Palácio Azambuja / Palácio Palhavã / Embaixada de Espanha
| IPA.00007814 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Avenidas Novas |
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Arquitectura residencial, barroca. Palácio de planta rectangular (com pátios interiores) articulada, nos ângulos, com corpos quadrados de cobertura diferenciada em coruchéu piramidal. Apresenta corpo principal orientado para pátio de honra, marcado por grande erudição ao nível da solução observada no respectivo corpo central, que conjuga, no mesmo plano, escadaria de lanços rectos convergentes contíguos ao alçado com pórtico definido por galeria suportada por arcaria em asa de cesto e com abertura de vãos sobrepujados por bustos, ora correspondentes a janelas, ora a nichos que albergam figurações escultóricas, também parte integrante dos espaços lúdicos como o jardim com que articula |
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Número IPA Antigo: PT031106500564 |
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Registo visualizado 3766 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Residencial senhorial Paço real
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Descrição
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O palácio implanta-se segundo um eixo longitudinal definido pela sucessão de 2 edifícios, correspondentes ao edifício principal, e às cocheiras, cujos respectivos alçados principais delimitam um pátio de honra, de planta rectangular - o 1º exibe planta rectangular, rasgada por 2 pátios interiores, com o ângulo extremo E. em chanfro, composta pela articulação de 1 corpo rectangular ao qual adossam, nos ângulos, 4 corpos quadrados, e no lado posterior, 1 outro corpo trapezoidal. Este edifício apresenta volumetria escalonada, e cobertura efectuada por telhados a 2 águas, articulados nos ângulos, em coruchéu piramidal e em mansarda perfurada por trapeiras. O corpo correspondente às cocheiras, apresenta planta em U, resultante da articulação de 1 corpo longitudinal com 2 corpos rectangulares nos extremos, de volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2 e 3 águas articulados nos ângulos. O edifício principal, de 2 pisos (um deles parcialmente enterrado, separado por moldura destacada de cantaria e superfície murária em aparelho de cantaria fendido) apresenta alçado principal a SO., orientado para o pátio, composto por 3 corpos, dos quais se demarca o axial: este apresenta-se definido por galeria de tecto plano, animada por 5 arcos em asa de cesto suportados por colunas de fuste liso, articulada com escadaria em cantaria com guarda em balaustrada, de lanços convergentes com o acesso principal, localizado a eixo, e assinalado por portal de verga recta com frontão curvo, sobrepujado por anjos tenentes afrontados. O portal é ladeado por janelas de sacada de verga recta - superiormente articuladas com remates semicirculares e trilobados gomados, animados por bustos - com guarda em balaústres. O corpo central é delimitado nos extremos por 2 corpos iguais, de planta quadrada e cunhais de cantaria, animados, cada um, por 1 janela de sacada similar às do corpo central (nos lados orientados para a galeria do corpo principal, regista-se a presença de 2 nichos em cantaria com o mesmo perfil e remate das janelas a albergar figurações escultóricas em mármore). São ambos superiormente rematados por cornija com beiral, acima da qual se elevam coruchéus piramidais. Ao alçado posterior, também delimitado por corpos rematados por 2 coruchéus, reconhece-se um outro corpo a si adossado, de planta pentagonal e de 4 pisos (um deles parcialmente enterrado e outro aoàs do corpo central (nos lados orientados para a galeria do corpo principal, regista-se a presença de 2 nichos em cantaria com o mesmo perfil e remate das janelas a albergar figurações escultóricas em mármore). São ambos superiormente rematados por cornija com beiral, acima da qual se elevam coruchéus piramidais. Ao alçado posterior, também delimitado por corpos rematados por 2 coruchéus, reconhece-se um outro corpo a si adossado, de planta pentagonal e de 4 pisos (um deles parcialmente enterrado e outro ao nível da cobertura), que integra a capela do palácio (*1). Este exibe uma entrada coincidente com o alçado E., assinalada por porta de verga recta sobrepujada de ática curva, ladeada por 2 nichos em cantaria com vasos, sendo o conjunto encimado por 3 janelas de peito. A capela exibe fachada principal no alinhamento do alçado lateral SE., definida por pano de muro com pilastras de cantaria de silharia fendida, rasgado a eixo por portal de verga recta com bandeira curva, delimitado por pilastras caneladas com capitéis coríntios que suportam entablamento rematado por frontão triangular, também observado no remate da igreja. Relativamente ao edifício das cocheiras, este apresenta alçado principal, a NE., de 2 pisos separados por friso de cantaria, composto por 3 corpos separados por pilastras de cantaria - às quais se reconhecem adossadas, 2 figurações escultóricas em cantaria sobre plintos - com panos de muro animados, por portas inscritas em arcos em asa de cesto encimados, ao nível do 1º andar, por janelas de peito de verga recta e guarda metálica. No INTERIOR do corpo principal, reconhece-se compartimentação interna organizada em função de 3 eixos longitudinais, designadamente, um eixo central de circulação, definido por amplo vestíbulo articulado com pátio interior (com cobertura em clarabóia em vidro, de planta rectangular (*2), e 2 eixos colaterais, que se desenvolvem contíguamente às fachadas laterais e nos quais se reconhecem os principais compartimentos de carácter social - de planta rectangular, directamente comunicantes entre si e com o eixo axial, nestes, destacam-se os tectos das salas orientadas para o alçado lateral SE. pela decoração de estuques que ostentam. Ainda deste lado, localiza-se a capela, disposta de modo transversal à respectiva fachada principal. Ao alçado posterior do corpo principal justapõe-se um pátio de planta rectangular que assegura a separação entre a zona descrita e a de acesso reservado, de construção posterior. |
Acessos
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Avenida António Augusto de Aguiar, n.º 39. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,736829, long.: -9,156849 |
Protecção
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Incluído na Zona Especial de Proteção do Edifício-Sede e Parque da Fundação Caloustre Gulbenkian (v. IPA.00006995 e IPA.00007810) |
Enquadramento
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Urbano. Fechando o topo NO. da Avenida António Augusto de Aguiar e definindo parte do lado NE. da Praça de Espanha, constituíndo-se como totalidade de um quarteirão formado pela Avenida António Augusto de Aguiar, Praça de Espanha, Rua Ramalho Ortigão e Rua Henrique Alves. |
Descrição Complementar
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Articula-se ainda com um jardim em terraço, de planta rectangular, com comprimento coincidente com os limites das 2 edificações da propriedade - edifício principal e cocheiras - e delimitado por muro, ao qual se acede por meio de escadaria em mármore de lanços rectos convergentes e guarda em balaustrada, localizada a eixo do pátio de honra, entre os 2 edifícios descritos e segundo alinhamento definido pelo portal da propriedade. O jardim apresenta agrupamentos escultóricos em cantaria, nomeadamente 3 fontes, dispostas segundo o mesmo eixo longitudinal - uma central de maiores dimensões e 2 nos extremos, menores - também observados no pátio de honra, e de autoria italiana, no qual se destaca, ao centro do pátio, uma escultura com a representação figurativa de Hércules e 4 estátuas de temática alegorico-mitológica, da autoria do escultor genovês Bernardo Schiaffino (1678 - 1725). |
Utilização Inicial
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Residencial: paço real |
Utilização Actual
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Política e administrativa: embaixada |
Propriedade
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Privada: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: João Nunes Tinoco (atr., séc. 17). |
Cronologia
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Séc. 16, início - primeiras referências à propriedade de Palhavã, então constituída por umas casas nobres edificas pelo seu detentor, Gomes Lourenço de Palhavã, da família Carvalhosas Palhavã (com solar em Carvalhosa, concelho de Guimarães); 1660 - a propriedade passa para a posse dos condes de Sarzedas, sendo então vendida por Jorge Gomes Lourenço de Palhavã (bisneto do supramencionado Gomes Lourenço de Palhavã ) ao 2º conde, D. Luís Lobo da Silveira (1640-1706) - governador do Algarve, vedor da Fazenda (por carta régia de 12 de Agosto de 1701), membro do conselho de Estado (a partir de 11 de Abril de 1704) e membro do conselho de Guerra, no reinado de D. Pedro II -, que lhe conferirá a feição senhorial que ainda se reconhece; obras conforme risco atribuível a João Nunes Tinoco (COUTINHO: 297); 1683 - a rainha D. Maria Francisca Isabel de Sabóia (primeira esposa de D. Pedro II) instala-se na quinta dos condes de Sarzedas em busca de melhoras, vindo a falecer em Palhavã a 27 de Dezembro de 1683, após uma permanência de cerca de um ano no palácio ; 1706 - por falecimento do 2º conde a propriedade passa para a posse de seu filho e herdeiro, o 3º conde de Sarzedas, D. Rodrigo da Silveira Silva e Teles (1663-1735) - deputado da Junta dos Três Estados e capitão da Guarda Real, tendo acompanhado, no desempenho deste último cargo, D. Pedro II durante a campanha da Beira na Guerra da Sucessão de Espanha (1704) e participado como voluntário nas tomadas de Valença e Albuquerque em 1705 -, o qual se empenhou na realização de melhoramentos na quinta de Palhavã, sendo vnomeadamente responsável pela edificação do monumental portal nobre de acesso ao pátio, que ainda hoje se pode observar (ainda que já não sobrepujado das armas dos Sarzedas) ; 1735 - falecimento do 3º conde de Sarzedas sem descendente varão, pelo que o título e as propriedades passam para a sua filha, D. Teresa Marcelina de Noronha Lobo da Silveira, casada com D. António Luís de Távora (filho dos condes de Alvor), seu tio ; 1747 - falecimento da 4ª condessa de Sarzedas sem descendência directa, passando a propriedade de Palhavã para a casa dos condes da Ericeira e marqueses do Louriçal, na pessoa de D. Francisco Xavier Rafael de Meneses (6º conde e 2º marquês) ;durante parte dos reinados de D. João V e de D. José I o palácio funciona como residência dos denominados "Meninos de Palhavã" (filhos naturais do Magnânimo), conhecendo obras e melhoramentos variados ; 1760 - 77 - o palácio permanece abandonado durante o exílio dos "Meninos de Palhavã", determinado pelo marquês de Pombal ;1787 - pela extinção da casa dos condes da Ericeira e marqueses do Louriçal a propriedade passa para a posse dos condes de Lumiares ; 1807 - 08 - a propriedade conhece vários danos durante as invasões francesas ; 1833 - danos infligidos pelo facto de a quinta de Palhavã ter ficado na linha de fogo entre as tropas liberais e absolutistas durante o cerco de Lisboa ; 1861 - o 6º e último conde de Lumiares, D. José Manuel da Cunha e Faro Meneses Portugal da Silveira (1836-1902), vende o palácio de Palhavã - levando todavia para a sua residência no centro de Lisboa algumas das estátuas de menores dimensões - ao 3º conde de Azambuja, D. Augusto Pedro de Mendoça (1835-1914, filho do 1º duque de Loulé e da infanta D. Ana de Jesus Maria), que de imediato empreende grandes restauros e melhoramentos na propriedade ; 1914 - o falecimento do 3º conde de Azambuja e as inerentes partilhas entre herdeiros levam a quinta de Palhavã a leilão, sendo adquirida por um comerciante da capital ; 1918 - aquisição da propriedade por D. Alejandro de Padilla, Ministro Plenipotenciário de Espanha, em nome do governo de espanhol, que aí instala a sua embaixada ; 1975 - um assalto, por populares, à Embaixada de Espanha, causa significativos danos no interior do edifício e a destruíção da quase totalidade do seu recheio, pelo que se registou seguidamente uma campanha de obras de restauro e beneficiação (a expensas do Estado Português), bem como a constituição de um novo recheio. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira |
Bibliografia
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AAVV, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. VI, Lisboa, s.d.; BARBOSA, Inácio Vilhena, Fragmentos de um Roteiro de Lisboa (Inédito), in Archivo pittoresco, Vol. VI, Lisboa, 1863; CALADO, Maria, FERREIRA, Victor Matias, Lisboa. Freguesia de São Sebastião da Pedreira, Lisboa, 1991; CARITA, Hélder, Oriente e Ocidente nos Interiores em Portugal, Porto, s.d.; COSTA, António Carvalho da (Padre), Corografia Portugueza e Descripçam Topografia do Famoso Reyno de Portugal, Lisboa, 1712; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; FARINHA, Santos, O Palácio de Palhavan. Subsídios para a História de Lisboa Antiga, Lisboa, 1923; FRANCO, Nicolas, O Palácio de Palhavã, in Revista Municipal, Lisboa, Ano I, Nº 2, 1939; GIL, Júlio, Os Mais Belos Palácios de Portugal, Lisboa, 1992; Guia de Arquitectura Lisboa 94, Lisboa, 1994; Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987; LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Vol. VI, Lisboa, 1875; ORTIZ ARMENGOL, Pedro, El Palacio de Palhavã, Lisboa, 1971; PDM - Plano Director Municipal, Lisboa, CML, 1995; PORTUGAL, Fernando, MATOS, Alfredo de, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais, Lisboa, 1974; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; REGO, António da Silva, (dir. de), As Gavetas da Torre do Tombo, Vol. IV, Lisboa, 1967; SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Sacavém, 1994; SOUSA, D. António Caetano de, História Genealógica da Casa Real Portuguesa, Tomo V, Lisboa, 1741-1752; VALE, Teresa Leonor M., D. Fr. Manuel Pereira Bispo e Secretário de Estado, Lisboa, 1994; VALE, Teresa Leonor M., A Importação de Escultura Italiana no Contexto das Relações Artístico-Culturais entre Portugal e Itália na Segunda Metade do Século XVII, (Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade do Porto), Porto, 1999 (texto policopiado); ZÚQUETE, A. E. Martins, Nobreza de Portugal, Vol. III, Lisboa - Rio de Janeiro, s.d.. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DRELisboa/DRC |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGA/TT: Gavetas, Gaveta XVI, Maço 2 Doc.23 |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1962, Março - rectificação do gradeamento fronteiro ao palácio; PROPRIETÁRIO: 1975 - campanha de obras de restauro e beneficiação geral; Década de 80 - profunda tansformação dos jardins; 2001 - plantados jacarandás no jardim contíguo ao palácio; 2001, Junho- Agosto - substituição da cobertura (obra em curso). |
Observações
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*1- sob invocação de Nossa Senhora da Assunção. *2 - no piso inferior, na zona correspondente ao pátio, identificou-se numa das paredes laterais a presença de mísulas de suporte de uma antiga estrutura. |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 1998 / Teresa Vale, Maria Ferreira e Sandra Costa 2001 |
Actualização
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