Casino Park Hotel / Carlton Park Hotel

IPA.00008086
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (Sé)
 
Arquitetura civil pública, modernista. Conjunto de 3 edifícios modernistas, da corrente brutalista: um de planta ligeiramente curva, assente em largos pilares, com espaço inferior aberto, para circulação e permitindo a fruição do espaço ajardinado para ambos os lados, alçados de 5 pisos regularmente rasgados por amplos vãos e com varandas à face, articulado, por ampla plataforma sobrelevada, a um outro edifício, de volume em tronco de cilindro apoiado em pilares formando asa; o 3º constitui bloco trapezoidal de um só piso. Os dois últimos edifícios inserem-se na gramática criada por Oscar Niemeyer para o edifício do congresso e a catedral de Brasília (1956 - 1961).
Número IPA Antigo: PT062203100112
 
Registo visualizado 3461 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comercial e turístico  Unidade hoteleira  Hotel  

Descrição

Planta complexa constituída pelo longo corpo arqueado do "Carlton Park Hotel", direcionado a N. / S., arqueado, parcialmente assente em plataforma sobrelevada que o liga para O. com o "Casino da Madeira", tipo "sol raiado" ou "espremedor de laranja", e ainda corpo trapezoidal isolado a NE., onde funciona o "Centro de Congressos da Madeira"; conjunto de cortes de ténis para O. e de piscinas entre o hotel e o casino, com acesso direto ao paredão sobre o porto. HOTEL: grande massa volumétrica horizontal assente em pilares, articulando-se para O. com um cilindro cego onde funcionam os elevadores e, para E., pela curvatura, com as duas restantes estruturas do casino e do pavilhão de congressos. Fachada N. constituída por 2 largos panos cegos, ao centro dos quais se articulam as escadas de emergência, que se repete para S., assente sobre pilares, que aumentam com o declive do terreno, criando sob as fachadas laterais um espaço independente de lojas e definindo para cima 5 pisos de quartos num longo favo reticulado com varandas acrílicas cegas à face; entrada na metade S. revestida a vidro, criada através da construção de uma plataforma esplanada média com grade superior muito simples e que liga o hotel ao casino, mas envolvendo toda a metade S. e definindo uma enorme sala interior de refeições com acesso direto para E. às piscinas. Vestíbulo do hotel muito espaçoso, a articular-se para S. com a parede de divisão do bar, com vista sobre a ampla sala de refeições e a O. com conjunto de lojas e ampla escada em caracol de acesso ao grill superior e ao complexo de lojas inferior. Edifício do CASINO circular, com 4 pisos, suportados lateralmente por 32 pilares em asa, definindo no piso térreo um amplo corredor circulante, fechado por parede de vidro; os 2 pisos superiores, onde se situam as salas do casino, têm frestas verticais de iluminação, e com acesso a O. à plataforma que dá acesso ao hotel; 4º piso, onde se situa um restaurante panorâmico, com largas fenestrações de vidro. O conjunto assenta ainda em plataforma, criando uma cave que avança até à muralha sobre o porto, recuperando o antigo espaço da bateria marítima e onde se situa a "boîte" do complexo. Edifício do CENTRO DE CONGRESSOS com um só piso aparente, com largas superfícies envidraçadas para N. e S. e cego para E. e O.; fachada para N. com entrada através de passadiço gradeado, com acesso a sala de exposições para O., totalmente envidraçada e para E., à sala de congressos e de espetáculos que ocupa todo o piso inferior enterrado.

Acessos

Rua Imperatriz D. Amélia; Avenida do Infante

Protecção

Enquadramento

Urbano, isolado, enquadrado por amplo jardim público a N., com arranjos vários, estatuária, parques de estacionamento e serviços vários do complexo hoteleiro para S., como cortes de ténis e piscinas, confrontando a N. com a Avenida do Infante, a O. com Rua Imperatriz D. Amélia, a E., por muro, com a Quinta Vigia (v. PT062203100089) e a S. com alto paredão sobre o porto da cidade, no qual se abrem as antigas baterias marítimas da Quinta Vigia, hoje incorporadas na "boîte" sob o Casino.

Descrição Complementar

No espaço envolvente do conjunto subsiste muito bom arvoredo herdado das anteriores quintas de veraneio, encontrando-se decorado com interessante acervo de esculturas no jardim.

Utilização Inicial

Comercial e turística: hotel

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Óscar Niemeyer e Viana de Lima; ENGENHEIROS: Fernando José F. Amorim, Henrique Rocha e José Lampreia; DECORADOR: Daciano Monteiro da Costa; PINTOR: Lourdes de Castro (1980); ESCULTORES: José Rodrigues (1970), Fernando Conduto (1970) e Lagoa Henriques (1999).

Cronologia

1846, verão - início de uma cruzada contra os presbiterianos da Madeira, com assalto à residência das meninas Ruthford, a que se seguiram o hospital, escolas e outras residências de presbiterianos; 1859, 22 dezembro a 1860, 12 março - estadia na Quinta Vigia da princesa Carlota da Bélgica, depois imperatriz do México; 1860, 29 novembro a 1861, 28 abril - estadia da imperatriz Isabel da Áustria (Sissi); 1890, 20 novembro - inauguração da iluminação elétrica na Quinta Vigia, então propriedade de Mr. Bennett Stanford; 1898, 10 setembro - assassinato de Sissi da Áustria; 1903 - requerimento do príncipe Hohenlohe para construção no Funchal de sanatórios marítimos e de altitude destinados a doentes ricos, com jardins, parques, hotéis de 1ª classe e "recreios lícitos" (casinos);30 maio - despacho favorável do ministro Hintze Ribeiro; 1 junho - despacho favorável da Assistência Nacional aos Tuberculosos; 9 - confirmação do despacho com a ressalva da confirmação definitiva depender da aprovação dos projetos; 22 a 28 setembro - deslocação ao Funchal da comissão mista alemã e portuguesa; 1904, 3 Fev. - constituição da sociedade em Berlim; 1904, 3 junho - protesto dos comerciantes ingleses Blandy, Cossart, Gordon, Leackok e Reid contra a entrada na Ilha dos interesses alemães; maio - aquisição para os futuros "Sanatórios" da Quinta Vigia a Mr. Bennett Stanford, Quinta Bianchi, a D. Virgínia Bianchi e Quinta Sant'Ana a Mr. J. e. Gordon; 14 agosto - fundação do "Heraldo da Madeira" para defender os interesses alemães contra o "Diário de Notícias" que defendia os ingleses; 1905, janeiro - abertura do 1º hotel alemão: Kurhaus Sant'Ana, no Monte; 24 junho - início da construção do sanatório dos Marmeleiros, para doentes pobres; 1907, 17 janeiro - abertura do casino "Stranger's Club" na Quinta Pavão; 1909, 3 novembro - carta de lei pondo termo à concessão alemã dos Sanatórios; 1914 - construção de uma bateria marítima na Quinta Vigia; 1925, 30 janeiro e 1928, 12 abril - hasta pública dos bens dos extintos Sanatórios que não encontraram compradores; 1910, 14 fevereiro - escritura a favor do Estado das propriedades dos Sanatórios; 1929, setembro - proposta camarária para transformar a Quinta Vigia em parque público e campo de jogos; 1933 - aquisição pelo Estado da Quinta Pavão; 1935, 30 dezembro- abertura ao público da Quinta Vigia; 1936, 23 Jan. - despacho do Ministério das Finanças de cedência a título provisório das 3 quintas à sociedade adjudicatária do jogo no Funchal; 7 fevereiro - assinatura do contrato com a "Empresa de Turismo da Madeira, Ltd.", funcionando provisoriamente no Casino Vitória; 4 Jul. - abertura do Casino da Madeira na Quinta Vigia; 1939 - suspensão da concessão de jogo na Madeira; 1958, 18 Mar. - reabertura da concessão de jogo na Madeira; 1964, 15 julho - contrato entre o Estado e a "I.T.I. Sociedade de Investimentos Turísticos na Ilha da Madeira" para a exploração do jogo na Madeira; 21 Dez. - inauguração do Casino da Madeira num dos edifícios da Quinta Vigia, reformulado pelo Arq. Júlio Simeão da Costa Alves; 1967, 11 Dez. - cedência pelo Governo das Quintas Pavão e Bianchi, mediante aquisição pela Sociedade da Quinta das Angústias para o Estado; 1969 - contrato com o atelier de Viana de Lima, Porto, para a construção do Casino Park, segundo projeto de Óscar Niemeyer; 1999, 29 Abr. - inauguração da estátua da imperatriz Isabel da Áustria.

Dados Técnicos

Estrutura mista e paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria de cimento aparente e rebocada, cantaria mole e rígida regional aparente, madeira (carvalho, nogueira e outras), amarrações mistas, grades de ferro, mármore, madeira, estuque, vidro e acrílico.

Bibliografia

An Hiver à Madére: 1859 - 1860, Vienne, 1863 (atrib. Arquiduquesa Maria Carlota, casada com Maximiliano, imperador do México); A luz na Quinta Vigia, Diário de Notícias, 21 Nov. 1890; CANNE, Ellen e Florence du, The Flowers and Gardens of Madeira, Londres, 1904 e 1909; VIEIRA, Elmano, Casa de Jornalistas para a Quinta Vigia, Diário de Notícias, 22 agosto 1921; As três quintas, Diário de Notícias, 29 janeiro 1935; SILVA, Padre Fernando Augusto da, Elucidário Madeirense, 3 vols., Funchal, 1945; VIEIRA, Rui e PESSOA, Fernando, Inquérito aos espaços verdes e exemplares botânicos notáveis do Funchal, novembro 1966 e 1984 (nº 20); Oscar Niemeyer, L'Architecture d'Aujourd'hui, Paris, 1974, nº 171; Imagens da Cidade, Jornal da Madeira, 11 Fev. 1989; WILHELM, Eberhard Axel, Sissi no Funchal (1860 - 1861), Revista Margem 2, nº 4, Funchal, setembro 1996, pp. 24 - 30; HERNÁNDEZ GUTIÉRREZ, Sebastián, Brutalismo en Madeira. El caso de Casino Park Hotel (Viana de Lima - Niemeyer), Islenha, 6, Jan. - junho 1990, pp. 68 a 74; VERÍSSIMO, Nelson, A Questão dos Sanatórios da Madeira, Islenha, 6, pp. 124 a 144; FALKENAU, Doris, Auf Sissis Spuren in Madeira: eine Reiselekture, Wien, Osterreich, 1996; MATA, Lídia, Sissi na Madeira: efeméride de um centenário, Revista Margem 2, nº 9, Funchal, setembro 1998, pp. 6 a 10; VERÍSSIMO, Nelson, Estátua de Lagoa Henriques. Sissi perpectuada no Casino Park, Diário de Notícias, 29 abril 1999; VERÍSSIMO, Nelson e TRUEVA, José Manuel de Sainz, Inventário de Escultura da Região Autónoma da Madeira, Funchal, 1998, p. 180; Estátua da princesa Sissi já se encontra em fase de montagem, nos jardins do Casino Park Hotel, Diário de Notícias, 8 abril 1999; R.G. Mestre Lagoa Henriques. Depois de Sissi será Churchill, Diário de Notícias, 30 abril 1999.

Documentação Gráfica

Aguarelas e litografias inglesas de 1904 (Ellen du Cane); CM. Funchal

Documentação Fotográfica

Museu Vicentes Photographos; DRAC, Funchal

Documentação Administrativa

CM Funchal

Intervenção Realizada

Observações

O contrato inicial com a empresa concessionária pressupôs a manutenção do parque das antigas Quintas Vigia, Pavão e Bianchi como público e daí a construção inicial do edifício em pilares e a passagem pública por debaixo do mesmo. No entanto, ultimamente, conseguiu a administração autorização para o encerramento de parte à circulação automóvel, mediante a colocação de inestéticas cancelas.

Autor e Data

Rui Carita 2000

Actualização

 
 
 
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