada pela Rua Martim Mendes, Largo das Portas do Sol, Ladeira e Beco das Freiras, Largo de Santa Clara e Calçadinha do Castelo, sendo de difícil perceção em algumas zonas e já não existindo noutras, devido às destruições efetuadas. Existe apenas um troço de MURALHA desafogado, a partir do ângulo nascente do castelo, integrando um CUBELO retangular, em alvenaria de granito à fiada, reutilizando alguns grossos silhares, com remate moderno, o cubelo com cunhais em perpianho e remate em alvenaria rebocada e pintada de branco. Virada a sudeste subsiste a PORTA DA ALCÁÇOVA ou do MIRADEIRO, flanqueada por dois cubelos quadrangulares, maciços, formando uma entrada em linha reta, superiormente interligados por amplo arco, em asa de cesto, em tijolo, encimado por brasão de família, e coberto por abóbada de aresta, em alvenaria de tijolo. Apresenta paramentos aprumados, na face externa de grandes silhares graníticos, reutilizados, e alvenaria, na zona superior, e na face interna, em alvenaria à fiada. Atualmente, o arco, com 2,56m de largura, é em arco de volta perfeita, com aduelas de cantaria ou em tijolo. Para sul, a muralha conserva os arranques de três cubelos, dois deles visíveis da Rua Martim Mendes, o primeiro onde a rua forma pequeno beco côncavo, tendo atualmente as estruturas rebocadas e pintadas de branco, formando terraço sobre os vários logradouros. Na casa da Travessa da alcáçova n.º 10, a parte superior do CUBELO está transformado num pequeno compartimento, mas o corpo inferior é maciço, subsistindo vestígios de muralha e, no quintal, troços da antiga barbacã. A sudoeste, fica a PORTA DO TEMPLO *1, flanqueada por troços de muralha, atualmente rebocada, a imitar cantaria, mas que, predominantemente, é constituída por taipa. Apresenta sistema de entrada em cotovelo simples, formado por dois acessos, compostos por duplo arco em ferradura sobre impostas, com câmara intermédia, e formando entre si um ângulo de 90º. A porta interior está atualmente entaipada, impossibilitando a transposição da muralha e a parte superior desta encontra-se refeita, sendo o arco de Santa Clara, da época moderna, em arco de volta perfeita. A muralha entre a porta da alcáçova e a do Templo conserva vestígios de taipa militar. A MURALHA DA MEDINA conserva grande parte do seu perímetro, que tinha cerca de 1300 m, limitada pelas Ruas Sá da Bandeira, de Brás Coelho, da Cadeia e de João Pereira de Abreu, desenvolvendo-se entre o casario, que a ela se adossou, e / ou aos logradouros do mesmo, não possuindo os troços que a fechavam a nordeste e a noroeste. Apresenta paramentos aprumados, com vestígios de taipa (por exemplo, de ambos os lados do arco do Bispo, junto ao arco da Encarnação e sobre o arco da Praça), mas muito modificados, refeitos em algumas zonas e, noutras, recobertos com argamassas recentes, frequentemente rebocados e caiados. Conserva três portas *2 e várias torres ou cubelos maciços, de planta quadrangular, e dois facetados, e, quando têm algum compartimento, esse só parece surgir acima da cota do adarve da muralha, como acontece na torre pequena da Rua de Sá da Bandeira, entre o Arco da Encarnação e a Igreja de São Pedro. Muitas das torres encontram-se exteriormente capeadas, em alvenaria, embora conservem no interior taipa, ou foram alteadas, aquando da sua adaptação a novas funções. É o caso da torre transformada em TORRE sineira da IGREJA DE SÃO PEDRO, inferiormente maciça, mas superiormente com espaço interno, rasgado a nascente por duas pequenas janelas sobrepostas, e, superiormente, por duas ventanas e, nas restantes faces, por uma, em arco, coroada por coruchéu piramidal, com pináculos nos cunhais e elemento curvo central. Tem acesso aos sinos por escada parcialmente externa, coberta. Para sul, seguem-se duas TORRES, com cobertura plana em terraço, e remate em parapeito simples, a primeira pequena, em alvenaria de pedra à fiada e cunhais perpeanhos, com vestígios de reboco, tendo a face sudeste rasgada por duas seteiras centrais, sobrepostas. A torre maior encontra-se atualmente coberta de vegetação, sobressaindo de uma das faces, mísula de cantaria e tendo acesso ao terraço por escada exterior. Possui zona inferior maciça e um compartimento ao nível do adarve, rasgado por seteira a sul, possuindo junto a essa face grande desnível de terreno, com cota mais elevada, devido à antiga barbacã que ali existia. Segue-se a TORRE DA PORTA NOVA OU DE NOSSA SENHORA DA ENCARNAÇÃO, poligonal, de oito faces, a interna reta, com paramentos aprumados, rematados em parapeito liso e cobertura plana, acedida pelo adarve, por vão em arco. Inferiormente é rasgado por arco de volta perfeita, com 2,61m de largura, encimado, na face interna, por oratório saliente, rebocado e pintado de branco, com cobertura de uma água; tem arco deprimido sobre pilastras, com guarda em ferro, interiormente com nicho em arco abatido, envidraçado, albergando a imagem de vestir da Senhora da Encarnação. Na Rua da Cadeia observa-se a PORTA DA PRAÇA, atualmente integrada num edifício, com estrutura em cantaria, tendo na face externa arco apontado, biselado, sobre pilastras. Na face interna tem abóbada de berço abatido e, mais avançado para o interior, túnel de acesso à praça com abóbada de cruzaria. No interior dos antigos Paços do Concelho conserva-se um pequeno PANO DE MURALHA, em taipa, rematada em ameias retilíneas e abertas com pequenas saliências, rasgadas por seteiras, sob cada duas ameias, ladeadas por sulcos. Para poente, existe ainda vestígios de uma TORRE, retangular, rematada em parapeito liso, e a TORRE NOVA, DA CADEIA ou TORRE FERNANDINA. Esta possui paramentos aprumados em alvenaria de pedra e cunhais em cantaria, rematados em parapeito liso, tendo inferiormente gárgulas para escoamento das águas pluviais da cobertura, que é de duas águas, suaves, em tijolo, acedida por espécie de guarita quadrangular, com cobertura piramidal. Na face principal rasga-se porta ao nível da entrada, sensivelmente a meio, em arco de volta perfeita, de aduelas regulares e biseladas, sobre os pés direitos, e, no piso intermédio, mas em níveis diferentes, duas janelas com o mesmo perfil, a da direita também biselada; superiormente, possui marcação de um outro vão, em arco, atualmente entaipado. Na face esquerda rasga-se, no último piso, janela em arco apontado, biselado, sobre impostas e, na lateral direita, existem superiormente dois vãos marcados, o da direita com arco de volta perfeita sobre impostas, entaipados. Na face posterior, abrem-se janelas retilíneas, a do piso intermédio de peitoril, gradeada, e, no superior, duas janelas de sacada corrida, assente em mísulas e com guarda em ferro. No INTERIOR possui três pisos, desenvolvidos a partir do nível de entrada, sobre um térreo maciço, com paredes rebocadas e pintadas de branco e pavimento cerâmico. No primeiro piso, coberto por abóbada de berço, com dois arcos diafragmas, possui, junto à porta, vão retilíneo de acesso às escadas de caracol, desenvolvidas no interior da caixa murária, até ao piso intermédio, que é coberto por abóbada de berço. A ligação entre este e o terceiro piso, coberto por abóbada de berço abatido, pintada de branco, e o terraço, faz-se por lanços de escada A poente da muralha, abre-se o ARCO DO BISPO *3, com cerca de 5,80m, em arco de volta perfeita sobre os pés direitos, rebocada e pintada de branco com faixa ocre. Segue-se pano de muralha, integrando TORRE, parcialmente desvirtuada, com pequenas fiadas de tijolo, e, tendo na face interna, amplo vão, entaipado, e dois arcos de descarga. Um pouco mais para poente, no quintal da casa da Rua João Pereira de Abreu, n.º 17, existe cubelo maciço, atualmente rebocado e caiado, destacado da muralha mas ligado a ela por um arco, parcialmente entaipado, tendo em certas zonas vestígios de taipa. A muralha continua conservando o arranque de uma outra torre facetada, sobreposta por construção descaracterizante, até desaparecer integrada no Edifício do Conselho de Guerra. A MURALHA FERNANDINA desenvolvia-se a partir da cerca da medina, aproveitando, em algumas zonas, sobretudo nos extremos, o seu antigo percurso, e cujo perímetro deveria rondar os cerca de 2200 m, envolvendo uma área com cerca de 30 hectares. Conserva poucos panos de muralha ou torres, uma vez que a fortaleza seiscentista foi construída sobre grande parte do seu perímetro, destruindo-a e reutilizando os seus materiais *4. A nordeste, no interior do Museu militar, subsiste TORRE retangular, com cobertura em terraço, e fachadas pintada de ocre e faixa vermelha, terminadas em cornija. A face sul é rasgada inferiormente por portal de verga abatida, de dupla moldura, a exterior formando enrolamentos, com fecho saliente sobreposto por bola; superiormente surge painel pintado com insígnia relevada do Regimento e vão retilíneo, encimado por cornija angular. Na face posterior possui corpo avançado, das escadas de acesso ao piso superior. INTERIOR com piso térreo coberto por abóbada de aresta, tendo a parede do fundo rasgada por amplo arco, a partir do qual se desenvolve transito em curva, de ligação à PORTA DA TORRE VELHA, integrada no flanco coberto do baluarte. Esta porta, correspondendo a um postigo estreito, possui arco apontado, biselado, sobre impostas, e está atualmente entaipado. Lateralmente, abrem-se duas troneiras cruzetadas, uma delas transformada em canhoneira. A sudeste desenvolve-se pano de MURALHA, com 365m, integrada no edifício das antigas cavalariças do quartel do Casarão, destacando-se das suas coberturas, bordejando a parada. Tem paramentos aprumados, em alvenaria mista, com 2,18m de espessura, criando no topo corredor de circulação, com guarda plena e pavimento cerâmico; na inflexão a sul abre-se vão, a antiga porta Carral do convento de São Domingos. A sudoeste, integrada no edifício do Hospital de São João de Deus, existe uma ainda uma TORRE DA PORTA DE ÉVORA, retangular, muito alterada, rebocada e pintada de branco, e rematada em ameias de corpo largo, com dupla sineira, numa das faces.

Acessos

Alcáçova, Rua Parada do Castelo; Rua Martim Mendes (Arco do Miradeiro); Largo de Santa Clara (portas do Templo); Rua Sá da Bandeira (antiga Rua do Cano), Arco da Senhora da Encarnação, Ruas de Brás Coelho, da Cadeia, de João Pereira de Abreu e Isabel Maria Picão (segunda linha de muralha); Largo de São Domingos, Rua Nova de São Vicente (terceira linha de muralhas). WGS84 (graus decimais) lat.: 38,883394; long.: -7,163129

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 27-09-1906, DG, 1.ª série, n.º 228 de 09 outubro 1906 (castelo) / Decreto de 16-06-1910, DG, 1,ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 (castelo) / Decreto n.º 28 536, DG, 1.ª série, n.º 66 de 22 março 1938 (Muralhas de Elvas) / Decreto n.º 30 762, DG, 1.ª série, n.º 225 de 26 setembro 1940 (Muralhas e obras anexas) / Decreto n.º 37 077, DG, 1.ª série, n.º 228 de 29 setembro 1948 (Muralhas de Elvas)

Enquadramento

Urbano, adossado. O castelo ergue-se no ângulo norte da cidade envolvida pela fortaleza moderna (v. IPA.00035956), a zona de cota mais elevada, denominada de Costa da Vila Fria, a cerca de 345m de altitude. Implanta-se no extremo poente da gola do baluarte do Castelo ou de Santa Bárbara, adaptado ao declive acentuado do terreno, possuindo frontalmente amplo terreiro e a sudeste largo, com cota mais elevada, pavimentado a paralelos, e faixas de placas de mármore, formando miradouro sobre a paisagem envolvente. Este largo é delimitado por troço da muralha da alcáçova, desenvolvido sobre afloramento rochoso, a partir do ângulo nascente do castelo. Nas imediações e também inserido na gola do baluarte do Castelo ou de Santa Bárbara, ergue-se a nordeste o Paiol de Santa Bárbara (v. IPA.00035787). As duas linhas de muralhas islâmicas desenvolvem-se essencialmente entre o casario, que a elas se adossou, ou os logradouros do mesmo, por vezes também sobrepostas por habitações. Pertencente à primeira linha de muralha, a Porta do Miradeiro é flanqueada por habitações e sobreposta por casa, com varanda lateral, formando miradouro, delimitado por gradeamento em ferro, possuindo ainda escadaria vencendo o declive do terreno entre a face externa e a interna, onde se desenvolve pequeno pátio; a porta do Templo insere-se no logradouro do Solar dos Mesquita, no Largo do Dr. Santa Clara (v. IPA.00026785), mas é parcialmente visível do exterior através do portão. Pertencente à segunda linha de muralhas, uma das torres serve de base à torre sineira da Igreja Paroquial de São Pedro (v. IPA.00001858), o troço do Arco da Encarnação insere-se nos quintais da antiga fábrica de frutas secas, a Porta da Praça surge entre edifícios que avançam para a Rua da Cadeia e a face interna vira-se à Praça da República, onde se ergue a Catedral (v. IPA.00003731), no interior dos antigos Paços do Concelho quinhentistas (v. IPA.00026776), conserva-se um pequeno troço de muralha em taipa, a Torre da Cadeia tem escadas laterais a vencer o desnível dos arruamentos e a separá-la do Edifício da Caixa Geral de Depósitos, CGD, de Elvas (v. IPA.00020989), e o Arco do Bispo é ladeado pelo antigo Paço Episcopal de Elvas (v. IPA.00026798). No perímetro do Museu Militar, existe um pano de muralha com passadiço a delimitar às cavalariças do Quartel do Casarão (v. IPA.00035793), envolvendo o Convento de São Domingos (v. IPA.00001862), uma torre na gola do baluarte da Porta Velha e um postigo integrada no flanco do mesmo baluarte, protegido por orelhão; no Hospital de São João de Deus conserva-se uma torre das Portas de Évora (v. IPA.00026795) e noutras zonas da fortaleza, surgem integrados panos da muralha fernandina.

Descrição Complementar

Na frente sudoeste do castelo, a lápide sobre o portal tem as armas reais, de D. João II, com escudo contendo cinco escudetes com besantes, os laterais ainda deitados mas virados ao exterior, com bordadura de 16 castelos e sem coroa, tendo inferiormente as suas insígnias, um pelicano a alimentar os filhos. Sobre a face interna do arco da Praça, virada à Praça da República, existe lápide com a seguinte inscrição: "AE TERNIT. SACRO / IMMACVLATISSIMAE / CONCEPTIONI MARIAE / IOAN IV. PORTVGALE. REX / VNA CVM GENERAL. COMITIIS / SE ET REGNA SVA / SVB ANNVO CENSV TRIBVTARIA / PVBLICE VOTIT. / AT QVE DEIPARAM INIMPERERIT TVTELAREM ELECTAM / ALABE ORIGINALI PRAESERVATA PERRPETVO DEFENSVRVM / IVRAMENTO FIRMAVIT. / VIVERET VT PIETAS LVSITANA / HOC VIVO LAPIDE MEMORIALE PERENNE / EXARARI IVSSIT / ANN. CHRISTI M. DC.XL.VI. / IMPERIT SVI VI." *5.

Utilização Inicial

Militar: castelo e cercas urbanas

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: estatal / Privada: pessoa singular

Afectação

DGPC, Decreto-Lei n.º 115/2012, DR, 1.ª série, n.º 102 de 25 maio 2012

Época Construção

Séc. 12 /13 / 14 / 15 / 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

CONSTRUTOR CIVIL: João António Ferreira (1940-1944), José de Sousa Camarinha (1945-1946),Raul Marques da Graça (1946-1948). EMPREITEIROS: Anselmo Costa (1959-1960), António Serra (1961, 1976-1977, 1979-1980, 1983, 1986, 1996). MESTRES: Afonso Mendes de Oliveira (séc. 16); Pero Caldeira (1504); Vicente Alvares (1504).TAREFEIRO: Maximiano Monteiro Mendes (1980).

Cronologia

Época romana - possível ocupação do lugar; séc. 08 - conquista e ocupação muçulmana de Elvas, com respetiva fortificação da povoação; 948 - Ibn Hawqal, um oriental que visita o al-Andalus, refere Elvas situada a um dia de marcha de Juromenha, bem como de Badajoz; séc. 12 - o geógrafo al-Idrîsî localiza Elvas à direita da estrada que liga Santarém a Badajoz e diz ser uma "madîna" *6 e um "lugar fortificado, posto nas faldas de um monte rodeada de uma planície semeada de habitações e de bazares ou mercados, famosa ainda pela formusura das suas mulheres"; 1200 - cerco por D. Sancho I; séc. 13 - época provável da consolidação das muralhas da povoação, durante o período almóada, abrangendo a alcáçova, com alguns reforços pontuais, a muralha da medina, e reforço e ampliação do al-qasaba; 1208, 25 julho - segundo Rui de Pina, D. Sancho toma o castelo de Elvas aos mouros, contudo, a ter existido, esta ação terá sido apenas uma algara que atinge um ponto específico da muralha islâmica, acompanhada de devastações nos arrabaldes, hortas e campos próximos (Correia, 2013, p. 132); 1226 - D. Sancho II cerca e tenta tomar Elvas, enquanto Afonso IX de Leão tenta tomar Badajoz, numa investida concertada, mas fracassada *7; 1228, 29 junho - D. Sancho II cerca e tenta tomar Elvas, conquistando-se a denominada porta ferrada; 1229, maio - carta de foral, dada por D. Sancho II *8; 1229 - 1230 - conquista definitiva de Elvas *9; 1230 - o primeiro alcaide-mor é Gonçalo Martins; 1263, março - confirmação do foral por D. Afonso III; 1267 - referência à porta dos Banhos *10; 1270, 31 janeiro - D. Afonso III doa aos mouros forros terreno para a mouraria, entre a estrada que saía da "porta nova" para os Banhos e a estrada que ia para Badajoz; 1280 - a 2.ª linha de muralhas, entre as portas de Santiago e a do Bispo, conserva a cárcava ou fosso e uma barbacã, havendo referência ao fosso também junto à porta dos Banhos; 1281 - referência a casa régia aforada a Domingos Pires, porteiro, sita no exterior da muralha, a par da barbacã, junto à porta de São Martinho; 1285, 01 janeiro - D. Dinis doa a povoação ao Infante D. Afonso, seu irmão; 1292 - estabelecimento de paz entre D. Dinis e D. Afonso, por intervenção da rainha D. Isabel; séc. 13 - 14 - reconstrução do castelo e cercas urbanas; 1325 - 1327 - cerco por D. Afonso XI de Castela, no âmbito da Guerra entre Portugal e Castela, no reinado de D. Afonso IV; 1334 - cerco de dois dias por D. Afonso XI de Castela; 1336 - Afonso XI de Castela cerca Elvas; estabelecimento de paz perante o avanço dos árabes; 1337 - cerco de D. Afonso XI de Castela; 1338 - carta para se tirarem certos privilégios a alguns vizinhos de Elvas que deixaram a vila, para fugir à guerra com Castela; 1340, 23 agosto - batalha do Salado, em que as forças portuguesas e castelhanas lutam contra os mouros; 1348, cerca - D. Afonso IV manda construir o primeiro paiol de raiz de que há notícia em Elvas, aos Cantos da Carreira, encostado à 2.ª cerca e à Torre do Relógio; séc. 14, meados - início da construção da cerca fernandina, cerca nova ou "çerqua de fora", ainda durante o reinado de D. Afonso IV; 1355 - referência a Estevão Lourenço Cacela e sua mulher, Maria Domingues, emprazarem, por três vidas, um ferrageal do Mosteiro de Alcobaça, junto à porta de Olivença e entestando com o caminho para essa localidade, denotando já existir essa porta na cerca fernandina; 1361 - carta de mercê aos moradores do reguengo da Meada a escusá-los, entre outros serviços, de "dar adua pera a caua d eluas"; segundo Fernando Branco Correia, é possível que nesta altura algumas das torres maciças em taipa, da época islâmica, sejam revestidas de alvenaria para evitar a degradação da taipa; 1367 - data inscrita numa lápide inicialmente colocada na face sul da torre da cadeia, construída sobre o espaço da feira, comemorando a sua construção ou reforma pelo Câmara *11; 1381, 13 julho - cerco de Elvas pelo Infante D. João, filho de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, acompanhado pelos Mestres de Santiago e Alcântara, sendo levantado 25 dias depois, sem benefício para os sitiantes; 1382, 09 agosto - Tratado de Elvas, pondo fim à 3ª guerra luso-castelhana; 1383 - paz entre D. Fernando de Portugal e D. João I de Castela, firmada em Elvas, negociando-se o casamento da Infanta D. Beatriz; Fernão Lopes refere a porta de São Domingos da cerca fernandina, junto ao mosteiro dominicano *12; 1385 - cerco de Elvas por D. João de Castela; 1390, 06 fevereiro - D. João I dá a Fernão Lopes de Abreu os direitos da alcaidaria; pouco depois fica associada à alcaidaria a renda do reguengo de Elvas; D. João I determina ainda que metade das receitas sejam para o concelho e a outra metade para as "obras" da fortificação; séc. 14, finais - começam a surgir referências documentais à porta de Santiago, posteriormente conhecida como Arco do Relógio, devido à proximidade com o relógio, ou Arco de Santa Maria, mas não correspondendo à porta nova ou arco da Praça; séc. 14 - 15 - referência à porta do Bispo na 2.ª linha de muralha; séc. 15, início - a segunda cerca de Elvas já é conhecida como cerca velha, ou "çerqua do meyo"; 1408 - os cavaleiros de Elvas queixam-se ao rei de serem constrangidos a participar nas aduas das obras que se faziam na vila, bem como a irem cortar carrasco para os fornos de cal; 1417 - primeira notícia documental ao alcaide pequeno de Elvas, que é João Esteves; 1422 - calcula-se que Elvas tem cerca de 8.000 habitantes; séc. 15, década de 30 - construção de ponte numa das portas da cerca fernandina, mas sem guardas laterais, causando constantes e graves acidentes; 1436 - D. Duarte decide que 2/3 das receitas do concelho se destinam a obras em Elvas, essencialmente de caráter defensivo, provavelmente visando a reparação das muralhas; novembro - referência documental a um troço de barbacã junto à porta de Santiago e à praça de Elvas; 1439 - 1448 - durante a regência de D. Pedro, Elvas recebe 3.000 reais para a reparação da fortificação, dados a Gonçalo Martijnz de Alte Alua, para "despesa das obras do castello da dicta ujlla"; 1441 - os representantes do concelho conseguem nas cortes que o rei atribua para as "obras" apenas 1/3 das ditas rendas e não 1/2 como até aí se praticava; estas obras são de "Repariramento das fortalezas desta villa" nas quais os representantes do concelho pretendem assumir funções de fiscalização; 1448 - os procuradores do concelho de Elvas referem a barbacã da porta do castelo, depreendendo-se a existência de uma outra, em frente da porta da traição *13; pouco depois, ainda durante a regência de D. Pedro, o fronteiro Diogo Lopes de Sousa retoma a barreira e torna-a, segundo se queixam os representantes do concelho, "muyto mais forte do que amtes era", decidindo o rei solicitar ao condestável, seu primo, que aja em conformidade; séc. 15, meados - a barbacã da cerca da medina ainda se mantém em alguns pontos *14; séc. 15, 3.º quartel - está construída a 3.ª linha de muralhas ou cerca fernandina; 1455 - o concelho defende nas cortes que a reparação dos açougues seja feita com o dinheiro das rendas que o rei doa dos direitos de açougagem e não a partir da percentagem da renda do concelho destinada às obras do recinto amuralhado, onde havia "barreiras que estavam mal rrepaairadas"; 1461 - a porta dos Banhos continua a ser referida documentalmente; 1469 - D. Afonso V outorga ao "povo miúdo" a direção dos trabalhos de reparação das muralhas e do castelo *15; 1471 - a porta do Bispo integra escadas, que deviam fazer parte do seu sistema de acesso, talvez em resultado de rearranjo urbanístico ou de rompimento da antiga porta de época islâmica; referência à "torre que está sobre a feyra a que chamam Torre Nova"; 1476, 27 agosto - D. Afonso V doa a vila de Elvas, com toda sua jurisdição "alta e baixa" a seu filho, o futuro D. João II, mas mantém o conde de Faro como alcaide do castelo, o qual deveria passar a fazer "menagem" do mesmo ao príncipe D. João; 1488 - 1490 - obras de reconstrução no castelo, nomeadamente na torre de menagem, com feitura da torre poligonal e colocação das armas de D. João II sobre a porta do castelo, e alterações na torre hexagonal da 2.ª linha de muralhas; 1498 - o rei decide nas cortes que passaria a haver um tabelião ao serviço do "povo miúdo" que assegure os assentos de "recepta e despesa das obras", bem como os requerimentos que se fizessem ao concelho; os procuradores do concelho propõem que os que "forem postos a tormento o sejam na casa d'audiencia" ou na Torre Nova; séc. 16, início - o castelo, pelo menos parcialmente, é rodeado de uma "cava", encostando-se a ela algumas casas de habitação; reparação dos muros do castelo e de três torres, então arruinados, com feitura de portadas exteriores, por Afonso Mendes de Oliveira; 1504 - pagamento de $400 a Vicente Álvares e a Pero Caldeira "por calçarem o baluarte da porta d'Olivença, que el Rei mandou calçar"; 1507, 03 março - confirmação do foral por D. Manuel; 1509, cerca - desenho do castelo e da cidade de Elvas por Duarte de Armas *16, estando a torre poligonal por acabar; 1512, 01 junho - Foral Novo de D. Manuel; 1513, 20 ou 21 abril - o rei eleva Elvas a cidade, uma das mais povoadas do Reino, com cerca de 8.500 habitantes; 1545, 02 abril - provisão de D. João III autorizando a mudança dos presos do castelo para a cadeia que o mesmo mandara fazer, e que a porta das casas do Juiz de Fora, que ficam sobre a cadeia, se mudasse por "ser antes a sua serventia por dentro da Cadeia"; 1569, 26 fevereiro - alvará régio determina a abertura do arco da praça, rasgada de novo, para descongestionamento do acesso à mesma, deixando de ser feita apenas pelo arco da antiga porta de Santiago; 1571, 15 janeiro - a Câmara apresenta ao rei proposta de alteração da porta nova, para se se fazer "ao direito", devido aos "perigos de transito", o que é autorizado, mas não concretizado *17; 1580 - ocupação de Elvas sem combate, por D. Sancho de Ávila, general espanhol; 1581, 09 - 28 fevereiro - presença de D. Filipe I, de Portugal, em Elvas *18; 1584, 05 junho - Câmara afora um pedaço de chão arrimado ao muro pequeno do baluarte da porta de Évora, para o ferrador Domingos Lourenço fazer o seu alpendre; esta porta tem ainda um revelim a cobri-la; 1589, 22 setembro - novo alvará manda cumprir a abertura na porta nova a direito, já antes autorizada pelo rei; só nesta data se procede à abertura de um novo acesso, sem cotovelo, feito através de túnel rasgado sob a torre albarrã, sensivelmente como hoje existe, passando posteriormente essa nova abertura a chamar-se Arco de Nossa Senhora da Encarnação ou Porta Nova do Salvador; possivelmente, será nesta data que se procede à alteração das faces posteriores da dita torre albarrã; desmantelamento da barbacã na zona da Rua João Pereira de Andrade; séc. 16, finais - provável surgimento da designação da porta São Francisco, após a construção do convento franciscano no exterior das muralhas, junto à estrada para Estremoz; 1607, abril - bombardeamento de Elvas durante a Guerra da Sucessão; 1619, abril - maio - visita solene de D. Filipe II; 1622, 18 setembro - referência documental ao nicho com imagem de Nossa Senhora dos Mártires; 1640, 01 dezembro - declaração da independência de Portugal face a Espanha; 1640 - 1668 - Guerras da Restauração ou Aclamação; 1641, março - D. Afonso e Matias de Albuquerque inspecionam as muralhas de Elvas e mandam proceder a algumas reparações e construção de várias estruturas para reforço da defesa; contudo, vendo-se que as antigas muralhas não satisfazem as novas exigências, decide-se construir uma fortaleza abaluartada; 1644, novembro - o general Torrecusa cerca Elvas com um exército de cerca de 15.000 homens, retirando oito dias depois; 1658, 15 outubro - início do cerco de Elvas por D. Luís de Haro; 1659, 14 janeiro - batalha das Linhas de Elvas; 23 fevereiro - rainha D. Luísa de Gusmão agradece a constância dos elvenses durante o cerco espanhol; séc. 17, meados - segundo o cónego Aires Varela, a alcáçova tem 3 portas: "a do norte chamão da Traição, a do sul chamão do Miradeiro, por ter hua baranda, que sobre o arco corre, donde se descobre parte de Castella; a do poente chamão dos Santos. Estes são os nomes modernos, que dos antigos não há notícia"; informa ainda que, perto da porta nova, atual arco da Encarnação, estão colocadas na muralha duas inscrições de época islâmica, alusivas a obras de militares aí realizadas; época provável da alteração profunda da face norte da muralha da alcáçova; 1663, 08 julho - portugueses derrotam o exército de D. João de Áustria, na Batalha do Ameixial; 1706, 14 abril - tropas castelhanas e francesas atacam Elvas, no âmbito da Guerra da Sucessão de Espanha (1704-1712); 1708 - segundo António Carvalho da Costa, a cidade é "(...) cercada toda de duplicados muros com vistosas torres, forte Castello (...)"; 1712 - cerco pelo Marquês de Bay; 1714, 05 julho - tropas castelhanas e franceses atacam e bombardeiam Elvas; setembro - importante ataque e bombardeamento à cidade; 1758 - descrição de várias estruturas das muralhas nas Memórias Paroquiais da freguesia da Sé, de São Pedro e de São Salvador *19; 1801 - no âmbito da Guerra das Laranjas, as tropas de Miguel Gody intimidam a rendição de Elvas; 1807, 01 dezembro - no âmbito das Guerras Peninsulares (1807-1811), o exército comandado pelo general Francisco Solano ocupa a cidade; 1808, 11 março - os franceses assumem o governo da praça de Elvas; 01 maio - Portugal declara guerra a França; 1808, final - franceses abandonam Elvas; 1809, janeiro - saída dos ingleses da cidade; 1815, cerca - demolição de uma torre do castelo por colocar em perigo um armazém adossado à muralha, a nordeste ou noroeste; 1819 - data da planta da Praça de Elvas, levantada pelo capitão de engenheiros António José da Cunha Salgado, para fazer parte do plano diretor, representando as duas linhas de muralha islâmica; 1823 - o castelo tem montada uma bateria à barba, numa das suas torres, rebaixada; 1854, 22 fevereiro - portaria manda a Fazenda tomar posse do castelo, pertencente à alcaidaria da cidade; sobre a porta ainda se conserva o brasão cuja alcaidaria-mor teve mercê a casa dos Condes de São Lourenço; 01 maio - auto de entrega do castelo ao Ministério da Guerra; 1868 - planta do castelo, de autor desconhecido, com marcação da 1.ª cerca islâmica; 1876, 04 outubro - por ordem do governador da Praça de Elvas, entrega-se ao respetivo caserneiro vários quartéis, nomeadamente os quartéis velhos do castelo e respetivo pátio, dos quais cobrava as rendas o Conselho Administrativo da Praça; 1884 - data da fotografia da porta do Miradeiro, com arco em ferradura, sobreposta por casa de habitação, de um fotógrafo polaco; 1887 - demolição do arco do Miradeiro para alargamento da porta, por ordem do dono do edifício; séc. 19 - o último alcaide do castelo é o marquês de Sabugosa, António Maria de Melo Silva Cesar de Meneses; reforma da zona superior da muralha da porta do Templo, após compra da solar dos Mesquitas pelo Dr. Santa Clara; 1907, dezembro - apeamento da lápide brasonada da face sul da torre da cadeia; 1940, 12 março - auto de entrega do castelo ao Ministério das Finanças *20; 1943, 27 julho - Despacho autoriza a cessão, a título precário, do castelo à Sub-Delegação Regional da Mocidade Portuguesa, mas devido às pequenas dimensões do edifício interior, apenas é instalada a sede simbólica; 1948, 08 março - início da demolição do Arco do Relógio da 2.ª cerca islâmica, que tinha dois nichos, o exterior, do séc. 15, dedicado a Santa Maria, e o do interior, setecentista, dedicado a Nossa Senhora do Amparo, bem como a torre que tinha o relógio, desde o séc. 15; 1949 - conclusão dos trabalhos e demolição do casario da fachada esquerda do arco; 1952 - a pedido do Governo Militar da Praça de Elvas, o Ministério do Exército solicita o castelo para instalação de sala de receção; 16 agosto - o Governo Militar da Praça de Elvas pede ao Ministério das Finanças a entrega do castelo ao Ministério do Exército *21; 31 dezembro - parecer da Junta Nacional de Educação, que não vê inconvenientes na cedência do castelo; 1973 - Câmara solicita a cedência da casa do castelo para instalação de um museu de caráter militar; 1992, 01 junho - o castelo é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 2014, 04 abril - auto de cedência e aceitação pela Câmara Municipal de Elvas de vários prédios militares, entre os quais a casa da Guarda do Castelo *22, nos termos do disposto na alínea I do art.º 8 da Lei n. 23/2008, de 8 setembro e dos artigos 53 e seguintes ex VI artigo 23º do DL n.º 280/2007, de 07 de agosto, de harmonia com o Despacho n.º 14801/2013, da Ministra de Estado e Finanças e Ministro da Defesa Nacional, de 01 de novembro de 2013, publicado no DR 2.ª série, n.º 222, de 15 de novembro de 2013, proferido ao abrigo do n.º 3 do artigo 6.ª da referida Lei n. 3/2008; os imóveis são cedidos por um período de 50 anos, sendo os prédios abatidos ao cadastro do Exército à data do referido auto.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes (castelo e muralhas) e de paredes autónomas (casa).

Materiais

Estrutura de alvenaria de granito à fiada, silharia de granito, alvenaria mista de pedra e tijolo ou em taipa, aparente ou rebocada; cintagem, placas, pilares e abóbadas de betão; argamassas de cal; colunas, mísulas e molduras dos vãos em cantaria de granito ou alvenaria de tijolo; guarda da casa no interior do castelo em mármore; pavimentos dos adarves ou dos edifícios em alvenaria de pedra e cerâmicos, de diferentes tipos; portas e caixilharia de madeira; janelas e porta de vidro simples; guarda em ferro ou cantaria; coberturas internas em alvenaria mista de pedra e tijolo, betão ou madeira; cobertura de telha.

Bibliografia

AA.VV - Fortificações de Elvas. Proposta para a sua inscrição na lista do Património Mundial. Elvas (Portugal): texto policopiado, 2008; ALMADA, Victorino d' - Elementos para um Dicionário de Geographia e História Portugueza Concelho d'Elvas. Elvas: Typ. Elvense, 1888, tomo 1; ALMADA, Victorino d' - Elementos para um Dicionário de Geographia e História Portugueza Concelho d'Elvas. Elvas: Câmara Municipal de Elvas, Tomo 3 (fac-símile de 1891); ALMEIDA, João de - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses. Lisboa: J. Almeida, 1946; ARMAS, Duarte de - Livro das Fortalezas. Lisboa: Inapa, 1990; BARBOSA, Inácio de Vilhena - As Cidades e Villas da Monarchia Portugueza que teem Brasão d'Armas. Lisboa: Typ. do Panorama, 1860, vol. 3; BARROCA, Mário Jorge - Epigrafia Medieval Portuguesa (862-1422). Porto: Fundação Calouste Gulbenkian; Fundação para a Ciência e a Tecnologia, 2000, vol. 2, Tomo 2, pp. 1492-1493; BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; CHICÓ, Mário T. - A Arquitectura Gótica em Portugal. Lisboa: Livros Horizonte, 1981; CORREIA, Fernando Branco - Elvas na Idade Média. Lisboa: Edições Colibri; CIDEHUS - Universidade de Évora, 2013; CORREIA, Fernando Branco - «Juromenha, Elvas, Alandroal: algumas reflexões em torno de fortificações islâmicas e cristãs». In Cira. S.l.: Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, n.º 7, 1995-1997, pp. 111-128; CORREIA, Fernando Branco - «O Sistema defensivo da Elvas Islâmica». In Mil anos de fortificações na Península Ibérica e no Magreb (500 - 1500): actas do Simpósio Internacional sobre castelos. Lisboa: 2000, pp. 357-367; COSTA, P. António Carvalho da - Corografia Portugueza. Lisboa: Officina de Valentim da Costa Deslandes, 1708, tomo 2; DENTINHO, Maria do Céu Ponce - Elvas. Monografia. Braga: Camara Municipal de Elvas, 1989; DGEMN - Castelo de Elvas. Boletim da Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais. Lisboa: DGEMN, 1948, n.º 54; FERNANDES, Hermenegildo - «Os mouros e a mouraria em Elvas: alguns problemas de topografia genética». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, n.º 28, dezembro 2008, pp. 76-81; FIEL, Elisabete, GARRINHAS, João - «Uma visão histórica da evolução urbana da cidade de Elvas». In Elvas Caia - Revista Internacional de Cultura e Ciência. Elvas; Lisboa: Colibri, Câmara Municipal de Elvas, 2004, pp. 87-112; GAMA, Eurico - Elvas: Rainha da Fronteira. Elvas: Tipografia Guerra, 1986; GAMA, Eurico - Gil Fernandes alcaide-mor de Elvas. Separata da Revista Ocidente, vol. LXI/LXII, Lisboa: Tipografia da Editorial Império, Ldª, 1961/1962; JESUÍNO, Rui - Elvas - Histórias do Património. s.l.: Rui Jesuíno; Booksfactory, 2016; KEIL, Luís - Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Portalegre. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1943, vol. 1; MOREIRA, Rafael - «A época Manuelina».In História das Fortificações Portuguesas no Mundo. Lisboa: Publicações Alfa, 1989, pp. 91-142; MORGADO, Amílcar F. - Elvas - Praça de Guerra (Arquitectura Militar). Elvas: Câmara Municipal de Elvas, 1993; PEREIRA, Paulo - «De Elvas a Olivença. O Renascimento antes de Vitrúvio». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, n.º 28, dezembro 2008, pp. 82-91; PERES, Damião - A Gloriosa História dos Mais Belos Castelos de Portugal. Porto: Editorial Verbo, 1969; PINTO, Natália, PEREIRA, Mário, NABAIS, António - Castelo de Elvas. Lisboa: IPPAR, 1991; PIRES, A. Thomaz - As Ruas d'Elvas: excertos de um estudo sobre a toponymica elvense. Elvas: António José Torres de Carvalho, 1924; PIRES, A. Thomaz - O Castelo de Elvas. In Estudos e Notas Elvenses. Elvas: António José Torres de Carvalho, 1907, n.º 9; Relatório da Actividade do Ministério no Triénio de 1947 a 1949. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1950; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Mário - Elvas. Lisboa: Editorial Presença, 1996; VALLA, Margarida - «A praça-forte de Elvas: a cidade e o território». In Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, n.º 28, dezembro 2008, pp. 34-43; VARELA, Aires - Sucessos que ouve nas fronteiras de Elvas, Olivença, Campo Maior e Ouguella, o primeiro anno da Recuperação de Portugal, que começou em 1.º de Dezembro de 1640 e fez fim em o ultimo de Novembro de 1641. Elvas: Typ. Progresso, 1901 (1.ª ed. 1641); VARELA, Aires - Theatro das Antiguidades d'Elvas com a história da mesma cidade e descripção das terras da sua comarca. Elvas: António José Torres de Carvalho, 1915.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMSul/DM; Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM, SIDCarta

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN: SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID (DGEMN:DSID-001/012-1740, DGEMN:DSID-001/012-1741/2, DGEMN:DSID-001/012-1747, DGEMN:DSID-001/012-1748, DGEMN:DSID-001/012-1749, DGEMN:DSID-001/012-1750), DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH-010/087-0044, DGEMN:DSARH-010/087-0046, DGEMN:DSARH-010/087-0051, DGEMN:DSARH-010/087-0047, DGEMN:DSARH-010/087-0161, DGEMN:DSARH-010/087-0075), DGEMN:DSMN (DGEMN:DSMN/SE-0120/03); Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 048/Elvas - Castelo de Elvas, PM n.º 056/Elvas - Casa da Guarda do Castelo atenção falta fazer nota com as várias utilizações deste prédio; DGALB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 13, n.º (E) 14, p. 71 a 106 (Sé), vol. 13, n.º (E) 14ª, p. 17 a 120 (São Salvador) e vol. 13, n.º (E) 14b, p. 121 a 142 (São Pedro)

Intervenção Realizada

1939 - projeto de obra de miradouro na Parada do Castelo, o qual não é aprovado; OBRAS MILITARES: 1940 - reparação do pequeno armazém de "entre torres" (PM n.º 53/Elvas) encostado à torre de menagem; DGEMN: 1940 / 1941 - início das obras de conservação e restauro do castelo *23, pelo construtor civil João António Ferreira, que incluem: demolição de paredes, cantaria de granito apicoada a fino, assente em cachorros, feitura de paredes de alvenaria assente com argamassa hidráulica, com aproveitamento parcial do material existente, e cintagem de paredes com cimento armado; 1942 - construção e armação do telhado de madeira de castanho e cobertura em telhado com telha românica e telha velha em chapas, apeamento e reconstrução da muralha que ameaça ruína, pelo construtor civil João António Ferreira; 1943 / 1944 - obras pelo construtor civil João António Ferreira, com reconstrução e consolidação de paredes de alvenaria, cintagem de betão armado, cantaria aparelhada em degraus, cunhais etc., reparação geral de rebocos e guarnecimentos, demolição de paredes de alvenaria argamassada, paramentos de cantaria em muralhas, segundo o existente, lajedo de cantaria em pavimentos; 1945 - obras pelo construtor civil José de Sousa Camarinha, com reconstrução e consolidação de paredes de alvenaria, cintagem de betão armado, cantaria aparelhada em degraus, cunhais etc., reparação geral de rebocos e guarnecimentos, paramentos de cantaria em muralhas, segundo o existente, construção e assentamento de caixilharia de castanho e de portas almofadadas; 1946 - construção de um portão de casquinha, de uma porta grande e uma outra de dois batentes, por José de Sousa Camarinha; 1946 - obras pelo empreiteiro Raul Marques da Graça, incluindo o engrossar da parede sobre o portão e concluir a fresta da torre de menagem, regularizar o pavimento dos adarves, restaurar a cobertura da escada com seteiras, limpar e calafetar a cisterna do adarve, rebaixar o arco da casa do rés-do-chão, construção da abóbada sobre a escada, construção duma escada para a cozinha do guarda e refechamento de juntas em paramentos da muralha; 1947 - obras pelo empreiteiro Raul Marques da Graça, que incluem a construção da guarda, em cantaria de mármore, segundo o existente, para a escada da alcáçova, assentamento de portas e portais do castelo, cobertura e armação da torre de menagem, armação e cobertura do alpendre, limpeza das juntas das fachadas da torre de menagem e substituição das pedras salitrosas, demolição de dois barracões junto à torre de menagem e à muralha do lado poente, construção da armação e do telhado sobre a escada para o adarve, construção de um frechal de betão na torre de menagem, arranque dos restos de abóbada de tijolo encravadas na muralha e substituição por pedra aparelhada, construção de ameias na muralha e cubelos nos lados que ligam ao adarve, construção de cúpula da escada, bem como de duas retretes; 1948 - continuação das obras por Raul Marques da Graça, com a consolidação de paredes de alvenaria argamassada, construção e assentamento de degraus de cantaria na escada do lado norte, picagem de reboco velho e rebocar o novo, construção das restantes ameias e refechamento das juntas, consolidação do adarve e do cubelo, rebaixar o pavimento da loja e assentar novo pavimento a ladrilho, guarnecimento de pilares da varanda e forro do parapeito a tijolo, rebaixar os pavimentos da torre e cozinha, construção de fossa sética e respetiva canalização, arranjo do pavimento do rés-do-chão, construção do bucal da cisterna, recompor os muros do átrio e construção de parte da escada de acesso à torre; 1953 - obras de reparação e limpeza na torre da cadeia, que incluem: roçar as paredes exteriores para regularizar os paramentos, tapamento de buracos e vãos que apresentam mau aspeto e picar e rebocar os paramentos exteriores; estudo para a escada junto à torre; Manuel Joaquim Guerra, proprietário do prédio contíguo ao novo edifício da Caixa Geral de Depósitos, dá início a obras de modificação e reparação da torre desse prédio, sem pedido de licença à DGEMN; 1955 - iluminação exterior do castelo de Elvas; 1959 - restauro da torre da cadeia, por Anselmo Costa, com arranjo interior de algumas salas e de parte da escada de ligação dos diversos pavimentos, reconstrução de pavimentos do 1º e 2º pisos, com assentamento de lajedo de cantaria, e execução de rebocos e caiação, reparação de parte da escada de acesso; 1960 - continuação da reparação da torre da cadeia, por Anselmo Costa: arranjo da fachada por onde se faz a entrada, com conclusão do forro de cantaria nos paramentos, fornecimento e assentamento de portas em madeira exótica, fornecimento e assentamento de cantaria de granito em portados, construção da porta da entrada; 1961 - reparação de um troço na muralha do castelo por António Serra; 1962 - informação de se ter executado o arranjo exterior da torre da cadeia, em colaboração com a Câmara, procedendo-se no interior ao restauro do primeiro pavimento, dado a Câmara ter proposto ali instalar um pequeno posto de turismo; 1965 - obras de restauro da torre da cadeia: arranque de pavimentos e de degraus em mau estado na escada da torre; fornecimento e assentamento de cantaria de granito da região, em degraus, soleiras, guarnecimento de vãos e lajedo; limpeza das cantarias; isolamento com produto asfáltico, no terraço, fornecimento e assentamento de tijoleira prensada no terraço e em pavimentos do 2.º e 3.º pisos; construção e assentamento de portas e caixilhos; refechamento de juntas em paramentos de cantaria; reconstrução de rebocos; pintura de portas, caixilhos e grades de ferro; instalação de iluminação elétrica; fornecimento e assentamento de lanternas e meias lanternas e de vidros para as frestas; 1976 - pintura da porta de entrada do castelo pelo empreiteiro António Serra; 1977 - colocação de vidros em caixilhos no castelo e consolidação de muralhas, pelo empreiteiro António Serra; 1979 / 1980 - recuperação dos edifícios do castelo e torre da cadeia por António Serra; na torre da cadeia inclui a demolição de alvenaria rija e rochas para nivelamento de pavimento e regularização de vãos, demolição de pavimentos de tijoleira e lajedo em estado de ruína, construção em alvenaria hidráulica em elevação, empregando pedra riga da região e argamassa, retificação das vergas de dois vãos de passagem do 1º piso à escada, limpeza dos paramentos exteriores da torre e refechamento das juntas da mesma, construção de massame de betão pobre, isolamento de terraços com produto asfáltico, fornecer e assentar degraus de cantaria de granito, fornecer e assentar pavimento de lajedo no 2º piso da torre e em tijoleira prensada, tipo regional no 1º, 3º piso e terraço, construção e assentamento de portas de madeira de casquinha, engradadas e almofadadas, e de caixilharia em madeira de casquinha, ferragens para os vãos, e fornecer e assentar vidros na torre e castelo; procede-se ainda a caiação em paredes exteriores, interiores, tetos e abóbadas na torre e castelo, pintura de portas, caixilharia e grades, reparação da grade de entrada do adro da torre; 1980 - reparação da instalação elétrica da torre da cadeia pelo tarefeiro Maximiano Monteiro Mendes; 1983 - obras de conservação, pelo empreiteiro António Serra: construção de alvenaria hidráulica em elevação para tapamento de rombos e recuperação de muralhas, em vários locais, reparação de panos de muralha, compreendendo arranque de arbustos e ervas e refechamento de juntas com argamassa de cimento, cal e areia na torre da cadeia, limpeza de paramento de cantaria, compreendendo arranque de ervas e arbustos e refechamento das juntas das cantarias nas portas das muralhas e torre da cadeia; reconstrução de rebocos da 1.ª cintura de muralha, no Largo de Santa Clara e reparação de um telhado de uma habitação junto a essa mesma zona de trabalhos; 1986 - obras de conservação, pelo empreiteiro António Serra: construção de alvenaria hidráulica em elevação com tapamento de rombos existentes nas muralhas, empregando pedra rija da região e argamassa de cimento e areia, no Arco do Bispo e nas muralhas da Rua da Bandeira; reparação de panos de muralhas, compreendendo arranque de ervas e arbustos e refechamento das juntas no Arco do Bispo e nas muralhas da Rua da Bandeira; reconstrução de rebocos desligados e salitrados no Arco do Bispo; proteção e valorização das muralhas, pelo empreiteiro António Serra: no Arco do Miradeiro, no Arco de Nossa Senhora da Encarnação, nas muralhas a nascente, com construção de cobertura de telhados, na cobertura do alpendre da Santa na porta de Nossa Senhora da Encarnação; tratamento de rebocos e refechamento de juntas no Arco do Mirandeiro; fornecer e assentar tijolos maciços iguais aos existentes no local, no Arco do Miradeiro; reparação de panos de muralha, compreendendo arranque de ervas e arbustos e refechamento de juntas no Arco de Nossa Senhora da Encarnação e na muralha a nascente; reparação de panos de muralhas, compreendendo picagem de rebocos, arranque de ervas e rebocar com argamassa de cimento, cal e no Arco do Mirandeiro; reparação da porta de entrada do Castelo e sua pintura; caiação das paredes e abóbadas das entradas das portas de Nossa Senhora da Encarnação e Arco do Mirandeiro; 1994 - obras de conservação na cintura interna das muralhas fernandinas e no troço existente na Rua das Escadinhas; 1996 - obras de reparação de rombo na muralha fernandina, na zona confiante com o logradouro da sede da Banda 14 de Janeiro, pela firma António Serra - Construções, Ldª: limpeza e arranque de todas as formações vegetais, escoramento do rombo, execução de alvenaria de pedra, execução de rebocos de cal e ária e caiação.

Observações

*1 - Terá sido na porta do Templo, depois conhecida por porta dos Santos, mas também denominada por porta do Trem ou do Trempem, que os Templários teriam penetrado na cidade, durante a conquista de Elvas, no reinado de D. Sancho II. *2 - Para além das três portas que ainda hoje existem, há memória de duas outras: a porta de Santiago, a sul, em frente da Igreja de Santa Maria dos Casados, demolida para construção da agência do Banco Nacional Ultramarino, na atual Rua da Carreira; e a porta Ferrada, a nascente. Aires Varela identificou a porta dos Banhos com a porta Ferrada, acreditando que esta porta, tanto podia ser conhecida pela sua proximidade aos banhos públicos, como pelo fato de ser chapeada com ferro. Contudo, o pároco da freguesia de São Pedro, nas Memórias Paroquiais de 1758, diferencia as duas portas, referindo que a porta Ferrada se implantava junto à torre que então servia de base à torre sineira da Igreja de São Pedro, e a porta dos Banhos no local onde então se abria a moderna porta de São Vicente, e nas imediações da qual, ainda existia, extramuros, uma fonte de grande tradição. Tal parece ser mais verosímil e harmonizar-se com o que Aires Varela diz quanto à data em que se tenta tomar a cidade, pois foi "em 29 de Junho de 1228, dia do martírio do apóstolo S. Pedro, lhe ganharão [os cristãos aos muçulmanos] a porta de ferro, q. Até a prez.te chamarão ferrada; aqui morreo m.ta gente p.lo arteficio q. Tinha. E porq. Não puderão os nossos passar adiante, celebrarão naquele lugar, arrimado ao muro missa " (Varela, p. 54). Este facto deve ter estado na base da escolha do local da construção e do orago da Igreja de São Pedro, arrimada e sobre os muros da cerca urbana, conforme desenhado pelo capitão António José da Cunha Salgado, em 1819, explicando também a sua planimetria irregular. Isso mesmo refere o padre da freguesia da Sé, que informa ser a igreja "muiyo antiga e muyto mal feita, é de três Naves (...) Cada hum dos Arcos he diferente como tambem as Colunnas em q se estribam. O Lugar donde esta fundada eram Muros de antepenúltima fortificaçam". Na capela-mor, tinha uma tribuna de madeira, lisa, dourada, de abóbada, onde se expunha o Santíssimo e "Debacho desta Tribuna, e detrás do Altar esta o Coro donde se Rezam os officios Divinos, com outo Cadeyras, e hum orgao para as funções Cantadas. Antes de se fazer este Coro era Huma passagem com duas portas, e entre dous muros antigoz da antepenúltima fortificação, e se chamava a porta da ferrada, e entrando para dentro a mão esquerda havia hum modo de Altar de alvenaria, e nas paredes humas pinturas, e sendo eu Muchacho ouvi dizer, que neste Lugar dissera a primeira Missa quando esta terra foy tomada aos Mouros". A denominação de porta ferrada deve-se ao seu chapeamento metálico ou até a uma tradução de "bâb al-Hadîd", ou "de ferro". Contudo, Fernando Branco Correia considera que o dito "artificio q.tinha" pode também dever-se a ser uma porta em cotovelo, com um percurso sinuoso ou com um flanqueamento produzido por uma torre saliente. *3- A denominação deste arco está ligada à tradição difundida por Aires Varela, de ter sido o local da cerca islâmica por onde, aquando da conquista definitiva de Elvas, as tropas do Bispo de Évora entraram na cidade, dando origem à designação de Porta do Bispo. Posteriormente, foi junto a esta porta que o bispo de Évora manda edificar os Paços Episcopais. *4 - Segundo os vários autores, a muralha fernandina tinha 22 torres e 11 portas, que seriam, no sentido oposto aos dos ponteiros do relógio, partindo do norte, as do Trempem (próxima da porta do Templo), São Martinho (próxima da Igreja de São Martinho), dos Enforcados (por se implantar na proximidade de uma forca, nas imediações da atual porta da Esquina), São Francisco (no fim da rua do mesmo nome, sendo hoje uma poterna), de Évora (na frente da rua do mesmo nome e onde viria a ser construído o Hospital de São João de Deus), de São Pedro (próximo dos fornos do rei, onde hoje existe poterna com o mesmo nome, nas imediações do Assento), de Olivença ou porta Real (por onde se acedia ao Rossio do Concelho e por onde entrava a família real, sensivelmente no local da atual porta de Olivença), dos Mártires (em frente do Convento de São Domingos), de Badajoz (então conhecida como Badalhouce ou Badalouce, talvez correspondendo à antiga porta de Armas do Regimento de Infantaria, na zona do Casarão), dos Banhos e do Hospital (perto de São João da Corujeira). Fernando Branco Correia alerta para o facto de nem todas as portas terem sido abertas na mesma época, datando umas ainda da segunda metade do séc. 14, e outras serem mais tardias; algumas serem postigos e não portas; e ainda de nem todas poderem ser consideradas como pertencentes à cerca fernandina. Isto porque, devido às duas extremidades da muralha se apoiarem na segunda cerca islâmica, algumas portas normalmente consideradas como pertencentes à cerca fernandina serão, na verdade, portas abertas em troços da muralha islâmica e contíguos àquela. É disso exemplo a porta do Templo e a do Hospital. Segundo Amilcar Morgado, a cerca fernandina teve nas imediações da atual porta da Esquina uma outra, conhecida por porta dos Enforcados. Fernando Branco Correia acha que no período medieval tal abertura já devia existir, mas talvez fosse apenas im pequeno postigo. A forca, que acabaria por influenciar a designação da porta, é visível nos desenhos de Duarte Darmas, na vista de Elvas tirada do sul, e, apesar de não ser visível nenhuma porta que para lá se dirigisse diretamente, não quer dizer que não houvesse um postigo (Correia, 2013, p. 181). *5 - Em 1758, conforme testemunho do pároco da freguesia da Sé, nas Memórias Paroquiais, esta lápide, em honra da Imaculada Conceição, estava colocada na frontaria do edifício dos Paços do Concelho, enquanto, que sobre o arco rasgado por baixo da Câmara e por onde se fazia ingresso para a praça, estava um outro, mandado colocar, por carta de D. João IV, de 30 de junho de 1654, em todas as portas das cidades e vilas, com a inscrição: "Nossa Senhora / foi concebida / Sem peccado / original". Assim, a substituição desta última lápide pela que estava na fachada da Câmara terá ocorrido em data posterior. *6 - Da antiga medina islâmica ainda existem vestígios, como a cisterna da mesquita, de três naves, separadas por arcos de volta perfeita, sobre pilares, com os extremos facetados e mais estreitos, ao lado da Igreja de Santa Maria da Alcáçova, e o poço do Alcalá, atualmente integrado no interior de uma casa particular. *7 - Antes desta expedição, D. Sancho II procura obter alguns apoios, nomeadamente do papa Honório III, o qual envia, a 13 de junho do mesmo ano, carta ao arcebispo de Braga, a conceder-lhe a faculdade de absolvição da pena de excomunhão canónica "… aos clérigos e leigos da sua província eclesiástica que se incorporarem no exército cristão contra os mouros…". A dificuldade de conquistar Elvas, em parte, deve ter-se prendido com a boa conservação das suas muralhas. *8 - Gonzaga de Azevedo considera que o foral não poderá datar de antes de 1230, dado o mesmo referir que o rei já tem Elvas dos "sarracenos". Acrescenta ainda que, dado o exemplar do foral existente ser de "Leitura Nova", não é impossível que tenha havido uma cópia negligente, a que faltasse um pequeno elemento da data (Correia, 2013, 143). Para José Matosos não é impossível que o abandono de Elvas pelos poderes islâmicos, bem como o foral, datarem de 1229, dando-se a entrada de D. Sancho II em Elvas já no ano seguinte. *9 - Não existe concordância entre os historiadores quanto à data da conquista definitiva de Elvas. Segundo José Matoso, a passagem de Elvas do domínio islâmico para o cristão teve dois momentos. Um primeiro, em 1229, com o do abandono da cidade e a concessão do foral, e um segundo, em 1230, com a entrada de D. Sancho na cidade, no mesmo dia em que se realiza a conquista de Mérida. A conquista da cidade teve participação de freires portugueses de Ordens Militares, mas D. Sancho reserva Elvas para a Coroa. Para Aires Varela, o cerco cristão de Elvas terá durado três anos, até ser tomada. Teria tido início em 1226, com a tomada de uma porta pelos homens do bispo de Évora (de que resultaria a fundação da primeira paróquia cristã), e terminaria em 1228, com a tomada da quarta porta e consequente fundação da quarta e última paróquia urbana. *10 - Data de 1267, um escambo entre a clerezia de São Pedro de Elvas e o Mosteiro de Alcobaça, de propriedade não longe da porta dos Banhos e uma outra no arrabalde do Ferrageal, em troca de uma herdade no Caia. *11 - A lápide, atualmente num museu local, tem inscrita "ERA ? Mª ? IIIIc : V ? ANO [s...] / IANEIRO ? COMECOU", bem como as armas do Município de Elvas. A data de 1367 corresponde aos últimos anos do reinado de D. Pedro I ou aos primeiros momentos do reinado de D. Fernando. *12 - Segundo Fernando Branco Correia, a porta de São Domingos deverá corresponder à porta dos Mártires, dada a referência de, em 1464, se proceder ao "aforanto de um chão, entre a Porta dos Martyres e a d'Olivença", a Fernão Rodrigues do Amaral, indiciando a localização tratar-se da mesma porta. *13 - Segundo os procuradores, "no tempo del Rey dom joam voso avoo cuja alma deus aja huum alcayde do castello da dita villa tractou com a Rainha dona Briatiz de Castella de lhe dar o castello e tomou voz por elle e foy combatido dos da villa e tomado por força e o moor embarguo que lhe teveram pera lho tomar foy huua barreira que estava à porta do dito castello de dentro da villa e o Condestabre per mandado do dito Senhor Rey foi à dita villa e fez derribar esta barreira e dous lamças do muro da Alcaaçova e huua torre que se fazia por fortalleza do castello mandou que se nam fizesse todo esto foy feito a requerimento da villa assim que se outro alcaide cometesse deslealdade que o castello mais ligeiramente fosse tomado". *14 - Com a construção da cerca fernandina, a cerca da medina islâmica, ou "çerqua do meo", vai sendo relegada para plano secundário, passando a ser absorvida por algumas construções novas, ainda que mantendo os acessos desimpedidos, para permitir a sua utilização, caso a cerca de fora não resistisse a um eventual assalto inimigo. Assim, desde meados do séc. 15, existem várias referências documentais à sua barbacã e à ocupação da liça para construção de casas, nomeadamente pelo rei, que as afora a várias pessoas. Aliás, um dos rendimentos fixos do concelho provinha dos foros de casas e chãos implantados ao redor da "barreira da cerca velha", que rendiam anualmente cerca de 200 reais para o concelho. Algumas das casas encostavam-se aos muros da cerca, que devia ser reparada pela terça parte do rendimento do concelho, queixando-se os representantes do concelho, nas cortes de 1459, que já por 3 ou 4 anos que o contador da comarca tinha lançado mão aos ditos foros e que os cativara para o rei. O processo de ocupação da liça vai-se acentuando com o avançar da centúria, provocando queixas por parte do povo. Por exemplo, em 1470, o fidalgo Rui de Brito e sua mulher Catarina Álvares, aforam um chão do rei localizado na "barbaqãa na parte de comtra a praça amtre as casas do dicto Ruy de Brito E o dicto muro". Perante os protestos do povo, o rei reafirma a doação, mas determina que, se fosse necessário ao bem da vila, o dito "atalhamento" feito por Rui de Brito seja deitado abaixo, prometendo ainda não fazer mais concessões que envolvam a zona entre a barreia e o muro. Tal não aconteceria, porque logo no ano seguinte, o fidalgo João Lopes de Baião pretendeu construir casas sobre a muralha da cerca velha e sobre uma das suas torres que dava vistas para o espaço em que se realiza a feira. O concelho consente, "por ser luguar que muyto afremosemtaria e nobreceria a dita villa", mas, como o senhorio dos muros e torre é do rei, o mesmo teria de pedir-lhe licença. A 9 de maio, o rei autoriza a construção da casa sobre a muralha e torre, mas João Lopes teria de dar servidão do muro ao concelho, no caso dos elvenses, em momento de ataque inimigo, terem de deixar "a çerqua de fora por sua defensam e nosso serviço". Em 1472, a 01 de abril, concede-se também licença a Francisco Rodrigues para tapar 13 ameias da muralha, evidenciando a apropriação da muralha nas construções particulares. *15 - A de 2 de novembro de 1469, D. Afonso V encarregara Afonso de Aboim, cavaleiro da casa do rei, das funções de vedor-mor das obras da comarca de entre o Tejo e o Guadiana. Contudo, a sua atuação causa conflitos com a população de Elvas, levando a que os dois representantes do "povo miúdo" (Vasco Pires e Rui Dias) pedissem ao rei a gestão da terça parte das rendas do concelho pelo povo, para ficar encarregue das obras de reparação das muralhas. D. Afonso V doa então ao "povo miúdo" a direção desses trabalhos, o qual se propõe gerir "a terça das rrendas do concelho da dita villa asy como he apropriada para as obras", de modo a "rrepariarar, correjer e fazer sse conprir toddollos muros torres cobellos e barbaquás e quaees quer outras obras dos ditos muros da dita villa". É referido também a existência de "muitos muros e torres derribadas e outras gramdes despesas que aas ditas obras pertencem", pelo que é pedido o dinheiro que estava nas mãos dos vedores e oficiais para, "obrarmos com elle o que conpre a vosso serviço". Fazem apreciação geral negativa à qualidade de conservação das muralhas, referindo "o gramde dano e de longo tempo que he fecto nos muros e torres desta villa". Ao responder, o monarca, embora assegurando que "por agora nom he nossa tençam mandarmos fazer algua obra de novo salvo mandar repairar o que fecto he", salvaguarda a possibilidade de, "(...) casso que seja necessario pera bem e defensam da villa fazersse alguma obra nova que vos a façaes pois esta terça per ysso he apropriada". Ao mandar fazer as obras, o monarca determina que sejam na "villa e também do castello". *16 - Segundo a planta elaborada por Duarte de Armas, o castelo, de planta regular, tem num dos ângulos das muralhas ampla torre de menagem, com 9 varas de largura por 8 de comprido e 19 de altura, e 1 vara e meia de espessura, tendo inferiormente cisterna e sendo abobadada. Dela partia um dos muros da vila e entre ela e uma torre, com 4 x 4 varas e 2 passos, da altura da muralha, que tinha 8 varas, abria-se a porta principal, protegida por barbacã da porta, com troneira. Do lado oposto à torre de menagem, implantava-se de ângulo um cubelo facetado, que ainda não estava acabado. Na frente poente, também integrada no ângulo e partir da qual se desenvolvia o outro muro da vila, tem uma torre, de 4 x 5 varas e com 11 varas de altura, e um cubelo de quatro varas sensivelmente a meio, abrindo-se junto à primeira a porta falsa, protegida por barbacã, seccionada. Na frente noroeste tem uma outra torre saliente, com 3 varas de largura e 9 de altura. No interior, o castelo era circundado pelos aposentos do alcaide, alguns sobradados e no ângulo sudeste integrando cisterna. Na vista tirada do sul, observa-se a muralha fernandina, bem destacada a envolver o burgo, com espaços livres na malha urbana, em aparente bom estado, ameada, com torres quadradas, colocadas espaçadamente, envolvida por barbacã comprida, cujas torres tinham talude e troneiras, e fosso, junto à qual Duarte de Armas faz a legenda "mujto bõoa barreyra e caua"; para poente há ainda indicação de uma das portas desta muralha. Num plano mais elevado, é representada a muralha islâmica, já com alguns sinais de ruína, com torres quadradas implantadas num ritmo mais apertado, destacando-se, para nascente, uma muito alta, coberta por coruchéu e identificada como torre do Relógio, e, para poente, uma outra, facetada e rematada em parapeito ameado. Na vista tirada do norte surge individualizado o castelo, em bom estado, com as suas torres, sendo a de menagem mais alta, e os aposentos do interior coroados por chaminés, mas a diferenciação das várias cinturas de muralha é mais difícil de estabelecer. Sobre o casario sobressai a torre do Relógio e a delimitá-lo, incluindo o Convento de São Domingos, uma cintura de muralhas, com torres quadradas, ambas ameadas e em bom estado, sinalizando-se ainda duas portas, protegidas por barbacãs. Junto ao castelo, sobre um troço de muralha com torre, tem a legenda "aquj esta a porta falça". *17 - Conforme apresentado pela Câmara, "a Porta Nova, que está nos muros a dentro na cerca velha, dentro na serventia tinha uma torre por onde se serviam ao redor della com muito trabalho e perigo, porque já alli se haviam matado tres homens, sendo uma das principaes serventias da cidade, e por onde iam as procissões". O rei concede que a dita porta se faça a direito, abrindo para isso a torre e comprando-se "umas casinhas d'almocreve, que estavam da outra banda como já se fizera em outras pates da cidade". *18 - Foram feitos vários preparativos para receber D. Filipe I, nomeadamente em termos urbanísticos, na zona interior da segunda cerca islâmica. De facto, para se poder alojar o monarca no palacete dos Mesquitas, junto à entrada do bairro da alcáçova, decide-se rasgar uma nova artéria, traçada ortogonalmente, denominada Rua Nova de São Martinho (atual Rua dos Quartéis), derrubando várias casas. O rei entrou na cidade de Elvas pela porta da Esquina da cerca fernandina. *19 - A resposta ao inquérito de 1758 pelo pároco da freguesia de Santa Maria da Alcáçova é bastante elementar, indicando apenas quanto às estruturas militares, que "reside esta igreja no castelo da mesma cidade, com muros e torres muito antigas, do qual se divisa a cidade de Badajoz, Reino de Castela, com o Rio Guadiana, que se divide um reino do outro", sendo os condes de São Lourenço os alcaides-mores do castelo. Contudo, os párocos das outras freguesias da cidade são muito mais generosos. O pároco da freguesia da Sé, relativamente à segunda cintura de muralhas islâmica, refere que, junto das casas do Juiz de Fora e da cadeia pública, "por onde o mesmo muro se Continuava sta huã grande torre quadrangular, Cujos aposentos inferiores serve, tambem de Cadeia, e os superiores de passeo e Recreação dos Juizes de Fora". Por Cima do arco do Bispo, junto ao qual ficava o Paço Episcopal, "Corre, para o Norte, o muro antigo da Villa quando os môros posuião esta terra; Nelle há duas pequenas torres quadrangulares em bom stado, que servem de passeio e Recreação ao Prelado e sua família: E no fim d'este muro junto à Vedoria d'Artelharia se acha huã torre polígona de formigão, ou terra argamassada Com tam grandes fendas, que parece ameaçar a ultima Ruina; porem dá muitos séculos se acha n'esta forma". Na área da freguesia de São Pedro, o pároco refere que a Igreja Paroquial fora fundada nos muros da "antepenúltima fortificaçam", e que tem "huma torre muito Antígua e muito grande com dous Sinos e muito arruinada com o tremor passado ameaçando grande Ruina, e debacho dela esta a Sanchristia da Igreja, e sobre esta o Concistorio de nossa Senhora da Luz, e sobre este fica a torre com hum Zimborio muito grande", tendo o mesmo já avisado da ruína, por duas vezes, o Marquês do Lavradio, por ser o comendador, mas não obtivera resposta. Sobre este muro antigo "feito de argamassam, sem terra alguma e pegado a mesma Igreja, esta huma grande azinheira e se chama a Azinheira de São Pedro, informando que o muro teria quatro varas de largura e seis de comprido. Na continuidade, e também pertencente à segunda linha de muralhas, na então Rua do Cano, "(...) e antiguamente se chamava Rua da porta dos banhos e depois Rua das Orteloenz, indo para Sima a mão direita esta hum muro antigo de Argamação já mtº arruinado, e no meio de sta Rua está hum muro antigo digo huma torre de Alvanaria grande e forte, tinha ameas, a depois lha desmancharem, e lhe fizeram telhado, e Servio de Almarzem da Polvora em o tempo da guerra, e mais para bacho, e junto a mesma Igreja está outra torre mais pequena ainda Com ameias, e era esta frutificação a antepenultissima e debacho desta estavam outras muralhas de pedra, e Cal que ainda hoje existem muitos pedaços". Ainda dentro da freguesia, havia "freguesia hum pedaço de muro antigo muito alto, que hoje serve de Varandas aos Religiozos Dominicos, e no fim está huma torre Com Ameyas, e he depanultima fortificação, e no bacho deste muro estam Sinco Cavallarices de Abobeda para as Tropas dele Rey nosso Snr". O pároco de São Pedro descreve a porta de São Vicente da fortaleza moderna, que "antigamente se chamava porta dos Banhos", referindo existir ao sair da mesma, "junto a explanada do fosso há humma fonte a que chamam fonte da prata agoa muyto Salobra, mas abundante, e nestes anos da Secca Sempra Lança muyta agoa de que o povo tinha muyta utilidade e desta passa a agoa pera hum chafariz para beberem as bestas, e deste para hum Lago donde se Lavam Roupas e ainda Sobra muyta agoa com que se regam algumas hortas. E me disseram alguns ouvirem que tinha virtude para apartar ouro da prata, he boa para quem tem dor de pedra, e muyta ma para os que padecem queychas do fígado, e he tradissam que algum dia havia banhos desta agua, por cujo motivo se chamam a que agora he porta de São Vicente Porta dos Banhoz". Já o pároco da freguesia de São Salvador, refere que a entrada na vila, aquando da conquista do séc. 13, se fez pela porta nova, e então se chamava Arco de Nossa Senhora da Encarnação "por se ter Colocado sobre ella a Imagem da Senhora, Q hoje no mesmo lugar veneramos. Está esta devotíssima Imagem Colocada em hum nicho, q se abrio em a parede de huma alta torre de forma Circular, que os Mouros tinhão Levantado sobre a porta a que torre está hoje anexa aos Palacios de Ruy Vás de Siqueyra, com cujos antecessores nasceo a devoção, e culto com que veneraram a tão Rica prenda colocada em propriedade sua". *20 - O castelo é então descrito como sendo constituído por um recinto muralhado, com várias torres, uma das quais de menagem, um cubelo, ruínas de várias edificações e um pátio interior, tendo de valor, não incluindo o arqueológico e histórico, 60.000$00. *21 - A justificação deste pedido prendia-se com o facto do Edifício do Quartel do Comando Militar da Praça se encontrar em más condições, com acesso por uma rua estreita e tortuosa, o que dificultava as entidades que o utilizavam e impossibilitava a regular formatura de uma guarda de honra, ainda que fosse de um pequeno efetivo, e o devido desfile em continência, em condições regulares. *22 - Esta torre, com 36m2 de área coberta, em 1978, era ocupada por um posto de rádio militar, o qual foi transferido, por volta de 1984, para o Quartel do Regimento de Infantaria, e posteriormente entregue à Câmara. Em 1990, estava devoluta, mas, a 24 de março de 1995, a Câmara cede-a, a título gratuito, a Luís Manuel Domingos Pedras, para ali instalar um atelier de olaria. Sete anos depois, a 17 de dezembro, a torre é arrendada a Inácio Capinha Rafael, pelo prazo de um ano, por 3.000$00 anuais, para ser utilizada como armazém de material não explosivo ou inflamável. Em 2006, procede-se ao auto de mudança de utente da torre, a efetivar a partir de 1 de julho, a favor do Regimento de Cavalaria n.º 3. *23 - As obras de conservação e restauro realizadas no castelo, durante a década de 1940, são mais especifica no Boletim da DGEMN, constando de: consolidação de diversos panos de muralha; reconstrução da torre da frente sudoeste junto à porta principal, do cubelo da frente poente que protegia a porta da traição e de alguns panos de muralha; recomposição e reajuste dos adarves, dos merlões e ameias das guardas das escadas de acesso e no lajedo dos pavimentos; reconstrução da cobertura da torre de menagem e das seteiras do primeiro piso da mesma; revestimento hidrófugo da cobertura da torre poligonal; remoção do painel de azulejos com a Sagrada Família, cornija e elementos decorativos existentes sobre a porta principal do castelo, construindo-se sobre ela falso balcão assente em cachorros; desentulho da galeria de acesso à porta da traição e substituição da respetiva grade de ferro por uma porta apropriada; tomada das juntas, em todos os paramentos das muralhas e torres; desobstrução completa das cisternas; demolição dos dois barracões da fachada norte do castelo, que albergavam a carroça para condução de géneros e a pipa para fornecimento de água ao Quartel General, para libertar a fachada; demolição de anexos em ruína, bem como de diferentes construções, "sem cáracter", existentes na praça de armas; reintegração parcial da alcáçova; desaterros e regularização do pavimento da praça de armas; reconstrução da escadaria principal da alcáçova, com a respetiva guarda de cantaria; e reconstrução da cúpula da escada de caracol.

Autor e Data

Paula Noé 2018

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login