Palácio do Conde de Amarante / Edifício do Governo Civil de Vila Real

IPA.00009212
Portugal, Vila Real, Vila Real, Vila Real
 
Arquitectura residencial, neoclássica. Palácio, de planta rectangular com pátio central, fachadas de dois pisos, separadas por friso e cornija, com pilastras nos cunhais, percorridas por embasamento, rematadas em duplo friso e cornija, coroadas por platibanda e rasgadas por vãos sobrepostos. Fachada principal, de três panos, com o central mais avançado e terminado em frontão triangular com brasão no tímpano, no primeiro piso, em cantaria disposta em cunha, rasgada por arcos de volta perfeita e, no segundo, por janelas de varandim de verga recta encimada por cornija. Fachadas laterais simétricas, rasgadas por janelas de verga abatida e a posterior de três panos e o central avançado. Interior com vestíbulo, tendo na parede testeira arcada a partir da qual surge escada de acesso ao segundo piso, com dois braços, e pátio envolvido por galerias de arcos de volta perfeita nos dois pisos.
Número IPA Antigo: PT011714230106
 
Registo visualizado 1517 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial senhorial  Casa nobre  Casa nobre  Tipo planta retangular com pátio central

Descrição

Planta rectangular, desenvolvida à volta de um pátio interior. Massa simples de volume horizontal, com coberturas em telhados de duas, três e quatro águas, integrando clarabóias de duas águas sobre a escadaria e o pátio. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, excepto o primeiro piso da fachada principal, integralmente executada em cantaria de granito aparente com junta seca e biselada, de dois pisos separados por cornija, rasgados regularmente por vãos sobrepostos, integrando bandeira superior, com pilastras nos cunhais de dupla ordem, percorridas por embasamento de cantaria granítica, rematadas em duplo friso, o inferior ritmado por argolas de ferro, e cornija, coroadas por platibanda plena de cantaria, decorada com almofadas geométricas. Fachada principal virada a E., de três panos, definidos pelas pilastras coroadas por urnas assentes em plintos paralelepipédicos, de disposição simétrica, a partir do pano central, mais avançado, terminado em frontão triangular, com tímpano em cantaria ornado de brasão de formato francês, com as armas de Portugal, encimado por coroa fechada e envolvida por motivos fitomórficos bastante relevados; a empena do frontão é coroada por acrotério, grinalda e outros elementos. No primeiro piso, rasgam-se vãos em arco de volta perfeita, de aduelas marcadas, assentes em pilastras, o central de fecho saliente, com portas de ferro forjado, pintado de verde escuro; o segundo piso é rasgado por janelas de varandim molduradas, encimadas por cornija, no corpo central denticulada e a do centro com fecho decorado com acanto saliente, e nas laterais sobrepostas por friso; o pano central possui um módulo de três vãos e os laterais de quatro, interligado por balcão corrido, assente na cornija separadora de piso, com guarda de ferro forjado, pintado a verde escuro; todas as janelas do segundo piso apresentam a travessa de verga da bandeira decorada com motivos fitomórficos e acanto central. Fachadas laterais simétricas de dois panos, definidos por pilastras, rasgadas por treze janelas, de verga abatida, em cada um dos pisos, sendo as do primeiro gradeadas. Fachada posterior, de três panos, definidos por pilastras, sendo o central mais avançado e seccionado em três panos formando, no segundo piso, torres sensivelmente quadradas, com cunhais apilastrados, unidas por varanda com guarda plena de cantaria assente no entablamento; no primeiro piso, abrem-se ao centro porta de verga abatida, precedida por escada de pedra de dois braços e quatro lanços, ladeada por duas janelas gradeadas, e no pano das torres, uma janela de peitoril mais pequena, também gradeada; no segundo piso, surgem três portas centrais e, na torre, janela pequena. O corpo avançado possui a SO., janelas entaipadas em cada piso. Os dois panos laterais, apresentam três janelas em cada um dos pisos, sendo as do primeiro, gradeadas. INTERIOR com acesso principal para um grande vestíbulo, com pavimento em lajeado granítico, no qual existem duas portas laterais, com bandeira em ferro forjado, que dão para os corredores laterais. Fronteiro à entrada, numa plataforma elevada por três degraus em cantaria, abrem-se três vãos em arco de volta perfeita, sobre pilastras, tendo o central fecho saliente, e com portas envidraçadas; conduzem à escada para o segundo piso, de três lanços e dois braços, com os primeiros degraus comuns, de pedra, com guarda em balaústres e corrimão moldurado, possuindo nos ângulos plintos quadrangulares, encimados por pinha. O primeiro patamar, apresenta plintos cilíndricos estriados, coroados por pinha maior, tendo frontalmente cartela com elementos vegetalistas; na parede frontal surge painel de azulejos policromos com os limites do distrito de Vila Real; a iluminação da escadaria é feita por clarabóia plana. Segundo piso percorrido em três faces por arcada, de arcos em volta perfeita, de fecho saliente, assentes em colunas toscanas sobre plintos paralelepipédicos, formando na ala frontal motivo serliano, e intercalado por guarda em balaustrada de cantaria; na ala fundeira, apresenta apenas balaustrada. Paredes terminadas em friso, ritmado por argolas de ferro, e cornija e tecto de estuque decorado. À volta da galeria distribuem-se várias salas, com portas de verga abatida, moldurada a cantaria, integrando bandeira envidraçada; salão nobre com tecto de estuque decorado com motivos geométricos. A ligação ao pátio central, utilizado para os actos solenes do Governo Civil, é feita pelos corredores laterais do primeiro piso, ou pelas portas da galeria do segundo piso. O pátio, rectangular, desenvolve-se em dois pisos, separados por duplo friso e cornija, com pilastras nos cunhais, possuindo em cada uma das alas arcos de volta perfeita, no primeiro piso assentes em pilares quadrados e os do segundo, com chave saliente, em colunas toscanas, ambos sobre plintos paralelepipédicos, intercaladas por balaustrada de cantaria; as alas terminam em duplo friso, o inferior ritmado por argolas de ferro e cornija. É iluminado por uma grande clarabóia plana de vidro fosco. À volta do pátio, estão instalados os vários serviços para onde se abrem portas no primeiro piso e portas e janelas no segundo, todos de verga abatida.

Acessos

São Dinis, Largo Conde de Amarante; Praça Jerónimo Amaral; Rua do Jazigo; Rua Miguel Torga; EN 15. WGS84: 41º17'43.82''N., 7º44'49.39''O.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, isolado. Ergue-se no centro histórico da cidade, adaptado ao declive do terreno, abrindo para o Largo do Conde de Amarante, com parque de estacionamento subterrâneo fronteiro à fachada principal, entre ruas com grande circulação automóvel. A fachada posterior, sobrelevada em relação ao largo fronteiro, transformado em parque de estacionamento, pontuado por algumas árvores, possui acesso por escada de pedra, de dois braços que dá para um pequeno patamar lajeado. A circundar o edifício, um passeio em cantaria, com um dreno para as águas pluviais, na fachada lateral esquerda. Pequeno muro em pedra, acompanha o desnível de implantação do edifício, nas várias fachadas, excepto na principal. Na proximidade ergue-se a Capela do Espírito Santo ou do Bom Jesus do Hospital (v. PT011714230020) e, ao fundo, a encosta da Serra do Marão.

Descrição Complementar

No átrio existia em meados do séc. 20, um brasão da família dos Guedes, que foi utilizado após o apeamento de um edifício demolido aquando da construção de um dos pavilhões do Hospital da Misericórdia. Desconhece-se ainda a data em que foi removido, assim como o seu paradeiro.

Utilização Inicial

Residencial: casa nobre

Utilização Actual

Política e administrativa: junta de freguesia / Segurança: edifício da proteção civil / Segurança: posto da Polícia de Segurança Pública (PSP) / Assistencial: associação de beneficência / Política e administrativa: delegação regional

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ENGENHEIRO: João Ribeiro Fraguas (1934). ARQUITECTO: Miguel Malheiro (1997).

Cronologia

1816 - O General Francisco da Silveira Pinto da Fonseca, Conde de Amarante, manda construir o Palácio *1; 1822, 23 setembro - Manuel da Silva Passos manda substituir o nome de Governador Civil pelo de Administrador; 1832, 16 maio - Decreto nº 23 promulgado por Mousinho de Albuquerque dividindo o país em províncias, sob a autoridade dum Prefeito; 1835 - 25 julho - reforma do sistema administrativo por Rodrigo da Fonseca Magalhães, que dividiu Portugal em Distritos, passando o chefe de cada distrito a designar-se Governador Civil; 1835, 27 julho - nomeação do primeiro Governador Rodrigo Pinto Pizarra; 1840 - compra do palácio pelo Estado, na sequência do qual se apeou o brasão, esquartelado com as armas dos Taveiras, Pimentel, Fonseca e Teixeira, que se transferiu para o Jardim da Carreira; 1840, 29 outubro - o Administrador Geral passou a chamar-se novamente de Governador Civil; 1862 - devido à falta de um edifício próprio, o Liceu Nacional de Vila Real foi temporariamente instalado no primeiro piso do palácio, conjuntamente com a repartição de Finanças e a Estação Telegráfica; 1881 - transferência do Liceu para um edifício na R. do Rossio; séc. 20, primeira metade - fotografias desta época mostram o pátio interior descoberto com as alas terminadas em platibanda plena, igual à das fachadas exteriores e um exonártex adossado à fachada lateral direita, posteriormente demolido; 1928, 27 abril / 1953, 27 abril - obras de instalação de serviços, pela DGEMN, através dos Serviços Centrais e da Delegação das Novas Instalações para os Serviços Públicos; 1932 - data do painel de azulejos no patamar da escada representando os limites do Distrito de Vila Real; 1934, 24 novembro - data do projecto assinado pelo Eng. João Ribeiro Fraguas, representando o palácio com planta em U; pouco depois, deve ter sido construído o corpo central; 1950, década - projectos de arquitectura representam o palácio em planta rectangular; 1977 - incêndio num compartimento da Repartição de Finanças (piso 1); 1996 / 1998 - data do projecto do Arq. Miguel Malheiro para obras de beneficiação do imóvel.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de granito rebocada e pintada; elementos estruturais, molduras dos vãos, frisos, cornijas e pilastras, urnas, guarda e balaustrada de escada em granito; portas, caixilharias e estrutura da cobertura em madeira; vidros simples; gradeamentos de ferro; pavimentos em lajeado de granito e madeira; tectos em estuque e clarabóias em vidro fosco; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

AZEVEDO, Correia, Vila Real, Porto, s.d.; Governos Civis - Mais de um Século de História, s.l., s.d.; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, vol. 11, Lisboa, 1886; MALHEIRO, Miguel, Governos Civis de Braga e de Vila Real: a intervenção no construído, in Monumentos, nº 12, Lisboa, 2000; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; NÓVOA, António, SANTA-CLARA, Ana Teresa, "Liceus de Portugal". Histórias Arquivos Memórias, Porto, 2003.

Documentação Gráfica

DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN (DNISP): 1928, 27 Abril / 1953, 27 Abril - obras de instalação de serviços; 1934 / 1959, entre - construção do corpo central; DGEMN: 1971 - obras de remodelação e conservação: pinturas e reparação de paredes, tectos e carpintarias no primeiro piso; obras urgentes de pinturas, rebocos, carpintarias e de limpeza geral; 1977 - obras urgentes e inadiáveis de reparação na Repartição de Finanças (primeiro piso): reconstrução dos estuques do tecto da sala do público, substituição integral dos rebocos da parede O., com reparação dos restantes, pinturas e enceramentos, revisão do sistema de escoamento de águas pluviais (caleiras, algerozes, tubos de queda e rede horizontal), substituição dos vidros partidos do lanternim do claustro; reparações urgentes: recuperação do compartimento afectado pelo incêndio, reparação do telhado; 1978 - reparações gerais e de caixilharias, 1979 - conclusão da substituição de caixilharias de madeira e reparações diversas; 1980 - obras urgentes e inadiáveis de reparação de avaria na rede de abastecimento de água; ampliação das instalações da esquadra PSP; 1981 - obras de conservação na central eléctrica; conservação e reparações diversas (assentamento de soleira de mármore, limpeza das cantarias interiores, picagem de rebocos de paredes interiores e de tectos de estuque e execução de novos, reposição da instalação eléctrica, de tectos falsos, consolidação da zona moldurada do tecto, incluindo os remates nos estuques, reparação de pavimentos de mosaico cerâmico, revisão geral da rede de esgotos, limpeza geral do telhado, reparação de portas exteriores envidraçadas, assentamento de caixilhos de madeira, pintura de paredes interiores e tectos); instalação de antena metálica com trinta metros; 1984 - conservação e reparações diversas: limpeza e lavagem de cantarias, pintura de rebocos, reparação e estucamento de tectos, pintura de paredes interiores, tectos e rodapés; 1985 - conservação e reparações diversas: reparação do telhado, limpeza de caleiras, limpeza de vitrais, reparação de tectos estucados, remodelação das instalações sanitárias; 1988 - conservação e reparações diversas: reparação do telhado, revisão das caleiras, reparação dos lanternins exteriores, limpeza dos vidros das clarabóias interiores, reboco a estuque liso em tectos incluindo sancas e ornatos em gesso; 1989 - beneficiação do sistema de aquecimento central; 1993 - obras de beneficiação: arranjo de telhado, inspecção a caleiras e rufos, limpeza de vidros nas clarabóias interiores, substituição de estuque, pintura de paredes e portas (interiores de madeira e ferro forjado), limpeza de caixas de águas pluviais e desobstrução de tubos, colocação do pára-raios derrubado; picagem do revestimento das paredes de alvenaria de granito, pela face exterior, reboco de paredes exteriores com argamassa, assentamento de caixilharia de madeira e respectivos vidros, revisão geral dos tubos de queda das águas pluviais, limpeza de cantarias em socos, cornijas e pilastras, limpeza do frontão e respectivas guarnições de cantaria, limpeza e pintura de paredes exteriores de cantaria, pintura da caixilharia exterior, pintura das portadas interiores, revisão geral de fechos e fechaduras das janelas e portas exteriores; 1996 - beneficiação das instalações sanitárias, tectos e coberturas; 1997 - obras de beneficiação do átrio e acessos; 1998 - obras de beneficiação do pátio interior (piso 1); 1999 - obras de beneficiação do pátio interior (piso 2); 2000 - obras de beneficiação do piso 2 / ala direita, (1ª fase); 2001 - obras de conservação da zona dos serviços (2ª fase); 2002 - conservação da cobertura; 2003 - eliminação de barreiras arquitectónicas: instalação de elevador, instalações sanitárias; 2004 - remodelação da rede de drenagem de águas pluviais; 2005 - obras de conservação geral: pinturas de paramentos e caixilharias.

Observações

*1 - Francisco da Silveira Pinto da Fonseca nasceu na vila de Canelas a 1 de Setembro de 1763, e faleceu em Vila real a 27 de Maio de 1821. Foi tenente general do exército, governador das armas da província de Trás-os-Montes, durante o período da invasão francesa. Em 1811 recebeu o título de Conde de Amarante. Foi um dos generais mais notáveis do exército português que entraram na guerra peninsular.

Autor e Data

Sónia Basto 2005

Actualização

 
 
 
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