Igreja Paroquial do Fundão / Igreja de São Martinho

IPA.00009254
Portugal, Castelo Branco, Fundão, União das freguesias de Fundão, Valverde, Donas, Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Igreja paroquial de planta longitudinal com nave, capela-mor mais estreita e baixa, sacristia, anexo e duas torres sineiras, que rematam em cúpula. Igreja de estrutura maneirista, com fachada principal harmónica, marcada pelo portal em arco de volta perfeita, circunscrito por pilastras e encimado por frontão interrompido e nicho, ladeado por óculos circulares; remata em empena rasgada por janela rectangular. Fachadas circunscritas por pilastras toscanas, firmadas por pináculos de pinha, remates em friso e cornija, as laterais rasgadas por portas travessa e janelas em capialço. Interior com coberturas em falsas abóbadas de berço de madeira, assentes em cornija, a da capela-mor em caixotões pintados, tendo coro-alto em ritmos ondulados, de madeira, tendo, sob as torres, o baptistério, no lado do Evangelho, e a porta de acesso ao coro-alto, no oposto. Púlpitos e retábulos confrontantes na nave, de talha tardo-barroca e do estilo nacional. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulos colaterais de talha policromada tardo-barrocos. Capela-mor com retábulo sobre supedâneo, de talha dourada do estilo nacional.
Número IPA Antigo: PT020504170070
 
Registo visualizado 357 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal simples, com nave, capela-mor mais estreita e baixa, ladeada por sacristia e anexo, e duas torres sineiras quadrangulares. Volumes articulados de disposição horizontal com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave e capela-mor, de uma na sacristia e anexo e cúpula encimada por pináculo nas torres. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de granito, mais alto nas fachadas laterais e posterior, adaptando-se a um ligeiro declive do terreno; cunhais em forma de pilastras toscanas, firmados por pináculos em pinha e remates em entablamento, com friso liso, e cornija. Fachada principal virada a NO., harmónica. tendo, na zona central, portal em arco de volta perfeita assente em impostas salientes e pedra de fecho decorada, sendo ladeado por dois pares de pilastras jónicas e rematado por frontão interrompido por nicho semicircular concheado, com a imagem de vulto do orago, ladeado, por seu turno, por duas pilastras toscanas e remate em frontão de lanços com cruz; é flanqueado por dois óculos com molduras de folhagem enrolada. Sobre o friso e cornija, a empena eleva-se, sendo rasgada por janela rectangular gradeada com moldura recortada, encimada por registo de azulejo azul e branco, tendo no vértice cruz latina sobre plinto galbado. As torres sineiras têm, o primeiro registo, cego, sendo o segundo rasgado pelas sineiras em arco de volta perfeita assente em impostas salientes, contendo sinos; rematam em friso e cornija com pináculos em pinha nos ângulos. Fachada lateral esquerda virada a NE., rasgada na nave por porta de verga recta e três janelas em capialço, todas molduradas. A sacristia tem dois pisos, o primeiro com porta rectilínea a que se acede por escadas, formando balcão com guarda metálica, e janela gradeada com bandeira, a que correspondem, no segundo, janelas de peitoril com bandeira; todos os vãos têm moldura de cantaria. Fachada lateral direita virada a SO., sendo, na zona da nave, semelhante à oposta e tendo, na capela-mor, duas janelas em capialço, surgindo no anexo um janela gradeada, encimada por fresta jacente e porta de verga recta, todas molduradas. Fachada posterior cega com remate em empena, alteada relativamente à cornija, e tendo cruz no vértice; a sacristia remata em meia-empena, também alteada relativamente à cornija, e rasgada por porta de verga recta com moldura de cantaria. INTERIOR rebocado e pintado de branco, percorrido por azulejo de padrão maçaroca, formando silhar, e cobertura em falsa abóbada de berço de madeira pintada de azul, assente em cornija do mesmo material, e com três tirantes de metal. Coro-alto de madeira, de perfil contracurvado, encimado por arco abatido, suportado por mísulas e tendo guarda de madeira balaustrada. Guarda-vento de madeira. Sob as torres sineiras, surgem, no lado do Evangelho, o baptistério com acesso pelas duas faces da torre e, no lado da Epístola, o acesso ao coro-alto. Nave dividida em três tramos pela existência de duas pilastras encimadas por mísulas, em cada um dos lados. No primeiro tramo, dois retábulos confrontantes, em talha dourada e policromada, dedicados ao Beato D. Nuno Álvares Pereira e a Nossa Senhora de Fátima; no segundo tramo e também confrontantes, dois confessionários de madeira encerada e dois púlpitos quadrangulares, assentes em mísulas de madeira, com guarda plena decorada por pilastras e cartela e possuindo baldaquino de talha policromada; os acessos processam-se por escadas junto às pilastras divisórias do tramo. No terceiro tramo, retábulos de talha dourada inseridos em vão de volta perfeita, dedicados ao Calvário e a Nossa Senhora do Desterro. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras, ladeado por retábulos colaterais dedicados ao Sagrado Coração de Jesus e a Nossa Senhora de Lourdes. O arco triunfal é envolvido por revestimento de azulejo azul e branco, representando três cenas da vida de Cristo, a central com a "Última Ceia", a do lado do Evangelho com a "Natividade" e a oposta com o "Calvário". Capela-mor possui as paredes revestidas a azulejo padrão, com pavimento em lajeado de granito e cobertura semelhante à da nave, mas dividida em 66 caixotões pintados com temas hagiográficos. No lado do Evangelho, tribuna em arco de volta perfeita, protegida por balaustrada de granito. Sobre supedâneo de três degraus centrais, o retábulo-mor de talha dourada, planta côncava e um eixo, composto por enorme tribuna central com trono e cobertura em abóbada nervada, ladeada por quatro colunas torsas com pâmpanos e "putti", bem como duas pilastras rasgadas por nicho com imaginária, assentes em mísulas com "putti" e plintos; os suportes prolongam-se em três arquivoltas, duas torsas, unidas no sentido do raio, formando o ático; no banco, encontra-se embutido o sacrário, com drapeados abertos em cortina por anjos e baldaquino; altar paralelepipédico com frontal decorado por acantos.

Acessos

Largo Alfredo da Cunha e Rua da Misericórdia

Protecção

Incluído na Zona de Proteção da Igreja da Misericórdia do Fundão (v. PT020504170009)

Enquadramento

Urbano, isolado. As fachadas principal e SO. abrem para um Largo, protegido por frades, onde existe um cruzeiro sobre plataforma quadrangular de três degraus, com base cúbica, tendo, na face principal, a data "1691"; deste evolui cruz latina de hastes lisas. Junto Às fachadas laterais, surgem várias espécies arbóreas de médio porte. Próximo, localizam-se a Igreja da Misericórdia do Fundão, a Casa do Bispo D. Luís Brito de Homem (v. 0504170243), a Casa dos Condes de Vila Real (v. PT020504170257), a Casa dos Viscondes do Sardoal (v. PT020504170258) e a Casa Visconde Pereira Cunha (v. PT020504170244).

Descrição Complementar

Os retábulos laterais do primeiro tramo são semelhantes, de planta convexa e um eixo, ladeado por dois pares de colunas coríntias com o terço inferior a ostentar estrias diferentes, as quais assentam em plintos bastante altos, e quatro pilastras, as exteriores decorada com cartelas concheadas; ao centro, a tribuna ovalada com a imagem do orago, ladeada por duas mísulas suportando imaginária; é ladeado por orelhas de acantos e remata em duplo espaldar, um curvo e o outro recortado, decorados com acantos; altar em forma de urna com cartelas contendo inscrição. O retábulo do Calvário é de talha dourada de planta côncava, com painel central ladeado por quatro pilastras com acantos nos fustes e quatro colunas torsas decoradas por pâmpanos, que se prolongam em quatro arquivoltas, duas torsas, unidas no sentido do raio, formando o ático; banco pintado de vermelho com marmoreados fingidos, constituído por dois pilares e altar em forma de urna com decoração dourada. O retábulo da Sagrada Família, de planta côncava e um eixo, tem nicho trilobado, ladeado por quatro colunas torsas com espira fitomórfica e duas pilastras de fustes decorados por "ferronerie", as primeiras assentes em consolas com pequenos anjos; remate em tímpano semicircular, tendo espaldar recortado com fragmentos de cornija e dois anjos de vulto; altar em forma de urna, tendo o frontão decorado por motivos fitomórficos. Os retábulos colaterais são de talha policromada a branco e dourado, de planta convexa com tribuna central em arco abatido, ladeada por dois pares de colunas e ático com frontão de lanços e espaldar recortado com cornija borromínica e concheados; o altar é em forma de urna, decorado com concheados e acantos, ladeados por enormes volutas.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1314 - existem referências ao imóvel; 1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 50 libras e a capelania em 20; integra o termo da Covilhã e o bispado da Guarda; 1578 - primeiros registos de baptismo, casamento e óbito; 1613, 21 Julho - no Tombo dos Bens do Concelho da Covilhã é referida a existência de um relógio na torre da igreja, mantido pela Câmara; 1691 - data no cruzeiro existente no largo; 1707 - provável construção do imóvel sobre uma igreja de fundação românica; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere que constituía um priorado com 400$000 de renda, apresentado alternadamente pelo bispo da Guarda e o rei; séc. 18, final - execução do retábulo de Nossa Senhora do Desterro; séc. 19, inícios - execução dos retábulos laterais do primeiro tramo e os colaterais; séc. 20 - colocação de azulejos no interior; provável execução da tribuna.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito na estrutura, rebocada, portais, modinaturas, cunhais, pilastras, embasamentos, entablamentos, pináculos, cruzes, pavimentos; madeira nas portas, cabeções dos sinos, coberturas, coro-alto, púlpitos, retábulos, imaginária; azulejo em painéis no arco triunfal, e na fachada principal, na capela-mor e nave; ferro nos tirantes de metal; bronze nos sinos; telha lusa; vidro simples nas janelas.

Bibliografia

COSTA, P. António Carvalho da, Corografia Portugueza..., 2.ª ed., tomo II, Braga, 1868 [1.ª ed. de 1712]; CUNHA, José Germano da, Apontamentos para a História do Concelho do Fundão, Lisboa, 1892; BENTO, José, Fundão, Património histórico e cultural, Fundão, 1990; OLIVEIRA, Manuel, Guia turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, 1990; Inventário Colectivo dos Registos Paroquiais, vol. I, Lisboa, 1993; MARCELO, M. Lopes, Beira Baixa - novos guias de Portugal, Lisboa, 1993; SILVA, Joaquim Candeias, O Concelho do Fundão através das Memórias Paroquiais de 1758, Fundão, 1993; PROENÇA, Raul, Guia de Portugal - Beira, tomo II, Lisboa, 1994.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMF

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMF; Proprietário

Intervenção Realizada

Proprietário: séc. 20 - rebocos e colocação de azulejo padrão industrial.

Observações

Autor e Data

Luís Castro e Cláudia Alves 2002

Actualização

 
 
 
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