Edifício do Banco Lisboa & Açores / Banco Totta & Açores / Banco Santander Totta, SA

IPA.00007823
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santa Maria Maior
 
Arquitectura financeira, ecléctica. Fachada em pedra de gosto classizante e utilização do ferro no interior (pátio e andares).
Número IPA Antigo: PT031106480546
 
Registo visualizado 2044 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Serviços  Banco    

Descrição

Planta rectangular, organizado em 3 pisos, volumetria paralelepipédica, cobertura composta por telhados a duas águas, com clarabóia para iluminação interior. Disposição vertical de massas, marcada por grandes panos de fachada separados por seis colunas salientes de base alta.A fachada principal, a O., em mármore, simétrica e regular divide-se em cinco tramos recuados (embora inicialmente apresentasse apenas três).A cornija remata a parte nobre da fachada.No piso térreo, cinco vãos de volta inteira e seis cabeças de leão a sustentar inscrições nos pedestais das colunas, em cujos capitéis se desenvolvem âncoras - com ligação às volutas que se desenrolam no friso - com motivos ornamentais representando serpentes enroladas a um ceptro alado com asas de Mercúrio.1º andar ritmado por varandas de pedra circulares com guarda-corpos de balaústres, assentes em consolas em forma de gomos, coroadas com frontões triangulares com decoração vegetalista, sendo que o que se situa no 2º pano (sentido N./S.) é um frontão interrompido com inscrição das armas reais.Por cima das varandas, cinco vãos de janelas tripartidas.No andar superior, por cima da cornija e assente sobre um pequeno terraço, cinco janelas de mansarda recuadas, com moldura de cantaria e ática ornamentada, sendo a restante decoração constituída por elementos vegetalistas. INTERIOR: no rés-do-chão um pequeno vestíbulo de planta rectangular, com chão e paredes de mármore de Sintra e Chão de Maçãs, dá acesso pelo lado direito à agência bancária e em frente através de porta giratória a um átrio quadrangular de triplo pé direito. Com chão forrado a mármore, este último, constitui-se como gerador / distribuidor dos espaços circundantes, rematado e iluminado superiormente pela grande cúpula estruturada em ferro e vidro.Interior do piso térreo com cota superior ao nível da rua, núcleo de escadas e elevador à esquerda, zona de auditório em frente e sala de espera à direita em redor da qual se organiza zona de circulação em U em cujo extremo se localiza o acesso ao edifício contíguo ao banco.Primeiro piso de organização similar ao piso térreo subdividido em zonas de gabinetes da administração e sala de reuniões no mesmo alinhamento da sala de espera do piso térreo.Terceiro piso com igual zona de gabinetes com especial destaque para sala de reuniões com tecto em caixotões.Quarto, quinto e sexto piso, de intervenção posterior, compostos por zonas de trabalho com divisórias amovíveis, vazados por pátio interior rematado por segunda clarabóia.

Acessos

Rua do Ouro, n.º 82-92 e Rua dos Sapateiros, n.º 21

Protecção

Incluído na classificação da Lisboa Pombalina (v. IPA.00005966)

Enquadramento

Urbano, implantado em terreno plano.Incluído do conjunto da Baixa Pombalina (v. PT031106190103), faz parte integrante de uma frente de quarteirão que se estende desde o nº 62 ao n.º 108 da Rua do Ouro.Destacado, interrompe o ritmo próprio e característico das fachadas pombalinas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Serviços: banco

Utilização Actual

Serviços: banco

Propriedade

Privada: pessoa colectiva

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: João Simões (1949-1951); Miguel Ventura Terra (1905). CANTEIRO: Pedro Pardal Monteiro (1905-1906). CONSTRUTORES: Amadeu Gaudêncio, Lda. (1965). DECORADORES: Jalco, Lda. (1944). ENGENHEIRO: José de Mascarenhas Pedroso Belard da Fonseca (1937). ESCULTOR: Jorge Pereira (1905-1906). SERRALHEIRO: Jacob Lopes da Silva (1905-1906).

Cronologia

1875, 9 Abril - é fundado o Banco Lisboa & Açores com sede na Rua do Comércio, contando-se entre os seus fundadores Adolfo Lima Mayer *1; 1905 - o Banco adquire, em Lisboa, os terrenos onde viria a edificar a sua nova sede, na Rua Áurea, encomendando o projecto ao arquitecto Miguel Ventura Terra (1866-1919); 1905-1906 - os canteiros de Pedro Pardal Monteiro, com a colaboração do escultor-modelador Jorge Pereira, executam a fachada; obras dos portões de Jacob Lopes da Silva; 1906 - inauguração do imóvel; 1907 - carta do Banco Lisboa & Açores a informar que tendo comprado as propriedades situadas na Rua Áurea com os n.º 82 a 92 (5 portas); estas propriedades foram demolidas para a construção do edifício que será a sede do Banco, que só fica com duas portas (uma para a Rua do Ouro e outra para a Rua dos Sapateiros); pede que se estipule os números de polícia; é inaugurada a nova sede passando o edifício da Rua do Comércio para o Banco de Portugal; 1924 - a direcção do Banco deseja fazer alterações e ampliação no projecto que envia; 1937, 28 Outubro - o Banco Lisboa & Açores pretende fazer obras de ampliação no edifício da sede, sob a responsabilidade do engenheiro José de Mascarenhas Pedroso Belard da Fonseca; as obras destinaram-se ao aumento de espaço destinado aos serviços internos do Banco: repartições, gabinetes e vestiários e acrescentaram dois pisos sobre o lado da Rua dos Sapateiros, dos quais o último ficou ao nível do último piso sobre o lado da Ryua do Ouro; 4 Dezembro - alterações na parede da retaguarda e aos cálculos das vigas; 1938, 7 Março - pede prorrogação de licença de obras; 22 Março - pedido de licença para obras de alteração ao projecto aprovado em Dezembro do mesmo ano; 31 Agosto pede renovação da licença; 1 Setembro - pedido de licença para limpeza e pintura das fachadas; 1944, 3 Julho - Jalco, Lda. decoradores, pede para executar diversas pinturas nos salões do 1º andar; 1947, 8 Dezembro - solicita a execução da colocação de grades entre os socos das colunas da fachada e dia 9 do mesmo mês, para a reparação de cano de águas pluviais; 1948, Julho - arranjo do guarda-vento giratório e do piso onde o mesmo assenta no vestíbulo do edifício da Rua do Ouro; 27 Outubro - solicita a colocação de um ventilador na parte inferior do peitoril do gabinete da gerência e reparações interiores nos tectos, paredes e pavimentos; 1949, 18 Março - requer a aprovação do ante-projecto de remodelação e ampliação do Banco apresentado na memória descritiva do arquitecto João Simões; 7 Novembro - aprovado pela Câmara Municipal de Lisboa; em virtude da diferença de nível entre os pavimentos a solução apresentada foi a sequência da fachada da sede, aumentando-lhe dois módulos de forma a traduzir mais claramente a função do Banco, apresentando-o como uma unidade única; 1950, 10 Março - o arquitecto João Simões solicita o gráfico da cércea correspondente àquele local; 23 Março - requerimento para o arranjo do pavimento junto à porta de entrada da sede; 30 Outubro - requer licença para sondagens de reconhecimento geológico com vista à elaboração do projecto seguimento do ante-projecto; 1951 - a Câmara Municipal de Lisboa aprova a colocação de escadas de acesso à cobertura, passadeiras ligando as diferentes águas do telhado com as chaminés, divisórias em material incombustível e a substituição da escada em leque por escadas de lanços rectos; 1967 - o Banco Lisboa & Açores requer nova licença para a execução de obras; 1965 - a firma empreiteira, Amadeu Guadêncio, Lda, requer licença para obras de conservação; 1968 - procede a pequenas alterações às obras que estava realizando na Rua do Ouro, por razões técnicas e melhoria de condições de trabalho e obras de limpeza e beneficiação geral do edifício; 1969 - o Banco Lisboa & Açores vê-se forçado a considerar a fusão com outra instituição, tendo-lhe despertado o interesse a proposta do Banco Totta-Aliança; 1970 - a fusão dos dois Bancos foi deliberada em Assembleia Geral, com efeito a partir de 1 de Janeiro; a partir deste ano, o Banco Totta & Açores leva a cabo uma política de remodelação e modernização das suas dependências por todo o país e a uniformização da sua imagem, tendo celebrado contrato com a empresa construtora Profabril, a fim que esta se responsabilizasse por todos os projectos, decoração, direcção e coordenação de obras e estudos de mercado e a criação de modelos; surge uma preocupação com a normalização e racionalização dos projectos, sendo estes caracterizados por bastantes elementos em comum, como o design dos balcões, caixas, equipamento diverso e lettering, a definição prévia dos materiais com um conjunto de recomendações e exigências construtivas, dando origem a uma primeira imagem corporativa das agências do Banco Totta & Açores; 1971- introduz alterações nas divisórias da cave do prédio; 1988 - após grandes dificuldades por que passou toda a banca portuguesa, o Banco Totta & Açores entra em período de recuperação financeira que se traduziu na prática pela expansão da sua rede de agências (no Continente e Regiões Autónomas dos Açores e Madeira); 1974 - pede aprovação para o projecto de alterações referentes a obras de adaptação e instalação do seu Centro de Ordenadores, na Rua do Ouro; 1984 - apresenta requerimento para obras de conservação e limpeza; 1986 - remodelação interior com o objectivo de nele se instalar o Conselho de Gestão; 1991, 31 Janeiro - um estudo inteiramente realizado no Departamento de instalações do Banco Totta & Açores, foi aprovado em Conselho de Administração passado a elaboração de projectos e a construção de futuras agências, a ter de compatibilizar na sua solução arquitectónica, as características particulares de cada espaço com os parâmetros definidos no estudo; ficaram definidas 4 tipologias possíveis: Balcão tradicional - balcão modular com área protegida para atendimento personalizado; balcão misto - balcão modular eventualmente com zona de atendimento personalizado, com ou sem área automática individualizada; balcão especial - área automática individualizada e atendimento personalizado; balcão automático - só área automática individualizada; A organização funcional do Estabelecimento Tipo, ficou caracterizado em 3 tipos de espaços: a Zona Pública, a Zona Semi-privada e a Zona Privada

Dados Técnicos

Estrutura autoportante.

Materiais

Ferro, cimento, pedra lioz, pedra mármore, vidro, madeira.

Bibliografia

AFONSO, José, Arquitectura Bancária em Portugal, Lisboa, 1999; ALMEIDA, Fernando de, Monumentos e Edifícios Notáveis de Distrito de Lisboa, tomo I, Lisboa, 1973; ALMEIDA, Fialho, Lisboa Monumental, Edição da Câmara Municipal de Lisboa, 1957; ARAÚJO, Norberto, Peregrinações em Lisboa,Livro XII, Lisboa; Arquitecto Ventura Terra (1866-1919), Lisboa, Assembleia da República, 2009; Banco Lisboa & Açores, Elementos para a sua História, Casa Portuguesa, Lisboa, 1940; Banco Totta & Açores, Lisboa, 1993; Banco Tottal & Açores: Os Nossos Antepassados, 150º Aniversário, 1843-1993; COSTA,Adelino, Agências de um Banco no País, Binário,Arquitectura,Planeamento, 1972; COSTA, Lucília Verdelho da, Cantarias Artísticas de Lisboa nos séculos XIX e XX, in Colóquio Artes, n.º 101, 2.ª série, 36.º ano, Abril-Junho, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 1994; FARIA, Miguel Ferreira de, Banco Comercial Português: a primeira década 1985-1995,s.l., 2001; FERNANDES, José Manuel Arquitectura Portuguesa, Edições Cotovia,Lda, Lisboa, 1993; FIGUEIREDO,José, O Novo Edifício do Banco de Lisboa, Architectura Portuguesa, nº 1, Lisboa, 1908; FRANÇA, José Augusto, A arte em Portugal no século XIX, Bertrand, vols. I e II, Lisboa, 1966; FRANÇA, José Augusto, A arte em Portugal no século XX, Bertrand, Lisboa, 1974; FRANÇA, José Augusto, Lisboa: Urbanismo e Arquitectura,Biblioteca Breve, 1980; FRANÇA, José Augusto, A Arte Portuguesa de Oitocentos, Biblioteca Breve, 1983; MARQUES,A. H. Oliveira, História de Portugal, Vol. II, Edição Palas, Lisboa, 1976; MARQUES, Maria da Conceição Oliveira, Introdução ao Estudo do desenvolvimento Urbano de Lisboa, 1879-1938, publicado na revista Arquitectura, nº 112, 1969; MARTINS, João Paulo, Arquitectura contemporânea na Baixa de Pombal, in Monumentos, n.º 20, Lisboa, DGEMN, 2004, pp. 142-151; ORTIGÃO, Ramalho, A Arte Portuguesa,Tomo I e II, Clássica Editora, Lisboa, 1943; PERDIGÃO, Maria José, O Arquitecto Miguel Ventura Terra, vol 1, FCSH-UNL, Lisboa, 1988; REIS, António, Portugal Contemporâneo,Vol. II, Publicações Alfa, 1990; RODRIGUES, Maria João Madeira, Tradição,Transição e Mudança, A Produção do Espaço Urbano na Lisboa Oitocentista,Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa, 1979; SUMMERSON, John, A Linguagem Clássica da Arquitectura, Martins Fontes, São Paulo, 1982; TAFURI, Manfredo, Teorias e História da Arquitectura, Editorial Presença, 1979; TOSTÕES, Ana, Arquitectura do Século XX, in História da Arte Portuguesa (dir. Paulo Pereira), Lisboa, Círculo dos Leitores, 1995; ZEVI,Bruno, História da Arquitectura Moderna, Edições Arcádia, 1970.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

CML: Arquivo Fotográfico de Lisboa

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1928 - o Banco Lisboa & Açores requer licença para limpezas e reparações interiores/exteriores, excepto pintar cantarias; 1930 - reparos interiores/exteriores, nos telhados, limpeza, pintura da frente e muros.

Observações

*1- a sua acção de apoio ao Fomento nacional foi assinalável, tendo efectuado empréstimos ao governo, à Câmara Municipal de Lisboa e, à Família Real; Miguel Ventura Terra projectou um edifício com uma fachada absolutamente lógica e com um aproveitamento interno em conformidade com a sua função e com o seu fim preciso e determinado. Facilmente se destaca na sua envolvente, com o impacto desejável num edifício do público e que para o público se destina.O aspecto da função levanta a questão da influência das instituições bancárias no desenvolvimento e transformação da cidade, pelos interesses económicos que arrastam, realçando que as principais alterações da Baixa Pombalina foram, precisamente, protagonizadas principalmente por instituições bancárias.A localização do edifício é propositada e insere-se numa política de fixação de comércio especializado numa rua determinada, correspondendo a Rua do Ouro à zona de implantação do comércio de ouro

Autor e Data

Filomena Bandeira 1998 / Rosa Fernandes 2004

Actualização

 
 
 
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