Casa da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo / Hospital Miguel Bombarda / Hospital de Rilhafoles

IPA.00007793
Portugal, Lisboa, Lisboa, Arroios
 
O conjunto edificado integra parte do antigo convento e outras construções posteriores já de adaptação à função hospitalar e assistencial. O primeiro edifício a ser construído de raiz é o Balneário D. Maria II, que tinha funcionalidades terapêuticas no tratamento das doenças mentais através de banhos variados, devido ao seu sistema hidráulico, sendo considerado um dos mais modernos balneários da Europa, em estilo eclético, com variação de estilos e revivalismos góticos e renascentistas. No Pavilhão panóptico eram internados os doentes inimputáveis ou condenados, um edifício vanguardista, revelando na sua linguagem formal os arredondamentos de arestas, visíveis em paredes, vãos, bancos e mobiliário fixo em pedra, proporcionando não só facilidade na limpeza como também maior resistência e menores danos físicos nas contusões dos doentes; é um dos seis edifícios circulares panópticos, no mundo, sistema inventado e preconizado por Jeremy Bentham em 1791 em prisões circulares com vigilância desde uma torre central, e o único com pátio a céu aberto, que permitia aos doentes permanecerem ao ar livre durante o dia, melhorando o seu estado de saúde e evitando transmissão de doenças.
Número IPA Antigo: PT031106240484
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Convento masculino  

Descrição

O conjunto edificado integra parte do antigo convento e outras construções posteriores já de adaptação à função hospitalar e assistencial, tais como o Edifício Principal, de construção mais antiga, destinado à direção, a S., o Balneário de D. Maria II, a E., o Pavilhão de Segurança, um pavilhão circular e um segundo panóptico, situados a N. e o conjunto de Enfermarias, a O.. O EDIFÍCIO PRINCIPAL de planta retangular e de volume compacto, tem coberturas diferenciadas em telhados de duas e três águas, que resulta da articulação de diversos corpos, integrando a antiga igreja, o edifício conventual de três pisos e, para E., três alas, de três e seis pisos, desenvolvidas em torno de um pátio retangular. A antiga zona conventual remata em platibanda interrompida por um frontão triangular que marca o eixo de simetria e também a entrada do edifício, tendo nos pisos superiores janelas de sacada. O pano central encontra-se delimitado por pilastras, com o piso térreo revestido a pedra e o piso nobre marcado por janelas de sacada com varanda corrida; a restante fachada principal, resulta de uma ampliação posterior, onde é repetido o ritmo dos vãos da fachada do edifício conventual, alterando o desenho de janela de sacada para janela de peitoril. INTERIOR marcado por amplo vestíbulo com escadas com guardas em ferro fundido, de acesso ao salão nobre, percorrido por silhares de azulejos figurativos, narrando episódios da vida de São Vicente de Paulo, com teto abobadado. Adossado ao antigo Convento, o BALNEÁRIO D. MARIA II, de planta em U, resultante da articulação de três corpos, em torno de pátio com arcadas de volta perfeita, que abrem para um espaço envolvente exterior, protegido por grades metálicas. As fachadas, com apenas um piso, dividem-se em vários panos, revestidos a azulejos policromos de desenho geométrico e são rasgados por vãos em arcos apontados. INTERIOR composto por vários balneários *2. ENFERMARIAS 1 a 4 formam três edifícios de planta retangular com 85 metros de comprimento, dispostos paralelamente, formando espaços ajardinados entre as três alas, e ligados entre si transversalmente por um corpo central, com 65 metros de comprimento, possibilitando assim a ligação entre todos os edifícios. O PAVILHÃO CIRCULAR ou de Segurança é de planta panóptica com um só piso e pátio interior descoberto, com um ponto central de vigilância. As paredes são de betão armado à vista, paredes portantes em alvenaria caiadas e cobertura em telha, interrompida por uma cobertura em zinco que marca o espaço coberto do alpendre. INTERIOR com células, dormitórios, retretes e banhos que se dispõem de forma radial em torno do pátio; possui duas salas retangulares a E. e a O., com as funções de reuniões e refeições, respetivamente. A S., surge a enfermaria, que marca, simultaneamente, a entrada no edifício. Este corpo está ligado visualmente ao edifício principal por uma alameda arborizada, que se afasta do traçado antigo do eixo que organiza a zona agrícola da antiga quinta.

Acessos

Rua Dr. Almeida Amaral; Rua Ferreira Lapa; Rua Gomes Freire; Rua Gonçalves Crespo. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,725295, long.: -9,141886

Protecção

Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 1176/2010 , DR, 2.ª Série, n.º 248 de 14 dezembro 2010 (Balneário D. Maria II e Pavilhão de Segurança - 8ª Enfermaria do Hospital Miguel Bombarda) *1

Enquadramento

Urbano. Ocupa um extenso quarteirão de configuração muito irregular e, em especial a O., de acentuada pendente. Recolhido entre os prédios que formam os quarteirões modernos da R. Luciano Cordeiro (O.) e R. Bernardim Ribeiro (N.) - impedindo mesmo que estes na retaguarda se completem de forma regular -, ocultada a fachada principal pela malha urbana apertada e mais antiga da zona (S.), e sendo a E., para a R. Gomes Freire, limitado por alto muro, o Hospital não se advinha do exterior e pouco dele se tem percepção. Para mais, o acesso principal faz-se por estreita artéria, de limitada circulação, avistando-se do edifício pouco mais do que o portal de entrada. Encontra-se no limite de uma zona histórica, destacando-se em particular toda a área para S. que abrange o Campo dos Mártires da Pátria.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: convento masculino

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu / Devoluto

Propriedade

Privada: pessoa coletiva

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 18 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETOS: Carlos Chambers Ramos (1945); José Maria Nepomuceno (1896). ESCULTOR: Pedro dos Anjos Teixeira (1958).

Cronologia

1720 - fundação do Convento da Ordem de São Vicente de Paula, na Quinta de Rilhafoles, adquirida por esta congregação religiosa; 1835 - com a extinção das ordens religiosas, instala-se no antigo convento o Real Colégio Militar; 1848, 14 novembro - a rainha D. Maria II, por Decreto, estabelece a criação de um hospital de "alienados" no antigo Convento de Rilhafoles, por ação do Duque de Saldanha, chefe do Governo; transferência dos doentes de duas alas do Hospital de São José para o local; o Colégio Militar, então no edifício, sai para Mafra; 1849 - é nomeado o primeiro diretor efetivo do Hospital, F. M. Pulido; 1853, outubro - visita régia e fundação do balneário; 1892 - Miguel Bombarda assume a direção do hospital de Rilhafoles, ficando esta marcada pela sua iniciativa quer científica (cursos de psiquiatria, estudo e investigação) quer organizativa (construção de novos edifícios); data provável da construção de um telheiro para passeio das mulheres internadas e da cobertura piramidal da cozinha, assente em tirantes de ferro; 1896 - inauguração do Pavilhão de Segurança, com obras de José Maria Nepomuceno, destinado a enfermaria-prisão, para doentes provenientes da Penitenciária ou considerados perigosos; inicia-se, no local, o primeiro curso de psiquiatria a funcionar no país; 1910, 03 outubro - assassinato de Miguel Bombarda, no próprio hospital, consumado por um doente; 1911 - a instituição passa a designar-se Manicómio Bombarda, ano em que é nomeado Júlio de Matos para presidir aos destinos da instituição psiquiátrica agora dependendo da Faculdade de Medicina e dos Hospitais Civis; 1945 - 1948 - a degradação do hospital, batizado entretanto com o nome de Asilo Psiquiátrico, é travada com a Reforma da Assistência Psiquiátrica, no âmbito da qual se efetuam obras significativas, no Salão Nobre com projeto do arquiteto Carlos Chambers Ramos; 1948 - exposição sobre a história da instituição no contexto da evolução da psiquiatria; 1948 - 1983 - a ampliação do hospital foi acrescentando sucessivamente novos edifícios-enfermarias, instalações de apoio e infraestruturas; 1958 - execução de motivos escultóricos, pelo escultor Pedro dos Anjos Teixeira, destinados à capela do hospital; 1999, 26 julho - proposta de classificação do Hospital Miguel Bombarda; 2000 - o Pavilhão de Segurança foi desativado; 2001, 24 abril - Despacho de abertura de processo de classificação, apenas para o Balneário; 2003 - 2004 - transformação do Pavilhão de Segurança em Museu, espaço Cultural, Museu Miguel Bombarda; 2007, 16 março - proposta de classificação como Imóvel de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção pela DRLisboa; 16 maio - parecer favorável do Conselho Consultivo do IGESPAR; 2009, 12 outubro - Despacho de homologação da classificação pelo Ministro da Cultura; 2009 - aquisição dos terrenos do Hospital Miguel Bombarda pela empresa ESTAMO (empresa que gere património imobiliário do Estado e que adquire este imóvel ao Ministério da Saúde por 25,0 milhões de Euros); 2011, 05 julho - saída dos últimos 24 doentes ainda residentes no hospital, deixando todos os edifícios vazios à exceção do funcionamento diurno de consultas externas que, temporariamente, ainda funciona, com entrada pela rua Gomes Freire; 2011 - encerramento do Hospital Miguel Bombarda; 2012 - 2013 - é realizado pelo gabinete de arquitectura i.Lobo o Estudo Urbano para a Colina de Santana, Lisboa, através de uma encomenda da ESTAMO, onde está incluído o edifício do hospital Miguel Bombarda; pedido de informação prévia, realizado pelo arquiteto Belém Lima, para o Loteamento Miguel Bombarda, encomendado por ESTAMO, Participações Imobiliárias *3; 2014, 06 outubro - publicação do projeto de decisão de ampliação da Zona Especial de Proteção do edifício, de forma a abranger o Edifício Principal (antiga Casa da Congregação da Missão de São Vicente de Paulo, em Anúncio n.º 239/2014, DR, 2.º série, n.º 192.

Dados Técnicos

Materiais

Bibliografia

ARAÚJO, Norberto - Peregrinações em Lisboa (Livro IV). Lisboa: Vega, 1992; BASTOS, Sousa - Lisboa Velha - Sessanta Anos de Recordações (1850 a 1910). Lisboa: Câmara Municipal de Lisboa, 1947; BOAVENTURA, Inês - «Balneário e pavilhão de segurança do Miguel Bombarda classificados» in Público. Lisboa: 29 dezembro 2010; CAEIRO, Baltazar Matos - Os Conventos de Lisboa. Sacavém; Distri, 1989; Centenário do Hospital Miguel Bombarda - Antigo Hospital de Rilhafoles (1848-1948). Porto: Imprensa Portuguesa, 1948; CINTRA, Pedro - Miguel Bombarda: preservar a memória. Alfragide: Casa das Letras, 2012; FERNANDES, José Manuel - «Miguel Bombarda» in Expresso (Revista), Lisboa: 02 setembro 2000, pp. 72-73; FEIRE, Vitor - Panóptico, vanguardista e ignorado - O Pavilhão de segurança do Hospital Miguel Bombarda. Lisboa: Horizonte, 2009; LOPES, António, S.J. - Roteiro Histórico dos Jesuítas em Lisboa. Braga: Livraria A.I.-Edit. A.O., 1985; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1953; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1953.Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1954; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1954. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1955; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1956; Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1957; Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958. Lisboa; Ministério das Obras Públicas, 1959, 1.º vol.; Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961. Lisboa: Ministério das Obras Públicas, 1962, 1.º vol.; «Vária» in Monumentos. Lisboa: Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 2004 - 2005, n.º 20 e 23; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/323308 [consultado em 11 janeiro 2017].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSARH, DGEMN/DRELisboa/DRC

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREL

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREL

Intervenção Realizada

DGEMN: 1953 - continuação da obra de grande remodelação; 1954 - obras de remodelação e conservação pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1955 - Execução de obras de remodelação da quinta enfermaria pela Direcção dos Serviços de Construção e Conservação; 1956 - conclusão da remodelação da quinta enfermaria, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1957 - remodelação das instalações do pessoal feminino, pelos Serviços de Construção e Conservação; obras de beneficiação das instalações do pessoal e instalação de bocas de incêndio no edifício principal do hospital, pelos Serviços de Construção e Conservação; 1961 - conclusão do posto de transformação e das obras de reparação da 9ª enfermaria da 1ª divisão; inicio das obras dos ramais de distribuição de energia eléctrica, rede de iluminação exterior, bem como outras obras de menor importância, pelos Serviços de Construção e de Conservação; 2004 / 2005 - projecto de recuperação do Balneário D. Maria; beneficiação do edifício do Pavilhão de Segurança; 2005 - estudo estrutural do edifício do balneário.

Observações

EM ESTUDO *1 - DOF: Balneário D. Maria II e Pavilhão de Segurança (8.ª Enfermaria) do Hospital Miguel Bombarda. *2 - os vários banhos interiores faziam parte das terapêuticas psiquiátricas então prescritas, com banhos de chuva, de onda, de imersão, de duche descendente, lateral ou local, frios, tépidos, mornos ou quentes, de estufa e de vapor, com aromas medicinais. A água quente e o vapor eram fornecidos por um sofisticado sistema de caldeiras, que também proporcionava o aquecimento necessário ao das marmitas e fogões da Cozinha Industrial que foi construída junto ao Balneário. *3 - os dois edifícios classificados (Balneário e Edifício de Segurança) e o antigo convento são os únicos que se mantêm no Plano de Loteamento para o Hospital Miguel Bombarda, realizado pelo arquiteto Belém Lima, que se insere em área antiga consolidada e em toda a envolvente, estando prevista a manutenção de 60% de área verde, sendo cerca de 9.000m2 dos 27.000m2 arborizados de acesso privado, a área de construção será de 8.000,00m2, formalizada por 6 torres de dez pisos, prevendo-se que habitem cerca de 600 pessoas, em 193 fogos, com 21.800,00m2 de estacionamento subterrâneo, 3.500,002 para comércio e 2.500,00m2 e para serviços. Os edifícios a manter serão restaurados ou recuperados para diferentes usos. O Convento destina-se a hotel, com ligação ao Balneário D. Maria II, mantendo-se com vocação cultural o Pavilhão de Segurança e o edifício da Morgue.

Autor e Data

Filomena Bandeira 1998 / 1999

Actualização

Joana Vilhena (Contribuinte externo) 2014
 
 
 
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