Igreja Paroquial de Castelo Rodrigo / Igreja de Nossa Senhora do Rocamador

IPA.00009507
Portugal, Guarda, Figueira de Castelo Rodrigo, Castelo Rodrigo
 
Igreja medieval de fundação românica e edificação durante o gótico inicial, conservando vestígios de várias campanhas de obras, nomeadamente renascentistas, chãs e barrocas. É de nave única, com seis tramos separados por arcos diafragma quebrados, semelhantes às Matrizes de Escarigo (v. PT020904070014), Mata Lobos (v. PT020904100068), Vermiosa (v. PT020904150080), Vilar Formoso (v. PT020902290094) e Vilar Torpim (v. PT020904170018), reforçados por contrafortes exteriores, semelhantes aos das Matrizes de Mata Lobos, Malpartida (v. PT020902140081) e Vilar Formoso. Capela-mor com cobertura autónoma em caixotôes, com decoração hagiográfica, iluminada por janelas em capialço. Capelas adossadas à fachada lateral direita. Fachada lateral mostra cachorrada zoomórfica sob a cornija. Torre campanário adossada à fachada principal, com o primeiro andar embebido no embasamento do adro, só visível a partir da fachada lateral. Mantém vários retábulos e imaginária seiscentista, bem como púlpito renascença e a primitiva pia baptismal. Pintura mural no lado do Evangelho da capela-mor, representando uma Última Ceia.
Número IPA Antigo: PT020904030006
 
Registo visualizado 1332 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Igreja de planta retangular, composta por nave única prolongada pela capela-mor mais alta e estreita e capelas laterais inscritas do lado da Epístola, formando um conjunto de volumes escalonados que recebem coberturas individualizadas, sendo a do corpo em telhado de duas águas e a da capela-mor em quatro. A capela-mor encontra-se implantada sobre embasamento proeminente, acompanhando o desnível de cota do terreno. Torre campanário na fachada principal, adossada ao lado SO., de planta quadrangular e alçado de três andares divididos por cornija saliente. O primeiro registo está embebido no embasamento e não tem expressão na fachada principal; o segundo registo é também cego e o terceiro é aberto em quatro edículas sineiras. Os ângulos são coroados por pináculos. Fachada principal voltada a NO. com remate em empena, de um só pano, sem eixo marcado, rasgada por portal de lintel recto do lado esquerdo e por janela rectangular moldurada um pouco desviada da cúspide que é coroada por cruz latina colocada sobre plinto. Fachada lateral SO. fortemente marcada pela mole do campanário, apresenta pano mais recuado com contraforte de esbarro escalonado no meio e acesso com embasamento e escada sem guardas à entrada lateral por porta de lintel recto. Segue-se um corpo edificado em cantaria de granito, com alçado de dois pisos, cego no primeiro andar e com o segundo andar rasgado por três vãos de verga recta, apresentando-se o centro com cornija ligeiramente encurvada e alteada. Na zona da capela-mor, rasga-se uma janela rectangular em capialço. Fachada tardoz cega. A fachada lateral NE. é igualmente cega e apresenta alguns cachorros zoomórficos sob a cornija. Pequeno contraforte marca a zona da nave. O INTERIOR é desnivelado, com acesso por degraus, com a nave dividida em seis tramos separados por arcos diafragma ogivais, com forros de madeira individualizados. Do lado do Evangelho, inscreve-se uma sequência de altares entre os arcos. Um deles possui painéis pintados e nicho central que alberga uma imagem de roca e de vestir contra um fundo estrelado. Dividido por quarteirôes e enquadrado por colunas coríntias, com o fuste exterior com pontas de diamante, encimado por pináculos. Superiormente, tabela pintada, ladeada por aletas e coberta por frontão triangular. Altar de cantaria aparelhada. Segue-se um retábulo de pedra inscrito por pilastras, coroado por aletas e pináculos, com duas imagens contemporâneas nas aberturas rectangulares laterais e uma imagem de Santa não identificada, de roca e de vestir, albergada por enquadramento de talha dourada formando duas colunas pseudo-salomónicas, que se prolongam em arquivoltas unidas no sentido do raio. Frontal decorado com acantos. Nicho em arco de volta perfeita com o paramento liso e uma base de colunelo de dois balaústres a meio, hoje ocupado por imagem de Nossa Senhora de Fátima. Retábulo enquadrado por pilastras, entablamento, cornija e arco abatido sobre o nicho com painel pintado e banqueta de altar em pedra, enquadradas por colunas espiraladas, prolongadas em arquivolta abatida. Frontal com relevos decorativos, formando concheados e motivos fitomórficos. No lado da Epístola, duas capelas de plantas quadrangular e rectangular, esta com cobertura em abóbada de aresta, pintada com motivos fitomórficos e concheados. Escadas de acesso à sineira, junto a um nicho de perfil curvo, em granito, uma porta de lintel recto flanqueada por capela rectangular escavada no paramento e revestida com cantaria, onde se conserva o Senhor dos Passos. Retábulo de talha dourada e policromada em arco apontado, com mísula central enquadrada por pilastras, que se prolongam em arquivoltas, unidas no sentido do raio. Capela baptismal com arco de volta perfeito, onde se conserva a pia baptismal com taça hemisférica. Púlpito sextavado com guarda de pedra e sobre coluna. Sacristia de planta rectangular. A capela-mor está separada da nave por arco triunfal em volta perfeita e tem a testeira preenchida por retábulo de talha e recebe iluminação do vão rasgado do lado da Epístola. A cobertura é em tectos de vinte caixotôes pintados sobre madeira de castanho, representando figuras de Santos a meio-corpo *1, à excepção da fiada transversal, que é intersectada pelo retábulo, apresentando composição de motivos vegetalistas e concheados. Rectícula ornamentada com motivo em forma de espirais ligadas, motivo dourado e branco, apresentando florais dourados nas intersecçôes. Remate em cornija marmoreada em tons de azul com pintura a imitar triglifos e com mísulas em forma de folhas de acanto nos eixos da rectícula. Retábulo de três eixos, o central com tribuna e trono, tendo no fundo um resplendor. Lateralmente, duas mísulas, enquadradas por colunas de fuste decorado com motivos fitomórficos e concheados, sobrepujadas por enrolamentos. Ático forma frontão interrompido com profusão decorativa de acantos e concheados. Sobre a banqueta, sacrário. Inferiormente, elementos apainelados com decoração fitomórfica. Pintado de azul, vermelho e com marmoreados, tendo os pormenores decorativos a dourado. Lado do Evangelho com pintura mural, representando a Última Ceia.

Acessos

Largo da Igreja

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 44075, DG, 1ª série, nº 281 de 05 de dezembro de 1961 (tectos) / incluído na Zona de Protecção do Pelourinho de Castelo Rodrigo (v. PT020904030003)

Enquadramento

Urbano, isolado, destaca-se no largo a que deu o topónimo, situado a meia encosta e confinante com o Pelourinho, espaço caracterizado por construçôes rústicas de dois pisos, e com a rua que termina no Lg. de São João, onde se levanta o Marco Comemorativo dos Centenários (v. PT020904030091). A fachada principal abre-se para o adro que acompanha o desnível do terreno, pavimentado com lajes de granito e murado por guardas baixas que o protegem.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 13 (conjectural) / 16 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Arnao de Carvalho (atr.).

Cronologia

Séc. 13 - fundação da igreja, dedicada a Nossa Senhora do Rocamador ou Reclamador, na linguagem popular, pela Confraria dos Frades de Nossa Senhora de Rocamadour, congregação vocacionada para fins humanitários, nomeadamente para o apoio aos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela e que se estabeleceu em Portugal em 1192; 1209 - o texto dos foros concedidos por Afonso IX de Leão ao concelho de Castelo Rodrigo menciona a festa de Rocamador ( CINTRA, p. 65 ); 1321 - segundo o Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos reinos de Portugal e Algarve pelos anos de 1320 e 1321, pertence ao Bispado de Ciudad Rodrigo ( CASTRO, 1902 e GOMES, 1981 ); 1403 - a paróquia é integrada no denominado "Bispado Novo" de Lamego, que incorporou as paróquias anteriormente sob a jurisdição da mitra de Ciudad Rodrigo; séc. 16 - construção da capela lateral; 1509 - a igreja surge representada no Livro das Fortalezas de Duarte de Armas com campanário de frontão triangular de dupla sineira; séc. 17 - execução de alguns retábulos, existentes no lado do Evangelho; séc. 18 - transformaçôes arquitectónicas e no mobiliário litúrgico, colocação do tecto de caixotôes na capela-mor, policromia da abóbada de cruzaria de ogivas da capela lateral; 1769 - a paróquia é integrada no Bispado de Pinhel, na visita de Riba Côa; 1770 - passagem da dependência do Bispado de Lamego para o Bispado de Pinhel, criado nessa data; 1882, 19 de Abril - por extinção do Bispado de Pinhel, a paróquia de Castelo Rodrigo é integrada no Bispado da Guarda. Foi reitoria da apresentação do Bispo.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes (nave); estrutura mista (capela-mor).

Materiais

Granito, cantaria com juntas argamassadas, sem revestimento, alvenaria reboca e caiada; telha de canudo; forros de madeira; pintura mural.

Bibliografia

COSTA, António Carvalho da, Corografia Portugueza, e Descripçam Topografica do famoso Reyno de Portugal, tomo II, Lisboa, 1708; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa de Pinho, Castelo Rodrigo, in Portugal Antigo e Moderno. Diccionario, vol. II, Lisboa, 1874; CASTRO, José Osório da Gama e, Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; MARTINS, José Canário, Notas Sobre Arte em Roba-Côa, in Altitude, Guarda, 1943; BIGOTTE, José, O Culto de Nossa Senhora na Diocese da Guarda, Guarda, 1948; CABRAL, A. A. Dinis, Castelo Rodrigo, Reconquista cristã e repovoamento, in Beira Alta, vol. 22, 1963, pp. 305-326; Tesouros Artísticos de Portugal, coord. José António Ferreira de Almeida, Lisboa, 1976; GOMES, J. Pinharanda, História da Diocese da Guarda, Braga, 1981; MARTINS, José Canário, Roteiro Ilustrado de Castelo Rodrigo, Figueira de Castelo Rodrigo, 1983; CINTRA, Luis F. Lindley, A Linguagem dos Foros de Castelo Rodrigo (reprodução fac-similada da edição de 1959), Lisboa, IN-CM, 1984; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado. Inventário, vol. II, Lisboa, IPPAR, 1993; BORGES, Júlio António, Figueira de Castelo Rodrigo. Roteiro Turístico do Concelho, 2ª ed., Figueira de Castelo Rodrigo, 1997; LIMA, Delfina Maia Fonseca; BORDALO, Maria Leopoldina M. F., Vermiosa com o seu linguajar de outros tempos, Figueira de Castelo Rodrigo, 1997; RODRIGUES, Dalila, A Obra do Entalhador e Escultor Flamengo Arnao de Carvalho - Novos Contributos, in Arte Ibérica, nº 16, Julho 1998, pp. 41-44; Carta do Lazer das Aldeias Históricas, vol. 3, Roteiro de Castelo Rodrigo, Lisboa, 2000.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo; Junta de Freguesia de Castelo Rodrigo; IPPAR: Região Centro

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Câmara Municipal de Figueira de Castelo Rodrigo; Junta de Freguesia de Castelo Rodrigo; IPPAR: Região Centro

Intervenção Realizada

IPPAR - Região Centro: séc. 20, década de 80 - restauro do retábulo da capela-mor encomendado à firma Ocre; DREMC: 1996 / 1997 / 1998 / 1999 / 2000 - picagem de rebocos, levantamento do pavimento, drenagem e reassentamento das lajes; limpeza das cantarias e refechamento das juntas; levantamento e reassentamento das cantarias da cimalha, com substituição de silhares em mau estado; reparação dos degraus; colocação de nova estrutura de madeira de carvalho nos telhados e sancas; colocação de placas de isolamento térmico, tipo "roofmate", nas coberturas; vigas de madeira de pinho para suporte das telhas; assentamento de chapas de cartão asfáltico sobre o tabuado de madeira; assentamento de telha mourisca e beirado simples; reassentamento e substituição de elementos de madeira do pavimento da sacristia; reparação das portas, caixilhos e grades metálicas; colocação de novos rebocos e caiação das paredes; envernizamento dos tectos e sancas; nova instalação eléctrica; restauro dos frescos da capela-mor encomendados pela construtora adjudicatária Lourenço e Reis.

Observações

*1 - foram apeados para restauro, entretanto concluído, e estão guardados na Junta de Freguesia de Castelo Rodrigo.

Autor e Data

Margarida Conceição 1992 / Filomena Bandeira 1997 / João Vilhena e Joana Vilhena 2000

Actualização

Lúcia Pessoa 2000
 
 
 
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