Igreja de Santo Amaro / Capela de Santo Amaro / Capela de Santa Maria da Graça / Museu Regional de Beja - Núcleo Visigótico

IPA.00000746
Portugal, Beja, Beja, União das freguesias de Beja (Santiago Maior e São João Baptista)
 
Arquitectura religiosa, visigótica, gótica e maneirista. Capela de construção maneirista, que mantém algumas das estruturas primitivas, nomeadamente a estrutura basilical e vão entaipados de perfil gótico. Fachada principal com remate em empena baixa. Tem três naves de quatro tramos, separadas por arcos redondos sobre colunas de fuste cilíndrico (um deles espiralado) e capitéis de carácter visigótico, com ábacos em tronco de pirâmide quadrangular invertida. Cabeceira formada por capela-mor com nicho semicircular na ábside e absidíolos. Arcossólios góticos, em arco quebrado, nos alçados da capela-mor e capela lateral S. aberta por arco quebrado com abóbada estrelada com fechos decorados. Reconstrução seiscentista, de cariz maneirista, com a fachada em empena, com vãos em eixo composto por portal de verga recta, encima do por janela. Torre sineira adossada ao alçado lateral direito.
Número IPA Antigo: PT040205130005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta poligonal composta pela nave trapezoidal e cabeceira formada por capela-mor com perfil semicircular e dois absidíolos rectangulares, a que se adossam capelas, anexos e a torre sineira. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de diferentes águas. Fachada principal orientada, rasgada no eixo central por portal de vão rectangular moldurado e janela de vão idêntico, ladeado por dois nichos de diferentes dimensões, um com pequena concha e o outro com arco quebrado, ambos encimados por pequenos óculos entaipados. Cunhais apilastrados com pináculos e empena angular rematada por cornija encimada por volutas. Torre sineira prismática, adossada ao lado S., com remate de merlões prismásticos. As restantes fachadas, com beiral envolvente, são marcadas pelos volumes dos anexos. INTERIOR: três naves escalonadas, de quatro tramos, separadas por arcos de volta perfeita, chanfrados nas arestas, sobre colunas de fuste cilíndrico ( um deles espiralado ), com capitéis esculpidos. Arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras toscanas. Coberturas em abóbadas de berço sobre cimalhas. Capela-mor e absidíolos igualmente com abóbadas de berço. Na primeira, nicho semicircular, dois arcossólios em arco quebrado nos alçados laterais, contendo uma arca tumular de tampa pentagonal , com a aba da tampa epigrafada, sobre colunelos com colchetes de folhagem. Capelas laterais S. abrem para a nave lateral por arco quebrado, a primeira, coberta por abóbada estrelada, por arco rebaixado a segunda, com abóbada de arestas e dois tramos. A capela lateral N. abre para a nave por arco de volta perfeita assente em pilastras toscanas, com abóbada de nervuras. Edícula rasgada desse mesmo lado, na parede da nave.

Acessos

Largo de Santo Amaro

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 27 398, DG, 1.ª série, n.º 302 de 26 dezembro 1936

Enquadramento

Urbano, isolado. Implantada num largo formado pela confluência de várias ruas, com a fachada abrindo para uma praça ajardinada, nas proximidades da Torre de menagem do Castelo (v. PT040205130003).

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: 1. (MRB, nº de inventário: 1.53; CEMP nº 509) Inscrição comemorativa da construção de uma torre gravada no tardoz de um bloco de pedra, fragmentado e decorado com motivos ornamentais visigóticos, que ostenta as armas de Portugal, nos cantões; calcário. Dimensões: totais: 54,5x43x49; cantões: 2,5/4,5; linhas auxiliares demarcadas no 1º, 3º e 4º cantão; Tipo de letra: inicial gótica. Leitura modernizada: ERA DE MIL E TREZENTOS E QUARENTA E V ANOS (=ano de 1307) SE FEZ ESTA TORRE. Este bloco é proveniente da muralha localizada nas traseiras da Rua da Liberdade. 2. (CEMP nº 571) Inscrição funerária gravada na aba da tampa de uma arca tumular; mármore. Dimensões: 32x207. Tipo de letra: inicial gótica. Leitura modernizada: ERA DE MIL CCC LX VII(= ano de 1329) ANOS AQUI JAZ JOANE MENDES QUE FOI GUARDA DE EL REI DOM DINIS E SEU DE CRIAÇÃO E PASSOU DIA DE SÃO BENTO DOZE DIAS DO MÊS DE JULHO DEU- SE A MERCÊ DA SUA ALMA AMEN. 3. Inscrição indicativa de caixa de esmolas gravada na parede da nave lateral, do lado da Epístola. Dimensões: 21,5x86. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura: CAIXA DAS ESMOLAS DE SANTO AMARO 1783.

Utilização Inicial

Religiosa: capela *1

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Assembleia Distrital de Beja, auto de cessão de 23 de Março 1971

Época Construção

Séc. 14 / 16 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido

Cronologia

Séc. 05 - 06 - data hipotética de construção da primeira construção basilical, a catedral moçárabe, conhecida como Santa Maria da Graça, que deu o nome ao arrabalde da Graça, de que resta parte da nave central, incluindo a colunata romana, os capitéis e parte do topo da ábside ( ESPANCA, 1993 ); séc. 14 - arcossólios da capela-mor, um deles com arca tumular com os restos de João Mendes, escudeiro de D. Dinis; séc. 16, inícios - primeira capela lateral S.; 1504 - o templo tinha o nome de Jesus, que mais tarde mudou para Nossa Senhora da Graça e Santo Amaro; 1590 - 1626 - a igreja serve de sede da paróquia de São Tiago; 1590, cerca - construção do alpendre; séc. 17 - reconstrução com aproveitamento das colunas de suporte do primitivo templo; adossamento de um dos Passos da Via Sacra à frontaria; séc. 17, finais - revestimento de azulejos historiados em azul e branco, hoje no Museu Regional; 1755 - destruição do alpendre; 1920 - armazém de mercearia, e habitações particulares nos anexos; 1955 - retiradas algumas estelas embebidas na alvenaria, e colocadas na Praça de Armas do Castelo; 1933, 27 junho - classificado como IIP pelo Decreto nº 22 744, DG, 1.ª série, n.º 142; 1963 - volta à posse do Estado, por utilização indevida; 1969, 2 Fevereiro - danos causados pelo sismo; 2004, Junho - instalação da exposição comemorativa dos 75 anos da DGEMN - Conhecer, Inovar, Conservar, Informar.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria em estruturas, cantaria em colunas, molduras, tijoleira no pavimento.

Bibliografia

AAVV, Núcleo Visigótico, catálogo da inauguração do Núcleo Visigótico do Museu Regional de Beja, Beja, Museu Regional de Beja/ Assembleia Distrital de Beja, 1993; BARROCA, Corpus Epigráfico Medieval Português, Tomo 2, pp. 1320-1323; BRITO, Diogo de Castro e, Igreja de Santo Amaro de Beja, Arquivo de Beja, vol. 5, Beja, 1948; ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal, Distrito de Beja, Beja, 1993; MESTRE, Joaquim Figueira, Beja - olhares sobre a cidade, Beja, 1993; SANTOS, Reinaldo dos, Guia de Portugal, Lisboa, vol. 2, 1927; VIANA, Abel, Visigótico de Beja, Arquivo de Beja, vol. 6, 1949.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSARH - 010 / 047 - 0213, 0214, 0216, 0217 - 0219, 0223 - 0224

Intervenção Realizada

DGEMN: 1953 - reconstrução da cobertura; reparação de rebocos; 1954 - demolição de anexos, reconstrução de abóbadas de berço; 1955 - reconstrução de pavimentos; 1956 - reparação de rebocos; 1957 - reconstrução do pavimento da sacristia; assentamento de portas; 1969 - trabalhos de consolidação dos danos causados pelo sismo; 1976 - reparação da cobertura e de rebocos, caiação, reparação da cumeeira do telhado das capelas, aferrar dos paramentos exteriores, caiação.

Observações

*1 - Até final do séc. 19, fazia-se na igreja, a 15 de Janeiro, uma festa em honra de Santo Amaro, em que se vendiam e leiloavam bolos de massa com a forma de braços e pernas; acreditava-se que quem os comesse estaria livre de padecimentos nesses membros (MESTRE, 1993).

Autor e Data

Isabel Mendonça 1993

Actualização

Paula Figueiredo 2001
 
 
 
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