Palácio do Mitelo
| IPA.00007819 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Arroios |
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Palacete barroco, de planta em U, com braços pouco pronunciados, relativamente ao eixo longitudinal com que se articulam. Apresenta fachadas sóbrias com recursos decorativos limitados ao portal e a algumas janelas que se constituem como eixos de simetria da organização dos vãos. Do ponto de vista da organização interna destaca-se como principal elemento de distribuição, o amplo átrio que, articulado com escadarias localizadas nos 2 extremos do eixo longitudinal, asseguram o acesso aos pisos, cuja compartimentação, muito fragmentada, se apresenta, directamente comunicante entre si, nas zonas principais do imóvel. |
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Número IPA Antigo: PT031106240487 |
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Registo visualizado 1449 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa Palacete
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Descrição
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Planta em U, composta por corpos rectangulares dispostos em torno de pátio rectangular, quase totalmente ocupado por uma piscina, de volumetria escalonada, cobertura efectuada por telhados a 4 águas. De 4 pisos (um deles parcialmente enterrado e apenas desenvolvido no lado SO. e outro ao nível da cobertura e limitado a algumas zonas), com cunhais e embasamento de cantaria e superfície murária em reboco pintado, abertura de vãos com emolduramentos de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a NO., composto por 3 corpos separados por cunhais de cantaria, e por 2 pisos separados por friso de cantaria (extensível a um 3º do lado O.), corpo central ligeiramente recuado, relativamente aos que o ladeiam, um deles, a E. correspondente à capela e o outro, a O. a uma ala da residência, dividido em 3 panos separados por pilastras de cantaria, dos quais se demarca o central, coincidente com o acesso principal, de tratamento diferenciado e constituído como eixo de simetria dos seus colaterais: regista-se abertura a eixo, de portal de verga ligeiramente curva ( com painel escultórico em cantaria sobrepujado de ática) ladeado por 2 janelas de peito com malheiro de ferro, sendo o conjunto encimado por 3 janelas de verga recta recortada - 1 axial, de sacada servida por varandim e 2 de peito com avental em cantaria. Corpo a E., vazado a eixo por portal animado por painel escultórico em cantaria com os emblemas da Paixão e sobrepujado por ática contracurvada. O mesmo é encimado por janelas iluminantes. Alçado superiormente rematado por cornija articulada com beiral e com pináculos dispostos no alinhamento dos cunhais e das pilastras. Alçado lateral SO., de 3 pisos, com piso térreo revestido a cantaria e rasgado a eixo, por porta de verga recta com bandeira. Os pisos superiores apresentam-se vazados, cada um deles, por 5 janelas de sacada servidas por varandins individuais - as do 1º andar de verga ligeiramente curva e guarda com varas de anel a meia altura, as do 2º andar (aqui correspondente ao andar nobre, no alinhamento do 1º andar do restante edifício) de verga recortada e varandins com guarda em ferro forjado suportados por mísulas. INTERIOR: átrio de planta rectangular com muros animados por lambrim azulejar composto por 2 zonas, sendo uma delas directamente articulada com o acesso principal e de maior pé-direito em relação à outra que, separada por amplo arco de sustentação de volta abatida, apresenta menor pé-direito. Muros laterais, rasgados por portas inscritas em arcos trilobados conducentes ás duas alas do imóvel, através de escadarias, das quais se destaca a principal, do lado E.: integrada em caixa de duplo pé-direito e cobertura em abóbada de barrete de clérigo, esta compõe-se de 3 lanços rectos, com corrimões em mármore e silhares de azulejos. Ao longo dos pisos compartimentação directamente comunicante entre si, desenvolvida contiguamente ao alçado principal e lateral SO., à qual se acede por meio de corredores de implantação em L. Do lado E., capela de planta longitudinal composta por 2 rectângulos correspondentes à nave, única, e à capela-mor, com coberturas em abóbada de berço diferenciadas e separadas por cornjia. Desenvolvida ao longo da fachada principal, a mesma apresenta coro-alto com guarda em balaustrada de madeira, parcialmente curva e articulada com colunas de fuste liso. Nave com muros laterais animados por lambrim azulejar e janelas iluminantes. Na capela-mor, pouco profunda e precedida de arco triunfal de volta perfeita em cantaria, regista-se muro de topo preenchido por retábulo em talha dourada vasado ao centro por camarim ladeado por mísulas com as figurações escultóricas (de São José e do Sagrado Coração de Maria) e superiormente rematado por ática mistilínea. |
Acessos
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Largo do Mitelo, n.º 1; Rua da Bempostinha, n.º 2 a 4; Largo do Mastro, n.º 27 a 28 |
Protecção
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Incluído na classificação do Campo dos Mártires da Pátria (v. IPA.00005967) / Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) |
Enquadramento
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Urbano, em zonade meia encosta; localiza-se na margem E. do Campo dos Mártires da Pátria, numa zona urbana que aqui ganha uma reorientação própria face ao jardim central e construções que o acompanham. O desnível do terreno e a formação dos largos do Mitelo e Mastro criam uma descontinuidade nas frentes urbanas que envolvem o Campo, constituindo-se por isso aqui dois conjuntos urbanos específicos, relativamente secundarizados face à orientação imposta pelo traçado do Jardim. O Palácio do Mitelo ocupa todo lado S. do Largo do Mitelo, espaço de ligação com o Paço da Rainha (v. PT031106240224), com o alçado SE. a prolongar-se para uma rua secundária (R. da Bempostinha) enquanto a fachada lateral O. se vira ao Largo do Mastro. |
Descrição Complementar
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AZULEJO: presença constante ao longo de todo o edifício, reconhecem-se várias tipologias de azulejo monócromo datáveis do século XVIII, podendo identificar-se painéis com albarradas, com azulejos de figura avulsa, composições padronadas e de temática figurativa, com cenas de caça, e de actividades ao ar livre, no interior do edifício e com cenas da Paixão, nos muros laterais da nave da capela; CANTARIA: destaca-se o trabalho em mármore de um dos fogões de sala e o de uma chaminé do 1º andar; ESTUQUE: representado em alguns tectos, como o da antiga sala de jantar e do antigo salão de Baile ou da Música, actualmente tapado (*2) mas, de acordo com Norberto de Araújo, com profusa ornamentação de relevo composta por medalhões com alegorias às artes e ciências, figuras aladas de meninos e pelicanos nos ângulos e topos, de tratamento plástico afim à escola italiana, talvez de João Grossi ou dos seus discípulos. Também as coberturas da capela se apresentam animadas por composições decorativas em estuque com medalhões ovais inscrevendo as figurações dos 4 evangelistas, conjugados com medalhões centrais, animados, no tecto da nave, por emblemas da Paixão de Cristo e da capela-mor, pela pomba do Espírito Santo; MADEIRA: destacam-se alguns tectos em masseira |
Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Residencial: casa / Política e administrativa: instituto / Comercial: loja |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 17, 1ª metade - existência de umas casas nobres no então denominado Campo do Curral; 1672 - as casas são vendidas a Manuel Francisco Mendes, o qual terá empreendido uma campanha de obras de ampliação das mesmas; 1737 - aquisição do palácio pelo desembargador e diplomata (na China e em Madrid) Alexandre Mitelo de Sousa e Meneses, que efectua grandes obras de transformação e ampliação do imóvel; 1752 - o Dr. Alexandre Mitelo faz construir a capela do palácio, sob a invocação da Via Sacra; 1766 - por falecimento do Dr. Alexandre Mitelo, passa o imóvel para a posse da sua viúva, D. Luísa Leonor de Matos e Vasconcelos; 1771 - D. Luísa Leonor vende o palácio a Lourenço Gonçalves da Câmara Coutinho, almotacé-mor do reino, do qual passa depois para a posse de D. Luís da Câmra, principal da Sé de Lisboa; 1789 - o palácio é vendido por D. Luís da Câmara a José de Vasconcelos Soares de Albergaria, 1º visconde da Lapa e 1º barão de Moçâmedes, ficando na posse da sua família (depois condes da Lapa e de Moçâmedes) durante o séc. 19; séc. 18, 3ºquartel - revestimento azulejar do interior da capela; 1865, 9 Julho - morre no palácio o 13º conde de Vimioso, D. Francisco de Paula Portugal e Castro, aparentado (pelo casamento de uma filha) com os condes da Lapa, proprietários do palácio; 1878 - era proprietário do palácio o 2º conde da Lapa, Manuel Francisco das Misericórdias de Almeida e Vasconcelos do Soveral de Carvalho da Maia Soares de Albergaria (1811 - 1898); 1898 - o palácio encontrava-se na posse de José de Almeida e Vasconcelos de Carvalho da Maia Soares, 1º conde de Moçâmedes ; 1900 - o edifício passa para a posse da marquesa viúva de Pomares, D. Maria Manuela de Brito Castro de Figueiredo e Melo da Costa (Daun e Lorena, por parte da mãe); 1936 - é proprietária do imóvel D. Maria Vitória Carvalho Daun e Lorena, casada com D. João Pacheco de Bourbon e Lindoso; 1941 - o edifício é adquirido por Lídia Maia Cabeça; 1942 - o palácio é cedido ao Patriarcado de Lisboa, realizando-se obras de adaptação com vista à instalação do Instituto Superior de Serviço Social, reservando-se a ala poente para residência (primeiro de D. Manuel Salgueiro, bispo de Helenópole e arcebispo de Mitilene e depois da família proprietária); 1977 - são proprietárias do edifício Maria de Castro Norton e Ana Maria de Carvalho Roque de Pinho Oliveira Simões; 1988 - o edifício encontrava-se em mau estado de conservação. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos |
Bibliografia
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ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. I, Livro IV, Lisboa, s.d. ; MARTINS, Rocha, Lisboa de Ontem e de Hoje, Lisboa, 1945 ; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. 7, Lisboa, 1950 ; ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo II, Lisboa, 1975 ; AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987 ; JORGE, maria Júlia, Mitelo, palácio, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994 |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras, Procº nº 8.908 |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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CML: Arquivo de Obras, Procº n.º8.908 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1921 - obras de conservação e beneficiação geral; 1924 - obras de conservação e beneficiação geral; 1928 - obras de reparação interior; 1936 - obras de conservação e beneficiação geral; 1940 - reparação da cobertura; 1941 - obras de conservação e beneficiação geral (interior); 1942 - reparação da cobertura; 1945 - reparação da cobertura; 1950 - obras de conservação e beneficiação geral (pinturas paramentos exetriores) e acrescento de um andar no anexo (que torneja para a Rua da Bempostinha); 1953 - reparação da cobertura; 1961 - obras de conservação e beneficiação geral; 1972 - obras de conservação e beneficiação geral; IPPAR: ? - considerado o mau estado de conservação em que se encontrava o tecto, o IPPAR colocou uma tela protectora por forma a evitar o seu desabamento. |
Observações
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Autor e Data
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Filomena Bandeira 1999 / Teresa Vale e Maria Ferreira 2002 |
Actualização
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