Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã

IPA.00009435
Portugal, Lisboa, Lourinhã, União das freguesias de Lourinhã e Atalaia
 
Arquitectura religiosa, maneirista, barroca e rocaille. Igreja de Misericórdia de planta longitudinal simples, coberta por tecto de madeira em caixotões distribuídos por 3 panos e apresentando em toda a superfície murária interior pintura decorativa de marmoreados. Coro-alto aos pés da nave, capela lateral e púlpito do lado do Evangelho, e tribuna dos mesários do lado da Epístola. O espaço da capela-mor diferencia-se do da nave por se encontrar em posição mais elevada. É ainda distinguido pelo volume fundamental do retábulo-mor. A decoração interior da igreja, à excepção do retábulo barroco da capela lateral, é de inspiração rocaille e neoclássica, casos do risco e policromia do retábulo-mor, púlpito e tribuna dos mesários.
Número IPA Antigo: PT031108010008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade  Edifício, igreja e hospital  Misericórdia

Descrição

De planta longitudinal simples, apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2 águas. Na fachada principal (a S.), delimitada por cunhais de cantaria sobrepujados por cornija e goteiras, destaca-se o portal a eixo, em cuja verga (recta) se reconhece uma citação do Evangelho segundo São Mateus ("bem aventurados os misericordiosos" *1) articulada por frontão triangular interrompido. O conjunto é encimado por janela de peito de guilhotina de emolduramento simples de cantaria e verga curva. Fachada rematada por empena triangular acentuada por cornija e cruz ao centro, articulada a E. com ventana sineira. INTERIOR: de nave única coberta por tecto de madeira de 3 panos animados por caixotões com vestígios de policromia, apresenta muros com pintura decorativa de marmoreados, observando-se do lado do Evangelho capela lateral inscrita em arco de volta perfeita (dedicada ao Senhor dos Passos), seguida de púlpito de planta quadrangular com guarda de madeira policromada, e do lado da Epístola, tribuna com cadeiral dos mesários, de arco em asa de cesto com guarda em balaustrada de madeira, encimada por escudo das Misericórdias, associando policromia e douramento. Aos pés da nave, coro-alto com balaustrada de madeira, apoiado em 2 colunas, cujos fustes incorporam pias de água benta. Na capela-mor, em posição dominante com acesso através de lanço recto de escadas e separada da nave apenas por teia (de balaústres com desenho idêntico à guarda do coro-alto), é visível um retábulo de madeira entalhada policromo e dourado, delimitado por duplas colunas de capitéis compósitos que suportam frontão interrompido mistilíneo encimado por anjos e vazado ao centro por camarim (sobrepujado por pedra de armas real de Portugal). Sob o altar reconhece-se uma figuração escultórica de Cristo Morto. EDIFÍCIO CONTÍGUO: à igreja (O.), de 2 pisos, com cobertura em telhado de 4 águas, em cuja fachada principal, delimitada nos extremos por pilastras de cantaria, se destaca a eixo, portal de verga recta encimado por painel de cantaria de remate curvo destacado, a inscrever pedra de armas real em cantaria. O portal é ladeado por janelas de peito de verga recta e emolduramento recortado em cantaria, também observadas no 1º piso - 4 em ritmo irregular. INTERIOR: no piso térreo, vestíbulo de planta rectangular articulado com compartimentos, a E. e a N., e a partir do qual se desenvolve contiguamente ao alçado principal do lado S., uma escadaria de lanços rectos de pedra com patamar intermédio conducente ao 1º andar.

Acessos

Rua da Misericórdia. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,242879; long.: -9,314553

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano. Localizado no centro histórico da Lourinhã, integra a frente urbana S. de uma artéria que liga o largo do Antigo Convento de Santo António da Lourinhã e Igreja de Santo António, a E. (v. PT031108010055 e PT031108010001), ao largo da Igreja Matriz, de cota mais elevada, a O. (v. PT031108010002). Faz parte de um conjunto de construções inseridas em um vasto quarteirão de forma triangular, está alinhado com a via pública e adossado a um edifício (a E.) que se destaca pelo seu portal manuelino (v. PT031108010009).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Serviços: consultório

Propriedade

Privada: Misericórdia

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

1499 - instituição da Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã; 1518 - a SCML começa a funcionar *2; séc. 16 - construção da primitiva igreja; Séc. 17 - construção do actual edifício; 1626 - data da porta principal; 1780 - data dos batentes de madeira; Séc. 18 - campanha de obras significativa (responsável designadamente pela construção ou reconstrução do edifício contíguo e pela respectiva porta armoriada); 1780 - colocação das folhas de madeira da porta principal; 1837, antes de - com a extinção das ordens religiosas em 1834, 2 quadros que se encontravam na capela-mor da igreja do mosteiro das Berlengas transitaram para o mosteiro de Vale Benfeito e daí foram levados para a SCML; séc. 19, final / séc. 20, início - o templo beneficia de uma campanha de obras de conservação e restauro; 1909 - a SCML sustentava um pequeno hospital; na capela existia uma escultura de S. Jerónimo; 1924 - era secretário da Misericórdia Manuel Pereira Marques de Matos; 1974 - o hospital concelhio, que até esta data era administrado pela SCML passou com a nacionalização do hospital a dedicar-se à infância, fundando uma creche e jardim infantil, e à terceira idade, criando um Centro de Dia e Lar que em 1992 ainda estava em construção; 1977 - a SCML escreve para a DGEMN alertando para a necessidade de construção de bancos para os fiéis, pois sem estes a igreja não poderia abrir ao culto; o pedido não foi satisfeito visto a igreja não se encontrar classificada.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira pintada

Bibliografia

Leal, Pinho, Portugal Antigo e Moderno - Diccionario Geographico, Estatistico, Chorographico, Heraldico, Archeologico, Historico, Biographico e Etymologico de todas as Cidades, Villas e Freguezias de Portugal e de grande Numero de Aldeias, vol. 4, Lisboa, 1874; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal. Diccionario Historico, Chorographico, Biographico, Bibliographico, Heraldico, Numismatico e Artistico, vol. 4, Lisboa, 1909; Primeiro Congresso das Misericórdias de Portugal, Lisboa, 1924; AAVV, Guia de Portugal, vol. 2, Lisboa, 1927; VARELLA, José de Sousa, Notas sobre Lourinhã e seu Concelho, Torres Vedras, 1937; GUSMÃO, Artur Nobre de, Breves Considerações sobre o Património Artístico e Arquivístico das Misericórdias Portuguesas do Continente, in Actas do IV Congresso das Misericórdias, vol. I, Lisboa, 1959; AZEVEDO, Carlos de, FERRÃO, Julieta, GUSMÃO, Adriano de, Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, vol. IV, Lisboa, 1963; Almeida, José António Ferreira de, (coord. de), Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal, vol. 7, Lisboa, 1986; PEREIRA, Mário Baptista, Lourinhã. Contribuições para a sua História, Lourinhã, 1986; PEREIRA, Mário Baptista, Lourinhã. Subsídios para uma Monografia, Lourinhã, 1988; BASTOS, Fernando Pereira, Apontamentos sobre o Manuelino no Distrito de Lisboa, Lisboa, 1991; PERDIGÃO, Frei Henrique, Subsídios para a História da Ribeira de Palheiros, Braga, 1992; Pereira, Paulo, (dir. de), História da Arte Portuguesa, vol. 1, s.l., 1995; AZEVEDO, José Correia de, Inventário Artístico Ilustrado de Portugal, Lisboa, s. d.; PALLA, Maria José, Em torno da pintura portuguesa do Renascimento, in Beira Alta, vols. LXI, fasc. 3 e 4, Viseu, 2002, pp. 351-411.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

DGA/TT: Desembargo do Paço - Estremadura e Ilhas, Maço 805, Doc. 191, Maço 1287, Doc. 18, Maço 1710, Doc. 46

Intervenção Realizada

séc. 18 - campanha de obras significativa (responsável designadamente pela construção ou reconstrução do edifício contíguo e pela respectiva porta armoriada); 1780 - colocação das folhas de madeira da porta principal; séc. 19, final / séc. 20, início - campanha de obras de conservação e restauro.

Observações

*1 - «BEATI MISERICORDES : QMIPSI MISE / RICOREDIAM CONSEQVENTVR 6 MATTH 5 CAP. S.». *2 - na antiga cerca da Misericórdia, junto à casa mortuária do hospital e com porta para a Rua António Mergulhão, que antigamente se chamou Rua dos Passageiros, existiu a «Casa dos Passageiros», uma pequena casa com pedra de armas a encimar a padieira; a casa tinha um piso, com cerca de 8 m2, 2 divisões com tarimbas e respectivas enxergas e mantas, e destinava-se a acolher os passageiros e peregrinos pobres que pernoitavam na vila e não tinham posses para pagar a dormida na estalagem; as despesas da sua manutenção estavam a cargo da SCML; até às obras de ampliação do hospital a pedra de armas ainda existia; a partir dessa data desapareceu.

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2000

Actualização

Sara Andrade 2001
 
 
 
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