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Edifício e estrutura Edifício Educativo Colégio religioso Colégio religioso Companhia de Jesus - Jesuítas
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Descrição
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A fachada permanece destacada no topo de uma colina, precedida por monumental escadaria, que vem da R. de São Paulo. Atrás da fachada estão as ruínas e os as estruturas primitivas que foram postas a descoberto pelas escavações arqueológicas, e musealizadas, mantendo-se à mesma cota do terreno. O edifício propriamente dito do museu está mais afastado. A fachada é profusamente decorada, composta por motivos associados à Companhia de Jesus, mas também por outros mais próximos da cultura oriental. |
Acessos
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Rua de Santo António |
Protecção
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Imóvel de Interesse Arquitectónico, DR nº 83/92/M, 31 Dezembro 1992; incluido no Conjunto dos Monumentos Históricos de Macau *1 |
Enquadramento
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Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Educativa: colégio religioso |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Afectação
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Época Construção
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Séc. 17 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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P. Carlo Spínola (séc. 17); Arq. João Luís Carrilho da Graça (musealização das ruínas) |
Cronologia
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Séc. 16, meados - os religiosos do Padroado Português do Oriente, nomeadamente os padres da recém-criada Companhia de Jesus, chegaram aos portos chineses por via dos mercadores portugueses que aí comerciavam e utilizavam os entrepostos comerciais lusos como ponto de apoio à missionação que pretendiam desenvolver na China e principalmente no Japão; como não tinham ainda um colégio ou residência instituída recorriam a quaisquer edifícios para se abrigarem, nomeadamente casas emprestada de mercadores portugueses; 1563 - os padres jesuítas Francisco Perez, Manuel Teixeira e André Pinto faziam parte da embaixada régia de Gil Góis, que chega a Macau a 29 de Junho; 1565 - na sequência do fracasso da embaixada, os padres da Companhia de Jesus são aconselhados pelo padre provincial da Índia, António Quadros, a sairem da casa de Pêro Quinteiro para se instalarem numas casinhas térreas em palha, com divisórias de madeira e uma capela, junto à ermida de Santo António, o qual deixaram pouco tempo depois dada a insalubridade do local, passando-se definitivamente para o monte de São Paulo; 1572 - começou a funcionar junto à residência uma escola elementar; 1573 - na sequência de um incêndio na igreja, os padres construiram uma outra em taipa, que o capitão-mor de Macau mandou cobrir de telha à sua custa; 1575/1578 - obras de ampliação da residência dado o aumento considerável de padres no território de passagem; 1576 - papa Gregório XIII criou o bispado de Macau com a bula "Super Specula Militantis Ecclesiae", da qual dependiam a China e o Japão; 1582 - superior Pedro Gomes mandou cobrir a igreja com telha; 1586 - igreja sofreu um novo incêndio, pelo que os padres a abandonaram e tranferiram a localização da nova igreja para o local onde estava uma capela dedicada a São Martinho de Tours*1; 1593 - início da construção de uma nova igreja e residência ordenada pelo Visitador Alexandre Valignano; a comunidade de padres crescia e era importante criar ali um pólo cultural e universitário à semelhança do que se tinha feito em Goa; era preciso preparar os padres para as particularidades culturais que iriam enfrentar nas missões da China e do Japão; 1594 - colégio foi elevado a universidade; o complexo jesuítico compunha-se de 4 escolas, 19 pequenas divisões, 2 salas, 2 capelas, 1 enfermaria e 1 novo refeitório; 1595 - residência dos jesuítas sofreu um incêndio; 1597 - residência foi reconstruída e ampliada em terreno contíguo à igreja de São Paulo; residência e colégio, que estavam sob alçadas distintas (casa/residência ligada à vice-província da China, colégio à província nipónica) são reunidas; 1601 - novo incêndio seguido de tufão que destruiu 3/4 do edifício, e a totalidade da igreja; salvou-se apenas o Santíssimo Sacramento e algumas relíquias, os quais foram colocados temporariamente na igreja de Santo António; 1603 - nova igreja ficou concluída, tendo sido inaugurada na noite de Natal, com uma grande procissão para a mudança do Santíssimo Sacramento da capela provisória para a nova igreja, na qual participaram cerca de 60 religiosos e 5 andores de relíquias e imagens do colégio; o seu finaciamento veio quase exclusivamente dos lucros resultantes do comércio com o Japão, tendo os comerciantes de Macau prometido dar uma percentagem desses proveitos; custo total da obra teria sido de 7 mil taéis a mão-de-obra era constituída, na sua maioria, por cristãos japoneses que se econtravam exilados no território na altura, na sequência de perseguições religiosas sentidas no arquipélago nipónico; 1608 - houve ainda algumas alterações no edifício; 1620 / 1637 - conclusão da fachada; os relatos dos visitantes estrangeiros enfatizaram a opulência dos interiores; 1623 - inauguração do seminário nipónico de Santo Inácio, que funcionava anexo à universidade, assim como a procuradoria do Japão e os cofres da cidade; 1689 - capela de São Francisco foi terminada; 1759 - decreto de expulsão dos Jesuítas por ordem do Marquês de Pombal; 1762 - Jesuítas que estavam em Macau foram presos e enviados para Lisboa, o que fez com que o colégio passasse a ser administrado pelo Leal Senado; o recheio foi partilhado pela Fazenda Real, pelo Senado, prelado diocesano e mesmo alguns particulares; na igreja o culto público prosseguiu a cargo do capelão e do reitor nomeado pelo bispo da diocese; finais do séc. 18 - diocese sugeriu que a sé fosse transferida para São Paulo, dado que a primeira estava já muito arruinada; 1831 - batalhão do Príncipe Regente encontrava-se acantonado nos edifícios pertencentes ao antigo colégio da Companhia de Jesus; 1835 - igreja foi destruída por um incêndio causado por um monte de lenha que estava acumulado na cozinha; 1836 - Senado concedeu o cemitério à Santa casa da Misericórdia; foi improvisada uma morgue na capela-mor, e as paredes do templo foram cortadas para instalação de jazigos; 1838 - as paredes do edifício sinistrado foram demolidas uma vez que estavam em perigo de ruir por causa das escavações feitas para as sepulturas; 1854 - terminaram os enterramentos no recinto com a construção do cemitério de São Miguel; 1904 - foram propostos vários projectos de reconstrução; 1990 - escavações arqueológicas revelaram uma planta detalhada da igreja; 1990/1995 - trabalhos de restauro da fachada; 1990/1992 - trabalhos arqueológicos prévios às obras de musealização; 1995 - musealização das ruínas *2. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Bibliografia
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BRUNT, M. Hugo, "An architectural survey of the jesuit seminary church of Saint Paul´s Macao in Journal of Oriental Studies", vol. I, nº 2, Hong Kong, Julho 1954, pp. 1-21; BURY, John, "Saint Paul`s Macao" in Actas do III Colóquio Internacional de Estudos Luso-Brasileiros, Lisboa, 1957, pp. 30-36; Igreja de São Paulo de Macau - Fortaleza do Monte, Macau, 1990; PIRES, Benjamim Videira, "Reivindicação de São Paulo do Monte pelos Jesuítas" in Revista de Cultura, nº 21, Macau, Outubro/Dezembro 1994, pp. 22-24; COUCEIRO, Gonçalo, "Macau e a Arte da Companhia de Jesus na China" in Revista de Cultura, nº 21, Macau, Outubro/Dezembro 1994, pp. 29-35; RUIZ-DE-MEDINA, Juan, "Un Jesuita de Madrid Arquitecto de la Iglesia de São Paulo, Macao" in Revista de Cultura, nº 21, Macau, Outubro/Dezembro 1994, pp. 37-47; SANTOS, Domingos Maurício Gomes dos, Macau, Primeira Universidade Ocidental no Extremo Oriente, Macau, 1994; COUCEIRO, Gonçalo, A Igreja de São Paulo de Macau, Lisboa, 1997; COSTA, Maria de Lourdes Rodrigues da, História da Arquitectura em Macau, Macau, 1997; BARACHO, Carlos, "Um percurso ao encontro do Medievalismo em Macau" in Revista de Cultura, nº 34, Macau, Janeiro/Março 1998, pp. 147-180; CALADO, Maria, "Macau - da fundação aos anos 70. Evolução socio-económica, urbana e arquitectónica", in Revista de Cultura, nº 34, Macau, Janeiro/Março 1998, pp. 75-146; COSTA, Maria de Lourdes Rodrigues da, "História da Arquitectura em Macau" in Revista de Cultura, nº 34, Macau, Janeiro/Março 1998, pp. 181-234; WONG Shiu Kwan, "A Arquitectura de Macau: uma mistura de influências portuguesas e chinesas" in Revista de Cultura nº 35/36, Macau, Abril/Setembro 1998, pp. 9-75; FERNANDES, José Manuel, "Macau, entre os séculos XIX e XX. Urbanismo e Infraestruturas de 1820 a 1920" in Revista de Cultura, nº 35/36, Macau, Abril/Setembro 1998, pp. 77-94; PEREIRA, Fernando António Baptista, "Arquitectura chã e ornamentação interior nas igrejas portuguesas do Oriente (séc. XVII-XVIII)" in Os Construtores do Oriente Português, Porto, 1998; Um Museu em Espaço Histórico. A Fortaleza de São Paulo do Monte, Macau, 1998; COSTA, João Paulo Oliveira e, e PINTO, Ana Fernandes, Cartas Ânuas do Colégio de Macau (1594-1627), Macau, 1999; DURÃO, Luís António, "Património de Macau, uma álbum da sua História" in Camões, nº 7, Dezembro 1999, pp. 70-83; PEREIRA, Fernando António Baptista, "A conjenctural reconstruction of the church of the college of Mater Dei" in Religion and Culture: an International Symposium Commemorating the fourth centenary of the University College of Saint Paul, Macau, Instituto Cultural de Macau, 1999, pp. 203-243; QICHEN, Huang, "The first university in Macau: the Colégio de São Paulo" in Religion and Culture: an International Symposium Commemorating the fourth centenary of the University College of Saint Paul, Macau, Instituto Cultural de Macau, 1999, pp. 249-269; MATTOSO, José (dir.), Ásia, Oceania, Património de origem portuguesa no mundo, arquitectura e urbanismo, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2010, pp. 497-499. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA; GM/DST; CCCM |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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*1 DOF: dro e escadaria. A igreja conheceu ainda outras designações como Igreja de Nossa Senhora da Assunção, e Igreja da Imaculada Conceição, e o colégio foi Colégio de São Paulo, Colégio dos Jeusítas e Colégio da Madre de Deus. Na colina por detrás da residência da Companhia, o padre Michele Ruggieri fundou, em 1580, uma casa com celas para os catecúmenos chineses e uma capela dedicada a São Martinho de Tours. A igreja encontrava-se decorada com pinturas feitas no território por cristãos japoneses, entre eles Jacob de Niva, padre jesuíta. 2* - a musealização do espaço permitiu visualizar das ruínas da igreja, incluindo a cripta onde estão as relíquias dos Mártires do Japão e do Vietname, e um museu de Arte Sacra. *3 - Património Mundial - UNESCO, 2005 |
Autor e Data
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Sofia Diniz 2000 |
Actualização
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