Hotel Ritz

IPA.00007781
Portugal, Lisboa, Lisboa, Avenidas Novas
 
Arquitectura comercial e turística, modernista. Hotel. Último projecto deste arquitecto de renome do modernismo português. É talvez das suas obras para promotores privados, a que melhor espelha a sua influência do movimento moderno internacional, Tanto na concepção arquitectónica das fachadas quanto do estudo e interesse na especificação de espaços comuns, privados ou serviços no interior. É também, e especialmente por manter muito do original, uma obra prima da cooperação de várias artes num produto final. A extensa lista de nomes do panorama artístico português à época mostra a importância dada pelo arquitecto à obra completa arquitectónica que abrangeria sempre as várias artes. Este projecto é também o resultado de muitos anos de reflexão (expostos na memória descritiva pelo autor) sobre hotéis e a sua concepção. Considera-se o 1º grande hotel de luxo a ser construído de raiz no país.
Número IPA Antigo: PT031106500559
 
Registo visualizado 6222 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comercial e turístico  Unidade hoteleira  Hotel  

Descrição

Conjunto composto por 2 edifícios distintos mas interligados construídos em épocas diferenciadas. Ambos os edifícios são de composição múltipla desenvolvendo-se em cotas distintas. O projecto inicial é relativo ao edifício que compõe o Hotel, e desenvolve-se em bloco paralelepipédico vertical bem como em corpo horizontal que suporta o anterior. Corpo principal: Tem planta rectangular (corresponde à zona de quartos do Hotel). Fachadas com características rectilíneas sendo a principal orientada a SO.com zonas de varandas rectangulares com grande profundidade nos extremos da fachada (sendo o do extremo direito de maiores dimensões ao centro série de 14 janelas de peito rectangulares ladeadas a N. por pano destacado correspondente à caixa de escadas e elevadores. Este último, com duas fileiras de vãos pequenos que iluminam o vão das escadas. Fachada NE.: Composta por fenestração regular de varandas cavadas de ampla profundidade em toda a sua extensão. Fachadas S. e N.: Equivalentes, tendo varandas num extremo e janelas de peito triplas por piso. Cobertura em terraço, com pista de corrida a circundar corpo de menores dimensões instalado no terraço. Este corpo corresponde ao ginásio e é de formato paralelepipédico de formas simples. Interior composto por plantas idênticas nos pisos relativos aos quartos. São quartos rectangulares distribuídos pelas quatro fachadas do edifício. A zona rectangular de base é composta por dois pisos onde assenta o paralelepípedo superior. Estes pisos só se desenvolvem na fachada NE devido ao desnivelamento do terreno. São compostos por amplos vãos rasgados por portas de vidro que permitem iluminar o restaurante, no piso superior e o SPA no inferior. Este dá acesso ao Jardim rectangular com lago no centro e grande Rosa-dos-ventos a S. sobre respiradouro de grandes dimensões. Sobre este jardim estão situados os pisos de serviços do Hotel, com as cozinhas, zona de lavagem e alguns escritórios *1. Na base 2 pisos de garagem. A fachada N. deste bloco é cega e revestida a azulejo. Junto ao edifício principal, pequeno bloco de 3 piso (de uso administrativo) a SE. Anexo ao espaço exterior do Hotel. De planta irregular. Compõe-se por 3 panos sendo o central mais avançado e composto por 8 janelas de peito por piso e nos extremos, panos rasgados por pilastras (permitindo a iluminação interior).

Acessos

Rua Rodrigo da Fonseca, n.º 88; Rua Marquês de Subserra; Rua Castilho; Rua Joaquim António de Aguiar

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-CJ/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 *1

Enquadramento

Urbano, isolado. Conjunto que sofre alterações na sua volumetria devido ao declive acentuado do terreno. Ocupa um quarteirão com frente para o Pq. Eduardo VII

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Comercial e turística: hotel

Utilização Actual

Comercial e turística: hotel

Propriedade

Privada

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: António Pardal Monteiro (1956-1959); Anselmo Fernandez Rodriguez (1956-1959); Carlos dos Santos Duarte (1958-1964); Eduardo Goulartt Medeiros (1856-1959, 1958-1964); Frederico Santana (1956-1959); Jorge Chaves (1956-1959, 1958-1964); Leonardo Rey Colaço de Castro Freire (1957-1959, 1958-1964); Mário Xavier Antunes (1958-1964); Porfírio Pardal Monteiro (1956-1957). ARQUITECTOS PAISAGISTAS: Álvaro Dentinho (1956); António Viana Barreto (1956). CINZELADOR: Mestre Amato (1956-1959). DECORADOR: Maria José Salavisa (1979). DESENHADORES: Almada Negreiros (1956-1959); Carlos Calvet (1956-1959); Lino António (1956-1959); Pedro Leitão (1956-1959); Sara Afonso (1956-1959). ESCULTORES: António Duarte (1956-1959); Barata Feio (1956-1959); Hein Semke (1956-1959); João Farinha (1956-1959); Joaquim Correia (1956-1959); Lagoa Henriques (1956-1959); Martins Correias (1956-1959). ESTABILIDADE (ante-projecto): Pedro Pardal Monteiro (1956). ESTABILIDADE: Carmelo Mouzon (1956-1959). MOBILIÁRIO: Fundação Ricardo Espírito Santo (1959). PINTOR de AZULEJOS: Jorge Barradas (1956-1959).

Cronologia

1953- o turismo dependia directamente da Presidência do Conselho e não de um ministério; daí terá vindo o envolvimento directo do Presidente do Conselho, Oliveira Salazar, neste projecto que pretendia equipar a cidade de Lisboa com um grande Hotel; contacta Ricardo Espírito Santo Silva para desenvolver parte desta ideia; este partilha a ideia do novo empreendimento com Manuel Queiroz Pereira, bastante considerado pelas suas capacidades gestoras, que por sua vez forma uma Sociedade com mais 9 sócios, a SODIM, para a construção do Hotel Ritz; Agosto - venda em hasta pública do terreno municipal à SODIM; 1956 - projecto e posterior execução dos terraços ajardinados pelos arquitectos paisagistas António Viana Barreto e Álvaro Dentinho; 1958 - projecto de licenciamento das Galerias Ritz; 1959 - inaugura-se em Lisboa o pretendido hotel, com projecto de Pardal Monteiro, com a colaboração dos arquitectos Jorge Chaves, Frederico Santana, Anselmo Fernandes, António Pardal Monteiro e Eduardo Medeiros; após a morte do coordenador, é substituído por Leonardo Rey Colaço de Castro Freire; concurso de diversos artistas nacionais que assim asseguraram a sua decoração interior, com azulejos de Jorge Barradas, desenhos para as tapeçarias de Almada Negreiros, Pedro Leitão, Carlos Calvet, Sara Afonso e Lino António; a escultura esteve a cargo de António Duarte, Barata Feio, Joaquim Correia, Lagoa Henriques, João Farinha, Hein Semke e Martins Correia; o mobiliário foi fornecido pela Fundação Ricardo Espírito Santo; cinzelamento da autoria de Mestre Amaro; 1964 - finalização das obras das Galerias Ritz; 1974-1975 - o Hotel serve de asilo a retornados de África após a independência das agora ex-colónias africanas sendo o Hotel gerido por uma comissão de trabalhadores afastando da gerência a cadeia "Les Grands Hotels Européens"; 1979 - a gestão do Hotel volta para a SODIM, querendo a gerência entregar a exploração hoteleira do Ritz a uma cadeia especializada; Dezembro - firma-se acordo com o grupo Inter-Continental e dá-se início a algumas renovações e modernizações técnicas no edifício bem como reestruturação na decoração, da autoria de Maria José Salavisa; 1995 - saída do Grupo Hoteleiro Intercontinental da gestão do Hotel; 2001 - abertura de um "Spa" no espaço do Hotel; 2005, 27 janeiro - Despacho de abertura do processo de classificação pelo presidente do IPPAR; 2008, 25 fevereiro - proposta de classificação feita pela Junta de Freguesia de São José; 04 Setembro - Despacho de abertura do porcesso de classificação; 2009, 16 março - Despacho de revogação do Despacho de 2008, por se encontrar um procedimento a decorrer; 2011, 04 fevereiro - proposta de classificação como Monumento de Interesse Público e fixação da Zona Especial de Proteção pela DRCLVTejo.

Dados Técnicos

Materiais

Betão armado, alvenaria de calcário, basalto, lioz, azulejo, madeira, vidro, vidraça taija, ferro

Bibliografia

A propriedade urbana, 3.ª série, ano LVI, n.º 184, Lisboa, Associação Lisbonense de Proprietários, Maio - Junho 1970; Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987; Hotel Ritz, in Dicionário de História de Lisboa, Lisboa, 1994; Plano Director Municipal, Lisboa, CML, 1995; CALDAS, João Vieira, Pardal Monteiro - Arquitecto, Lisboa, AAP, 1997;a consultar: TOSTÕES, Ana, Arquitectura Portuguesa nos Anos 50: "Os Verdes Anos" ou o Movimento Moderno em Portugal, Lisboa, UN-FCSH, 1994; Portugal. Arquitectura do Século XX (Catálogo da Exposição Portugal-Frankfurt 97), Lisboa, 1997; PACHECO, Ana R. Assis, Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957): a obra do arquitecto (dissertação de Mestrado em História da Arte pela Universidade Nova de Lisboa, FCSH), Lisboa, 1998;

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID: DGEMN/Arquivo Pessoal de Porfírio Pardal Monteiro PPM NT4 UAC55, 55B, 55C, 55.1; NT8 UAC55; NT9 UAC55; Arquivo Pessoal António Viana Barreto

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID: Arquivo Pessoal de Porfírio Pardal Monteiro

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1979 - modernização das instalações técnicas e equipamentos industriais: remodelações nas cozinhas, refeitórios e lavandarias, arranjos exteriores e impermeabilização dos terraços; 1986 - instalação de escadas de incêndio, colocação de tectos falsos nos quartos e construção de um novo parque de estacionamento com capacidade para 100 viaturas; década de 90 - construção de escadas de emergência a S.; alteração do bar e das lojas junto do vestíbulo; 1993 - alterações na zona de entrada do edifício: 2001 - construção de um Spa no Hotel

Observações

*1 - DOF: Hotel Ritz, incluindo o património integrado.

Autor e Data

Luísa Castro-Caldas 2006

Actualização

 
 
 
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