Mosteiro do Santo Sepulcro / Mosteiro das Águas Santas
| IPA.00009532 |
Portugal, Viseu, Penalva do Castelo, Trancozelos |
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Mosteiro da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém, muito adulterado, pela adaptação dos anexos a funções agrícolas, mantendo a igreja, com vãos apontados, revelando uma reforma no período gótico. Desenvolvido em torno de um pátio interno, de planta quadrada, onde se situam a igreja e várias dependências, adaptadas a funções agrícolas. Capela de planta retangular, composta por nave e capela-mor mais estreita, com coberturas internas diferenciadas em telha vã, escassamente iluminado. Fachada principal em empena, truncada por sineira, rasgada por portal em arco levemente apontado, duplo. Arco triunfal de arco apontado, de arestas biseladas, talvez fruto de um afeiçoamento posterior, provavelmente do séc. 17, altura em que a sineira foi colocada na empena, que se apresenta assimétrica, revelando profundas alterações, nomeadamente uma hipotética ampliação. Os anexos são simples, de plantas rectangulares, de um ou dois pisos, em alvenaria de granito, com vãos rectilíneos, ostentando molduras de cantaria. Um deles, a casa de habitação, apresenta um balcão tipicamente beirão, em cantaria, com lojas no piso inferior e zona residencial na superior. No portal, são visíveis símbolos da Ordem e da Casa da Ínsua, que adquiriu o edifício no séc. 19. |
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Número IPA Antigo: PT021811120010 |
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Registo visualizado 1721 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro masculino Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém
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Descrição
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Planta rectangular irregular, de volumes articulados em volta de um pátio interior, quadrangular, com pavimento por afloramentos graníticos, onde se localizam várias sepulturas escavadas na rocha, uma delas parcialmente encoberta pela fachada principal da capela, localizada no lado direito do pátio, tendo adossados dois currais e um anexo que serviu de forno; no lado esquerdo, outros currais e um telheiro, surgindo, ao fundo do pátio, as construções de dois pisos que serviam de habitação ao caseiro da Casa da Ínsua. A CAPELA tem planta longitudinal composta por nave e capela-mor mais estreita, de volumes articulados e escalonados, a capela-mor mais baixa, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachadas em cantaria e alvenaria de granito aparente, a principal com cunhais perpianhos e remate em beirada simples. Fachada principal em empena assimétrica, truncada por sineira de volta perfeita, rematada em cornija, pináculos de bola e cruz latina central; apresenta aparelhos distintos, com a zona inferior em cantaria e a superior em alvenaria; descentrado, rasga-se o portal axial, em arco dobrado levemente apontado, assente em impostas salientes, tendo numa aduela do lado esquedo uma flor-de-lis, símbolo de propriedade da Casa da Ínsua, e Cruz Patriarcal, símbolo da Ordem do Santo Sepulcro. Fachadas laterais semelhantes, cegas. Fachada posterior em empena, com janela rectilínea descentrada. INTERIOR em alvenaria irregular, com as juntas preenchidas a cimento, parcialmente rebocada, tendo pavimento em lajeado grosseiro e cobertura em telha vã, assente em estrutura de vigamento de asnas. Na nave, é visível uma antiga sepultura. Arco triunfal de perfil apontado, assente em impostas salientes e com as arestas biseladas, flanqueado por vãos rectilíneos. Capela-mor com paredes e pavimento semelhantes aos da nave, tendo parte da cobertura, em telha vã, arruinada. Adossado perpendicularmente à capela, um CURRAL, rectangular, com cobertura homogénea em telhado de duas águas, tendo fachadas em alvenaria de granito e duas portas de verga recta, com molduras irregulares, em cantaria. No lado esquerdo, surge um segundo CURRAL, composto por edifício de dois pisos, com cobertura em telhado de duas águas, em alvenaria de granito. Tem a face principal rasgada por duas portas de verga recta, uma no piso inferior e outra superior, com acesso por escalinata de cantaria. Adossado, um telheiro com estrutura de madeira, assente num muro e em dois pilares de cantaria, surgindo adossadas à face lateral, várias capoeiras de madeira. A CASA DE HABITAÇÃO é de planta rectangular irregular, com cobertura irregular, em telhado de três águas. Tem fachadas em alvenaria de granito aparente, com cunhais em cantaria, evoluindo em dois pisos, tendo, na face virada ao pátio, balcão de cantaria, de acesso à zona residencial, na base do qual se situa uma porta de verga recta, de acesso à loja. O balcão forma alpendre de madeira. A fachada é rasgada por pequena janelas de peitoril quadrangular. |
Acessos
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Vindo de Penalva do Castelo, ao Km 2 da EM 604, após a Ponte dos Trancoselos, toma-se o à esquerda o C.M. 1424 até encontrar a cerca de 500m, numa curva à direita, o acesso para a Quinta do Mosteiro à esquerda. |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 2/2023, DR, 1.ª série, n.º 27 de 07 fevereiro 2023 / ZEP, Portaria n.º 387/2013, DR, 2.ª série, n.º 115 de 18 junho 2013 |
Enquadramento
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Rural, isolado, implantado a meia-encosta, na margem esquerda do Rio Dão. Encontra-se rodeado por terrenos agrícolas e por algumas casas de habitação. Junto à fachada principal, surgem vários edifícios de habitação e antigos currais, que seriam anexos do antigo mosteiro. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro masculino |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 12 (conjectural) / 14 / 17 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 12 - provável construção do primitivo mosteiro, patrocinado pelo rei D. Afonso Henriques; 1258 - segundo as Inquirições de D. Afonso III, o Mosteiro tinha propriedades em Paços, Alvelos, Carpena e Conchoso, Lourosa, Vila Cova do Covelo, São Romão, Currais e Sezures; séc. 14 - provável reforma da igreja; séc. 17 - provável colocação da sineira na empena; 1768, 9 Maio - certidão de medição e demarcação do Mosteiro *2; 1844, 10 Junho - aquisição por João de Albuquerque de Melo Pereira e Cáceres, senhor da Casa da Ínsua; adaptação das dependências a edifícios de apoio agrícola; 1997, 17 Junho - surge proposto pelo PDM de Penalva do Castelo, publicado em DR n.º 137, para classificação como Valor Concelhio; 1999, 06 janeiro - proposta de classificação do Mosteiro e da Ponte pela CMPenalva do Castelo; 21 setembro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo vice-presidente do IPPAR; 2000, 18 Outubro - relocalização pela Extensão de Viseu do IPA; 2002, 16 agosto - proposta da DRCoimbra de classificação como Imóvel de Interesse Público; 2005, 07 julho - parecer do Conselho Consultivo do IPPAR a pedir esclarecimentos adicionais e a fixação de uma Zona Especial de Proteção; 2012, 22 fevereiro - proposta da DRCCentro de classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção; 26 março - parecer do Conselho Nacional de Cultura a propor a classificação do Mosteiro e a arquivar o processo de classificação da ponte, que passa a estar incluída na Zona Especial de Proteção do Mosteiro; 20 abril - Deapacho concordante do diretor do IGESPAR; 2013, 18 junho - publicação da Portaria n.º 387/2013, DR, 2.ª série, n.º 115, classificando o mosteiro como Monumento de Interesse Público. |
Dados Técnicos
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Estruturas autoportantes. |
Materiais
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Estruturas em alvenaria e cantaria de granito, parcialmente rebocadas na igreja; modinaturas, cunhais, cornija, pináculos, cruz, arco triunfal, pavimentos e pilares em cantaria de granito; vigamento, portas, alpendre do balcão da casa em madeira; coberturas exteriores em telha. |
Bibliografia
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VALENTE, Vasco, A Ordem Santo Sepulcro em Portugal, Porto, 1924; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/155820 [consultado em 28 dezembro 2016]. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Arquivo da Casa da Ínsua; DGA/TT: Comendas de Malta (Sezures) |
Intervenção Realizada
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Nada a assinalar. |
Observações
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*2 - neste documento, do Arquivo da Casa da Ínsua e transcrito por Valente, em 1924, consta a seguinte descrição: "Tem esta quinta umas casas que estão no meio della telhadas e sobradas, que todas se servem por huma porta grande que fica para a parte do Sul defronte da Igreja subindo por huma escada de pedra, no cimo da qual esta hua Abranda telhada e sobrada e à mão direita está a caza grande que serve de cozinha com sua chaminé; e logo junto a esta se segue outra caza partida pelo meio com parede e porta, que serve de despensa, e da dita abranda para a parte do poente se segue huma caza piquena forrada, e o forro muito arruinado com sua janella para a parte do sul, e logo se segue outra caza pouco maior a que chamão caza da Tulha sobrada e forrada, e o forro alguma coisa arruinado com huma janella para o Poente, que tem duas grades de ferro, e no cimo da Escada para a parte do Nascente está huma Caza telhada e sobrada aonde vive o Caseiro António da Costa que tem a porta para o Poente sem repartimento; tem sua loja, e nas costas desta Caza está outra Caza terreira que serve de despejos e tem a porta para o Poente e junto a esta está hum coberto com seu forno, e tem a serventia para o Norte; nas costas della está outra caza piquena que serve de curral e tem a porta para o Norte; e junto a estas e nas costas das casas chamadas da Tulha para a parte do Sul está huma caza grande que serve de curral com dois portaes toscos sem porta alguma; hum portal destes está para o Nascente, e outro para o Sul, e tem seu pateo tapado sobre si com porteiras toscas tapado sobre si, e de parte de fora do dito Pateo está huma parreira alta para a parte do Sul e a dita abranda tem sua loja debaixo com sua mangeroura. (...) Junto às casas desta Quinta acima confrontada está huma Igreja, que he tradição antiga que foi Parrochia e nella se costumavão antigamente enterrar os caseiros d'ella quando falecião nella se ve serem obrigados a ir a Parochia enterrar-se, cuja invocação he de Santa Maria de Aguas Santas de Villa Nova do Mosteiro, e tem de cumprido do Nascente ao Poente quinze varas e de largo dos Norte ao Sul cinco varas e meia; as paredes são de alvenaria, e o Frontespicio de cantaria de meio engaste. O Corpo da Egreja he forrado com forro novo a que chamão guarda-pó, e tem seis linhas que atrevessão de parede a parede. A Capella Mór forrada com forro novo que mandou fazer o presente Commendador, chamado de escama, e tem hum Campanário sobre a Porta principal com hum sino mediano de muito boas vozes; tem hum só altar dentro da Capella Mós e humas grades de pau para dentro e nella hum Retábulo de madeira de pintura muito desbotada, o qual tem para a parte do Evangelho pintada a Imagem do Bem-aventurado São João Baptista, e para a parte da Epistola a Imagem do Glorioso São João Evangelista, e por baixo as Almas do Purgatório; tem hua Imagem de Nossa Senhora de Águas Santas em hum nicho do mesmo Retábulo, e outra no altar também de Nossa Senhora feita ao moderno; e no remate do Altar está hum Painel em que finda o Retábulo com a Imagem do Salvador pintada, e as Imagens da Senhora, ambas são de vulto, e tem mais huma Campainha grande de tanger os Santos, e tem para a parte do Evangelho huns caixoens novos com duas gavetas com suas argolas e fechaduras bem preparadas que mandou fazer este Commendador; e para a parte da Epistola huns caixoens novos que servem de credencia que também mandou fazer o mesmo Commendador; no Altar tem huma Cruz de pau nova sem estar pintada nem dourada: mais huma Alampada de metal amarello sem bom uso mais hum Confissionario de pau usado, e a dita Campainha acima declarada não tem badallo (...) Tem as terras da Quinta e seu circulo de cumprido do Nascente ao Poente começando no cimo do penedo da Boca, aonde está huma cruz de Malta até o penedo da extrema aonde está outra Cruz de Malta, que ambos elle dito juiz mandou reformar ao picão tem sete centos e noventa e duas varas de cinco palmos cada huma; de largo e do Norte ao Sul começando desde o Rio Dão até o Cimo da Varzea e outro que ahi há tem sete centos e vinte varas. (...)". |
Autor e Data
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Pedro Nóbrega 2006 |
Actualização
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