Convento de Nossa Senhora da Conceição / Igreja Paroquial de São José
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Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Ponta Delgada, Ponta Delgada (São José) |
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Convento masculino da Ordem de São Francisco, da Província dos Algarves, composto pelo atual templo construído no início do séc. 18, com planta de três naves e cabeceira tripartida, e zona regral disposta à esquerda e adaptada a hospital da Misericórdia no séc. 19, após a extinção das Ordens Religiosas, exteriormente em estilo neoclássico, mas mantendo a traça original do claustro. Interior da capela-mor com azulejos e talha barrocos. |
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Número IPA Antigo: PT072103160006 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos (Província dos Algarves)
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Descrição
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Planta poligonal composta por igreja de três naves e cabeceira tripartida, com convento à esquerda, possuindo adossado à direita, capela lateral de Nossa Senhora das Dores. Fachada principal virada a este, com cinco baixos-relevos representado passos da vida de São Francisco, esculpidos em pedra calcária e, num nicho, a imagem do patrono em basalto. INTERIOR com os arcos da nave pintados. Capela batismal com lavabo de mármore. Capela-mor com azulejos azuis e brancos. Claustro retangular com arcada de arcos de volta perfeita sobre pilares, encimados por amplas janelas ao nível do segundo piso. Anexa à igreja encontra-se a ermida de Nossa Senhora das Dores de planta octogonal irregular, com capela-mor retangular em eixo com a galilé do convento. No interior possui abóbada de berço abatida, com decoração neoclássica, sobre cornija de madeira. A nave tem os ângulos cortados, rasgados por amplos vãos. Capela-mor com três amplos janelões. |
Acessos
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Ponta Delgada (São José), Largo Cinco de Outubro (antigo Campo de São Francisco) |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 39 175, DG, 1.ª série, n.º 77 de 17 abril 1953 |
Enquadramento
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Urbano, adossado, no Centro Histórico da Cidade. O edifício do antigo convento foi adaptado a Hospital da Misericórdia, que se desenvolve à esquerda, com a entrada para o Largo de São Francisco, onde estão implantados o Edifício n.º 15 a 19 (v. IPA.00008214) a este, e o Convento da Esperança (v. IPA.00008146) a norte. Nas imediações erguem-se ainda o Forte de São Brás (v. IPA.00008227) a sul, e do Coliseu Micaelense a norte. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRE: Afonso Machado (1544). |
Cronologia
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1525, 23 julho - o padre frei Brás, bacharel em teologia e comissário da Ordem de São Francisco de Assis, solicita à Câmara Municipal de Ponta Delgada a ermida de Nossa Senhora da Conceição, mandada edificar em ano desconhecido por Margarida de Matos, mulher de Fernão de Quentel, para nela instalar o convento; este pedido é imediatamente atendido *1; 1544, 04 agosto - Afonso e Jerónimo de Matos, filhos de Margarida de Matos e Fernão do Quental, contratam o mestre Afonso Machado para o acabamento da obra da capela de Nossa Senhora da Conceição, começada por sua mãe; séc. 16, 1ª metade - construção do convento e igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição, no local onde existia a capela com o mesmo orago, pertencente à Câmara Municipal; 1572, 08 outubro - testamento de Catarina Simoa, viúva do Barão Jácome Raposo, determina que seja sepultada na capela de Nossa Senhora da Vitória do convento, que lhe pertencia e à qual oferecia um lampadário de prata no valor de 40$000; 03 dezembro - provisão régia ordena que se acabe a "torre dos sinos" dos franciscanos, "em modo que na faca mal ao castelo, e que à qual vá por dentro da cerca"; 1575 - é mandada apear a torre dos sinos do convento, uma vez que a sua altura dominava o Forte de São Brás ainda em obras; 1582, maio - na visitação de D. Pedro de Castilho refere-se que a freguesia de Santa Clara se encontra sediada no "moesteiro de sam francisco por jnda não ser feita" a nova igreja, como já recomendara; séc. 16, final - D. Filipe I ordena a arrematação conjunta da obra já autorizada e a da sacristia, repetindo que fosse o bispo D. Manuel de Gouveia a dar a traça da nova igreja; 1619 - o licenciado Gonçalo Godinho de Vasconcelos determinara que o único cura então existente fosse obrigado a residir dentro dos limites da freguesia, de forma a que pudesse acorrer prontamente e sempre que necessário aos apelos das suas ovelhas; 1634 - o chantre de Angra, Sebastião Machado de Miranda, ordena ao vigário de Santa Clara que, quando necessitasse de auxílio pastoral, apenas recorresse aos sacerdotes colados na igreja de São Pedro; 1660 - determina-se que as missas sejam celebradas sempre à mesma hora, mormente de acordo com o horário cumprido na matriz da cidade, de forma a permitir que os fiéis cumprissem sempre o preceito dominical; 1693, 13 fevereiro - capitão Antão Correia de Melo determina em testamento ser sepultado na capela-mor do convento, na sepultura de seu tio capitão Alexandre, irmão de seu avô, Antão Correia das Cortes; 1695 - a igreja do convento tem capela-mor e seis altares, onde se inclui o altar-mor; 1698 - data do testamento de D. Antónia Borges de Medeiros declarando ter devoção de ajudar o retábulo lateral de Santo António, dando 1000 pés de ouro ao padre Frei Mateus do Vencimento; 1709 - início da construção do atual templo; 12 junho - vereação da Câmara decide aceitar o convite dos franciscanos para assistir ao lançamento da primeira pedra, dia em que se delibera dar ao mestre da obra pela dita primeira pedra a gratificação de 10$000; 24 julho - Câmara decide dar de esmola aos religiosos para a edificação da sua igreja 30$000; 05 dezembro - arrematação do conserto da Câmara e do cais, muito arruinado devido aos temporais, e delibera-se que, feitas estas obras e pagas as obrigações do senado, o crescimento que houver de receitas e despesas se aplique por esmolas aos religiosos de São Francisco para a obra da sua igreja nova; 30 dezembro - Câmara dá 64$239; 1714 - conclusão da igreja atual do convento, onde se gastaram mais de 120.000 cruzados na fábrica; data da inscrição sobre a porta principal; 25 junho - segundo Chaves e Melo, reza-se a primeira missa na igreja; 1717 - data em que o convento de Ponta Delgada se desliga da obediência ao de Angra, tornando-se residência do Custódio Provincial das ilhas de São Miguel e de Santa Maria; 1718, 02 fevereiro - em testamento, António Soares de Sousa Ferreira, fidalgo cavaleiro, determina ser enterrado na capela-mor do convento pois que na capela-mor da igreja velha tinha sepultura seu bisavô e seu pai, ambos chamados João Soares de Sousa; 1727 - a paróquia é elevada a colegiada; 1730, abril - o doutor Luís de Sousa Estrela visita a freguesia de São José, na cidade de Ponta Delgada, decide "estabelecer Estatutos, e Ordenaçois para o bom gouerno" desta igreja, publicitando as obrigações de cada um dos cinco tipos de clérigos colados - vigário, beneficiado, cura, tesoureiro e organista; 1780, 23 janeiro - padre procurador, Frei Bernardino de Esperança, protetor da confraria de Nossa Senhora das Dores, apresenta ao Consistório e Junta Geral dos Irmãos da Ordem Terceira, uma petição do terreno para construir a capela junto ao pórtico da igreja do convento; os mesários dão autorização e ressalvam que aquele terreno nunca antes fora concedido para fins idênticos; séc. 18, 2.ª metade - construção da capela anexa ao convento, dedicada a Nossa Senhora das Dores; 1789 - o edifício do convento sobrepõe-se aos parapeitos e ao terrapleno do Forte de São Brás; o bispo D. Frei José de Avé-Maria vem a Ponta Delgada sagrar a reconstruída igreja do convento, estando a ermida de Nossa Senhora das Dores já construída; o Ordinário opôs-se à construção por considerar que a ermida para culto público deveria decorrer de prévia autorização sua, assistindo-lhe também o direito de a ela enviar os seus visitadores *2; 04 julho - sagração da igreja pelo bispo D. Frei José de Avé Maria Leite Costa, conforme inscrição, em latim, em mármore, na parede lateral sul da galilé; 1797 - instalação do órgão no coro-alto, mandado construir em Lisboa; 1801, 16 janeiro - envio das razões contra os protestos do ouvidor para Lisboa; data da declaração assinada por 39 personalidades mais representativas da cidade, atestando, sob juramento, o mesmo que aqueles afirmavam; 1834, 14 setembro - após a extinção das Ordens Religiosa e por se achar arruinada a igreja de São José, transfere-se a paróquia para a Igreja do extinto convento franciscano, que passa a paroquial de São José *3; 1839, 30 julho - cedência de parte do convento à Misericórdia de Ponta Delgada para ai instalar o hospital; 1840, 20 maio - Misericórdia de Ponta Delgada toma posse do convento; 1868, 09 setembro - o Campo de São Francisco é aterrado e nivelado, sendo então cortado o adro do convento, para aí ser rasgada uma rua que ligaria diretamente com a praça; 1886, 26 outubro - conclusão das três escadas, mandadas construir pela Câmara Municipal, em frente dos pórticos da Igreja de São José; 10 novembro - início do lajeamento em frente do hospital e da igreja; 15 novembro - início das obras do atual pórtico do hospital. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Bibliografia
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BRAGA, António Sousa [et tal.] - Igreja Paroquial de São José: Nossa Senhora da Conceição: Património Móvel e Integrado. Ponta Delgada: Paróquia de São José, Diocese de Angra, 2013; MENDES, Hélder Fonseca (dir.) - Igrejas paroquiais dos Açores. Angra do Heroísmo: Boletim Eclesiástico dos Açores, 2011; SOUSA, Nestor de - A Arquitectura Religiosa de Ponta Delgada nos séculos XVI e XVIII. Ponta Delgada: Universidade dos Açores, 1986; SUPICO, Francisco Maria - As "Escavações". Ponta Delgada: Instituto Cultural de Ponta Delgada, 1995, vol. 2; VALENÇA, Manuel - A Arte Organística em Portugal. Braga: Editorial Franciscana, 1990, vol. II. |
Documentação Gráfica
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DGEMN |
Documentação Fotográfica
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DGEMN |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1995 - arranjo do órgão por Dinarte Machado; 2001 - Obras de conservação e restauro; nova instalação eléctrica; 2002 - comparticipação das obras de conservação e restauro da igreja. |
Observações
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EM ESTUDO. *1 - Frei Diogo de Chagas situa a construção do convento por volta de 1500, dizendo-o sem fundador, nem padroeiro, com esmolas da população, dizendo que a terra em que esta a capela-mor, sacristia e corredor que vai para ela deu grátis Hidrónimo de Quentes e que a mais terra em que esta o convento e a cerca deu D. Guiomar. *2 - Os fundamentos das objeções do bispo D. Frei José de Avé-Maria residiam no fato de se ter construído uma capela e não uma ermida no terreno do convento, comunicando interiormente com a sua igreja por duas portas, uma na parede norte da galilé e outra acima desta, no coro; no fato da nova construção ter porta para o Campo de São Francisco, contudo a porta principal ser interior e ter sido aberta antes de o prelado benzer a dita capela, além de que o mesmo nela tinha feito capitular em 1789, sem qualquer formalidade do visitador; o fato da capela estar integrada na clausura conventual, e apesar de ter porta lateral para o exterior, não estar sujeita a visita do ordinário; e por estar integrada no terreno do convento provincial da residência do Custódio Provincial, ligada à sua igreja e com ela comunicante, sendo zelada e guardada pelos respetivos religiosos e submetida a visita dos seus visitadores gerais. *3 - A paroquial de São José fora criada pelo bispo D. Pedro de Castilho, em 1580 ou 1581, na ermida de Santa Clara. Em 1584, a 18 de setembro, uma provisão régia determina a reconstrução da ermida, sendo a capela-mor e a sacristia feitas à custa da Fazenda Real e o corpo da igreja pelos fregueses. A 26 de maio de 1595, os fregueses e proprietários são fintados em 5.000 cruzados, cobráveis em três anos, para a construção do corpo e torre sineira de Santa Clara. Mais tarde, em 1784, e após obras, dá-se a abertura da Igreja Paroquial de São José ao culto. |
Autor e Data
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Paula Noé 2002 |
Actualização
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João Faria 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) |
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