Igreja Paroquial de Veiros / Igreja de São Salvador / Igreja do Rei Salvador

IPA.00008897
Portugal, Évora, Estremoz, Veiros
 
Igrela paroquial maneirista, do tipo igreja salão integrável no grupo das igrejas inspiradas nas hallenkirchens alemãs. Exemplo de um tipo de igrejas alentejanas construídas por influência do Cardeal D. Henrique sob provável desenho de Miguel de Arruda, com paralelos em Santa Maria de Estremoz (v. PT040704030022), Santo Antão de Évora (v. PT040705050057), Nossa Senhora da Lagoa de Monsaraz (v. PT0407110003). Planta rectangular de três naves, capelas laterais, capela-mor, colunas toscanas que suportam a abóbada nervurada, cuja tipologia é própria do estilo chão. O equilíbrio dos volumes e materiais. Simplicidade e austeridade da arquitectura. Grande destaque físico do edifício muito marcante no conjunto urbano.
Número IPA Antigo: PT040704130026
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta retangular, composta pelo corpo de três naves, capela-mor e sacristia. Volumes escalonados com cobertura diferenciada em telhado de duas águas nas naves e capela-mor e telhado de uma água na sacristia e anexos. Fachada principal a E., divide-se em três tramos marcados por pilastras que assinalam a divisão das naves e entre as quais se rasgam, nos panos laterais, janelas rectilíneas gradeadas, de profundos enxalços. Portal axial adintelado com verga direita e decorações de pontas de diamante nas jambas e no lintel. Sobre o portal uma grande luneta emoldurada e gradeada. Encima este conjunto a empena, de enrolamento com vieiras, palmetas e fogaréus estilizados, centrada pela cruz de São Bento de Avis; a S. a torre com cúpula bolbosa, e quatro olhais com três sinos. Os alçados laterais têm contrafortes apilastrados entre os quais se rasgam frestas rectilíneas gradeadas para iluminação interior. No alçado posterior formado pelos volumes da capela-mor e da sacristia apenas se registam três óculos gradeados. Interior: espaço diferenciado, planta rectangular composta de coro, três naves com três tramos e cabeceira com capela-mor e duas capelas colaterais. Tecto em abóbada à mesma altura nervurada de arestas vivas fechada por bocetas cilíndricas com as cruzes da ordem de São Bento e de Avis, na nave central e com florões simples nas laterais. A abóbada assenta em colunas com capitéis decorados por acantos e anjos que configuram os três tramos das três naves. O coro distribui-se por três arcadas redondas com tecto em abóbada nervurada. Vão central descoberto defendido por balaustrada e dois grandes balcões adintelados nos corpos laterais. Baptistério de secção redonda, assente em peanha piriforme, atarracada. Púlpito no fuste central do lado do Evangelho, de forma coleante, com corrimão de volutas com enrolamento e balaústres cilíndricos. Cabeceira formada por três capelas. A capela-mor, de planta quadrangular, separada da nave central por um arco de volta perfeita, de secção rectangular e tecto em abóbada de meio canhão, é antecedida de seis degraus e constituída por um enorme retábulo de talha dourada, de quatro fustes salomónicos e de capitéis compósitos, axialmente composto por grande tabela dourada, com representações de anjos e do Espírito Santo. As capelas colaterais, dedicadas a Nossa Senhora do Rosário, do lado do Evangelho, e a Santo António do lado da Epístola, estão decoradas por colunas compósitas com duplos frontões que encimam o nicho pouco profundo. As naves laterais possuem quatro capelas rasgadas nas fachadas, de arco redondo, apilastradas e dedicadas respectivamente ao Senhor Crucificado, a Santa Ana, do lado da Epístola a contar da cabeceira, São Brás e às Almas, do lado do Evangelho. No lado da Epístola, situada no sub-coro encontra-se a Capela de São João Baptista *2.

Acessos

Largo da Matriz

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002

Enquadramento

Urbano, isolado, destacado no largo da povoação. Edifício de grande volume, separado do restante aglomerado por um adro de grandes dimensões, com muro e escadaria de acesso ao seu interior; na banda S. do adro erguem-se a torrela do Relógio e a Igreja do Senhor dos Passos.

Descrição Complementar

O Altar do Senhor Crucificado tem retábulo de estuques e fustes pintados e medalhão central com o tema da Paixão. Altar de Santa Ana com frontões quebrados e a legenda patronímica coroada e dourada e nicho de talha dourada. Altar de São Brás com retábulo de talha em três andares, com colunelos compósitos, com o terço floral e cabeças de anjos esculpidos; seis painéis de pintura sobre madeira: Santa Luzia e Santa Apolónia, São Lourenço, Cristo da Coluna e Santo André e a Descida do Espírito Santo. A Capela de São João Baptista abre-se em arco pleno, com cobertura nervurada rematada por bocetes cilíndricos e decorada por pinturas murais de anjos músicos, cantores e ofertantes; altar de colunata coríntia encimadas por frontão semicircular centrado pelo medalhão do Cordeiro Místico em baixo-relevo dourado. INSCRIÇÕES: IGREJA: 1. Inscrição funerária gravada numa lápide, num campo epigráfico de linhas auxiliares demarcadas e delimitado por moldura simples filetada. Dimensões: totais: 37,5x48,5; campo epigráfico: 29,75x40,5. Mármore. Sulcos das letras preenchidos com betume negro. Tipo de letra: capitular carolino-gótica. Leitura modernizada: AQUI JAZ VICENTE MARTINS CURVO HOMEM BOM E RICO NO SEU TEMPO O QUAL MORREU AOS VIII DIAS DE AGOSTO ERA MILÉSSIMA CCC LXXX E VI ANOS CUIUS ANIMA REQIESCAT IN PACE (=Cuja alma descançe em paz) AMEN. 2. Inscição comemorativa de instituição e administração de capela gravada numa lápide. Topo inferior muito deteriorado. Sulcos das letras pintados a negro dificultam a leitura, em especial da letra "V" que se confunde com um "Y". Dimensões: Totais: 50x197; campo epigráfico: 43,5x189. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: ESTA CAPELA INSTITUIO VICENTE MARTNS CVRVO COM DOIS CAPELÃES PERPÉTUOS FABRICA E A LAMPADA E OUTRAS OBRIGAÇÕES NO ANO DE MIL E TREZENTOS E OITENTA EL REI DOM JOÃO O TERCEIRO ACRESCENTOU QUATRO CAPELÃES MAIS QUE CANTEM CADA ANO NO COLÉGIO DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA DE COIMBRA QUE TEM A ADMINISTRAÇÃO PERPÉTUA POR CARTA DA COROA DE QUE TOMAM CONTA OS OFIÇIAIS DA CÂMARA E DO QUE SE MANDOU FAZER ESTA MEMÓRIA COMO TOMBO NO ANO DE MIL E SEISCENTOS E DOIS ANOS. CAPELA DE SANTA ISABEL. 1. Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura, em campo epigráfico em resalto, encimada por pedra de armas. Dimensões: totais: 211x107,5; campo epigráfico: 71,5x93,7; moldura: 5/4,5; brasão: 128x98. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura modernizada: SEPULTURA DE FRANCISCO ANTÓNIO COUTINHO ESCUDEIRO FIDALGO COM EXERCÍCIO NA SERENISSIMA CASA DE BRAGANÇA E DE DONA JERÓNIMA GALVOA SUA MULHER FALECEU ANO DE 1570 TRESLADOU-SE PARA ESTA CAPELA POR SEU SEGUNDO NETO DIOGO GALVÃO ANO DE 1741. SEPULTURA DE LUÍS GALVÃO COUTINHO FREIRE CAVALEIRO PROFESSO NA ORDEM DE CRISTO CAPITÃO DE CAVALOS NA GUERRA DE ACLAMAÇÃO GOVERNADOR DESTA VILA E DE DONA ISABEL CORREIA(?) DE SIMAS SUA MULHER HERDEIROS FALECEU ANO DE 1702 TRESLADOU-A PARA ESTA CAPELA SEU FILHO DIOGO GALVÃO ANO DE 1741.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Évora)

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

João Álvares, mestre de pedraria, construtor; Miguel de Arruda, projecto ( conjectural )

Cronologia

1359 - primeiras referências à existência da Igreja de Santa Maria Madalena; 1559 - Carta de Privilégio autorizando a construção de um novo templo em substituição do antigo; 1585 - Alvará da Ordem de Avis para apressar a obra; 1595 - fecho do arco mestre; sagração do edifício; 1600 - execução da composição fresquista da capela de São João Baptista e do retábulo da mesma capela; Séc.17, inícios - a capela de São João Baptista, uma das mais antigas da igreja, tendo transitado da primitiva matriz como património de Vicente Martins Curvo, é cedida aos fidalgos Inês Pegas e Lopes Figueira Pereira; Séc. 18 - obras de remodelação da zona envolvente para desafogamento do adro, com a destruição da muralha e porta militar que corriam na frente da igreja onde agora assentam os muros do adro e a escadaria de acesso; 1725 - construção de um dos três sinos, dedicado ao Cristo Salvador; Séc.18, segunda metade - alteração da decoração da Capela de São João Baptista, de Nossa Senhora do Rosário e de Santo António ao gosto barroco; 1866 - construção de segundo sino; 1876 - construção do terceiro sino; 1926 - a capela-mor sofreu uma transformação decorativa com um conjunto de pinturas a óleo com temas eucarísticos; 1993, 04 de Fevereiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo IPPAR.

Dados Técnicos

Estrutura mista com paredes autoportantes e pilares. Contrafortes exteriores apilastrados. Pilares e arcos no interior para suporte dos tectos em abóbadas nervuradas à mesma altura, cobertura em telhado de duas águas.

Materiais

Alvenarias mistas de pedra e tijolo, rebocadas e caiadas, telha de canudo nas coberturas, mármore nos pavimentos e cantarias, madeira nas caixilharias, pavimento e altares de talha.

Bibliografia

ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Évora, vol. 8, Lisboa, 1975; Notícia de quatro igrejas comendatárias da Ordem de Avis, A Cidade de Évora, nº55; SERRÃO, Joaquim Veríssimo, Livro das Igrejas e Capelas do Padroado dos Reis de Portugal, Lisboa, 1974; KUBLER, Georges, A Arquitectura Portuguesa Chã - Das Especiarias aos diamantes, 1521-1706, Lisboa, 1988.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; CME: Biblioteca

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID; Arquivo da Fábrica da Igreja Paroquial de Veiros ( de 1748 ao Séc. 20 )

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 2003: caiação do adro

Observações

Autor e Data

Paula Amendoeira 1999 / Filipa Avellar 2003

Actualização

 
 
 
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