Real Fábrica de Lanifícios do Fundão / Câmara Municipal do Fundão

IPA.00009244
Portugal, Castelo Branco, Fundão, União das freguesias de Fundão, Valverde, Donas, Aldeia de Joanes e Aldeia Nova do Cabo
 
Arquitectura industrial, pombalina. Edifício de planta rectangular, rebocado e pintado de branco, com os elementos estruturais marcados em cantaria de granito, evoluindo em três pisos, tendo as fachadas simétricas, com remates em friso, cornija e duplo beiral. Fachada principal constituída em eixo central, definido pelo pórtico antecedido por alpendre neoclássico, por varanda e remate em frontão triangular, tendo sineira no remate deste. Fenestrações rectangulares, com molduras de cantaria, encimadas por frontões nos pisos superiores. Interior com átrio e escadaria de acesso aos diversos pisos, que liga a corredores centrais e às várias dependências; coberturas em tectos planos e pavimentos de madeira e lajeado. Antiga fábrica pombalina com linguagem erudita no tratamento das fachadas, que possuía apenas dois registos exteriores, como se depreende da documentação e das próprias pilastras dos cunhais, com ordem colossal nos dois inferiores, e uma segunda sobreposta, acima da cornija das anteriores. Interiormente, era ampla, sem qualquer divisória e com um único piso, sendo redimensionada no séc. 20, com o acrescento de dois pisos, com pavimentos de madeira, mantendo-se, no inferior o primitivo em lajeado de granito. Um alpendre de perfil neoclássico, mas de provável construção novecentista, protege o pórtico principal, sobrepujado por larga varanda balaustrada, o qual substitui a escadaria pombalina primitiva, o que indicia um arranjo do largo envolvente diferente do actual, certamento em cota inferior. As fenestrações rematam em frontões triangulares, semicirculares e, os exteriores e centrais, interrompidos em volutas, um deles com data da reforma do imóvel assinalada. Sobre o frontão do remate, surge uma sineira, reaproveitada dum edifício religioso. A fachada posterior possui a cornija do remate alteada, formando um falso tímpano para colocação do relógio, retomando os modelos barrocos da arquitectura civil beirã. O interior foi remodelado, recriando-se, no primeiro piso, a estrutura da arquitectura civil nobre, com átrio que liga a escadaria central, com dois lanços, os superiores divergentes, os quais acedem directamente ao salão nobre.
Número IPA Antigo: PT020504170062
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Extração, produção e transformação  Fábrica  Fábrica têxtil  

Descrição

Planta rectangular, de volume simples e disposição horizontal, com cobertura em telhado de quatro águas; evolui em três pisos, definidos por três pisos de granito, tendo as fachadas rebocadas e pintadas de branco, enquadradas por pilastras sobrepostas, as dos dois pisos inferiores da ordem colossal, encimadas por segunda ordem, e remate em cornija; são rasgadas de forma regular por janelas rectilíneas com molduras em cantaria de granito. A fachada principal, virada a SE., é simétrica, marcada, no piso inferior, por alpendre em granito com aparelho isódomo, rasgado, nas três faces inferiores, por arcos de volta perfeita, o da principal mais alto e com a pedra de fecho decorada, tendo, superiormente, varandim com guarda balaustrada de granito, para o qual abre janela encimada por frontão interrompido, tendo a data "1915"; no primeiro piso, surgem, ainda, quatro janelas e, nos extremos, duas portas; no intermédio, aparecem seis janelas de sacada, com guardas metálicas, encimadas por entablamento e frontão triangular, os exteriores interrompidos em voluta. O superior tem sete janelas de sacada, rematadas em entablamento e em cornija as interiores em frontão semicircular a central e as exteriores interrompidas em volutas. Sobre o eixo central, surge frontão triangular, onde se inscreve um relógio, sobre o qual surge um campanário, de ventana de volta perfeita e remate em cornija e beiral. As fachadas laterais são semelhantes, rasgadas em cada um dos três pisos por quatro janelas, as inferiores de peitoril e as superiores de sacada, com guardas de ferro, rematadas em frontão triangular no segundo piso, nas exteriores interrompidos em volutas, e no segundo piso em cornija e frontão semicircular nas exteriores. A única diferença reside na situação das portas de acesso, na lateral esquerda correspondente ao vão central esquerdo e, na lateral direita, ao vão exterior esquerdo. Fachada posterior com nove janelas de peitoril no piso inferior, a que correspondem, nos superiores, nove janelas de sacada em cada piso, as do intermédio encimadas por frontão triangular intercalado por frontões interrompidos; surgindo no superior, alternadamente frontões semicirculares e cornija; sobre a janela central, a cornija alteia-se em semicírculo, para dar lugar a um relógio. INTERIOR possui átrio amplo, que liga a escadaria de dois lanços, os superiores de dois braços divergentes, com guardas de ferro forjado pintado de preto, sendo a distribuição realizada por corredores centrais. O primeiro piso tem pavimentos em lajeado de granito, enquanto os superiores são de soalho, todos com tectos planos em estuque.

Acessos

Praça do Município. WGS84 (graus decimais) lat.: 40,138020, long.: -7,500553

Protecção

Categoria: MIM - Monumento de Interesse Municipal, Edital n.º 722/2017 da Câmara Municipal do Fundão, DR, 2.ª série, n.º 184 de 22 setembro 2017 / Incluído na Zona de Proteção do Pelourinho do Fundão (v. PT020504170001)

Enquadramento

Urbano, isolado, o edifício localiza-se sobre plataforma, proeminente nas fachadas NE., NO. e SO., formando um amplo adro, murado e protegido por guarda metálica, com plintos paralelepipédicos equidistantes, onde surgem várias árvores e, no lado esquerdo da zona posterior, um pequeno café, com estrutura de madeira e vidro, de planta poligonal. A fachada principal, virada a SE., abre para a Praça do Município com amplo jardim pavimentado a calçada, onde se situa o Pelourinho, vários bancos de madeira e árvores de grande e médio porte. Próximo, localiza-se o Casino Fundanense (v. PT020504170063) e a Casa dos Maias (v. PT020504170245).

Descrição Complementar

No cunhal das fachadas NO. e NE. existem inscrições: "Graças à concorrência e zelo dos honrados habitantes desta // villa e termo e mais aos que mais se distinguiram"; "Este edifício não poderia conservar-se sem a obra começada em Agosto de 1819 e concluída em 1821, segundo ano da restauração constitucional".

Utilização Inicial

Extração, produção e transformação: fábrica

Utilização Actual

Política e administrativa: câmara municipal

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1755, 30 Setembro - alvará da criação da Real Fábrica de Lanifícios do Fundão, procedendo-se à sua construção por ordem do Marquês de Pombal, tendo dois registos nas fachadas, piso único interior e escadaria exterior de acesso; 1764, 26 Julho - inicia a sua laboração como "Fábrica-Escola Real", para fabricação de panos; 1788, 3 Junho - alvará de exploração por 12 anos, a António José Ferreira, Jacinto Fernandes Bandeira, Luís Machado Teixeira, António Francisco Machado e Joaquim Pedro Quintela; 1789 - produzia tecidos, saetas, serafinas e tripes de lã; 1791 - tinha como concessionários em Lisboa, os Ferreira, no Chiado, os Bandeira, na R. de São Domingos à Lapa, os Teixeira, na Praça do Pelourinho, os Machados nas Pedras Negras e a Casa Quintela, na R. do Alecrim; 1799, 23 Novembro - renovação da concessão por mais 20 anos, já sem Luís Machado Teixeira e António Francisco Machado; 1819, Agosto - obras de conservação no edifício; 1821 - conclusão das obras; 1822, 24 Janeiro - avaliação da fábrica em 4:936$105; 1874 - colocação das grades de ferro no acesso; 1900 - descrição do edifício como tendo apenas dois pisos; 1914 - venda do imóvel e arrematação das obras por 13:000$00, que se devem à iniciativa de uma Comissão Executiva liderada pelo Dr. Teodoro da Fonseca Mesquita; 1916, 6 Agosto - passam a funcionar no local várias repartições públicas e o tribunal judicial, com a inauguração solene; 1915 - conforme data na fachada principal, iniciam-se as obras de adaptação, sendo construído mais um piso e o interior redimensionado; 1916 - colocação do campanário na fachada principal, proveniente do Convento de Santo António (v. PT020504170016) e de três pára-raios; 1942 - fundação do Museu Arqueológico do Fundão no local, pelo arqueólogo José Monteiro; 1965 - o Museu foi transferido para o Casino Fundanense (v. PT020504170063); 2017, 27 abril - publicação da abertura do procedimento administrativo de classificação de bem como Imóvel de Interesse Municipal, em Edital n.º 253/2017, DR, 2.ª série, n.º 82/2017.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes.

Materiais

Granito na estrutura, rebocada, pilastras, modinaturas, alpendre, balaustrada da varanda central, pavimento do primeiro piso; madeira nas portas, caixilhos das janelas, pavimentos do segundo e terceiro pisos, escadas; estuque nas coberturas; ferro nas guardas das janelas de sacada e na da escada interior; telha lusa; vidro simples nas janelas.

Bibliografia

CUNHA, José Germano da, Apontamentos para a História do Concelho do Fundão, Lisboa, 1892; BENTO, José, Fundão, in Património histórico e cultural, Fundão, 1990; OLIVEIRA, Manuel, Guia turístico de Portugal de A a Z, Lisboa, 1990; MARCELO, M. Lopes, Beira Baixa - novos guias de Portugal, Lisboa, 1993; SILVA, Joaquim Candeias, O Concelho do Fundão através das Memórias Paroquiais de 1758, Fundão, 1993; PROENÇA, Raúl, Guia de Portugal - Beira, tomo II, Lisboa, 1994; ROSA, João Mendes, Convento de Nossa Senhora do Seixo do Fundão, na história, na lenda e na literatura, Fundão, 1997; Museu Arqueológico do Fundão deve abrir as portas ainda este ano, in Público, 02 Abril 2006.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMF

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CMF

Documentação Administrativa

CMF

Intervenção Realizada

CMF: 2002 - obras de conservação geral.

Observações

Autor e Data

Luís Castro e Cláudia Alves 2002

Actualização

 
 
 
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