Igreja Paroquial de Ribeira Grande / Igreja de Nossa Senhora da Estrela

IPA.00008234
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Ribeira Grande, Ribeira Grande (Matriz)
 
Igreja paroquial reconstruída a "fundamentais" em 1728, sobre uma outra de fundação quinhentista, seguindo o esquema mais comum das igrejas da ilha, de três naves e cabeceira e frontaria tripartida, possivelmente com risco do vigário João de Sousa Freire e, após a morte deste, continuada por Inácio Manuel de Vasconcelos, que altera o projeto inicial quanto às cantarias, botaréus e "chaparias". Apresenta planta composta de três naves, cada uma com seis tramos, e cabeceira escalonada, interiormente com ampla iluminação axial e bilateral, e coberturas em falsas abóbadas de berço, de estuque. A fachada principal termina em tabela, ladeada de aletas e encimada por frontão em canopo, e tem três panos definidos por pilastras, coroadas por pináculos, rasgados por vãos retilíneos em eixo, composto por portal e janela entre pilastras sustentando frisos e cornijas, as das janelas formando aletas inferiores e tendo pano de peito de cantaria. No eixo central existe maior esforço decorativo, surgindo a janela entre colunas torsas e abrindo-se duas outras iguais ladeando nicho na tabela. À esquerda o batistério insere-se num corpo de dois pisos, de fenestração simples, e à direita surge torre sineira, bastante robusta e com soco em esbarro, do templo anterior, de que conserva o remate de dois registos em ponta de diamante, ainda que tenha caído parcialmente em 1681, e, posteriormente, tenha sido alteada com outro registo de ventanas. Nas fachadas laterais abrem-se, na nave, amplas janelas retilíneas e porta atravessa de verga reta, entre pilastras sustentando frisos, cornija e aletas, formando falso frontão. As capelas profundas terminam em empena com janelas retilíneas. No interior, com as naves separadas por arcos de volta perfeita sobre pilares de ângulos curvos, as paredes e coberturas são decoradas com estuques pintados, de estilo revivalista, executados, possivelmente, pelo pintor Sebastião Ribeiro Alves, de Lisboa, entre 1871-1878, na sequência do desabamento do teto em 1834. Possui coro-alto sobre as três naves, o central com órgão positivo oitocentista. Atualmente não tem púlpito, mas sabe-se que, antes de morrer, Pedro de Araújo de Lima iniciou a feitura de dois, em 1837, e antes das obras de 1959 tinha um, no lado do Evangelho, de talha em branco, de bacia circular e guarda vazada. O batistério abre-se na nave do Evangelho, interiormente abobadado e com retábulo tardo-barroco, de corpo côncavo e três eixos, com painéis pintados. As naves laterais, ritmadas por pilastras, têm três capelas à face e uma profunda com retábulo, todos em talha pintada e dourada. O de Nossa Senhora da Aflição, rococó, foi feito por José Francisco para o convento das freiras, de onde foi transferido, recebendo acrescentos de Pedro de Araújo de Lima. O da Senhora das Dores e o de São João Evangelista são tardo-barrocos e o dos Reis Magos é de estilo nacional, mas reformado, integrando duas tábuas pintadas quinhentistas. Quatro retábulos laterais e o retábulo-mor, este de corpo côncavo e um eixo, são em barroco nacional, datam da década de 1740 e são do entalhador André Fontes, dadas as semelhanças entre si e três deles estarem documentados, ainda que o da Piedade tenha o remate reformado. Em 1754 o visitador considera defeito do retábulo-mor não ter nicho para a imagem do orago, mandando fazê-lo, o que não se concretizou. O absidíolo do Evangelho possui acesso emoldurado a talha rococó, mas os estuques pintados do interior devem ser já oitocentistas. O da Epístola, dedicado ao Santíssimo, tem igualmente acesso por talha rococó, executada em 1757, pelo entalhador José Araújo de Lima, e no interior retábulo em barroco joanino, com ampla tribuna, e as paredes e a cobertura são revestidos a talha vazada, sensivelmente posterior. Na ante-sacristia tem amplo lavabo, com espaldar em arco, definido e seccionado em dois, por pilastras e colunas torsas, de duas bicas, que vertem para taça retangular frontal.
Número IPA Antigo: PT072105090001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta poligonal composta por três naves, cabeceira tripartida, tendo adossado à esquerda batistério, sacristia e ante sacristia, formando vários corpos, e à direita torre sineira quadrangular, arquivo, sacristia do Santíssimo e instalações sanitárias, estas circundadas por muro formando pátio. Volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na nave, três na capela-mor e de uma ou três nos corpos adossados, rematadas em beirada simples. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por soco de cantaria, de cunhais apilastrados, rematadas em friso e cornija e rasgadas por vãos retilíneos, os do piso térreo gradeados. A fachada principal surge virada a poente, rematada em tabela retangular horizontal, flanqueada por pilastras toscanas, encimadas por pináculos tipo pera sobre acrotérios, ladeada por aletas, percorridas por frisos e com florões, e encimada por frontão em canopo, de iguais características, coroado por cruz latina sobre plinto paralelepipédico. A fachada divide-se em três panos, definidos por pilastras toscanas, cada um deles rasgado por duas ordens de vãos retilíneos, correspondendo inferiormente a portais, o central maior, entre pilastras toscanas que sustentam múltiplos frisos e cornijas. Superiormente abrem-se janelas, entre pilastras formando volutas inferiores e definindo pano de peito em cantaria, igualmente sustentando frisos; a janela central surge entre colunas de fuste torso e terço inferior canelado sobre mísulas e de capitéis coríntios. Na tabela abrem-se duas janelas retilíneas, também entre colunas torsas, de terço inferior marcado e sobre mísulas, enquadrando nicho, em arco, de volta perfeita, sobre pilastras decoradas por lanceolados, interiormente de perfil curvo e albergando imaginária sobre mísula. No tímpano do frontão surge estrela relevada em cantaria e entre as aletas elemento fitomórfico. À fachada esquerda, sensivelmente recuado, dispõe-se corpo de dois pisos, rasgado em cada um deles por janela de peitoril. À direita, também recuada, surge possante torre sineira, de cinco registos, definidos por cornijas ou, em dois deles por friso decorado com pontas de diamante e cornija; o primeiro registo em alvenaria rebocada e pintada, tem esbarro sobre soco, e os restantes em cantaria. No segundo registo abre-se janela de verga reta, entaipada, encimada por cornija, com guarda em balaústres de cantaria; nos dois últimos registos abre-se, em cada uma das faces, duas ventanas, em arco peraltado, inferiormente sobre pilastras, e com guarda em balaustrada e no superior albergando sinos e com pano de peito rebocado e pintado de branco. A estrutura remata em friso, cornija e balaustrada, com acrotérios sustentando pináculos. Nas fachadas laterais rasgam-se, na nave, janelas retilíneas e porta travessa, de verga reta, entre pilastras, sustentando frisos e cornija, sobreposta por aletas formando falso frontão. Na fachada lateral esquerda os dois primeiros corpos têm dois pisos, o primeiro rasgado no segundo por janela de peitoril, e o segundo, por três eixos de vãos, correspondendo a porta entre janelas, e, no segundo piso, a janelas de peitoril; a nascente possui duas janelas em cada um dos pisos. Os restantes corpos, de dois ou um piso, têm diferentes tipos de fenestração, e a capela profunda, terminada em empena, tem duas janelas. Na fachada lateral direita, o corpo adossado à torre tem dois pisos, separados por friso, rasgado por janelas e portas; o da capela lateral profunda termina em empena e tem três panos, rasgados por janelas a diferentes níveis. Segue-se pano de muro formando pátio, acedido por porta. Fachada posterior terminada em empena reta, rasgada por dois vãos em cada um dos pisos, as do superior, desalinhados. INTERIOR com as naves separadas por seis arcos de volta perfeita sobre pilares, de ângulos curvos, com as paredes e coberturas, em falsas abóbadas de berço, sobre cornija, decoradas com estuques pintados. Os arcos são encimados por motivos vegetalistas e sob a cornija, corre friso de cogulhos vegetalistas sobre marmoreado fingido a verde. Na cobertura da nave central surgem apainelados recortados contendo cartelas polilobadas com símbolos Marianos, enquadrados por friso vegetalista e açafates. As naves laterais, com tramos marcados por pilastras, no alinhamento dos pilares, têm as paredes com marmoreados fingidos a verde, e a cobertura forma apainelados com motivos vegetalistas. Pavimento de madeira na nave central e em lajes de cantaria nas laterais. Coro-alto sobre as três naves, que nas laterais se dispõe a um nível inferior, com guarda em balaústres torneados, comunicando por vão de verga reta e, inferiormente, por arcos de volta perfeita. Na nave central possui órgão positivo. No sub-coro, o portal axial possui guarda-vento de madeira envernizada, flanqueado por colunas de fuste estriado e terço inferior marcado, sustentando o remate em frontão, o central interrompido por brasão. Na nave do Evangelho abre-se batistério, em arco de volta de perfeita, sobre pilastras, com porta em ferro forjado, rematada em cartela recortada entre aletas sobreposta pela figura de São Miguel relevada e policroma. No interior, com as paredes rebocadas e pintadas de branco e cobertura em abóbada de berço, decorada com motivo vegetalista relevado, possui retábulo em talha pintada e dourada, de corpo côncavo e três eixos, e alberga pia batistal de taça hemisférica lisa. As naves laterais possuem três capelas retabulares à face e uma profunda, estas com acesso por arco, de volta perfeita, sobre pilastras de ângulo curvo, tendo no interior as paredes e a cobertura, em falsa abóbada de berço, decoradas com estuques pintados e contendo retábulo. São dedicadas, no lado do Evangelho, a Nossa Senhora da Aflição, Santo Antão, Nossa Senhora da Piedade e aos Reis Magos, e, no da Epístola, a São Miguel, Nossa Senhora das Dores, Santo António, de São José e de São João Evangelista. As capelas são encimadas por vãos retilíneos ou óculos polilobados, As portas travessas são envolvidas por estuques pintados, formando falsas pilastras almofadadas com motivos vegetalistas, sustentando cornija e tabela recortada contendo cartela, de onde parte friso vegetalista a enquadrar a janela superior. Presbitério delimitado por guarda, em ferro forjado, decorada com figuras antropomórficas, festões, e outros elementos vegetalistas. Arco triunfal, de volta perfeita, sobre pilastras, enquadrado por estuques decorativos com acantos e pâmpanos, encimado por sanefão, em talha pintada de branco, vermelho e dourado, rematado em frontão interrompido pelas armas de Portugal e com lambrequins. A capela-mor possui nas paredes estuques pintados, formando apainelados de vermelho com molduras em cinzento, a que se encosta cadeiral, de talha em branco, com alto espaldar, seccionado por quarteirões, individualizando os assentos, coroados por pináculos adelgaçados sobre o remate, formado por dupla ordem de frisos almofadados vegetalistas. A cobertura, em falsa abóbada de berço, é pintada em grisaille, formando quadraturas com açafates e festões policromos, e apainelados, tendo no central uma estrela relevada sobre glória. Sobre supedâneo, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada de branco, azul e dourado, de corpo côncavo e um eixo, definido por seis pilastras decoradas de acantos e quatro colunas torsas, ornadas de aves e pâmpanos, sobre dupla ordem de mísulas e de capitéis coríntios, as quais se prolongam pelo remate em igual número de arquivoltas, unidas por aduelas no sentido do raio, e tendo no fecho cartela com estrela, encimada por coronel. Ao centro abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, com boca rendilhada, interiormente albergando trono facetado com apainelados de acantos, encimado por baldaquino com resplendor. Sotobanco com apainelados de acantos e altar paralelepipédico com frontal de tecido. Absidíolos com acesso revestido a talha, sendo o do Evangelho dedicado ao Sagrado Coração de Jesus e o da Epístola ao Santíssimo Sacramento. Na ante-sacristia existe amplo lavabo, com espaldar de cantaria, composto por quatro pilastras e duas colunas torsas de capitéis coríntios, que se prolongam em três arquivoltas, tendo no fecho quarteirão com cartela inscrita, que assenta em coluna torsa que secciona o espaldar. Este é côncavo e possui duas bicas inseridas em almofadas retangulares, que vertem para taça frontal retangular inseridas no arco do espaldar.

Acessos

Ribeira Grande (Matriz); Largo Gaspar Fructuoso. WGS84 (graus decimais): lat.: 37,823507; long.: -25,518888

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953

Enquadramento

Urbano, isolado, na costa norte da ilha, inserido no Núcleo urbano da cidade de Ribeira Grande (v. IPA.00027987), num dos seus extremos, a nascente da ribeira. Implanta-se na zona alta, inserido em adro acedido por amplo escadório frontal, vencendo o declive do terreno, no arranque do qual se desenvolve praça, com coreto central, pavimentada a calçada com motivos ondulados. No enfiamento da frontaria, ergue-se a sudoeste o edifício da Câmara Municipal da Ribeira Grande (v. IPA.00008236), em frente do qual se desenvolve o jardim da Praça Hintze Ribeiro, ou "jardim do povo", vedado por muro e gradeamento, com oito grandes e frondosos metrosíderos. Nas imediações deste implanta-se a Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia da Ribeira Grande (v. IPA.00008152). Junto à fachada posterior, ergue-se a Casa do Povo da Ribeira Grande.

Descrição Complementar

No coro-alto, o órgão tem castelo central e dois nichos, separados por estípites, coroadas por urnas estilizadas, sendo os nichos simples, em forma de harpa, com os tubos em disposição cromática e com gelosias vazadas, e o castelo com os tubos em disposição diatónica em teto e as gelosias em cortina. O castelo remata em cornija angular, sobreposta por aletas e cartela. Consola em janela, ladeada pelos botões de registo. No lado do Evangelho existe uma lápide com a inscrição: "ESTA MATRIZ DE / NOSSA SENHORA / DA ESTRELA FOI / SAGRADA A / 8-3-1517 PELO / BISPO DUMIENSE / D. DUARTE". No batistério existe retábulo em talha pintada de branco e a marmoreados fingidos, a verde, rosa, roxo e dourado, de corpo côncavo e três eixos, definidos por quatro pilastras, dispostas de ângulo e ornadas de elementos vegetalistas, sobre bases e mísulas. No eixo central possui painel representado as Almas, com a figura de Cristo no topo, de moldura trilobada com friso vegetalista e florões a enquadrar pequena pintura de Deus Pai e da pomba do Espírito Santo. Nos eixos laterais surgem painéis retilíneos pintados com Cristo Redentor (Evangelho) e a Virgem (Epístola). A estrutura, enquadrada por arco de volta perfeita sobre pilastras, ornadas com motivos vegetalistas, remata em frontão semicircular sobreposto por espaldar recortado. Sotobanco com friso de losango e flores e banco de apainelados com motivos vegetalistas. Altar tipo urna de frontal decorado por friso de acantos, festão e cartela central. No lado do Evangelho, existe armário embutido com moldura decorada por pontas de diamante e flores e, no pavimento de cantaria, dispõe-se antigo sino da igreja. Na nave do Evangelho, a capela de Nossa Senhora da Aflição, em talha pintada de branco e a marmoreados fingidos a rosa, verde, bege, roxo e dourado, possui arco, de volta perfeita, sobre pilastras, decoradas com motivos vegetalistas, encimado por espaldar decorado com motivos vegetalistas e cartela com o monograma "AM", rematado em cornija contracurva. A estrutura é enquadrada por duas ordens de pilastras, decoradas com motivos vegetalistas, sobre plintos, sustentando entablamento, sob o qual surgem festões de flores. Alberga retábulo em talha, de corpo reto e um eixo, rasgado por nicho de perfil curvo, envidraçado e contendo imaginária sobre banqueta com coração inflamado sob baldaquino e drapeados a abrir em boca de cena. O nicho é ladeado por mísulas com imaginária encimada por baldaquinos e com drapeados. Inferiormente existem três apainelados de flores. Remata em espaldar com apainelados de concheados e cartela central com inscrição "N.S. / D' AFLIÇÃO" sobre resplendor, enquadrado por cornija volutada. Altar tipo urna, com motivos vegetalistas no frontal. A capela retabular de Santo Antão, no lado do Evangelho, e as de Santo António e do Cristo ou atualmente de São José, no da Epístola, são semelhantes, em talha pintada de branco, azul e dourado, definida por pilastras ornadas de acantos enrolados sustentando arco, encimado por seguintes com vieira e laçarias, e rematando em cornija reta. Alberga retábulo de corpo reto e um eixo, definido por quatro colunas torsas de espira fitomórfica, sobre mísulas e capitéis coríntios, e quatro pilastras com acantos enrolados, sobre plintos também com acantos, as quais se prolongam pelo remate da estrutura em igual número de arquivoltas, unidas por aduelas no sentido do raio, e tendo no fecho cartela inscrita com invocação do orago: "S / ANT / AM" (Evangelho) ou "S / ANT / ONIO" (Epístola). Possui nicho em arco, de volta perfeita, com boca rendilhada, albergando imaginária sobre banqueta, ornada de acantos. O retábulo de São José possui na cartela do remate o monograma "IHS" e as letras "R" e "M" e no nicho possui imagem do Crucificado ladeado por duas cartelas retangulares com as seguintes inscrições: "VIDEBUNT / IN QUEM / TRANSFIXE- / RUNT. / Joam CAP. 19&37" e "ET DOLE- / BUNT SUPER / EUM. / UT... IN MOR- / TE PRIMOGE- / NITI. / ZACHAR. CAP. 12:10". Sotobanco de apainelados de acantos, o central ladeado de mísulas, nos dois primeiros retábulos. Altar tipo urna com frontal definido por friso de acantos. A capela retabular de Nossa Senhora da Piedade (Evangelho) é de talha pintada de branco, rosa, azul e dourado, tem arco, de volta perfeita, sobre pilastras, com acantos enrolados, encimado por seguintes com acantos, rematado em cornija reta. Alberga retábulo de corpo côncavo e um eixo, definido por quatro colunas torsas de espira fitomórfica, sobre mísulas e capitéis coríntios, e duas pilastras com acantos enrolados, sobre plintos também com acantos, as quais se prolongam pelo remate da estrutura em igual número de arquivoltas, decoradas com concheados, volutas e motivos fitomórficos, sobreposto por baldaquino, com lambrequim. Possui nicho em arco, de volta perfeita, com boca rendilhada, com cobertura em cúpula com apainelados de acantos, albergando imaginária sobre banqueta. Sotobanco de apainelados de acantos, o central ladeado de mísulas e altar tipo urna com frontal definido por friso de acantos. A capela lateral profunda, dedicada aos Reis Magos, tem o interior decorado com estuques pintados formando apainelados, em marmoreados fingidos a azul, definidos por frisos de acantos, os da cobertura contendo florões de acantos. Na parede fronteira, entre vãos, com vitrais, possui retábulo em talha pintada a azul, branco e dourado, de corpo côncavo, definido por quatro pilastras ornadas de acantos, as intermédias muito estreitas, e quatro colunas de espira fitomórfica, sobre mísulas, e de capitéis coríntios, as quais se prolongam no remate, em igual número de arquivoltas, unidas no sentido do raio, com vieiras, e cartela no fecho. A estrutura é encimada por apainelados de acantos, rematada em cornija reta com lambrequim. Ao centro possui nicho, em arco de volta perfeita com moldura dourada, com dois painéis pintados sobrepostos, inferiormente representando Apresentação do Menino no Templo e Adoração dos Reis Magos. Sotobanco com apainelados de acantos e altar tipo urna com frontal definido por frisos de volutados e formando cartela central. Um dos vitrais tem a representação dos Reis Magos, com a inscrição "OFERTA DA / CONFRARIA DO / SANTÍSSIMO / MENDES / Lx 1999" e o outro representa a Sagrada Família e tem a inscrição "OFERTA DA / JUNTA DE FREGUESIA / DA MATRIZ". No pavimento, protegido por tampa de madeira, existe lápide sepulcral com a seguinte inscrição seccionada em duas almofadas: "AQUI JAZ / DOM LUÍS / DE MELLO FILHO / DE DOM FRANCISCO MANUEL / ALCAIDE / MOR DE LAME-" / "GO E DONA UR- / SULA DA SILVA / SUA MÃE FALE- / CEU A 13 DE / FEVEREIRO 7 DE 1615 ANOS". No lado da Epístola abre-se porta de verga reta de ligação à ante-sacristia e sacristia. Na nave da Epístola, a capela retabular de São Miguel é em talha pintada de branco e mamoreados fingidos a verde, preto, roxo e dourado. Tem corpo reto e três eixos, definidos por colunas de fuste estriado e terço inferior liso, de capitéis coríntios, as exteriores assentes em plintos paralelepipédicos. Remata em frontão semicircular, com arquivoltas e painel intermédio decoradas com motivos vegetalistas distintos e friso lanceolado, sobrepostas por cartela com "M". A estrutura é encimada por seguintes com motivos vegetalistas, rematados em cornija reta. No eixo central abre-se nicho de perfil curvo, envidraçado, albergando imaginária e os eixos alterais são sobrepostos por mísulas encimadas com baldaquinos com drapeados. Altar tipo urna de frontal liso. A capela retabular de Nossa Senhora das Dores é em talha pintada de branco, marmoreados fingidos a verde, cinzento, preto e dourado, de corpo contracurvo e três eixos, definidos por quatro colunas de fuste liso, sobre mísulas e de capitéis coríntios, as exteriores coroadas por pináculos vegetalistas. Remata em frontão semicircular, com motivos vegetalistas e integrando a meio tabela com motivos vegetalistas, de remate contracurvo sobre quarteirões, sobreposta por seguintes com motivos vegetalistas rematando em cornija reta. No eixo central abre-se nicho de perfil curvo albergando imaginária, e os laterais, côncavos, são sobrepostos por mísulas contendo imaginária encimada por baldaquino com drapeados. Sotobanco com cartelas recortadas e banco com quarteirões laterais e altar tipo urna de frontal definido por volutas e friso recortado. A capela profunda do lado da Epístola, de São miguel Evangelista, é decorada com estuques pintados a rosa e azul, nas paredes formando apainelados de marmoreados fingidos, com molduras vegetalistas, e na cobertura formando quadrícula com medalhão central de elementos vegetalistas, que se prolongam lateralmente para um friso. Entre duas janelas com vitrais, dispõe-se retábulo de talha pintada de branco e marmoreados fingidos a verde, preto, roxo e dourado, de corpo côncavo e três eixos, definidos por duas pilastras exteriores decoradas com motivos vegetalistas, duas colunas de terço inferior marcado e capitéis coríntios e dois quarteirões interiores, também sobre mísula. A estrutura remata em frontão semicircular, decorado com concheados, motivos vegetalistas e cartela central, encimado por seguintes com elementos vegetalistas, rematados em cornija reta com lambrequim. No eixo central abre-se nicho, de volta perfeita, envidraçado, albergando imaginária numa estrutura tripartida, as laterais dispostas sobre mísulas e encimadas por baldaquinos, e a central sobre banqueta encimado por apainelado com concheados e pomba do Espírito Santo. Nos eixos laterais possui duas falsas pilastras com motivos vegetalistas. Altar tipo urna com frontal decorado com elementos vegetalistas e cartela central. De ambos os lados abrem-se portas de ligação aos corpos adossados. O absidíolo do Evangelho, dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, possui acesso por arco de volta perfeita revestido a talha dourada, sobre estípites, assentes em quarteirões, as quais são prolongadas por pilastras decoradas com motivos vegetalistas sustentando entablamento; nos seguintes possui encanastrado de flores, rematando em tabela retangular, tendo pintado o monograma "AM", ladeado por medalhões em talha. No interior possui lambril de talha, com friso de motivos geométricos e um outro com festões. Superiormente as paredes apresentam estuques pintados, a rosa, verde e bege, com apainelados de acantos e cartela central recortada. A cobertura, em falsa abóbada de aresta, com os mesmos motivos decorativos e integrando lanternim central envidraçado, assenta em cornija que, nos ângulos, surge sobre quatro colunas de talha, dispostas de ângulo, de fuste estriado e terço inferior decorado com festões, assentes em plintos paralelepipédicos, com motivos vegetalistas e de capitéis coríntios; no enfiamento das colunas desenvolve-se friso de talha dourada de acantos. Na parede testeira, revestida a brocado vermelho, possui altar tipo urna, decorado com festões e friso recortado. O absidíolo da Epístola, dedicado ao Santíssimo, possui acesso por arco de volta perfeita com motivos vegetalistas sobre estípites, assentes em mísulas, também com motivos vegetalistas, das quais partem pilastras sustentando entablamento, sobreposto por tabela retangular, com moldura em talha, contendo painel pintado com Custódia, ladeado por dois medalhões, em talha dourada, com símbolos eucarísticos. O arco enquadra porta de talha dourada, de verga reta sobre falsas estípites, encimado por friso rendilhado e tendo bandeira recortada e vazada, formando quadrícula, com aletas, acantos, flores e cartela central com globo e um Agnus Dei. No interior, as paredes e a cobertura, em falsa abóbada de berço, são revestidas a talha vazada, pintada de branco e dourado, formando apainelados com cartela central envolvida por volutados, concheados, anjos e motivos vegetalistas; na cartela da parede do Evangelho tem um Agnus Dei pintado e na da cobertura o monograma "IHS". Alberga retábulo em talha dourada de corpo côncavo e um eixo definido por quatro pilastras, decoradas com elementos vegetalistas distintos, que se prolongam no remate, em duas arquivoltas de igual decoração tendo no fecho dois anjos de vulto. Interiormente a tribuna é revestida a talha vazada, com duas colunas torsas laterais, sobre mísulas, prolongadas por arquivolta com figuras várias, e cobertura em falsa abóbada de berço, também com apainelados. Ao centro tem sacrário com duas figuras femininas de vulto laterais e porta de prata, encimado por amplo baldaquino, composto por coroas sobrepostas, com lambrequim, drapeados a abrir em boca de cena, onde assentam figuras segurando cordão com borlas. Altar paralelepipédico com frontal de tecido. Nas dependências anexas existe retábulo de estuque, em branco, de planta côncava e um eixo, definido por duas pilastras decoradas de acantos e flores, que se prolongam numa arquivolta do remate, encimada por seguintes com acantos, terminado em cornija reta. Ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, envolvido por apainelados de acantos com flores, tendo no fecho cartela com querubim. No interior possui imaginária. Sacristia com arcaz encimado por espaldar, decorado com almofadas côncavas e convexas alternadas, separadas por quarteirões.

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra)

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

AUTOR DO RISCO: João de Sousa Freire (1726, 1728). CARPINTEIRO: João Fernandes (séc. 16). CINZELADOR: Jacinto José Cordeiro (séc. 19); Luís José de Medeiros (séc. 19). DOURADOR: Pedro Nolasco Nogueira (1826). EMPREITEIROS: Lourenço, Simões & Reis, Ldª (1956-57, 1961, 1971). ENTALHADOR: André Fontes (1743, 1748); António Correia (1729); Dionísio de Fontes (1738); Facundo José Tavares (1779); José Araújo de Lima (1757); José Francisco Pereira (1813); Pedro de Araújo de Lima (1807, 1837); Pedro de Araújo de Lima (1862-1865). FIRMA: Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Ldª (1970-72, 1974). IMAGINÁRIO: Facundo José Távares (1779); Lourenço Teixeira (1593). MESTRE-DE-OBRAS: João de La Peña (1507). ORGANEIRO: Sebastião Gomes de Lemos (1855). OURIVES: Joaquim Maria Cordeiro (1865); Joseph Vieira (1730); Manuel Gonçalves (1742, 1749); Manuel Machado (1742). MESTRES: Dionísio de Fontes (séc. 18); José Soares Cordeiro (1823). PEDREIRO: Dionísio Fernandes (1728); Fernão Álvares (1528). PINTOR-DOURADOR: Floro (1780); Inácio Pereira e seu filho (1749). PINTOR: João Albino Peixoto (séc. 19); Sebastião Ribeiro Alves (1871 - 1878).

Cronologia

Séc. 15 - construção no local de uma capela, de palha, dedicada a Nossa Senhora do Loreto; 1507, 04 junho - depois de Ribeira Grande ser elevada a vila, começa-se a construir uma nova igreja, sendo mestre das obras o biscainho João de La Peña, que a toma de empreitada por 140$000, obrigando-se a fazer as paredes da nave central com 36 palmos de altura; trabalha nas obras da igreja o carpinteiro João Fernandes, de Lagoa; 1517 - conclusão da construção da primeira igreja e sua sagração com a presença das principais entidades eclesiásticas, depositando o bispo Dumiense, D. Duarte, relíquias junto ao altar-mor; 1528 - lajeamento da igreja por Fernão Álvares; 1563 - violento terramoto provoca grandes danos na igreja, abrindo-se as paredes e a torre sineira; segundo Gaspar Frutuoso, devido a igreja ter "ficado tão desbaratada que, para se tornar a fazer seria necessário derrubar grande parte dela, nem podia ser menos, pois os sinos, que nela estavam, por si davam repique naquela noite, tal era o movimento que padeciam"; 1565, 15 abril - 1591, 24 agosto - é pároco da igreja Gaspar Frutuoso; este refere que poucas igrejas se acham tão ricas de ornamentos por ter um pontifical de brocado que os moradores compraram com suas esmolas e mandaram consertar com grande custo, "tão rico que em poucas partes dos Reinos de Portugal e Castela se há-de achar seu igual"; 1580 - ainda não está concluída a obra de reparação da torre, pois o visitador ordena, como já se fizera em visitações anteriores, que acabassem a torre sob pena de 20 cruzados, sendo a responsabilidade dos oficiais da Câmara, que haviam descuidado de obter provisão para o lançamento de fintas para as obras; 1581, 09 abril - sagração do retábulo dedicado a Nossa Senhora do Loreto por D. Pedro de Castilho, que concede 40 dias de indulgências a todos os que neste dia ou noutro visitem este altar e as relíquias expostas nele; séc. 16 - instituição do altar dos Reis Magos por D. Mécia Pereira e seu marido D. Gomes de Melo; 1582 - na sua visitação à igreja, o bispo D. Pedro de Castilho refere o altar dos Reis Magos, com painel dessa invocação, ordenando que se acrescente o retábulo que moldurava o painel, de modo a ficar com a largura e altura do entablamento; estando as obras do altar-mor por concluir, o bispo manda, de novo, ao feitor de D. Francisco Manuel, sucessor de D. Rodrigo de Melo na administração do vínculo da Ribeirinha, que tudo cumprisse e aos rendeiros e foreiros da casa que nenhuma renda ou foro entregassem ao feitor sem que as obras se ultimem; 1591 - na visitação o bispo D. Manuel Gouveia refere que o rei havia passado provisão para se fazer a capela-mor da igreja de abóbada, mas que agora ao visitá-la vê que é "formosa e bem acabada de pedra e cal e tem o emadeiramento muito bom de ponto e de excelente obra melhor ornada que tantas vimos nas Ilhas de Madeira, e achámos que, por este respeito, o bispo D. Pedro de Castilho, nosso antecessor, não quis consertar que a dita capela se desmanchasse, nem nós consentimos, antes mandamos que se não desmanche, nem use da dita provisão, porque é grande a perda da fazenda de sua majestade e se poderá com isso também danar o Retábulo que é novo e bem acabado e custou muito porque de abóbada não ficará mais perfeita do que está de madeira"; acrescenta, no entanto, que o rei deve mandar provisão para se consertar o entablamento e os frechais da dita capela "que estão mal tratados e com isto ficará bem"; 1593 - o imaginário Lourenço Teixeira faz o retábulo da capela de Nossa Senhora do Rosário; 28 abril - não tendo concluído o retábulo no tempo devido, o ouvidor Ascêncio Gonçalves envia carta monitória a Lourenço Teixeira para que ele o conclua até o dia de São João, sob pena de 2$000; séc. 16 - oferta de rico cálice dourado e o pontifical de damasco pelo fidalgo Pero Roiz da Câmara; 1612 - queda da capela-mor; 1615, 13 fevereiro - data da morte de D. Luís de Melo, conforme reza na lápide sepulcral da capela dos Santos Reis Magos, mandada fazer por seu pai D. Francisco Manuel, alcaide-mor de Lamego; 1621, 27 abril - data da morte de D. Francisco que servia na Índia, mandando ser sepultado na sua capela; 1654 - D. Francisco Manuel de Melo, ilustre guerreiro, poeta e escritos, visita a ilha e o seu morgado, e possivelmente esta capela; 1662 - está reconstruída a capela-mor; 1681, 15 janeiro - queda de uma torre sobre o corpo da igreja, que a danifica quase por completo; as obras posteriores são bastante demoradas; o licenciado João de Sousa Freire, que havia sido vigário da Achada, Água de Pau e Ribeira Seca, alcança do rei alvará para fintar as terras e fregueses para as obras de reconstrução da igreja; 1696 - o licenciado António Pais de Vasconcelos ordena que se azuleje a capela-mor; 1701, 19 março - inauguração da torre sineira; 1704 - confraria de Nossa Senhora da Estrela encomenda azulejos para a capela-mor, remetendo uma letra para Lisboa com a quantia de 100$000; 1710 - colocação de azulejos a revestir a capela-mor; 1726 - colocação de azulejos ornamentais nas paredes, feitura do teto e arco entalhados e de cadeiral da capela-mor, delineado pelo vigário João de Sousa Freire; 1728 - início das obras de reconstrução a "fundamentais" da igreja e da fachada, possivelmente com risco de Sousa Freire; 03 maio - transferência do Santíssimo, imagens e bens da igreja para a Misericórdia, ali permanecendo 8 anos (ATAÍDE, vol. 1, p. 232); após a morte de Sousa Freire, as obras são continuadas por Inácio Manuel de Vasconcelos, que altera o projeto inicial quanto às cantarias, botaréus e "chaparias"; os homens mais importantes da vila decidem recolher esmolas para fazer face ao aumento das despesas, no qual se destacam o capitão-mor Francisco de Arruda, seu sobrinho o capitão Sebastião Arruda, Manuel de Sousa Estrela e seus primos co-irmãos o Dr. Manuel Pacheco de Aragão, o Rdº Bernardino Pacheco e o capitão Pedro Paulo Manuel; após a morte de Manuel Inácio de Vasconcelos, a sua vaga devia ser preenchida pelo cura mais velho, o Pe. Agostinho Tavares, mas este não aceita a nomeação e toma o compromisso da administração gratuita, revertendo a renda da vigairaria para as obras; a cantaria para as obras vem da Ribeira do Salto; 1729 - adjudicação da obra do arco da capela-mor e retábulo-mor ao entalhador António Correia; 1730 - o ourives Joseph Vieira faz várias obras para a igreja; 1736 - conclusão das obras de reconstrução; 22 setembro - Santíssimo e imagens regressam à Matriz; 1738 - António Correia assenta o arco da capela-mor e faz outras obras, por 60$000; adjudicação do assentamento o arco da capela-mor ao entalhador Dionísio de Fontes; 1742 - o ourives Manuel Machado executa várias obras para a igreja; 1743 - feitura do retábulo de são Joaquim pelo entalhador André Fontes; 1748 - feitura do arco da capela-mor, retábulo de Nossa Senhora da Estrela e altar de Santo Antão pelo entalhador André Fontes; 1749 - Inácio Pereira e seu filho trabalham no douramento do altar de Santo Antão, que é executado pelo entalhador André de Fontes, tal como o retábulo-mor; Dionísio de Fontes assenta o arco da capela; o ourives Manuel Gonçalves executa várias obras; 1753 - André de Fontes faz o retábulo do altar de São Joaquim; 1754 - a decoração em talha da igreja encontra-se quase concluída; segundo a visitação do licenciado João de S. Bettencourt, a igreja tem 12 capelas à face, "umas douradas à custa da fábrica de seus altares, e outras à custa de esmolas dos devotos; a capela-mor está com "grande indecência", visto ter "um vistoso retábulo feito à custa de sua majestade, com o tecto, frisos, e arco dela guarnecidos de obra de talha, se não acha obra alguma destas, como se acham douradas as das mais igrejas paroquiais desta ilha, à custa da mesma Fazenda Real"; o licenciado manda ao vigário requerer ao rei que mande dourar o retábulo e arco e dourar os frisos da meia laranja que guarnece teto da capela e ornar os campos dela com pintura; refere ainda que apenas acha defeito no retábulo-mor visto não ter nicho para a imagem de Nossa Senhora da Estrela que, para ser adorada, leva a ser colocada num fingido trono entre as colunas do retábulo; assim, pede ao vigário requerer ao desembargador da Real Fazenda que mande fazer um nicho no retábulo em que se acomode a imagem da Senhora com a decência que pede tal padroeira; 1757 - feitura da grade da capela do Santíssimo e capela do Rosário pelo entalhador José Araújo de Lima; 1761 - pede-se à Fazenda Real ornamentos de todas as cores, dois cálices, uma cruz de prata e o douramento do retábulo da capela-mor e pintura do teto; 1767, 07 dezembro - a capela-mor, retábulo e arco ainda não haviam sido dourados; 1779, 17 agosto - adjudicação do douramento, pintura e arco de talha da capela-mor pelo entalhador Facundo José Tavares, por 1.350$000; 1780 - pintura do altar de Jesus pelo pintor dourador Floro, com feitura de arranjos florais, rosas, cravos, túlipas, e outros; 1807 - Pedro de Araújo de Lima faz o altar das Almas e o seu retábulo; 1813 - feitura do esquife por José de Araújo de Lima e seu filho Pedro de Araújo de Lima; José Francisco Pereira conserta o altar de Jesus; 1823 - decoração do arco da igreja por José Soares Cordeiro; 1825 - numa conta relativa a caiação ainda se referem os azulejos azuis e brancos de composição figurativa da capela-mor; 1826 - douramento da capela de Nossa Senhora da Caridade por Pedro Nolasco Nogueira; 1834 - desabamento do teto da igreja, sendo depois reconstruído, por conta da Junta da Paróquia; 1837 - Pedro de Araújo de Lima inicia os púlpitos, mas não chega a terminá-los porque morre entretanto, em 1838; 1855 - feitura do órgão por Sebastião Gomes de Lemos; 1857 - madre Margarida Isabel do Apocalipse doa em testamento o Arcano Místico e a sua casa, com duas anexas, à Confraria do Santíssimo Sacramento da Igreja da Estrela (v. IPA.00035442); 1858 - ainda existe a capela de Nossa Senhora da Caridade ou Caridades anexa à igreja, sendo posteriormente destruída; 1862 - 1868 - revestimento dos altares de São Brás e de São Sebastião da igreja com azulejos provenientes da ermida de Nossa Senhora da Caridade; 1865, 09 abril - colocação de lâmpada na capela do Santíssimo, executada pelo ourives Joaquim Maria Cordeiro, de Ponta Delgada, por 1:000$000, que executa também uma concha de prata para administrar o batismo e outros trabalhos; 1870, 01 julho - já se havia transferido o Arcano para o coro-alto, pelo mestre Pedro Araújo Lima; 1871 - 1878 - pintura dos tetos da nave central, laterais e da capela-mor, a qual é dourada e engessada, pelo pintor Sebastião Ribeiro Alves, de Lisboa; por esta altura devem ter-se removido os azulejos da capela-mor; séc. 19 - douramento da capela de Nossa Senhora do Rosário pelo dourador João Albino Peixoto; Jacinto José Cordeiro e Luís José de Medeiros fazem lâmpadas; 1883 - suspensão das visitas ao Arcano por ocasionam tumultos e algazarras na igreja; 1903, março - para impedir a "profanação do templo" e permitir o livre acesso da luz natural, a Junta da Paróquia autoriza a Mesa a construir um edifício anexo à igreja, na fachada lateral norte, junto ao batistério, para albergar o Arcano e uma sala de reuniões, mas, ao que parece, o quarto nunca chegou a albergar o Arcano; 1910 - após a implantação da República, a casa do Arcano passa a ter outro uso e tem de se pagar para ver o Arcano; 1950, cerca - o Arcano torna-se visitável; 1959 - remoção e destruição dos painéis de azulejos, de padrão policromo, do séc. 17, que haviam sido recolocados no pano central da fachada principal da igreja, aquando das obras *1; 1999 - colocação de vitrais nas janelas da capela dos Reis Magos, um oferecido pela Confraria do Santíssimo e o outro pela Junta de Freguesia da Matriz; 2009 - transferência do Arcano da sala contígua ao coro-alto para a antiga casa da freira.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de pedra rebocada e pintada; soco, pilastras, frisos, cornijas, molduras dos vãos, pináculos, cruz e elementos decorativos no exterior em cantaria de basalto aparente; portas de madeira pintada; vidros simples ou vitrais; pias de água benta, pilares, arcos, pias de água benta, pia batismal e lavabo em cantaria aparente; retábulos em talha pintada e dourada ou de estuque; guarda do coro-alto e cadeiral de talha em branco; porta do batistério em ferro forjado; estuques pintados; pavimento em soalho e lajes de cantaria; coberturas em falsa abóbada de berço, de estuque; cobertura de telha.

Bibliografia

ATAÍDE, Luís Bernardo Leite de - Etnografia Arte e Vida Antiga dos Açores. S.l.: Presidência do Governo; Direcção Regional da Cultura, 2011, vol. 1, vol. 2; ATAÍDE, Luís Bernardo Leite de - «Património de arte em São Miguel». In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, vol. IX, 2º Semestre, 1953; p. 394; CANTO, E. - «Notícia sobre as igrejas, ermidas e altares da ilha de São Miguel». In Insulana. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Pontada Delgada, 2000, n.º LVI, pp. 244-245; COSTA, Carreiro da - História das Igrejas e Ermidas dos Açores. Ponta Delgada: Jornal Açores, 1955; FERNANDES, José Manuel - História Ilustrada da Arquitetura dos Açores. Angra do Heroísmo: Instituto Açoriano de Cultura, 2008, pp. 16, 61; FERNANDES, José Manuel, JANEIRO, Ana - Ribeira Grande: A Cidade e o seu Concelho. s.l.: Câmara Municipal da Ribeira Grande, 2010; FRUTUOSO, Gaspar - Saudades da Terra. Livro IV, Cap. 46, p. 203; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011, p. 94; MOURA, Mário - Nascimento de uma Paróquia na Ribeira Grande Nossa Senhora da Conceição (Século XVII). 1ª ed.. Ribeira Grande: Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, 2009; MEDEIROS, Sofia de - Retábulos Barrocos Micaelenses: Estilo Nacional e Joanino. [s.l.]: Editora Artes e Letras, 2012; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956, Lisboa, 1957; ROSA, Teresa Maria Rodrigues da Fonseca - O Convento de São Gonçalo em Angra do Heroísmo. Contributos para o Estudo da Arte Religiosa Açoriana. Dissertação de Tese de Mestrado em História da Arte apresentada à Universidade Lusíada, 1998, texto policopiado; SIMÕES, J. M. dos Santos - Azulejaria Portuguesa nos Açores e na Madeira. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1963, p. 128; SUPICO, Francisco Maria - Escavações. Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1995, vol. 2, p. 627.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN/DSID, SIPA

Documentação Administrativa

PT DGEMN:DSID-001/021-2413/1/1 a PT DGEMN:DSID-001/021-2413/1/4, PT DGEMN:DSID-001/021-2413/2/1 a PT DGEMN:DSID-001/021-2413/2/7, PT DGEMN:DSARH-010/222-0001 a PT DGEMN:DSARH-010/222-0004

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1845 - Pedro de Araújo de Lima, filho do falecido Pedro de Araújo de Lima, restaura todos os altares; 1862 - demolição da parede atrás da capela-mor e sua re-edificação; 1862, novembro / 1863 / 1864 / 1865, novembro - restauro de toda a talha da igreja, pelo entalhador Pedro de Araújo de Lima, de Ribeira Grande; 1911 - assoalha-se o quarto do Arcano; DGEMN: 1956 - obras de pequena envergadura, pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; obras de conservação, pelo empreiteiro Lourenço, Simões & Reis, Ldª, com limpeza e substituição de cantarias na fachada principal, arranque de azulejos da fachada, encasque, reboco e emboço, incluindo caiação de toda a fachada principal e torre sineira, reparação de portas e janelas, substituição de telhas partidas e reparação ligeira do telhado; 1957 - reparação dos tetos e adro da igreja; obras de conservação, na torre sineira, pelo empreiteiro Lourenço, Simões & Reis, Ldª, incluindo o fornecimento de balaústres para a balaustrada, limpeza e substituição de cantarias, encasque, reboco e emboço e caiação, e vistoria ao telhado; PROPRIETÁRIO: 1959 - obras de restauro da igreja; DGEMN: 1961 - obras de conservação - 1.ª fase, adjudicadas ao empreiteiro Lourenço, Simões & Reis, Ldª; procede-se ao levantamento do telhado, fornecimento e assentamento de ripado novo, substituição da estrutura e fornecimento e assentamento de telhado, argamassado, com telha nova de tipo românico, nos canais, e a telha velha aproveitada, nas cobertas; 1970 - reparação da instalação elétrica, adjudicada a Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Ldª; 1971 - reconstrução das coberturas, pelo empreiteiro Lourenço, Simões & Reis, Ldª; reparação da instalação elétrica, pela firma Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Ldª; 1972 - conclusão da conservação da instalação elétrica, pela empresa Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Ldª; 1974 - conclusão da conservação da instalação elétrica pela empresa Auxiliar da Alimentação Portuguesa, Ldª; PROPRIETÁRIO: 2014 - restauro integral da capela de São Miguel.

Observações

*1 - Segundo Santos Simões, estes azulejos podem ter pertencido a uma outra dependência da igreja ou até mesmo à ermida de Nossa Senhora da Caridade ou Caridades, mandada construir em meados do séc. 17 no adro da igreja e anexa a esta.

Autor e Data

João Faria 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) / Paula Noé 2016

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