Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã
| IPA.00009435 |
Portugal, Lisboa, Lourinhã, União das freguesias de Lourinhã e Atalaia |
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Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rocaille. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal simples, coberta por tecto de madeira em caixotões distribuídos por 3 panos e apresentando em toda a superfície murária interior pintura decorativa de marmoreados. Coro-alto aos pés da nave, capela lateral e púlpito do lado do Evangelho, e tribuna dos mesários do lado da Epístola. O espaço da capela-mor diferencia-se do da nave por se encontrar em posição mais elevada. É ainda distinguido pelo volume fundamental do retábulo-mor. A decoração interior da igreja, à excepção do retábulo barroco da capela lateral, é de inspiração rocaille e neoclássica, casos do risco e policromia do retábulo-mor, púlpito e tribuna dos mesários. |
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Número IPA Antigo: PT031108010008 |
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Registo visualizado 523 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
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Descrição
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De planta longitudinal simples, apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2 águas. Na fachada principal (a S.), delimitada por cunhais de cantaria sobrepujados por cornija e goteiras, destaca-se o portal a eixo, em cuja verga (recta) se reconhece uma citação do Evangelho segundo São Mateus ("bem aventurados os misericordiosos" *1) articulada por frontão triangular interrompido. O conjunto é encimado por janela de peito de guilhotina de emolduramento simples de cantaria e verga curva. Fachada rematada por empena triangular acentuada por cornija e cruz ao centro, articulada a E. com ventana sineira. INTERIOR: de nave única coberta por tecto de madeira de 3 panos animados por caixotões com vestígios de policromia, apresenta muros com pintura decorativa de marmoreados, observando-se do lado do Evangelho capela lateral inscrita em arco de volta perfeita (dedicada ao Senhor dos Passos), seguida de púlpito de planta quadrangular com guarda de madeira policromada, e do lado da Epístola, tribuna com cadeiral dos mesários, de arco em asa de cesto com guarda em balaustrada de madeira, encimada por escudo das Misericórdias, associando policromia e douramento. Aos pés da nave, coro-alto com balaustrada de madeira, apoiado em 2 colunas, cujos fustes incorporam pias de água benta. Na capela-mor, em posição dominante com acesso através de lanço recto de escadas e separada da nave apenas por teia (de balaústres com desenho idêntico à guarda do coro-alto), é visível um retábulo de madeira entalhada policromo e dourado, delimitado por duplas colunas de capitéis compósitos que suportam frontão interrompido mistilíneo encimado por anjos e vazado ao centro por camarim (sobrepujado por pedra de armas real de Portugal). Sob o altar reconhece-se uma figuração escultórica de Cristo Morto. EDIFÍCIO CONTÍGUO: à igreja (O.), de 2 pisos, com cobertura em telhado de 4 águas, em cuja fachada principal, delimitada nos extremos por pilastras de cantaria, se destaca a eixo, portal de verga recta encimado por painel de cantaria de remate curvo destacado, a inscrever pedra de armas real em cantaria. O portal é ladeado por janelas de peito de verga recta e emolduramento recortado em cantaria, também observadas no 1º piso - 4 em ritmo irregular. INTERIOR: no piso térreo, vestíbulo de planta rectangular articulado com compartimentos, a E. e a N., e a partir do qual se desenvolve contiguamente ao alçado principal do lado S., uma escadaria de lanços rectos de pedra com patamar intermédio conducente ao 1º andar. |
Acessos
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Rua da Misericórdia. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,242879; long.: -9,314553 |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano. Localizado no centro histórico da Lourinhã, integra a frente urbana S. de uma artéria que liga o largo do Antigo Convento de Santo António da Lourinhã e Igreja de Santo António, a E. (v. PT031108010055 e PT031108010001), ao largo da Igreja Matriz, de cota mais elevada, a O. (v. PT031108010002). Faz parte de um conjunto de construções inseridas em um vasto quarteirão de forma triangular, está alinhado com a via pública e adossado a um edifício (a E.) que se destaca pelo seu portal manuelino (v. PT031108010009). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Serviços: consultório |
Propriedade
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Privada: Misericórdia |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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1499 - instituição da Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã; 1518 - a SCML começa a funcionar *2; séc. 16 - construção da primitiva igreja; Séc. 17 - construção do actual edifício; 1626 - data da porta principal; 1780 - data dos batentes de madeira; Séc. 18 - campanha de obras significativa (responsável designadamente pela construção ou reconstrução do edifício contíguo e pela respectiva porta armoriada); 1780 - colocação das folhas de madeira da porta principal; 1837, antes de - com a extinção das ordens religiosas em 1834, 2 quadros que se encontravam na capela-mor da igreja do mosteiro das Berlengas transitaram para o mosteiro de Vale Benfeito e daí foram levados para a SCML; séc. 19, final / séc. 20, início - o templo beneficia de uma campanha de obras de conservação e restauro; 1909 - a SCML sustentava um pequeno hospital; na capela existia uma escultura de S. Jerónimo; 1924 - era secretário da Misericórdia Manuel Pereira Marques de Matos; 1974 - o hospital concelhio, que até esta data era administrado pela SCML passou com a nacionalização do hospital a dedicar-se à infância, fundando uma creche e jardim infantil, e à terceira idade, criando um Centro de Dia e Lar que em 1992 ainda estava em construção; 1977 - a SCML escreve para a DGEMN alertando para a necessidade de construção de bancos para os fiéis, pois sem estes a igreja não poderia abrir ao culto; o pedido não foi satisfeito visto a igreja não se encontrar classificada. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira pintada |
Bibliografia
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Leal, Pinho, Portugal Antigo e Moderno - Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as Cidades, Villas e Freguezias de Portugal e de grande Numero de Aldeias, vol. 4, Lisboa, 1874; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Diccionario Historico, Chorographico, Biographico, Bibliographico, Heraldico, Numismatico e Artistico, vol. 4, Lisboa, 1909; Primeiro Congresso das Misericórdias de Portugal, Lisboa, 1924; AAVV, Guia de Portugal, vol. 2, Lisboa, 1927; VARELLA, José de Sousa, Notas sobre Lourinhã e seu Concelho, Torres Vedras, 1937; GUSMÃO, Artur Nobre de, Breves Considerações sobre o Património Artístico e Arquivístico das Misericórdias Portuguesas do Continente, in Actas do IV Congresso das Misericórdias, vol. I, Lisboa, 1959; AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. IV, Lisboa, 1963; Almeida, José António Ferreira de, (coord. de), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal, vol. 7, Lisboa, 1986; PEREIRA, Mário Baptista, Lourinhã. Contribuições para a sua História, Lourinhã, 1986; PEREIRA, Mário Baptista, Lourinhã. Subsídios para uma Monografia, Lourinhã, 1988; BASTOS, Fernando Pereira, Apontamentos sobre o Manuelino no Distrito de Lisboa, Lisboa, 1991; PERDIGÃO, Frei Henrique, Subsídios para a História da Ribeira de Palheiros, Braga, 1992; Pereira, Paulo, (dir. de), História da Arte Portuguesa, vol. 1, s.l., 1995; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal, Lisboa, s. d.; PALLA, Maria José, Em torno da pintura portuguesa do Renascimento, in Beira Alta, vols. LXI, fasc. 3 e 4, Viseu, 2002, pp. 351-411. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGA/TT: Desembargo do Paço - Estremadura e Ilhas, Maço 805, Doc. 191, Maço 1287, Doc. 18, Maço 1710, Doc. 46 |
Intervenção Realizada
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séc. 18 - campanha de obras significativa (responsável designadamente pela construção ou reconstrução do edifício contíguo e pela respectiva porta armoriada); 1780 - colocação das folhas de madeira da porta principal; séc. 19, final / séc. 20, início - campanha de obras de conservação e restauro. |
Observações
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*1 - «BEATI MISERICORDES : QMIPSI MISE / RICOREDIAM CONSEQVENTVR 6 MATTH 5 CAP. S.». *2 - na antiga cerca da Misericórdia, junto à casa mortuária do hospital e com porta para a Rua António Mergulhão, que antigamente se chamou Rua dos Passageiros, existiu a «Casa dos Passageiros», uma pequena casa com pedra de armas a encimar a padieira; a casa tinha um piso, com cerca de 8 m2, 2 divisões com tarimbas e respectivas enxergas e mantas, e destinava-se a acolher os passageiros e peregrinos pobres que pernoitavam na vila e não tinham posses para pagar a dormida na estalagem; as despesas da sua manutenção estavam a cargo da SCML; até às obras de ampliação do hospital a pedra de armas ainda existia; a partir dessa data desapareceu. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Maria Ferreira 2000 |
Actualização
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Sara Andrade 2001 |
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