Liceu Nacional de Castelo Branco / Liceu Nuno Álvares / Escola Secundária Nuno Álvares
| IPA.00009216 |
Portugal, Castelo Branco, Castelo Branco, Castelo Branco |
|
Liceu Nacional projetado e construído na década de 40, no âmbito do "Programa de construções, ampliações e melhoramentos de edifícios liceais", o designado "Plano de 38". Obedece, grosso modo, ao "Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus", programa base definido pela Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS), no qual são estabelecidas as exigências e as características espaciais que os liceus devem observar, definindo a representação espacial da organização curricular, os diferentes grupos de serviços existentes (administrativos, escolares, especiais, de educação física, comunicações e diversos), e as dependências necessárias para cada um, com referência à sua posição relativa, dimensões e materiais a empregar, iluminação e exposição solar, e acessibilidade. Assim, os edifícios liceu desenvolvem-se em dois ou três pisos, consoante a exigência da topografia do terreno. Em termos programáticos os espaços relativos aos serviços escolares encontram-se divididos em dois grandes grupos (um correspondente ao 1.º ciclo, e outro aos 2.º e 3.º ciclos), qualquer um deles com acesso independente a partir do vestíbulo de entrada, o que define, na maioria dos casos, uma opção por uma planta simétrica centralizada em torno deste vestíbulo, envolvido pelas dependências do serviço administrativo (secretaria, reitoria, direção dos ciclos e instalações sanitárias). Os serviços especiais, comuns aos vários graus de ensino (biblioteca, museus, sala de professores) localizam-se, regra geral, no ponto mais central, e nobre, do piso térreo. A distribuição das salas de aula (regulares e especiais, salas de ciências geográfico-naturais, físico-químicas, de trabalhos manuais e de desenho, e instalações para a Mocidade Portuguesa) é feita sobretudo no primeiro piso (ou nos primeiro e segundo pisos), sempre a partir do átrio de entrada seguindo o corredor lateral de distribuição. Nos liceus mistos existe uma diferenciação acentuada dos espaços femininos, onde as alunas devem permanecer durante as pausas letivas, e que devem contemplar sala de estar, vestiário, recreios e instalações sanitárias, localizadas em local recatado, junto do qual fica a Sala de Lavores. Nos topos do imóvel, ou nos pontos de inserção dos corpos com direções perpendiculares, encontram-se as escadas. É exigência do plano de estudos a existência de uma sala de aula por classe, o que faz com que a sala de aula seja a unidade organizadora do espaço, definindo a capacidade do liceu em termos do número de turmas, logo de alunos. Os requisitos apresentados para as salas de aula são: espaço retangular de 6x9 metros, com um pé-direito de 4 metros de altura; iluminação unilateral e segundo a maior dimensão da sala, assegurada por janelas localizadas a 1,20 metros acima do pavimento numa superfície correspondente a 1/5 ou a 1/6 do total do pavimento. As salas de aula regulares e os laboratórios são orientados preferencialmente para S., as salas de desenho e trabalhos manuais e os corredores para N.. O grupo de Educação Física deve assegurar uma igual acessibilidade a todos os grupos, pelo que se encontra, normalmente, numa posição axial em relação ao átrio de entrada, em acesso direto a partir deste, ou no seguimento do corredor, encerrando o circuito interno. Os vestiários devem ficar no trajeto normal dos alunos para o ginásio. Os balneários devem ter o número de chuveiros suficiente para uma turma, o masculino, sendo que para os balneários femininos basta a existência de 10 chuveiros. Destaca-se da restante composição, quer pela sua volumetria, quer pela diferença na abertura dos vãos de iluminação, onde existe uma maior liberdade do que para as restantes salas. O programa base previa ainda a existência de uma entrada independente para este espaço e o contacto direto com os campos de jogos (exteriores) que o complementam e cuja área deve permitir a realização de atletismo, ginástica ao ar livre e jogos de grupo. A organização do espaço exterior do imóvel, localizado dentro de recinto murado, diferencia as zonas de circulação, as áreas ajardinadas e de recreio e os espaços reservados à prática desportiva. Os edifícios construídos ao abrigo deste programa base apresentam um cariz monumentalista, reforçado por elementos historicistas. A fachada principal é revestida a pedra e rematada com frontões. Apesar da inexistência de frontão, substituído pelos pináculos piramidais que assinalam a entrada, o edifício do antigo Liceu Nacional de Castelo Branco corresponde com bastante coerência à tipologia prevista para os liceus do Plano de 1938. |
|
Número IPA Antigo: PT020502050049 |
|
Registo visualizado 1089 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Educativo Escola Liceu Tipo Plano 1938
|
Descrição
|
Conjunto de planta composta, poligonal, resultante da articulação de vários corpos de dois pisos e, numa pequena parte, de três pisos. O edifício apresenta uma planta modular, simétrica, na qual o corpo da fachada principal assume protagonismo; ligeiramente recuado face às duas alas perpendiculares que se desenvolvem nos seus extremos, forma com estas um "U" de pouca profundidade, no centro do qual, ligeiramente saliente, se encontra, virada a E., a entrada principal. A eixo com a entrada principal, desenvolvendo-se longitudinalmente no sentido E.-O., paralelo às duas alas perpendiculares, encontra-se o corpo do ginásio/salão de festas, que forma com estas alas dois pátios internos, quadrangulares, idênticos, destinados a servir de recreio, fechados por outro corpo horizontal, paralelo ao corpo da fachada principal, a O., destinado a espaços de circulação e instalações de apoio ao ginásio, à cozinha e à despensa. Nos topos da interceção dos dois corpos horizontais com as alas laterais encontram-se nichos semicirculares salientes com as escadas para a circulação vertical. As coberturas do edifício são em telhados, maioritariamente de duas águas, podendo, nos corpos salientes da entrada, dos serviços de ápio ao ginásio/salão de festas e topos das alas perpendiculares ter três ou quatro águas. O acesso principal ao imóvel é efetuado a partir da Avenida Nuno Álvares, onde fica o seu portão principal. A monumentalidade da fachada de aparato (fachada principal) é conseguida pela sobrelevação do edifício em relação à envolvente, mediante a construção de uma plataforma artificial. A fachada principal é composta por sete panos de dois pisos, iguais dois a dois a partir do central, numa perfeita simetria. Toda ela (tal como as restantes) é percorrida por um soco de pedra. No centro, o corpo da entrada principal, mais saliente, é composto por três panos de fachada separados por cunhais de pedra, assinalados, ao nível da cobertura, por pináculos piramidais. No central situa-se o portal principal e dois laterais, precedidos por cinco degraus de pedra e por um alpendre assente em dois pilares de diâmetro quadrangular, encimam-no três janelas retangulares, retilíneas com molduras de alvenaria simples, sobre as quais se encontra a inscrição com o nome do liceu. Os dois panos laterais deste corpo são rasgados, em cada piso, por uma janela quadrangular, retilínea com moldura de alvenaria simples. Os dois panos seguintes, mais recuados, iguais de ambos os lados, são rasgados, em cada piso, por nove janelas quadrangulares, retilíneas, sublinhadas com parapeitos de alvenaria simples, no final os dois panos fazem ângulo (a N. e a S.) com a face interna, a E., das alas perpendiculares, que apresentam, cada, um pano rasgado por três janelas quadrangulares, retilíneas, sublinhadas com parapeitos de alvenaria simples. No topo E. de cada uma das alas perpendiculares encontra-se um pano de fachada delimitado por cunhais de pedra, e que apresenta, ao nível do primeiro andar, um painel figurativo em pedra. A fachada esquerda do imóvel, a S., apresenta seis panos, uma vez mais, idênticos dois a dois a partir do central e até ao quinto. O pano central é composto por uma área de recreio coberto em alpendre assente em pilares quadrangulares e encimado por uma área letiva, rasgada exteriormente por seis janelas quadrangulares, retilíneas sublinhadas com parapeito de alvenaria simples. Seguem-se, de ambos os lados, dois corpos cilíndricos, caixas de escada, rasgados por cinco janelões retangulares, retilíneos de duplo pé-direito, separados por cunhais de pedra. Os dois panos seguintes (um de cada lado) são rasgados, em cada piso, por seis janelas quadrangulares, retilíneas, sublinhadas com parapeito de alvenaria simples. Na campanha de obras da década de 1950 foi acrescido, para O., mais um pano de fachada a cada uma das alas perpendiculares do edifício, correspondendo ao pano mais à esquerda da fachada S. e ao mais à direita na fachada N.. Estes panos, iguais em ambas as fachadas, separados dos anteriores por cunhais de pedra, aproveitam o declive do terreno e apresentam-se com três pisos, sendo o piso térreo revestido a pedra e rasgado por seis janelas retangulares retilíneas, os restantes dois pisos repetem a métrica dos panos anteriores, sendo rasgados por seis janelas quadrangulares retilíneas, sublinhadas por parapeito de alvenaria. A fachada direita, a N., é em tudo semelhante à fachada S., mas em espelho. A fachada O., fachada posterior, desenvolve-se por nove panos, também eles iguais dois a dois a partir do central. Tal como na fachada principal, é composta por um corpo central mais saliente, correspondente às instalações de apoio ao ginásio/salão de festas. As fachadas esquerda e direita deste pequeno módulo apresentam acessos independentes ao interior do edifício, três degraus de pedra antecedem as portas ladeadas por uma janela quadrangular retilínea no piso térreo, encimadas por uma portada antecedida por um balcão com guarda metálica, no primeiro piso. A fachada O. deste bloco é centralizada por três janelas quadrangulares retilíneas sublinhadas com parapeito de alvenaria em cada piso, separadas por cunhais de pedra surge mais uma janela em cada piso, por fim, e uma vez mais separados por cunhais de pedra, surgem os últimos panos deste módulo central, apresentando paredes cegas. Os dois panos seguintes reportam-se a espaços de circulação interna, sendo o piso térreo rasgado por cinco janelas retangulares retilíneas e o primeiro por uma galeria coberta sustentada por pilares de diâmetro quadrangular, no final estes panos fazem ângulo com as faces internas O. das alas perpendiculares, cada uma com dois panos divididos por cunhais de pedra e rasgados por seis janelas quadrangulares retilíneas, sublinhadas por parapeito de alvenaria, em cada piso. O topo O. das alas perpendiculares é composto por um pano de fachada delimitado por cunhal de pedra e com parede cega. O dois pátios internos que ladeiam módulo do ginásio/salão de festas são idênticos, correspondendo na sua face O. (tardoz da fachada principal) a áreas de circulação servidas por nove janelas quadrangulares, retilíneas, sublinhadas por parapeito de alvenaria simples em cada piso; nas faces internas das alas perpendiculares a recreios cobertos suportados por pilares de diâmetro quadrangular no piso térreo, encimados por seis janelas quadrangulares retilíneas, sublinhadas por parapeito de alvenaria simples no primeiro piso; na face interna da fachada O. correspondem, uma vez mais a espaços de circulação, servidos por seis janelas no piso térreo e por uma galeria coberta suportada por pilares de diâmetro quadrangular no primeiro piso. Por fim as paredes laterais do ginásio/salão de festas apresentam três panos, sendo o central servido por uma porta e os laterais, de duplo pé-direito, rasgados, no primeiro piso, por janelas retangulares retilíneas. O restante espaço exterior, murado, apresenta a O. campos de jogos e a S., paralelos à ala perpendicular S. pequenos pavilhões prefabricados em madeira, com cobertura de fibrocimento. INTERIOR: o acesso ao interior é feito pelo portal que se encontra no centro da fachada E., no corpo principal do imóvel, ultrapassado o qual se encontra o átrio, elemento centralizador de toda a organização interna do imóvel, dele partem os corredores de circulação interna que permitem a ligação aos diversos espaços. As escadas de acesso ao segundo piso encontram-se nos topos deste corpo principal, nos pontos de interceção com as alas perpendiculares, e, novamente, nos topos do corpo O., nos pontos de intersecção com as alas perpendiculares. Ao longo do corpo principal, partindo de ambos os lados do átrio, encontrava-se grande parte dos serviços especiais, os serviços médicos, os serviços administrativos (secretaria, arquivo, salas de diretores de ciclo/turma) e os vestiários. Sobre o átrio e ao longo desta ala central, no segundo piso, ficava localizada parte dos serviços especiais, mais propriamente, a biblioteca, o museu e a sala da Mocidade Portuguesa. No topo das alas perpendiculares, na fachada E., ficavam as salas de Trabalhos Manuais (piso térreo) e de Desenho (primeiro piso). Ao longo do piso térreo das alas perpendiculares encontravam-se os recreios cobertos, sendo o primeiro piso ocupado com salas de aula normais e laboratórios, a S., e corredores de circulação, a N. No corpo paralelo ao corpo principal, a O., ficavam, para além de espaços de circulação, os espaços de apoio ao ginásio/salão de festas e os espaços dedicados às alunas (sala de alunas e Sala de Louvores). No centro, a eixo com a entrada principal ficava o ginásio/salão de festas. Com as devidas adaptações às atualizações curriculares, as funcionalidades mantêm-se, sendo os prefabricados dedicados a laboratórios e às tecnologias. |
Acessos
|
Avenida Nuno Álvares. WGS84 (graus decimais) lat.: 39,820442, long.: -7,492375 |
Protecção
|
Inexistente |
Enquadramento
|
Urbano. Situa-se na Avenida Nuno Álvares, artéria que liga o atual Largo do Município à estação de caminhos-de-ferro, e cuja abertura, pensada desde a construção da ferrovia em 1891, só veio a ser iniciada a partir de 1931, correspondendo à área de expansão urbana estado-novista. O liceu forma um quarteirão regular, delimitado, a N., pela Rua Conselheiro Albuquerque, a E., pela Avenida Nuno Álvares, que lhe serve de acesso, confrontando com o edifício da Igreja dos Redentoristas, a S. pela Rua dos Bombeiros Voluntários e a O. pela R. Dos Combatentes da Grande Guerra. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Educativa: liceu |
Utilização Actual
|
Educativa: escola secundária com 3.º ciclo do ensino básico |
Propriedade
|
Pública: estatal |
Afectação
|
Ministério da Educação e Ciência |
Época Construção
|
Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
ARQUITETO: José da Costa e Silva (1941-1946). ENGENHEIROS: Artur Bonneville Franco (1941-1946); António Carvalho Lopes Monteiro (1941-1946). ESCULTOR: Raúl Xavier (1952). |
Cronologia
|
1836, 17 de novembro - é aprovado o Plano dos Liceus Nacionais (decreto da Reforma da Instrução Secundária, publicado no DG n.º 275, de 19 novembro 1836), incluído no vasto programa de reforma dos vários graus de ensino preconizado por Passos Manuel, no qual é reconhecida a importância da instrução secundária e se determina a abertura de um liceu em cada capital de distrito e dois em Lisboa; no entanto, a difícil conjuntura económica e social da época e, consequentemente, a incapacidade do governo setembrista em investir avultadas verbas, quer na construção de um vasto parque escolar, quer na formação de docentes, conduz a que este plano fique, em grande parte, por concretizar; em Castelo Branco continua a lecionar-se apenas as cadeiras de Gramática Latina, Filosofia e Retórica, introduzidas após a Reforma Pombalina, no século 18, e destinadas, essencialmente, à formação de quadros para o funcionalismo regional e à preparação de seminaristas; 1844, 20 de setembro - o "Decreto acerca da Instrução Pública" (DG, 28 set. 1844, n.º 220) publicado pelo governo de Costa Cabral, institui importantes alterações curriculares, entre as quais, a introdução de novas disciplinas a lecionar em todos os liceus (Gramática Portuguesa e Latina, Latinidade, Aritmética e Geometria, Filosofia, Oratória, História e Geografia) e outras específicas para cada liceu, como é o caso da Agricultura e Economia Rural a lecionar no Liceu de Castelo Branco; 1847 - é nomeado o corpo docente para o Liceu de Castelo Branco, António José de Sousa professor das cadeiras de História e de Oratória, José Joaquim Magro, enquanto regente de Gramática Latina e de Latinidade, e, por último José Marques Leite, para lecionar Filosofia e Aritmética; 1848 - de acordo com o relatório oficial do Conselho Supremo de Instrução Pública, o Liceu de Castelo Branco não foi ainda constituído por falta de edifício próprio; no final deste ano o liceu, em condições precárias, inicia o seu funcionamento; 1851, 2 de junho - são exarados, em livro próprio, os primeiros termos de exames; 1852, 12 de março - é nomeado o primeiro reitor do liceu, José António Mourão, que permanecerá no cargo apenas até outubro do mesmo ano; 2 de maio - realiza-se a primeira reunião do Conselho do Liceu; 8 de julho - em sessão solene, é declarado definitivamente constituído o Liceu Nacional de Castelo Branco (Auto da Constituição Definitiva do Liceu, IAN/TT, Fundo do Ministério do Reino, mç. 3862); 1852-1863 - o liceu funciona em duas salas do primeiro andar da ala nascente do edifício do antigo hospital da Misericórdia de Castelo Branco (v. IPA.00011628), no topo da mesma ala estava instalada a Escola de Ensino Mútuo, cuja sala, por ser maior, era por vezes ocupada para a realização de exames; a exiguidade do espaço e a degradação do edifício desaconselharam a nomeação de mais professores, pelo que o currículo escolar não sofreu quaisquer alterações durante esse período de tempo; 1863, 16 de junho - a precariedade das instalações anteriores, agravadas por um desmoronamento ocorrido em 1859, conduziram à obtenção de uma autorização do Ministério do Reino para se proceder ao aluguer de uma casa senhorial no Largo da Sé; 1864-1865 - embora estejam longe de ser consideradas ideais, as novas instalações permitem já a lecionação de mais disciplinas, são então introduzidas no currículo escolar as línguas estrangeiras (Francês e Inglês), as Artes, a Aritmética e a Geometria; 1866-1867 - inicia-se o ensino da Física, da Química e da História Natural; 1870 - no reitorado do vigário-geral José Joaquim Pombo (reitor entre 1868-1871), o liceu recebe, como legado do seu primeiro reitor, José António Mourão, a sua biblioteca particular, a este fundo inicial juntar-se-iam os fundos provenientes da Mitra e dos extintos conventos de Santo António e da Graça, assim como, posteriormente, o do Colégio de São Fiel (v. IPA.00013945), após a sua extinção em 1910; 1873 - em carta dirigida ao Ministério do Reino, o reitor, Joaquim Duarte Moreira de Sousa (reitor entre 1871-1876), queixa-se do edifício, que, no seu dizer, tem péssima distribuição interna, salas muito pequenas e insuficiente material didático; por esta altura e nas décadas que se seguiram o liceu tem muito poucos alunos inscritos, aumentando a sua afluência apenas em época de exames, quando recebe os alunos enviados pelo vizinho colégio jesuíta de São Fiel; 1883-1884 - são inscritas as primeiras alunas externas; 1885-1888 - Domitília de Carvalho (1871-1966), que seria, mais tarde, a primeira mulher portuguesa licenciada em Medicina e reitora do Liceu Maria Amália Vaz de Carvalho (v. IPA.00007293), é a primeira aluna interna do Liceu de Castelo Branco; 1910 - após a reforma do ensino de 1894-1895, protagonizada por Jaime Moniz (1837-1917), o liceu ganha prestígio, à data da implantação da República tinha já 212 alunos inscritos, no ano seguinte, com a extinção do Colégio de São Fiel, a sua frequência passa a ser de 302 alunos; 1911 - o liceu é, então, instalado no antigo Paço Episcopal (v. IPA.00003917); 1914-1915 - após a realização de obras de adaptação, o liceu passa a dispor de 11 salas de aula, uma sala de Desenho, um museu de História Natural, laboratório de Físico-Química, biblioteca, reitoria, secretaria, salas para pessoal docente e discente, arrecadações, salas de apoio aos laboratório, posto meteorológico, pátios para recreios das alunas e dos alunos; 1917-1918 - a população estudantil ascendia aos 361 alunos; 1918, 24 de julho - é aprovada, em reunião do Conselho Escolar, a figura de Nuno Álvares como patrono da escola; 1922-1923 - a conjuntura social provocada pela participação portuguesa na Grande Guerra, pela fome e pela pneumónica, conduz a um decréscimo da população estudantil, agora apenas com 236 alunos; 1933-1934 - o número de alunos inscritos volta a crescer, sendo agora de 707; 1934, 21 dezembro - é fixada, pelo Ministério das Obras Públicas e Comunicações, a obrigatoriedade de todas as câmaras municipais do continente e ilhas promoverem o levantamento de plantas topográficas e elaborarem, até 1937, planos gerais de urbanização, o que viria a influenciar a localização da maioria dos liceus a construir nas novas áreas de crescimento urbano das cidades (Decreto-lei n.º 24 802/1934, DG, I série, n.º 299), em posição de destaque, como é requerido a edifícios destinados à formação de uma elite nacional; 1938 - é fixado o "Plano de 38" com a aprovação do programa das novas construções, ampliações e melhoramentos dos edifícios liceais e respetivos encargos (Decreto-lei n.º 28604/1938, DG, I série, n.º 91), a sua execução fica a cargo da Junta das Construções do Ensino Técnico e Secundário (JCETS)*1; no referido plano é prevista a construção de raiz, em terreno a negociar com a Câmara Municipal de Castelo Branco (CMCB), de um liceu misto com capacidade para 16 turmas (cerca de 560 alunos), destinando-se para o efeito a quantia de 4.300.000$00; a opção pela construção de um edifício de raiz é justificada pela JCETS pelo facto do edifício do antigo Paço Episcopal, que se encontrava em parte arruinado e a necessitar de grandes obras de adaptação e de reconstrução, não o permitir, pela sua inclusão no interior da malha urbana; 1940, junho - é apresentado o projeto, de "(...) um edifício em dois pisos, tendo apenas numa pequena parte um outro piso inferior, e abrange dois páteos separados pelas instalações de Educação Física (...)" (MOPC/JCETS, 1941, p. 16, citado em MARQUES, 2003, p. 83) da autoria do arquiteto José Costa e Silva e dos engenheiros Artur Bonneville Franco e António Carvalho Lopes Monteiro, todos pertencentes ao quadro técnico da JCETS; 1941, janeiro - inicia-se a obra, adjudicada 4.239.200$00, nos terreno cedidos para o efeito pela autarquia, em zona de expansão urbana, com a fachada principal "(...) sobre a avenida que liga a estação de caminho de ferro à Praça Nova, e constitui o principal arruamento da cidade (...)" (Idem, ibidem); nos anos seguintes a obra decorre morosamente, para o que contribuem as dificuldades em garantir mão de obra, bem como a aquisição e o transporte dos materiais; neste mesmo ano, no primeiro Relatório dos Trabalhos Realizados, 1940, apresentado pela JCETS é anunciado um "Programa Geral para a Elaboração dos Projectos dos Liceus", que explicita todas as exigências e características espaciais a que os edifícios devem responder, quer no que respeita à representação espacial da organização curricular, quer quanto à distribuição dos vários serviços, quer quanto à forma como o edifício deve garantir a separação dos sexos, num liceu misto, e a dos ciclos, em todos os liceus; este programa uniformiza a linguagem arquitetónica e urbanística utilizada, de modo a servir os ideais historicistas e de caráter representativo pretendidos pelo Estado Novo; 1941, fevereiro - um ciclone assola a cidade de Castelo Branco causando estragos no edifício do Paço Episcopal, no entanto, e por se estar a construir um novo edifício para liceu, é tomada a opção de só realizar as obras estritamente necessárias ao funcionamento das aulas;1944-1945 - a frequência do liceu desce para 431 alunos, dificuldades económicas e o crescimento do ensino particular (mais reputado) são razões apontadas para o decréscimo; 1946, Páscoa - as obras são dadas por concluídas e feita a mudança das instalações; teve por custo final 6.759.729$51, ultrapassando a dotação inicialmente atribuída para a sua construção; 2 de maio - são solenemente inauguradas as novas instalações; 1949 - a Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais procede a obras várias no edifício do Paço Episcopal para aí instalar diversos serviços públicos que se encontravam mal instalados em edifícios alugados; 1949-1950 - no pós-2.ª Guerra Mundial a população estudantil não cessa de aumentar, sendo, neste ano letivo, de 636 alunos; 1950-1951 - ultrapassada a capacidade prevista no projeto inicial, o reitor, Joaquim Sérvulo Correia (reitor entre 1946-1951), solicita a abertura de mais oito salas conseguidas por prolongamento das alas laterais; 1952, maio - é colocada no átrio da escola uma escultura de D. Nuno de Raúl Xavier, executada na oficina de Belém; 1954, 6 novembro - um forte tornado assola a cidade de Castelo Branco, causando vítimas e danos no imóvel; o reitor, Mourão Correia (reitor entre 1953-1959), manda executar obras de emergência na ala norte do imóvel (a menos atingida), passando as aulas a funcionar em regime de desdobramento, enquanto decorrem as obras de reparação na ala sul; 1954-1955 - a população estudantil ascende aos 878 alunos, sendo que neste ano a população feminina ultrapassa pela primeira vez a masculina; 1956-1957 - Mourão Correia eleva o número de salas pedido para 12; 1959 - conclusão das obras executadas pela DGEMN; 1959-1960 - são já 1259 os alunos inscritos; neste ano, ao entrarem em funcionamento as 9 novas salas, para se evitar desdobramento as turmas funcionam com excesso de alunos; 1962-1963 - os vestiários são transformados em salas de aula; 1965, 18 março - o governador civil de Castelo Branco, Simplício Barreto Magro, em carta dirigida ao diretor-geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, Eduardo de Arantes e Oliveira (1907-1982), solicita a construção de um pavilhão gimnodesportivo na cerca do liceu; o pedido é, no entanto, negado pelo excesso de instalações na cerca, que reduzem em muito o espaço livre para recreio; 1967-1968 - o liceu atinge um máximo de 1373 alunos; 1970 - construção de residências para estudantes, compreendendo um edifício com cinco pisos dotado de instalações de alojamento, receção, administração, gerais e especiais, pintura a tinta de água em algumas zonas dos paramentos das fachadas e aproveitamento da cave com a construção de uma entrada direta para o exterior, abertura de uma janela para ventilação e demolição de um muro de betão armado. Projeto e direção de obra: Eng.º António Monteiro dos Santos Moreira; 1978, 27 de abril - passa a designar-se Escola Secundária Nun'Álvares (Decreto-lei n.º 80/78, publicado no DR, 1.ª série, n.º 97, termina com a distinção entre liceus e escolas técnicas, uniformizando as designações do ensino secundário); 2006, 24 agosto - o edifício está em vias de classificação, nos termos do Regime Transitório previsto no n.º 1 do Artigo 1.º do Decreto-Lei n.º 173/2006, DR, 1.ª série, n.º 16, tendo esta caducado, visto o procedimento não ter sido concluído no prazo fixado pelo Artigo 24.º da Lei n.º 107/2001, DR, 1.º série A, n.º 209 de 08 setembro 2001; 2009-2011 - encontram-se previstas obras de requalificação das instalações a realizar pela empresa pública Parque Escolar, E.P.E., no âmbito da execução da terceira fase do Programa de Modernização Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação; o projeto, da autoria do arquiteto João Mendes Ribeiro (1960- ), prevê a ampliação das instalações para uma capacidade prevista de 48 turmas, conseguida a partir da construção de um novo corpo a S., paralelo ao existente, destinado à instalação das áreas de restauração e de novas tecnologias, e de um novo pavilhão desportivo a O, procurando respeitar a lógica funcional anterior, para o imóvel original são previstas a recuperação e a remodelação dos espaços existentes, maioritariamente destinados a salas de aulas e espaços administrativos; 2011, agosto - por decisão do ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato (1952- ), é suspenso o Programa de Modernização Modernização das Escolas do Ensino Secundário afetas ao Ministério da Educação, a intervenção de requalificação da Escola secundária Nuno Álvares não chegou a ser iniciada; 2013 - é criado o mega Agrupamento de Escolas Nuno Álvares, que congrega a até então escola não agrupada Secundária Nuno Álvares e os antigos agrupamentos Faria de Vasconcelos e Cidade de Castelo Branco, sendo assim a escola sede de um agrupamento vertical composto pelas escolas básicas do 1.º ciclo com jardim de infância da Boa Esperança, de Escalos de Baixo e Malpica do Tejo, as escolas básicas do 1.º ciclo do Cansado, da Horta Alva, da Mata e de Nossa Senhora da Piedade, Escola Básica dos 1.º e 2.º Ciclo e Jardim de Infância Faria de Vasconcelos, Escola Básica dos 1.º, 2.º e 3.º Ciclo e Jardim de Infância Cidade de Castelo Branco. |
Dados Técnicos
|
Estrutura mista |
Materiais
|
Estrutura em betão armado e alvenaria de tijolo, rebocada e pintada; coberturas em telhado de telha tipo românico sobre estrutura de madeira formada por escoramentos apoiados no teto de betão, socos, revestimentos, degraus e pavimentos em cantaria de calcário; caixilharias em madeira, vidro e metal; pavimentos interiores em madeira; lambris e pavimentos de ladrilho hidráulico. |
Bibliografia
|
ALEGRE, Alexandra; HEITOR, Teresa (coord.) - Liceus, Escolas Técnicas e Secundárias. Lisboa: Parque Escolar, EPE/Argumentum - Edições, Estudos e Realizações, 2010; ALEGRE, Maria Alexandra de Lacerda Nave - A Arquitectura Escolar: O Edifício Liceu em Portugal (1882-1978). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian/Fundação para a Ciência e Tecnologia, 2012 (Textos Universitários de Ciências Sociais e Humanas); DAVID, Artur - “Liceu Nuno Álvares, em Castelo Branco”. In NÓVOA, António (coord.); SANTA-CLARA, Ana Teresa (coord.) - Liceus de Portugal: Histórias, Arquivos, Memórias. Lisboa: Asa, 2003, pp. 161-183; JORGE, Filipe (coord.) - Mapa de Arquitectura de Castelo Branco. Lisboa: Argumentum, 2003; MARQUES, Fernando Moreira - Os liceus do Estado Novo. Arquitectura, currículo e poder. Lisboa: EDUCA, 2003; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1952. Lisboa: MOP/JCETS, 1953; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1954. Lisboa: MOP/JCETS, 1955; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1959. Lisboa: MOP/JCETS, 1960, vol. 2; www.aenacb.pt [acedido em abril 2015]; www.parque-escolar.pt [acedido em abril 2015]; Obras Públicas Concluídas em 1970 - Anexo n.º21 ao Boletim do Comissariado do Desemprego, Lisboa, Ministério das Obras Públicas, 1971, p.73 |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN:DSARH, DGEMN:DSEP |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN:DREMCentro |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN:DSID, DGEMN:DSARH, DGEMN:DREMCentro, DGEMN:REE, DGEMN:DSC, DGEMN:CAM |
Intervenção Realizada
|
JCETS: 1952-1958 - realização de obras de ampliação; DGEMN: 1954 - realização de diversas obras de reparação e conservação periódica, pela Direção dos Serviços de Construção e Conservação; 1965 - obras de revestimento betuminoso dos pátios, pelos Serviços de Construção e de Conservação. |
Observações
|
*1 A Junta das Construções para o Ensino Técnico e Secundário (JCETS) foi criada a 10 de agosto de 1934, em substituição da Junta administrativa do Empréstimo para o Ensino Secundário, que havia sido criada em 1928 para resolver o problema da escassez e inapropriação das instalações para o ensino secundário. A estas duas instituições, ambas da iniciativa do eng.º Duarte Pacheco (1900-1943), se deve, em continuidade, a responsabilidade da execução das políticas de construção (e de reconversão) dos edifícios para liceus e escolas técnicas até à criação da Direção-Geral das Construções Escolares em 1969. |
Autor e Data
|
Paula Tereno 2015 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |