Jardim-Museu Agrícola Tropical / Jardim do Ultramar / Jardim Colonial

IPA.00009885
Portugal, Lisboa, Lisboa, Belém
 
Espaço verde científico / Espaço verde de recreio. Jardim botânico constituído, essencialmente, por espécies exóticas cuja plantação se destinou a desenvolver o estudo da flora das colónias portuguesas. Tem espécies de aclimatização e herbário. Coexistem várias tipologias: o Jardim Formal, localizado em frente do Palácio da Calheta, desenvolvido a partir de dois eixos de simetria ortogonais que se cruzam no ponto central deste jardim ; Jardim Paisagísta caracterizado pela existência de linhas fluidas do seu traçado, naturalização das margens dos lagos, e espécies exóticas aplicadas. A fruição da frescura repousante oferecida pela riquíssima colecção de espécies exóticas e elementos de água distribuidos pelo jardim. A componente cultural aliada à componente científica permite o melhor conhecimento da variedade de espécies exóticas.
Número IPA Antigo: PT031106320614
 
Registo visualizado 1503 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Espaço verde  Jardim  Jardim botânico      

Descrição

Jardim murado, de planta trapezoidal orientado a SO.. Plantado em terreno declivoso, o jardim é caracterizado por estrutura orgânica, na qual se inserem alamedas, lagos, estufas, campos experimentais, jardim oriental e canteiros onde se dispersam várias espécies exóticas. No topo N., eleva-se o Palácio da Calheta (v. IPA.00011278) onde está instalado o Museu Agrícola Tropical. Adossado à fachada S. do palácio, desenha-se grande tanque rectangular, com função de espelho de água, reflectindo a fachada do palácio, atravessado por ponte de acesso a jardim rectangular, implantado em patamar rebaixado cerca de 3 m, definido por muretes com floreiras e bancos adossados, centralizado por composição formal em buxo estando plantadas roseiras nos interstícios dos desenhos do buxo que apresentam essencialmente linhas curvas, funcionando assim como roseiral. A N. e a O., integrados no jardim, estão dispersos os edifícios da administração, assim como as zonas de estufas e campos experimentais nas quais se podem apreciar algumas colecções de plantas tropicais e subtropicais. É de salientar a existência da mais antiga estufa do Jardim - Museu Agrícola Tropical, edificada em 1914, com estrutura em ferro e portão de entrada do séc. 19. A E., o arco representativo do "Pagode da Barra", o mais antigo território de Macau, marca a entrada do Jardim Oriental caracterizado por jogos de água, arruamentos, desníveis e espécies típicas da região. A S., desenvolve-se um lago alimentado por uma linha de água que tem origem numa gruta artificial localizada no centro do jardim. Este lago, bordejado por espécies botânicas das famílias Zamiaceae, Cicadaceae e Palmaceae, tem no centro "ilha" com pequeno pomar de espécies fruteiras africanas. Dispersas pelas diferentes áreas do Jardim encontram-se diversos exemplares de espécies tropicais e subtropicais, tais como: Ficus religiosa, Ficus macrophyla, Ficus sycomorus, Ginkgo biloba, Phoenix canariensis, Washingtonia filifera e Syagrus romanzoffiana, Erythea armata, Brahea edulis. A rede de percursos é constituída por grandes alamedas e caminhos que deambulam pelos diferentes espaços. A estatuária presente no jardim está, geralmente associada aos elementos de água e a áreas de estadia. No jardim estão distribuídos diversos equipamentos como bancos de estadia associados ou não a pérgolas, bebedouros, pavilhões e jaula.

Acessos

Largo dos Jerónimos; Calçada do Galvão; Travessa dos Ferreiros; Rua General João de Almeida

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 19/2007, DR, 1.ª série, n.º 149 de 03 agosto 2007 *1

Enquadramento

Urbano. Sistema de vistas sobre o rio Tejo. Contíguo a E. à propriedade do Palácio de Belém, acompanha a O. a Calçada do Galvão desde o Largo dos Jerónimos até à R. General João Almeida, artéria esta que a N. contorna o Palácio da Calheta (v. IPA.00011278). Apresenta ainda nas imediações, o Mosteiro dos Jerónimos (SW.) e a Igreja da Memória (N.).

Descrição Complementar

O jardim fonteiro ao palácio da Calheta foi desenvolvido principalmente num patamar intermédio, cerca de 3m. abaixo da cota de soleira do palácio sendo o declive vencido por dois lances de escadas, existindo dos dois lados da escada um talude relvado; neste patamar foi projectado um jardim formal em buxo que apresenta como peça central um ciprete ( Thuja orientalis) situando-se bilateralmente um desenho de buxo de linhas exclusivamente curvas apresentando um desenho de cornucópias, nos interstícios das quais se encontram plantadas roseiras, constituindo esta composição um roseiral. Na "Carta de Padrão" é referida "uma casa de recreação no canto do prazo de cima com janela para ocampo sobre a ribeira dos Gafos com ornato de estuque e uma fonte com estátua de mármore de Itália". Trata-se da casa de fresco conhecida por asa do Veado, construção com estuques que ornam a abóbada.

Utilização Inicial

Científica: jardim botânico

Utilização Actual

Científica: jardim botânico / Recreativa: jardim

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Instituto de Investigação Científica Tropical

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ESCULTOR: Bernardino Ludovici (1737); José Mazzvoli Senensis (1717).

Cronologia

Séc.17, meados - construção do palácio, provavelmente por D.João Gonçalves da Câmara, 4º conde da Calheta (m.1656), como residência de veraneio; 1656 - por falecimento do conde de Calheta, passa a propriedade para a sua irmã e herdeira, D. Mariana de Lencastre de Vasconcelos e Sousa da Câmara, 5ª condessa do título pelo casamento com seu tio; 1701 - residia no palácio D. Joana de Távora, viúva desde 1684 de D.Simão de Vasconcelos e Sousa da Câmara; 1726, Setembro - aquisição do palácio pelo rei D. João V ao neto do 5º conde da Calheta, D. Pedro de Vasconcelos e Sousa da Câmara, pela quantia de 50.000 cruzados, procedendo-se à sua reedificação; O Jardim toma o nome de "Regius Hortus Suburbanus"; 1737 - execução de várias esculturas pelo escultor romano Bernardino Ludovici; 1758, 3 Setembro - na proximidade do denominado Pátio das Vacas, logradouro da casa Calheta, verifica-se o atentado contra D.José I, que culmina do processo dos Távoras, tendo alguns dos interrogatórios decorrido no palácio; 1783 - Criação do Museu Agrícola; 1906 - Criação do primeiro Jardim Colonial, nos jardins do Palácio dos Condes de Farrobo, como "depência pedagógica" do Instituto Superior de Agronomia sob a direcção do Prof. José Joaquim de Almeida; 1910 - o Jardim Colonial foi transferido para o Jardim Botânico da Ajuda; 1912 - cedência da cerca do palácio da Bélem para a instalação do Jardim Colonial; 1914 - transferência do Jardim Colonial para os terrenos da cerca do Palácio de Belém , os terrenos da Quinta do Meio e parte dos terraços e jardins do antigo Palácio dos Duques de Aveiro; 1916 - instala-se no palácio o Museu Agrícola Colonial; 1940 - é montada no palácio a secção colonial da Exposição do Mundo Português; 1944 - projecto do arquitecto paisagista Francisco Caldeira Cabral (1908-1992), não executado, do jardim formal fronteiro ao Palácio Calheta, onde já funcionava o Museu Agrícola Colonial; 1944 - Fusão de dois organismos num só, Jardim Colonial e o Museu Agrícola Colonial, sob a designação de Jardim e Museu Agrícola Colonial; 1958 - Já se encontrava construído o actual jardim fronteiro ao Palácio da Calheta; 1974 - Criação do Jardim-Museu Agrícola Tropical; 1986 - o Jardim toma a designação de Jardim-Museu Agrícola Tropical; 1992 - celebração de um convénio entre o IICT e a Fundação Berardo com o intuito de valorizar o Jardim-Museu Agrícola Tropical.

Dados Técnicos

Muros de suporte, escadas.

Materiais

INERTES: Alvenaria - edificações, Pedra - cantarias, escadas, margens de lagos, bancos, ferro - caramanchões, vedações, papeleiras, madeira - bancos. VEGETAL: árvores - agaté (Agathis robusta); amoreira branca (Morus alba) , araucaria-das-vasouras (Araucária cunninghami), araucária colunar (Araucária columnaris), aroeira (Schinus terebinthifolis), azinheira (Quercus ilex), biota-da-china (Platycladus orientalis), borracheira (Ficus elástica), casuarina (Casuarina stricta), coqueiro-de-jardim (Syagrus romanzofiana), dragoeiro (Dracaena draco), eritrina (Erythrina caffra), eritrina (Erythrina coralloides), ginkgo (Ginkgo biloba), grevilea (Grevillea robusta), lagerestrémia (Lagerstroemia indica), louro cerejo (Prunus laurocerasus), macieira (Malus pumila), maclura (Maclura pomifera), metrosidero (Metrosideros excelsa), nespereira (Erybotrya japonica), oliveira do paraíso (Elaeagnus angustifolia), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), romanzeira (Púnica granatum), washingtónia (Washingtonia filifera), zambujeiro (Olea europaea var. sylvestris); arbustos - fotínica (Photinia serrulata), loendro (Nerium oleander), pitosporo (Pitosporum tobira), viburno (Viburnum tinus); herbáceas - agapanto (Agapanthus praecox), bilbérgia (Billbergia vittata), estrelícia (Strelitzia nicolai),Haemanthus coccineus.

Bibliografia

AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; AAVV, Oásis Alfacinhas, guia ambiental de Lisboa, CML, Lisboa, 1997; AAVV., Pelas freguesias de Lisboa - Lisboa ocidental, Câmara Municipal de Lisboa, 1996; ANDRESEN, Teresa, Francisco Caldeira Cabral, Landscape Design Trust, 2001; ANDRESEN, Teresa, Do Estádio Nacional ao Jardim Gulbenkian. Francisco Caldeira Cabral e a Primeira Geração de Arquitectos Paisagistas (1940-1970), Fundação Caloute Gulbenkian, 2003; ARAÚJO, Norberto, Peregrinações em Lisboa, Livri IX, Lisboa, s.d.; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. IV, Lisboa, 1946; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; ATAÍDE, Manuel Maia, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V, Tomo 3, Lisboa, 1988; GASPAR, Diogo, et alli, Do Palácio de Belém, Museu da Presidência da República, Lisboa, Outubro, 2005; LIBERATO, Maria Cândida, AFONSO, Martim, Catálogo de plantas do Jardim - Museu Agrícola Tropical, Instituto de Investigação Científica Tropical e Fundação Berardo, Lisboa, 1994; SANCHES, José Dias, Belém e Arredores Através dos Tempos, Lisboa, 1940; SANCHES, José Dias, Belém do Passado e do Presente, Lisboa, 1964; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Sacavém, 1994.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo pessoal de Francisco Caldeira Cabral, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DIE/DRC/DEM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; DGARQ/TT: Chancelaria de D.João V, Livro 14, fl. 35

Intervenção Realizada

Observações

*1 - DOF: Palácio Nacional de Belém e todo o conjunto intramuros, nomeadamente o Palácio, os jardins e outras dependências, bem como o Jardim - Museu Agrícola Tropical. Horário de Funcionamento: 10-17h, encerra aos feriados.

Autor e Data

Marta Calçada 2001 / Teresa Camara 2004 / Luísa Estadão 2005

Actualização

 
 
 
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