Convento de Santo António / Igreja de Santo António

IPA.00009629
Portugal, Viana do Castelo, Caminha, União das freguesias de Caminha (Matriz) e Vilarelho
 
Arquitectura religiosa, maneirista e rococó. Antigo convento franciscano capucho, de que subsiste a igreja e uma pequena ala conventual, no lado direito, a primeira de planta maneirista, com nave única, para onde abrem três capelas, duas intercomunicantes, seguindo o esquema de Vignola, na Igreja do Gesù, em Roma, com capela-mor mais estreita e sacristia desenvolvida no lado direito, possuindo coberturas internas diferenciadas em falsas abóbadas de berço, assentes em cornija de cantaria, iluminada unilateralmente, por quatro janelas rectilíneas que se rasgam na fachada lateral esquerda e pelas janelas da fachada principal. Fachadas com cunhais apilastrados, os da principal com silhares almofadados. Fachada principal com remate em empena contracurva, interrompida e com fragmentos de cornija, seguindo os esquemas barroco finais dos conventos de Santo António de Viana, Melgaço, Monção, Orgens e Moncorvo, bem como as de São Pedro do Sul e Fraga; ao centro galilé em arco abatido, tendo no interior o portal axial e as portas da portaria e da Capela do Senhor dos Passos, encimada pelo janelão do coro-alto, ladeado por dois nichos com imaginária, ambos com molduras recortadas, encimados por óculo lobulado. No lado direito, campanário de dois registos separados por friso e cornija, o inferior com janelas rectilíneas e o superior com uma sineira em arco de volta perfeita e remate simples em friso, cornija e pináculos, seguindo o esquema dos conventos de Arcos, Melgaço, Monção, Mosteiró, Moncorvo e Vila Real. Interior com pavimento em taburnos de madeira com réguas de cantaria e coro-alto em arco abatido, assente em pilares toscanos, com guarda torneada, possuindo tribuna lateral, no lado da Epístola, assente em pequena mísula, com órgão barroco, com castelo central e nichos laterais, rematado por espaldar recortado. No mesmo lado, o púlpito setecentista, quadrangular, com guarda vazada torneada e acesso por porta em arco de volta perfeita. As capelas laterais, bastante profundas, possuem arcos de volta perfeita, com coberturas em abóbadas de berço de cantaria, duas delas intercomunicantes, tendo, nos pilares, os confessionários, possuindo, retábulos de talha dourada rococós. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, ladeado por nichos de volta perfeita, de acesso à capela-mor, com supedâneo de cantaria, com degraus centrais, onde surge retábulo-mor de cimento, revivalista, neo-rococó. O claustro tinha cinco arcadas no piso inferior e seria arquitravado no superior, com celas nas três alas do piso superior.
Número IPA Antigo: PT011602070044
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  Ordem de São Francisco - Franciscanos Capuchos (Real Província da Conceição)

Descrição

Igreja de planta longitudinal composta por nave com três capelas laterais, duas delas intercomunicantes no lado do Evangelho e uma no lado oposto, que comunica com o vão de acesso à antiga zona conventual *2, com capela-mor, possuindo, no lado NO., um anexo e sacristia, de volumes escalonados e coberturas diferenciadas em telhados de duas e uma água. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueadas por cunhais em cantaria, firmados por pináculos boleados, os da fachada principal almofadados, rematadas em cornija e beirada simples. Fachada principal virada a NE. com remate em empena contracurva, interrompida e percorrida por friso e fragmentos de cornija, possuindo cruz latina no remate, estando elevada relativamente ao telhado. É rasgada por três vãos, o central correspondendo ao portal axial, de acesso à igreja, o lateral esquerdo à Capela do Senhor dos Passos, com estrutura retabular, pintada e dourada, e o direito de ligação à antiga portaria; o central é em arco abatido, com fecho saliente e remate em friso, sendo os laterais em arco de volta perfeita, assente em pilastras toscanas; estão protegidos por portões de ferro pintados de verde, o central com as armas franciscanas e as iniciais "FM" e "ST", com a inscrição "ANNO 1887", possuindo portas de madeira almofadadas e pintadas de verde. Sobre o portal, surge janelão com os extremos curvos, com moldura de cantaria recortada e avental curvilíneo com espirais e borlas, ladeado por dois nichos em arco de volta perfeita, com molduras recortadas e bastante salientes, decoradas com espirais, formando inferiormente avental semelhante ao do janelão, albergando as imagens, em pedra, de São Francisco, à esquerda, e de Santo António, à direita. Sobre o janelão, óculo lobulado com moldura curvilínea. No lado direito e ligeiramente recuado, o campanário de dois registos divididos por friso e cornija, o inferior com duas janelas quadrangulares, e o superior com sineira em arco de volta perfeita com moldura simples, possuindo um sino, com remate em friso, cornija e pináculos de bola, sobre o qual surge uma armação metálica, contendo sineta. Fachada lateral esquerda, virada a NE., marcada pela saliência das duas capelas laterais, com paredes rebocadas e pintadas de branco, com cunhais de cantaria e cegas, junto às quais se rasgam duas janelas em capialço. No corpo da capela-mor, duas janelas semelhantes. Fachada lateral direita, virada a NO., cega, possuindo duas janelas rectilíneas no corpo da sacristia. Fachada posterior cega, sendo visível a empena do arco triunfal, todas elas elevadas relativamente ao telhado. INTERIOR com a nave rebocada e pintada de branco, com pavimento em taburnos de madeira numerados, com guias de granito, possuindo cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, assente em cornija de granito. As janelas possuem sanefas de talha policroma, recortadas e ornadas por motivos fitomórficos. Coro-alto em arco abatido, sustentado por pilares toscanos, com guarda balaustrada e torneada, com marmoreados fingidos. O sub-coro possui abóbada de aresta e tem, nas fachadas laterais, duas pias de água benta em granito. O portal axial encontra-se protegido por guarda-vento de madeira encerada, com apainelados almofadados e vidraças na zona superior. No lado do Evangelho, tribuna de perfil convexo, assente em pequena mísula marmoreada, com guarda torneada e possuindo o antigo órgão e um mais recente, positivo. Ainda do mesmo lado, púlpito quadrangular, assente em mísula de cantaria com a data "1631", com guarda vazada em torneados, tendo acesso por porta em arco de volta perfeita; está encimado por sanefa com recorte e espaldar superior, ornado por festões de flores e rosetão, com elementos vegetalistas no remate. As capelas laterais possuem acesso por arco de volta perfeita com moldura de cantaria e cobertura em abóbada do mesmo material, com pavimento lajeado, sendo dedicadas a Nossa Senhora das Graças e Santa Isabel, no lado do Evangelho, e a oposta a Nossa Senhora das Dores; nos pilares das capelas, rasgam-se os confessionários, em arcos abatidos e molduras de cantaria; À última capela, sucede-se o vão de volta perfeita, que liga com a antiga zona conventual. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas, ladeado por dois nichos em arco de volta perfeita, encimados por pedras de armas; sobre o arco, uma mísula de cantaria. Capela-mor com as paredes rebocadas e pintadas de branco, com pavimento de madeira e cobertura em falsa abóbada de berço, rebocada e pintada de branco, possuindo, no lado da Epístola, duas janelas rectangulares que abrem para o anexo e porta de verga recta de acesso à antiga zona regral e sacristia, de dois pisos *3, rebocada e caiada, revestida com azulejos de padrão moderno, com pavimento em taco de madeira e tecto plano, estucado. Sobre supedâneo de perfil curvo e em cantaria de granito com degraus centrais, retábulo-mor de cimento, de planta côncava e um eixo definido por duas colunas de fuste liso e marmoreadas a verde, com ampla tribuna central de perfil curvo e moldura recortada e ornada por enrolamentos e volutas, rematando em cornija e resplendor, contendo trono expositivo de quatro degraus, encimado por maquineta. Lateralmente, surgem duas mísulas com imaginária, sob as quais se rasgam portas de acesso à tribuna, de volta perfeita com moldura recortadas e remates em cornijas curvas. Na base da tribuna, o sacrário flanqueado por elementos recortados. Altar em forma de urna, tendo, em frente, a mesa de altar de madeira encerada, com tampo e dois pilares. Confrontantes, duas credências de talha pintada e dourada, ornada por concheados e elementos fitomórficos.

Acessos

Caminha, Rua Benemérita Rosa Maria Joaquina de Sousa; Calçada de Santo António

Protecção

Incluído na Zona de Proteção do Conjunto Fortificado da Vila de Caminha (v. IPA.00002169)

Enquadramento

Urbano, adossado ao Lar de Santo António *1, que ocupa parte da antiga zona conventual, junto ao cemitério paroquial, implantado em parte da antiga cerca, com acesso por portão de ferro no lado esquerdo. Tem acesso por calçada bastante íngreme, pavimentada a alcatrão, que leva a um pequeno terreiro em cantaria de granito, elevado relativamente à via pública, servido por escadas também em cantaria de granito. O terreiro forma um pequeno adro murado, encimado por pináculos que enquadram a entrada, lajeado, incorporando tampas sepulcrais epigrafadas. Surge, assim, sobranceiro à malha urbana. Na fachada posterior, surge parte da antiga fortaleza, que cingia a cerca do convento. No lado esquerdo da igreja, surge um corpo retangular simples, com cobertura a quatro águas, com as fachadas rebocadas e pintadas de branco, flanqueados por cunhais apilastrados, rematadas por friso e cornija. Possui, na fachada principal, virada a NO., uma porta de verga recta e moldura simples, encimada por espaldar contracruvo e volutado, ladeado por duas pedras de armas, a do lado direito, correspondendo às armas franciscanas, podendo ter sido um edifício pertencente à Ordem Terceira de São Francisco. Fachada lateral esquerda rasgada por duas janelas rectangulares e com molduras de cantaria, entre as quais surgem três cruzes latinas, em cantaria. Envolvido, por sul, sudoeste e poente por baluartes e cortinas seiscentistas, da Fortificação de Caminha (v. IPA.00002169), tem ainda nas proximidades, a norte, o Solar e Capela Avilez na Quinta das Leiras (v. IPA.00008987).

Descrição Complementar

Capela do Senhor dos Passos com vão em arco de volta perfeita assente em colunas toscanas de granito, protegido por grades de ferro pintadas de verde, possuindo um retábulo de talha dourada e policroma, de planta côncava, com um eixo definido por duas colunas coríntias, que sustentam o remate constituído por fragmentos de frontão e enquadram um amplo nicho envidraçado com a imagem do orago. No campanário, surge painel de azulejos azuis e brancos, com a inscrição: "RESTAURO DA IGREJA FEITO PELA CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS FRANCISCANAS HOSPITALEIRAS DA IMACULADA CONCEIÇÂO 1990" *4. No interior, sobre uma tribuna lateral, surgem dois órgãos, o primitivo do Convento e um positivo, de feitura recente. Assentam em mísula simples, de madeira pintada com marmoreados fingidos, sendo o primitivo composto por um castelo e dois nichos, tudo pintado com falsos marmoreados e rematado por elementos fitomórficos dourados, sem qualquer flauta. Junto a ele, um positivo de feitura contemporânea. As capelas laterais do lado do Evangelho possuem retábulos semelhantes de planta convexa e um eixo definido por duas colunas, envolvidas por falsa espira fitomórfica, assentes em altos plintos galbados, sustentando espaldar contracurvo, ornado por elementos fitomórficos entrelaçados. Ao centro, nicho recortado, com moldura de folhagem, onde surgem plintos com imaginária, com os fundos pintados de azul celeste, pontuado por pequenas flores. Os altares são em forma de urna, com excelentes pinturas de marmoreados fingidos, pontuados por pequenos elementos vegetalistas e concheados. No retábulo de Nossa Senhora das Graças, na base do nicho, surge uma edícula ornada por asas de morcego, folhagem e elementos volutados. Na base da tribuna do retábulo de Santa Isabel, surge um sacrário embutido, de perfil recortado, rematado em cornija de inspiração borromínica, com a porta ornada por cruz latina, revelando uma feitura posterior ao retábulo, talvez da última década do séc. 18. A Capela da Senhora das Dores está preenchida por um retábulo-relicário, de talha dourada e planta convexa com um eixo formado por dois nichos sobrepostos e ladeado por 12 nichos de menores dimensões, com vários relicários; na base do nicho principal, flanqueado por quarteirões e concheados rematando em cornucópias e uma amálgama de folhagem que se enroscam, terminando em cornija de inspiração borromínica, uma edícula. Altar em forma de urna, com marmoreados pintados, formando cartela central. Nesta encontra-se uma lápide funerária com a inscrição: "AQUI JAZEM OS FUNDADORES DA CONGREGAÇÃO DAS IRMÃS HOSPITALEIRAS PORTUGUESAS FREI RAIMUNDO DOS ANJOS BEIRÃO E MADRE CLARA DO MENINO JESUS TRASLADAÇÃO - 9-V-954 ". Sobre o nicho que ladeia o arco triunfal, nolado do Evangelho, o escudo esquartelado, com as armas dos Leite, dos Prado, dos Pita e dos Lobo. As armas dos Leite são: "De verde, com três flores-de-lis de ouro, postas 2 e 1"; as dos Prado são: "De ouro, com pinheiro de verde, acompanhado, à esquerda, de um leão aleopardado de negro"; as dos Pita são: "De vermelho, com uma onça rampante de sua cor, armada de ouro, e bordadura do mesmo, semeada de crescentes de azul"; as dos Lobo são. "De prata, com cinco lobos passantes de negro, postos em sautor; cantão de vermelho, carregado de um castelo de ouro" (Armorial Lusitano, 1961, pp. 301, 449, 442 e 311).

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja / Educativa: jardim de infância

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CAIADOR: Manuel de Sousa (1738-1741). CARPINTEIROS: Pêro da Silva (1738-1741); António de Lanhelas (1738-1741); Luís de Lanhelas (1738-1741); Domingos Esteves (1738-1741); Domingos Solho (1738-1741). ENTALHADORES: André Soares (séc. 18); José Álvares de Araújo (séc. 18). FERREIRO: António Gonçalves (1738-1741). MESTRES de OBRAS: António José de Barros (1738-1741); Barbado (1738-1741); Domingos António da Rocha (1738-1741). PEDREIROS: António Esteves (1746-1747); José Afonso (1738-1747); Manuel Rodrigues (1746-1747).

Cronologia

1618 - fundação do Convento com várias esmolas da população local e, sobretudo, da doação de mil cruzados por Pedro Gonçalves Ribeiro, reitor da Igreja de Seixas, que se faria sepultar na Casa do Capítulo; 1 Maio - lançamento da primeira pedra do edifício, pela iniciativa do provincial dos Capuchos de Santo António, Frei Leonardo de Jesus; 1623 - entrada de 18 frades no local; 1624 - o padroeiro era o Duque de Caminha, D. Miguel Luís de Meneses, o qual passou a doar 30$000 para despesas de alimentação; recebiam, ainda, um carneiro pelo Natal, 15 alqueires de azeite, 10 almudes de vinagre, 5 alqueires de castanhas piladas, um ceirão de figos, 80 varas de burel para os hábitos, 40 varas de peças brancas para as túnicas, 1 cruzado anual para o babeiro e outro para quem lavasse a roupa e limpasse a casa; 1627, 30 Outubro - o capitão Francisco Barbosa institui a capela colateral da Epístola, onde se fazia sepultar; séc. 17, década de 30 - início das obras de um novo convento, apoiadas pelo padroeiro; doação de um baldio, para a construção da horta; doação de um pavilhão azul de damasco para a Capela de Nossa Senhora das Dores, por Heitor Lobo; 1631 - feitura do púlpito, conforme data inscrita no mesmo; 1634 - instalação da Ordem Terceira de São Francisco na capela colateral da Epístola, dedicada a Santa Isabel; a Ordem fora criada na Igreja Matriz por Manuel Lobo de Mesquita; 1639 - fundação da capela colateral do lado do Evangelho, dedicada a São José; por incumprimento dos legados, foi transformada em Capela de Santo António e era patrocinada por Sebastião Pita Soares, que mandou colocar a sua pedra de armas sobre a estrutura retabular; 1641 - instalação na capela de Nossa Senhora da Conceição e Santa Isabel da Ordem Terceira de São Francisco, proveniente da Igreja Matriz, onde fora fundada em 1634, por Manuel Lobo de Mesquita; 1647 - extinção da Casa de Vila Real, tendo os seus bens passado para a Corte; 18 Julho - D. João IV assume os compromissos da casa de Vila Real, pagos pelo almoxarifado de Caminha; o monarca doa 26 cântaros de azeite; os bens da Casa de Vila Real passam para a Casa do Infantado, passando o seu titular, D. Francisco, a doar os 30$000, até 1833; 1651, 12 Outubro - D. João IV autoriza a aquisição de uns terrenos a Barbosa de Anuncibai e Rufina da Rocha para ampliação do edifício; 1663 - Sebastião Pita Soares institui a Capela colateral do Evangelho, vinculada a um morgado, criado pelo seu tio, Francisco Leite Lobo, em 25 Fevereiro 1639; 1681 - doação de um terreno ao lado do dormitório virado à sacristia, para compensar as terras retiradas para a construção da Fortaleza; 1694, 16 Janeiro - decisão de dividir a Província de Santo António em duas; 1705, 24 Abril - nascimento da Real Província da Conceição *5, por Breve de Clemente XI, para a qual passa o Convento; 1738-1741 - obras de construção de um novo convento, apoiadas pelo padroeiro; a madeira veio de Gondomil, Moreira e Mosteiró; foi feito a varanda do claustro, paredes, taipas, refeitório, escada regral, enfermaria, cozinha e as capelas do Cavaleiro e da Madalena, em local desconhecido, por 912$888; as obras foram feitas pelos mestres António José de Barros, Domingos António da Rocha e o Barbado, o caiador Manuel de Sousa, os carpinteiros Pêro da Silva, António de Lanhelas, Luís de Lanhelas, Domingos Esteves, Domingos Solho e um carpinteiro de Venade, o pedreiro José Afonso e o ferreiro António Gonçalves; doação de um baldio, para a construção da horta; 1740 - feitura do sino do relógio, sendo a ferraria comprada a António Gonçalves, por 1$800; 1741 - desaterro do terreiro por 4$8000, marcando o final da obra; início da obra da conduta de água e feitura do tanque de rega; pintura da imagem de Nossa Senhora das Dores, que tinha um vestido de seda roxo e manto azul, com diadema e espadas metálicas, por 3$000; execução do retábulo da enfermaria; 1746-1747 - execução do muro da cerca com pedra fornecida pelo pedreiro José Afonso, importando em 8$840, sendo a parede de fora feita por António Esteves e a de entremeio por Manuel Rodrigues, num total de 17$240; séc. 18, meados - execução da guarda do coro-alto; séc. 18, final - reforma da fachada principal; execução dos retábulos das capelas laterais de Nossa Senhora da Assunção, actual Capela de Nossa Senhora das Graças e Santa Isabel, provavelmente por André Soares ou um dos seus discípulo, José Álvares de Araújo; 1804, 14 Maio - ordem de D. Maria I para que no Convento funcionassem aulas de Gramática Latina e Portuguesa, recebendo os frades 60$000; 1834 - extinção das Ordens Religiosas e inventário dos bens do convento, avaliado em 2:230$740; solicitação do templo, paramentos e órgão pela Ordem Terceira de São Francisco, sedeada na igreja, o que foi negado; pedido do convento pela Santa Casa da Misericórdia, para hospital; segundo o Inventário levado a cabo, no retábulo-mor, existiam as imagens de Nossa Senhora da Conceição, com coroa de folha, flanqueada por São Bernardino e Santo António ambos com resplendores de prata e 6 palmos de4 altura; sobre a banqueta, castiçais dourados e, junto ao retábulo, dois anjos de madeira, de maior estatura colocadas nos degraus da capela-mor; o altar colateral do Evangelho era de talha, pintada e dourada, com banqueta de talha com 4 castiçais e a imagem do Crucificado, com a imagem de Santo António, de 5 palmos, com resplendor de prata e uma cruz de madrepérola na mão e no braço o Menino; por baixo do santo uma imagem do Senhor atado à coluna, com 3 palmos e meio de altura; na Capela de Santa Isabel, existia uma imagem de São Gregório, de 6 palmos, dourada e o sacrário com seu pavilhão e quatro castiçais de talha; as capelas da igreja eram iluminadas por lâmpadas de latão; o arco triunfal tinha cortina de damasco com sanefa bordada de ouro e na capela-mor existiam cortinas e tapetes, bem como uma credencia de talha dourada; o refeitório tinha cinco tábuas de castanho que serviam de mesa; a livraria possuía 300 títulos de Sermões, tendo sido considerada pouco importante, transitando para o Governo Civil de Viana; 1836 - o Governo Civil pede o edifício para tribunal; 1839, 18 Abril - pedido da cerca para instalar o cemitério; 1840 - novo pedido da Ordem Terceira; 1841, 15 Setembro - cedência da cerca para o cemitério; 1855 - Decreto de D. Maria II cedendo o templo à Ordem Terceira; venda do edifício a D. Ermelinda Augusta Gonçalves da Silva; colocação da imagem de São Sebastião, proveniente da capela com o mesmo orago, num nicho do templo; 1887 - feitura dos portões metálicos para as portas da igreja, com possível reforma desta zona, que tinha uma galilé em arco abatido, como os demais imóveis da Província; 1898, 10 Janeiro - aquisição do convento à compradora pela Congregação das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras da Imaculada Conceição, por 1:500$000; 1899 - o órgão primitivo ainda funcionava, sendo utilizado pelas congregações que ocupavam o espaço; 4 Junho - acordo entre a Ordem Terceira e a Congregação sobre a utilização do templo, do órgão e limpeza da sacristia; 1910, 10 Outubro - expulsão das Irmãs, passando a ser habitado por marinheiros e depois transformado em colégio; séc. 20, década de 20 - regresso das Irmãs, tomando conta da totalidade do edifício e igreja, ali instalando um noviciado, aumentando o edifício com o segundo piso na ala S.; 1920-1930 - obras profundas de remodelação; 1957 - destruição do edifício por um incêndio; 1981 - existência de um nicho na portaria, com a imagem de um Crucificado (SANTOS, 1981, p. 83), talvez compondo a típica iconografia de São Francisco a receber os estigmas; 1985 - referência a um Crucificado no coro-alto, que teria pertencido à maquineta do mesmo; surgia na Capela de Santa Isabel a imagem de São Gregório, quatro castiçais de talha e uma cruz de pau-preto com o Crucificado; os retábulos colaterais ainda existiam nesta da, sendo de madeira e tinha, as imagens de Nossa Senhora da Conceição (1,05m), datável do século XVIII, e de São Bernardino de Sena (1,32m) (ALVES, 1985, p. 124); 1990 - profundo restauro do templo e edifício anexo, alterando os elementos decorativos significativamente; feitura das sanefas e sanefão e de um órgão positivo; execução de nova imaginária para a igreja; remoção dos retábulos colaterais; execução do retábulo-mor, em cimento pintado; execução do órgão eléctrico para a nave.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, rebocada e pintada; modinaturas, campanário, pilastras, pilares, cunhais, púlpito, sineira, supedâneo da capela-mor, arco triunfal, pedras de armas, pavimento do terreiro, pias de água benta e réguas dos taburnos em cantaria de granito aparente; guardas, portas, retábulos, taburnos de madeira; portões em ferro forjado; janelas envidraçadas e com grades de ferro; cruz e catavento em ferro; silhares de azulejo industrial; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

CONCEIÇÃO, Frei Apolinario, Claustro Franciscano, Lisboa, Officina de Antonio Isidoro da Fonseca, MDCCXL (1740); DEOS, Frei Martinho do Amor de, Escola de Penitencia, caminho de perfeição estrada segura para a vida Eterna Chronica da Santa Provincia de Santo António, Lisboa, António Pedrozo Galram, MDCCXL (1740); JOSÉ, Frei Pedro de Jesus Maria, Chronica da Santa, e Real Provincia da Immaculada Conceição de Portugal da mais estreita e regular Observancia do Serafim Chagado S. Francisco, 2.ª ed., 2 vols., Lisboa, Officina de Miguel Manescal da Costa, MDCCLX (1760); RIBEIRO, Bartolomeu (Padre), Os Terceiros Franciscanos Portugueses - Sete séculos da sua história, Braga, Tipografias das Missões Franciscanas, 1952; Armorial Lusitano, Lisboa, Editorial Verbo, 1961; ALMEIDA, Fortunato de, História da Igreja em Portugal, vols. I e II, Porto, Livraria Civilização Editora, 1968; AVILLEZ, Manuel Jorge - «Algumas notas dos conventos do Concelho de Caminha». In Caminiana. ano I, n.º 1, Caminha, Oficinas Gráficas de Barbosa & Xavier, Lda., Dezembro 1973, pp. 25-106; SANTOS, João M.F. Silva «Caminha através dos tempos». In Caminiana. anos II e III, n.º 2 e 4, Caminha, Oficinas Gráficas de Barbosa & Xavier, Lda., Junho 1980 - Junho 1981, pp. 127-159 e 75-97; ALVES, Lourenço, Caminha e o seu concelho. Monografia, Caminha, 1985, p. 122 - 125; ALVES, Lourenço, Arquitectura religiosa do Alto Minho, Viana do Castelo, Ofilito, 1987; ARAÚJO, António de Sousa (Frei), Antoninhos da Conceição - dicionário de capuchos franciscanos, Braga, Editorial Franciscana, 1996; Inventário da Livraria de Santo António de Caminha, Porto, Centro Universitário de História de Espiritualidade, 1998; Uma visita ao Concelho de Caminha com o bilhete postal ilustrado, Caminha, Câmara Municipal de Caminha, 2003; FIGUEIREDO, Ana Paula Valente, Os Conventos Franciscanos da Real Província da Conceição - análise histórica, tipológica, artística e iconográfica, [tese de doutoramento], 3 vols., Lisboa, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2008.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID; BPMP: BRANDÃO, Gonçallo Luis da Sylva, Topographia da Fronteyra, Praças, e seus contornos, Raya Seca, Costa e Fortes da Provincia de Entre Douro e Minho, MDCCLIII (1753); DIE: GEAE, CRUZ, José Martins da, Prospecto da praça de Caminha, 3658/II-3-37-51, [séc. 18]

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID; DGARQ/TT: AHMF, Conventos extintos, Convento de Santo António de Caminha, Cx. 2203, capilha 7; ADB: Fundo monástico-conventual, Ordem dos Frades Menores, Província da Conceição, Convento de Santo António de Caminha, Contas, F4, doc. 11, Livro dos Ordinárias e Legados desta Caza, F3; BPMP: Crónica da Provincia da Conceição, 1737, FA - 69; AHMC: Livro das Actas das Sessões da Ordem Terceira de São Francisco de Caminha, 1.2.2.4

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1990 - restauro da Igreja, com repintura da balaustrada do coro-alto, da tribuna do órgão, tratamento de rebocos e pinturas, das coberturas e vários elementos decorativos.

Observações

*1 - parte deste edifício, o anexo à igreja e que, actualmente, forma um passadiço para a maior mole edificada, corresponde ao antigo Convento franciscano, profundamente reformulado, pouco deixando antever da sua estrutura primitiva. *2 - a inexistência da zona conventual não permite grandes considerações sobre a configuração da mesma, mas um desenho do séc. 18 da Fortaleza, mostra-nos, que, na ala noroeste, existiam sete celas, surgindo mais quatro na nordeste, com duas janelas regrais e um terceiro dormitório na ala da sacristia, virada à fachada posterior; o claustro, de que subsiste uma ala, atual passadiço, mostra a existência de cinco arcadas de volta perfeita no piso inferior, com acesso central; a cerca, de formato irregular, era composta por terreno lavradio, vinha, pomar, árvores de espinho e alamedas de buxo (659 pés), uma mata na Argela com carvalhos, pinheiros, sobreiros e mato; junto ao convento, um jardim formal, formando uma quadrícula com eixo longitudinal, cortado por duas ruas perpendiculares, formando 6 canteiros de buxo; junto a horta. *3 - A sacristia tinha um arcaz com nove gavetões, desconhecendo-se qual o aspecto do espaldar, surgindo, junto à porta, uma sineta; em termos de alfaias, no local estavam arrecadados dois vasos de prata dourada, três cálices com copa de prata dourada e pé de latão, três patenas de prata dourada, com as respectivas colheres, uma custódia de prata dourada, dois turíbulos com as suas navetas, ambos de latão, uma cruz de pau-preto, uma de latão com a imagem em marfim e uma caldeirinha da água-benta de latão amarelo; sobre a sacristia, funciona, a residência paroquial. *4 - Os restos mortais dos fundadores foram trasladados para a Casa desta Congregação em Lisboa. *5 - Fazem parte da Província os seguintes Conventos: Nossa Senhora de Mosteiró (v. IPA.00002271), Santa Maria da Ínsua (v. IPA.00003583), São Francisco do Monte, Viana do Castelo (v. IPA.00003492), Santo António, de Ponte de Lima (v. IPA.00006903), Santo António, de Viana do Castelo (v. IPA.00006821) Santo António de Caminha, São Bento, de Arcos de Valdevez (v. IPA.00009627), São Bento e de Nossa Senhora da Glória, de Monção (v. IPA.00009625), Nossa Senhora da Conceição de Melgaço (v. IPA.00009628), Santo António da Cidade, no Porto (v. IPA.00005418), São Francisco de Lamego (v. IPA.00012943), São Francisco do Monte, em Orgens (v. IPA.00007063), São Francisco de Torre de Moncorvo (v. IPA.00027424), São Francisco, de Vila Real (v. IPA.00019861), Santo António, de Serém, Macinhata do Vouga (v. IPA.00025090), Santo António de Viseu (v. IPA.00027659), Santo António, de Vila Cova de Alva (v. IPA.00010878), Santo António, de Pinhel (v. IPA.00003818), São José, de São Pedro do Sul (v. IPA.00002461), Convento do Senhor da Fraga (v. IPA.00013728), Colégio de Santo António da Estrela, em Coimbra (v. IPA.00000991 e IPA.00017559) e o desaparecido Hospício de Lisboa.

Autor e Data

Paulo Amaral 2000 / Paula Figueiredo 2009

Actualização

João Almeida (Contribuinte externo) 2018
 
 
 
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