Igreja Paroquial de Mondim de Basto / Igreja de São Cristóvão
| IPA.00009058 |
Portugal, Vila Real, Mondim de Basto, São Cristóvão de Mondim de Basto |
|
Arquitectura religiosa, gótica e barroca. Igreja Paroquial de planta longitudinal composta de uma nave e capela-mor, mais alta e estreita, de espaço interior diferenciado coberto por tectos em caixotões, com sacristia, torre sineira a flanquear a fachada principal e capela adossada lateralmente. Fachada principal de três panos definidos por pilastras toscanas e terminada em empena de volutas, rasgada por portal em arco de volta perfeita, e por janelão. Fachadas laterais com pilastras nos cunhais, rasgadas por duas janelas na nave e uma na capela-mor, e por porta travessa, de verga recta na lateral esquerda, e fresta e porta travessa, em arco quebrado, góticas, na lateral direita. Interior com coro-alto de madeira, baptistério no lado do Evangelho, confessionários embutidos confrontantes, púlpito, retábulos lateral e colaterais de talha policroma e dourada tardo-barrocos e retábulo-mor de talha dourada barroco joanino. |
|
Número IPA Antigo: PT011705050020 |
|
Registo visualizado 202 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
|
Descrição
|
Planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, rectangulares, mais estreita e mais alta, com torre sineira quadrangular e capela e sacristia, rectangulares, adossadas a S. e sacristia, quadrangular, adossada a N.. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, capela-mor e capela lateral, de três águas nas sacristias e em coruchéu octogonal na torre sineira. Fachadas em cantaria de granito, de aparelho em fiadas regulares, com as juntas betumadas e pintadas de branco, percorrida por embasamento de cantaria, terminadas em cornija, com pilastras nos cunhais e cruz sobre acrotério nas empenas. Fachada principal orientada a E., de três panos definidos por pilastras toscanas, terminada em empena de volutas, enquadrada por urnas sobre plintos no alinhamento das pilastras. Portal em arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, de fecho saliente, interligado ao avental do janelão que o sobrepuja, moldurado, com aletas laterais na base e superiormente com cornija de volutas interrompida pelo fecho saliente da moldura. A fachada é flanqueada por torre sineira, com pilastras de canto nos cunhais, com três registos, sensivelmente escalonados, separados por friso e cornija recta; possui acesso exterior por porta de verga recta, no 1º registo, do lado O., relógio inscrito em moldura pétrea, no 2º registo, no lado E. e no 3º registo 4 sineiras, em arco de volta perfeita, albergando sinos. Remate em friso e cornija recta com pináculos nos vértices e cobertura em coruchéu com catavento de ferro. Fachada S. marcada pelo escalonamento dos diferentes corpos, com porta travessa de verga recta assente nos pés-direitos e dois janelões de capialço, na nave, e dois outros janelões semelhantes, na capela-mor, apresentando ainda escadaria pétrea com corrimão de ferro de acesso à torre e ao coro-alto. Capela lateral com fachada posterior terminada em empena, de friso e cornija, que percorre também as outras fachadas, sendo rasgada a E. por portal de verga recta, de moldura recortada com jogos concâvos e convexos, encimado por cornija, friso convexo e frontão de lances com volutas interrompido por concha e com motivo alusivo ao Sagrado Coração de Jesus no tímpano. Ladeia o portal óculo circular. Sacristia de dois pisos, rasgada por vãos rectangulares, com porta ladeada por dois janelões, no 1º piso e duas janelas de sacada corrida, no 2º, na fachada voltada a S., e porta ladeada por dois janelões, no 2º piso da fachada O., com acesso por escadaria de pedra e corrimão de ferro. Fachada lateral N. rasgada por porta de arco quebrado, de três arquivoltas, duas em toro e a terceira composta por dois frisos com decoração fitomórfica distinta, assentes em impostas salientes e com pés direitos de ângulo chanfrado, encimado por fresta, e com três janelões de capialço, gradeados; sacristia com pilastras nos cunhais, terminada em friso e cornija, com porta de verga recta voltada a E. e janelão rectangular, no oposto. Fachada posterior terminada em empena de cornija, com pináculos piramidais coroados por bolas, assentes em plintos, a coroar os cunhais, sendo rasgada por óculo, rectangular. INTERIOR rebocado e pintado de branco com azulejos industriais, de estampilha azul, branca e amarela, formando silhar, de diferente padrão entre a nave e capela-mor, sobre rodapé de pedra. Nave com coro-alto de planta em U de topos arredondados, sobre quatro mísulas de pedra, com balaustrada em madeira envernizada; sub-coro com guarda-vento de madeira e duas pias de água benta. Lateralmente, abrem-se as janelas, com cortinas e reposteiros, e quatro confessionários embutidos, de verga recta, confrontantes; no lado do Evangelho, apresenta baptistério, de arco abatido, com ligeira quebra, e interiormente quebrado, revestido a azulejos industriais, de estampilha azul, amarela e branca, cerrado por portão de ferro, com pia baptismal monolítica octogonal, sobre plinto, e amplo tocheiro, rasgando-se do lado direito nicho rectangular. Para o topo da nave, surge porta travessa ladeada por duas pias de água benta semicirculares e vão de acesso à capela lateral, em arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ambos moldurados. A capela, rebocada e pintada de branco, com azulejos industriais, de estampilha azul, branca e amarela, formando silhar, é percorrida por cornija, sobre a qual assenta a cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque pintado de azul e branco, iluminada ao centro por clarabóia, decorada com motivos Eucarísticos e fitomórficos inseridos em cartelas; tem pavimento em mosaico, supedâneo de granito, com degraus centrais e retábulo, em talha policroma e dourado, de planta recta e três eixos. No lado da Epístola, surge púlpito de base quadrangular sobre mísula decorada por enrolados, com balaústres de pau-preto e apontamentos dourados e acedido por porta de verga recta, seguido de retábulo lateral de talha policroma. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas, ambos moldurados, ladeado por dois retábulos colaterais em talha policroma e dourada, postos de ângulo. Pavimento soalhado com passadeiras em mosaico, com motivos vegetalistas, e cobertura em falsa abobada de berço em estuque, formando caixotões, pintados com motivos fitomórficos e tendo no central a imagem de São Cristóvão, sobre cornija de madeira com mísulas volutadas.Capela-mor sobrelevada, com paredes rasgadas pelas duas janelas e duas portas, confrontantes, para as sacristias. Retábulo-mor de talha policromada, a branco, azul e rosa, e dourado, de planta côncava e um eixo, definido por seis colunas torsas, decoradas por pâmpanos, fénices e quatro delas com anjos encarnados, e quatro pilastras ornadas de acantos, assentes em plintos paralelepipédicos com acantos e querubins e em mísulas, e com capitéis coríntios, que se prolongam em cinco arquivoltas unidas no sentido do raio, formando o ático; ao centro, surge tribuna de arco de volta perfeita, com fecho saliente, interior em apainelados de acantos e cobertura em falsa abóbada de quarto de esfera igualmente com apainelados de acantos, albergando trono expositivo circular de quatro degraus, ornado de fénices, acantos e querubins. Na zona central o banco forma convexidade, acompanhando o perfil circular do trono. Altar paralelepipédico com frontal de apainelados decorados de acantos e cartela central com o monograma "IHS", demarcado por sebastos e sanefa com acantos, anjos e serafim, sobre o qual surge sacrário, tendo na porta um cálice e uma hóstia com resplendor, com remate curvo e decoração de acantos. Pavimento de cantaria e cobertura em falsa abóbada de berço, de madeira, formando caixotões, pintados com motivos fitomórficos, com molduras de talha. Sacristia do lado da Epístola, rebocada e pintada de branco, com lavabo de pedra. A sacristia do lado do Evangelho possui azulejos industriais formando silhar, pavimento de tijoleira e dois arcazes de castanho, comunicando com o exterior e a capela lateral. |
Acessos
|
Mondim de Basto, EN 304, Largo da Igreja |
Protecção
|
Inexistente |
Enquadramento
|
Urbano, isolado, sobranceiro a um largo ajardinado, confluência de vias, onde se implanta, no centro de uma rotunda, o Cruzeiro dos Centenários (v. PT011705050089). Do lado N. confronta com a Casa da Igreja (v. PT011705050048); no lado S. ergue-se a residência paroquial separada pelo caminho que conduz ao cemitério e à capela de Nossa Senhora da Piedade (v. PT011705050026). Na proximidade, ainda a S. encontra-se escola primária (v. PT011705050090). Possui adro empedrado a cubo granítico, rodeado por gradeamento de ferro com entrada frontal e pelo lado S., cerradas por portão de ferro. A entrada principal, marcada por escadaria de pedra, é definida por pilares de granito sobrepujados por bolas. No interior do adro, frente à igreja, erguem-se duas imponentes tílias. |
Descrição Complementar
|
O retábulo da capela lateral é de planta convexa e três eixos, definidos por colunas pintadas a marmoreados fingidos decoradas com espira fitomórfica e concheados a dourado, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, ornados de concheados, e com capitéis coríntios, e por pilastras igualmente decoradas com concheados; no eixo central surge nicho de perfil abatido, delimitado por frisos, com fundo pintado de azul e albergando a imagem do orago e nos eixos laterais surgem mísulas com imaginária. O remate tem nos eixos laterais fragmentos de frontão e no central duas estípides dóricas sustentando cornija em ressalto encimada por falsa cúpula. Banco ornado de apainelados pintados a marmoreados fingidos e com motivos fitomórficos, integrando ao centro sacrário com cruz na porta, ladeado de aletas. Altar paralelepipédico com frontal apresentando igualmente motivos fitomórficos e cartela central com Sudário de Verónica. Retábulo lateral da Epístola e colaterais de estrutura semelhante, em talha policroma, a branco, com marmoreados fingidos rosa e verde, e dourados, de planta recta e um eixo, definido por colunas de fuste liso com o terço inferior estriado, assentes em duas ordens de plintos, o inferior com face frontal decorada com elementos fitomórficos e o superior liso, e com capitéis coríntios; ao centro, surge nicho de perfil curvo, com fecho saliente, delimitado por frisos fitomórficos e encimado por torso de louro, ladeado por duas mísulas com imaginária, sublinhada por apainelado delimitado por friso rematado no topo por acantos; remate em frontão interrompido com espaldar curvo decorado por resplendor com motivo alusivo ao orago (delta luminoso no colateral do Evangelho e lateral da Epístola e Sagrado Coração de Jesus no colateral da Epístola), terminado em friso e cornija encimada por frontão de volutas interrompido por folha de acanto. Altar paralelepipédico com frontal ligeiramente encurvado e decorado com acantos, surgindo no banco, sacrário embutido, nos dois retábulos da Epístola com a Custódia e no do Evangelho com cruz sobre o Agnus Dei. |
Utilização Inicial
|
Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
|
Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
|
Privada: Igreja Católica (Diocese de Vila Real) |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 14 (conjectural) / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
Desconhecido. |
Cronologia
|
1220 - As Inquirições de D. Afonso II referem que moram em Mondim 54 homens e, segundo testemunha o abade Pedro Pais, davam cada um ao senhor da terra 5 ferros e 1 enxada; 1324, 12 Setembro - Martim Martins, abade de Mondim, aparece como testemunha na carta de composição entre o conde de Barcelos e sua mulher e os moradores de Mondim; 1397, 31 Janeiro - por morte do reitor de Mondim, João Geraldes, é apresentado em Braga, pelo Arcebispo, Vasco Afonso; 1420, 11 Abril - por morte de Martinho Domingues de Basto, último reitor da igreja de São Cristóvão de Mondim, o arcebispo D. Fernando da Guerra faz a apresentação do clérigo Diogo Gonçalves; 1421, 3 Julho - ficando vaga a igreja, por renúncia do abade Diogo Gonçalves, foi apresentado e confirmado o abade Pedro Martins; 1444, 7 Março - registo do pároco de Mondim, Álvaro Anes; 1516 - Bula de Leão X que une e incorpora a igreja de Ançã à de Mondim, a favor e enquanto viver Manuel da Silva, reitor da Igreja Paroquial de Ançã, na diocese de Coimbra; 1590 - o vigário de Mondim, Pedro Jorge, é condenado por ter ocupado violentamente a Igreja de Nossa Senhora de Rebordelo; 1591, - sentença a favor de D. Pedro de Meneses, conde de Cantanhede, senhor das vilas de Mondim, Atei, Ermelo e Cerva, sobre a apresentação da abadia, sua reitoria ou Vigairaria da Igreja de São Cristóvão de Mondim; 1592 - Custódio Nunes procurador de D. Manuel, abade da igreja de Mondim, apresentou um tombo deste igreja, de 10 de Novembro de 1575, ao provisor e vigário geral da Sé de Braga para o registar no cartório e lhe mandar passar um treslado; 1593, 7 Fevereiro - sentença que declara ser a igreja de São Cristóvão de Mondim do padroado real; 1707, 27 Agosto - Dionísio Pereira da Fonseca, pároco de Mondim, manda redigir um livro com usos e costumes da igreja, bens de alma e direitos paroquiais, satisfazendo a Pastoral do Arcebispo, D. Rodrigo de Moura Teles; 1758 - o pároco de Mondim, Pe. Manuel de Carvalho, refere que a sua igreja "tem coatro altares, Altar Mor, de Nossa Senhora, de Nome de Deos e das Almas", tem duas irmandades antigas, a das Almas e a do Santíssimo Sacramento, e duas de novo, do Sagrado Coração de Jesus e de Nossa Senhora do Rosário; 1767 - o pároco era vigário da apresentação do Marquês de Marialva e rendia a freguesia 350 mil réis pagando de pensão 250 mil réis; 1779, 23 Março - o Pe. António Gomes Ribeiro obtém licença para dizer missa na igreja de Mondim; 14 Agosto - novo pároco para dizer missa, o Pe. Domingos Gonçalves do Tapado; 1784, 5 Julho - título de provisão e confirmação dado a favor do Pe. Manuel Mateus; 1837 - o Pe. José Joaquim da Costa Leite mandou fazer à sua custa a sepultura do centro da capela-mor e promoveu uma subscrição para fazer as duas que lhe ficam ao lado; 1858 - era pároco em Mondim, desde há 16 anos, o Pe. José Joaquim da Costa Leite; séc. 19, finais - construção da nova sacristia e casa da Confraria. |
Dados Técnicos
|
Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
|
Estrutura, molduras, baptistério, pias de água benta, base do púlpito e pavimento da capela-mor de granito; silhar de azulejos na nave, capela-mor, capela do Coração de Jesus e sacristia; passadeira central da nave e pavimentos da capela do Coração de Jesus e da sacristia em tijoleira cerâmica; portas, pavimento da nave, balaustrada do coro-alto, confessionários e tecto da capela-mor de madeira; guarda do púlpito em pau-preto; retábulos de talha dourada e policroma; tectos da nave e capela do Coração de Jesus em estuque; cobertura exterior de telha cerâmica; guarda das escadas exteriores e das sacadas da casa da confraria, grades do baptistério e das janelas de ferro. |
Bibliografia
|
LOPES, Eduardo Teixeira, Mondim de Basto Memórias Históricas, Mondim de Basto, 2000, pp. 271 - 337. |
Documentação Gráfica
|
DGEMN:DSID |
Documentação Fotográfica
|
DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
|
|
Intervenção Realizada
|
|
Observações
|
*1 - Segundo a tradição, o retábulo-mor da igreja destinava-se à Igreja de São Pedro de Vila Real mas, aproveitando os carros de bois que faziam o seu transporte ficaram retidos em Mondim devido a uma violenta tempestade de neve, os moradores mobilizaram-se e adquiriram o retábulo. Devido ao seu tamanho, ter-se-ia remodelado a igreja, provavelmente invertendo a sua orientação e construído a actual capela-mor. |
Autor e Data
|
António Dinis 2002 / Paula Noé 2004 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |