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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta em U
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Descrição
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O edifício implanta-se num terreno de configuração rectangular, mas com o limite poente de traçado irregular, a inflectir de S. para N.: as construções anexas, de alçados cegos, recortam-se mesmo na propriedade contígua, bem como resta parcialmente desacompanhada de logradouro parte do alçado posterior. A propriedade apresenta igualmente acentuado declive, característica reflectida no aproveitamento do espaço construído e na leitura exterior do edifício. Apresenta planta quadrangular, rasgada no alçado posterior, elemento que lhe dá uma configuração próxima de um "U" pouco pronunciado; dispõe de 4 pisos, incluindo cave, piso térreo, andar nobre, e sótão; possui adossados (a O.) capela e anexo de três pisos; a tardoz, no limite S. do terreno, localiza-se a garagem de um piso, parcialmente enterrada, estrutura que comunica com o palácio por galeria coberta (corre a E., paralela ao muro do jardim). As coberturas são em telhado de duas e três águas, e em terraço na garagem. A composição ordena-se sobre um volume de disposição horizontal, com duas fachadas urbanas impositivas: a principal, com dois pisos, estendida para poente pelos volumes escalonados da capela e anexo; a lateral E., de três pisos, com o pano da cave progressivamente a definir-se para S. e articulado, por moldura saliente e envasamento, com a estrutura murária do jardim. A composição do edifício está enquadrada por cunhais, coroados por pináculos, nos ângulos, cornija nas empenas e frisos a marcar os pisos, elementos de cantaria desenhados sobre panos rebocados e ritmados pela abertura regular de vãos emoldurados (7 e 6 por piso, respectivamente, para a fachada principal e lateral), de peito no r/c e de sacada no piso nobre. A entrada está centralizada e constitui, junto com o vão do piso superior e no seu enfiamento, o suporte da decoração mais elaborada da fachada. INTERIOR - cave: arrecadações; r/c: vestíbulo principal, 4 salões e dois vestíbulos de distribuição; 1º piso: 4 salões, 4 compartimentos de menores dimensões, uma cozinha e instalações sanitárias; mansarda: 14 compartimentos. |
Acessos
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Alameda de Santo António dos Capuchos, n.º 1-5 |
Protecção
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Incluído na classificação do Campo dos Mártires da Pátria (v. IPA.00005967) |
Enquadramento
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Urbano. Localiza-se a O. do Campo dos Mártires da Pátria, periférico em relação à frente urbana que acompanha o planalto ajardinado, encontrando-se a frontaria voltada à artéria que atravessa o Campo de O. (Hospital de Santo António dos Capuchos - v. PT031106450153) para E. (Largo do Mitelo e Paço da Rainha). O palácio e o logradouro confinam a poente com terrenos do Hospital e a nascente acompanham o traçado da Rua de Santo António dos Capuchos, artéria de acentuado declive estando por isso o imóvel a uma cota superior. O alçado tardoz, a S., abre-se naturalmente ao jardim, enquanto o alçado principal, a N., ocupa toda a largura do terreno, encontrando-se separado da via pública por espaço calcetado e baixo muro gradeado. |
Descrição Complementar
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AZULEJO: PISO 3: SALA 5 (ÁTRIO): Azulejos de composição ornamental formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: albarradas e grinaldas de flores; 8 azulejos de altura. SALAS 6 e 7: Azulejos de composição ornamental formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: albarradas com golfinhos e grinaldas de flores; 8 azulejos de altura; ESCADARIA: Azulejos de composição figurativa, formando silhares recortados; monocromia:azul de cobalto em fundo branco; simulam um varandim com variados elementos arquitectónicos formando uma composição densa de forte efeito cénico: volutas simples, volutas de acanto, cartelas, consolas, cornija, delimitam episódios das "Metamorfoses" de Ovídio. Na parte superior do silhar, em azulejo recortado, volutas de acanto, consolas, figuras infantis com cornucópias de flores, figuras humanas masculinas e femininas. Nos cantos, em enquadramento de motivos arquitectónicos destacam-se bustos de figuras masculinas com coroa de louros; 1ºquartel séc. 18. PISO 4 (andar nobre): SALA 2 (dita Sala dos Quadros): 5 painéis de composição figurativa formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: Mitologia; episódios das Metamorfoses de Ovídio: 1- Metamorfose de Actéon; 2- Rapto de Europa; 3- Neptuno e uma ninfa; 4- Apolo e Dafne; 5 - Rapto de Io. Barra: motivos arquitectónicos, cornija, volutas, cartela, grinaldas de flores, atlantes; 12 azulejos de altura; 1ºquartel séc. 18. SALA 3 (dita Sala dos Pratos): 6 painéis de composição figurativa formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: cenas galantes, jardins e fontes; cenas de refeição no exterior. Barra: grutescos, motivos arquitectónicos, consola, cartela, volutas de acanto, figuras infantis com trombetas, atlantes com cesto de flores à cabeça. 11 azulejos de altura; 1º quartel séc. 18. SALA 4 (dita Salão de Baile): 7 painéis de composição figurativa formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: as quatro partes do mundo: Europa, Ásia, América, África; os quatro elementos: Água, Terra, Ar, Fogo. Barra: grutescos, carranca, enrolamentos de acanto, motivos arquitectónicos, consola, cariátides, figuras infantis aladas. 11 azulejos de altura; 1ºquartel séc. 18. SALA 7 (dita Sala de Jogo): 5 painéis de composição figurativa formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: mitologia; cenas da vida de Diana. Barra: motivos arquitectónicos, cornija, enrolamentos de acanto, grinaldas de flores, figuras infantis (putti), atlantes; 11 azulejos de altura; 1ºquartel séc. 18. SALA 9 (dita Sala Dourada): 5 painéis de composição figurativa formando silhares; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: caçadas: Caça ao leão e ao tigre; caça ao javali; caça ao veado; caça ao javali; amazonas e cavaleiros; 12 azulejos de altura. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Política e administrativa: reitoria |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Nicola Bigaglia (séc. 19). |
Cronologia
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Séc. 17, final - época provável de construção, localizada entre o fim da centúria de seiscentos e o início de setecentos, para as açafatas da rainha D. Catarina de Bragança; séc. 19 - obras de reforma do imóvel, dirigidas por Nicola Bigaglia; 1900 - adquirido por António Centeno, que então realiza obras, incluindo a construção da capela; 1970 - o inventário obrigatório por óbito de Nazareth Centeno Infante da Câmara conduz ao leilão de alguns bens, sendo então o palácio licitado pelo Banco Comercial de Angola por 10.000 contos - ao abrigo do Desp. de 1966 que classifica a zona dos Campos dos Mártires da Pátria, os proprietários pedem ao Estado autorização de venda, caso este não manifeste o direito de opção, o que se veio a verificar, por então a Direcção-Geral da Fazenda Pública, Repartição do Património, concluir não se reservar o imóvel adequado à instalação de serviços públicos; 1973 - por desistência do Banco Comercial de Angola, a venda não se efectuou, sendo neste ano a autorização de venda transferida para Palácio Centeno - Antiguidades S.A.R.L pela mesma quantia, depois de o Estado voltar a pronunciar-se pela não aquisição; 1979 - a necessidade da Reitoria da Universidade Técnica de Lisboa dispôr de instalações adequadas, leva a Direcção-Geral do Ensino Superior a solicitar a avaliação para compra dos palácios Centeno e Bensaúde (como primeira e segunda opções, respectivamente), depois de ver recusada, por parecer desfavorável do M.O.P., para semelhantes fins, a aquisição do Palácio das Alcaçovas (na Rua Cruz dos Poiais) e de um Palacete na Junqueira (Casa de Lázaro Leitão); 1980 - a compra efectua-se; 1981 - iniciam-se as obras de adaptação, sob a responsabilidade do arquitecto Joaquim Mendia; 1983 - são inauguradas as instalações da Reitoria da Universidade Técnica de Lisboa. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Alvenaria de pedra, madeira |
Bibliografia
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ATAÍDE, Manuel M., Palácio Centeno, in Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa, Junta Distrital de Lisboa, 1975 (t.2); Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, AAP, 1987; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, vol. IV, Lisboa, Vega, 1992; PEDREIRINHO, José Manuel, Dicionário de arquitectos activos em Portugal do Séc. I à actualidade, Porto, Edições Afrontamento, 1994; Plano Director Municipal, Lisboa, CML, 1995. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSEP, DGEMN/DSIP |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; Ministério das Finanças, DGP: Proc.nº2-LFB-F-65 e 5-LFF-A-106 |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSIP, DGEMN/DSARH; Ministério das Finanças, DGP: Proc.nº2-LFB-F-65 e 5-LFF-A- 106 |
Intervenção Realizada
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1970 (década de) - montagem de rede telefónica em todos os pisos; instalação eléctrica trifásica; instalação contra incêndios; instalações sanitárias. |
Observações
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EM ESTUDO AZULEJO: Santos Simões na Azulejaria em Portugal no séc.18, 1ª ed. 1979, p. 256, refere neste edifício uma "Sala das Damas" com "silhar de 10 de alto com figuração relativa às aventuras de D. Quixote", bem como pequenos painéis representando eremitões que se encontravam na antiga capela. Estes painéis já não se encontram no edifício. |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 1999 / Paula Correia 2001 |
Actualização
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